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Gabriel saiu do café naquela noite com mais perguntas do que respostas. Era evidente que Helena havia mudado - e muito mais do que ele poderia imaginar. O café parecia o mesmo lugar acolhedor de antes, mas havia um brilho diferente nos olhos dela, algo que ele conheceu de experiências que ele não conhecia. Ele sabia que precisava de mais tempo, de mais conversas para entender a verdadeira Helena que tinha diante de si.
Enquanto dirigia pela pequena cidade, seu telefone vibrava. Um e-mail apareceu na tela. Era de Rafael Nogueira, seu amigo de infância, que agora era médico na cidade.
"Boas-vindas de volta! precisamos colocar o papo em dia. Ouvi falar que esteve no café da Helena... cuidado, ela não é mais a mesma garota que você deixou para trás."
Gabriel bufou, guardando o celular no bolso. Por que todos queriam querer avisar sobre Helena? Claro que ela havia mudado - quem não mudou em anos? Mas havia algo mais por trás dos olhares cautelosos e dos sorrisos contidos. Como se todos na cidade soubessem de algo que ele ainda não sabia.
Ao longo dos dias seguintes, Gabriel tentou se adaptar ao ritmo mais lento da cidade. Os projetos de arquitetura que pretendi desenvolver ali eram apenas uma desculpa para se manter ocupado. A verdade era que ele queria descobrir mais sobre Helena. Mas quanto mais tentava, mais misteriosa ela parecia se tornar.
Foi então que, uma semana depois de seu reencontro no café, ele a viu novamente, mas de uma forma inesperada.
Gabriel estava em uma videoconferência com investidores locais quando, no meio da discussão sobre um novo projeto de revitalização, um nome surgiu na tela: H. Alves Consultoria . O coração de Gabriel deu um salto. Alves...Helena Alves? Antes que eu pudesse responder, a tela de um dos participantes brilhou e uma voz feminina, suave e determinada, invadiu o espaço virtual.
- Boa tarde, senhores. Estou aqui para falar em nome da consultoria sobre os próximos passos para uma proposta de fusão.
Gabriel ficou imóvel. A câmera não estava ligada, mas a voz... era ela. Helena. Ele quase não a conhecia, tamanha a confiança e o profissionalismo que transpareciam em cada palavra. Quem era aquela mulher? Certamente não era a mesma garota de quem se lembrava, que ficava tímida em eventos sociais e preferia os cantos mais reservados.
- Senhorita Alves - a voz do diretor local é tão reverente, quase cuidadosa. - Agradecemos por reservar um tempo para participar. Acreditamos que sua visão será essencial para alinharmos nas próximas etapas.
Houve um breve silêncio, e então Helena respondeu, com uma formalidade que Gabriel nunca tinha ouvido antes.
– Claro. Como sabem, prefiro manter minha identidade discreta, mas tenha a vontade de enviar qualquer documentação necessária para revisão. A prioridade é garantir que os interesses de todas as partes sejam respeitados e que o impacto econômico seja positivo para a cidade e a região.
Gabriel sentiu como se estivesse assistindo a um espetáculo onde não sabia seu papel. Como Helena poderia estar ali, comandando uma negociação de milhões, com aquele tom frio e calculando? E ninguém sequer questionou a ausência de vídeo ou uma apresentação pessoal?
Quando a reunião terminou, ele sabia que precisava conversar com ela. Aquela não era a Helena que ele conhecia, mas uma mulher cuja presença no mundo dos negócios parecia se estender muito além das fronteiras da pequena cidade.