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Na manhã seguinte, Gabriel voltou ao café, estabeleceu um confronto. Ele chegou antes da abertura e esperou, observando as luzes acenderem e o movimento começar lá dentro. Helena apareceu logo em seguida, cumprimentando os funcionários e ajeitando as mesas. Quando ela o viu, seus olhos se estreitaram levemente.
- Gabriel - disse ela, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha. - De volta tão cedo? Veio buscar mais do meu café?
- Vim buscar respostas - retrucou ele, sério. - Respostas sobre quem você realmente é.
Helena piscou, surpresa. Então, um sorriso enigmático curvou seus lábios.
- Não sei do que está falando.
- Não? - Ele deu um passo à frente, exigindo. - Porque ontem à noite, na reunião de fusão da empresa local, ouvi a sua voz. Você é um "H. Alves", uma consultora que todo o mundo respeita, mas ninguém conhece de verdade. Então me diga, Helena: o que mais você está escondendo?
O sorriso dela ausente, substituído por um olhar frio e calculista.
- Eu não devo nada a você, Gabriel. - A voz dela era baixa, controlada. - Não tenho que justificar nada sobre minha vida.
- Você tem razão - admitiu ele, respirando fundo. - Mas, por favor, só me diga... como isso aconteceu? Como passou de ser apenas a Helena do café para uma figura poderosa que move as negociações nacionais? Todos aqui parecem saber, menos eu.
Ela ficou em silêncio por um longo momento, enquanto se ponderava quanto deveria ser revelado.
- Eu cresci, Gabriel - disse ela, finalmente. - Usei o que sabia, fiz conexões e, sim, tive sorte também. Mas nunca quis que meu nome fosse o foco. Este café é o meu refúgio. Aqui, eu sou apenas Helena. E é assim que pretendo continuar.
Gabriel a encarou, sensíveis. Sentiu uma onda de admiração e um toque de amargura. Durante todos aqueles anos, enquanto ele perdia em buscas incertas, ela estava construindo um império. E ele... ele mal sabia quem ela era agora.
- Então é por isso que está escondido aqui? - Disse, gentilmente. - Porque precisa se guardar de tudo?
Ela suspirou, cansada.
- Eu não estou escondido, Gabriel. Eu escolhi estar aqui. Este lugar me dá paz. E você... - ela hesitou, os olhos encontrando os dele com intensidade - você está atrapalhando essa paz.
Gabriel recuou, o impacto das palavras dela o atingiu como um golpe. Talvez, afinal, ele fosse um intruso. Mas uma coisa era certa: não iria embora sem lutar.
- Eu não vim aqui para atrapalhar - murmurou ele. - Mas talvez... talvez eu tenha tido sorte para redescobrir a Helena que um dia conheci.
Ela ficou em silêncio por um momento, os olhos brilhando com emoções conflitantes.
-Essa Helena não existe mais.
Mas Gabriel sabia que estava apenas começando a vender a mulher extraordinária que havia se tornado.