Desde que tive aquele sonho esquisito tinha ficado mais tempo do que o necessário em meu quarto lendo e relendo aquele imenso livro que Izabella me deu. Desde aquele dia não tinha mais entrado em contato com Izabella ou Isack, estava começando a ficar preocupada porquê eu não estava tendo sucesso em entender nem um pedacinho do que aquele livro dizia. Já tentei trilhões de vezes dormir e permitir que meu subconsciente me levasse até eles, mas nada estava adiantado. Será que aquela mulher que eles tinham mencionado, Anastácia, soube da minha presença, é uma boa teoria já que ela era a dona daquele lugar.
Eu tinha escondido o livro de Sarah, se ela soubesse que eu estava tentando ajudar aquelas bruxas a saírem do limbo, ainda mais pessoas que eu nem conheço, ela iria surtar. Eu já estava ficando louca com aquele livro, o único jeito era sair de casa e ir à biblioteca perto de casa. E era o que eu irei fazer. Pego minha bolsa colocando o livro dentro da mesma e um pouco de xelim que eu havia guardado caso surgisse um problema.
Saio de casa no sigilo para não acordar Sarah. Já fazia duas noites que acordava as quatro da manhã para entender este bendito livro sem que Sarah saiba, pelo menos isso estava dando certos. Não tinha nenhum sinal dela nos cômodo de baixa, por sorte consegui sair sem fazer nenhuma barulho se quer. Eu não tive necessidade de correr para a biblioteca para não levantar suspeitas, já que o relógio ainda marcava seis da manhã, e Sarah só acordava as oito.
A aldeia neste horário é pacificamente calmo, você só conseguia ouvir o som de alguns trabalhadores que já começavam seus serviços, pássaros cantando em cima das árvores ou no telhado das casas, alguns animais que haviam no grande celeiro e o vento. As ruas estavam praticamente desertas, então foi bem rápido para eu chegar até a biblioteca.
Quando eu era mais pequena, freqüentava o lugar diariamente, gostava muito de ler e aprender coisas novas, e até nós dias de hoje. Entro na biblioteca e o sininho que fica em cima da porta revela minha entrada, eu me certifico de olhar para todos os clientes para ver se ele não tinham uma bússola junto de si e me apreço para encontrar um dicionário que traduza o livro que Izabella me deu.
Eu já estava a vinte minutos procurando em todos os dicionário que havia na biblioteca e nenhum se encaixava com as letras do meu livro. Como a biblioteca ficou vazia e eu não queria ficar a manhã inteira procurando um dicionário em específico, também teria que tomar cuidado quando voltar para casa e Sarah já tiver acordado. Vou até a recepção que um homem de meio idade estava atrás do balcão e com um sorriso simpático pergunto: - O senhor tem um dicionário que traduza estas palavras? - Eu estendo o livro aperto para que ele verifique as letras.
Ele observa o livro com cuidado e muita atenção e depois levanta a cabeça para mim. O homem de meia-idade abaixa a mão para pegar algo no balcão e coloca uma bússola em cima do mesmo. Uma bússola! A bússola estava girando rapidamente para todos os lados.
- Vejo que irei ter uma recompensa. - o homem diz com um sorriso largo.
Corre!
Corre!
Corre!
É o que a voz da minha cabeça dizia, mas meu corpo estava literalmente congelado ali. Eu parecia uma estátua, e provavelmente estava pálida. O homem se apressa e pega uma besta de trás onde estava as prateleira com algumas armas mortais. A besta já estava armada com uma flecha no meio e o que só restava era ele disparar. E é o que ele faz. Por instinto, uso minha magia para parar a flecha bem perto de meu peito. Eu suspiro aliviada por aquela flecha não ter acertado o meu coração.
Quando abro meus olhos vejo o homem procurando uma outra flecha para me atacar novamente. Eu não podia deixar isso ocorrer novamente, então eu o prendo com cipós contra a parede. O cipó vai se enrolando em torno de seu corpo até chegar em seu pescoço, o homem já estava começando a ficar sem oxigênio por ser amarrado por todo o corpo. Quando o cipó finalmente dá uma volta inteira em seu pescoço torcendo o mesmo, tenho a certeza de que ele estava morto. O que só me restava agora era correr e não ser pega no flagra por matar o bibliotecário.
Sem nem ter achado um dicionário que possa traduzir o livro volta para casa chateada. Quando alguém ver o que eu fiz não saberão quem foi o culpado, não teve testemunhas que possam comprovar que eu o matei, só eu e a alma daquele homem saberá o que verdadeiramente ocorreu. Se Sarah saber que sai e matei um homem ela vai ficar muito zangada comigo. O que me resta agora é fingir que nada aconteceu.
NOAH
Eu estava em meus aposentos quando o guarda Gilson entrou encorregando pelo piso do castelo. Ele parecia ter corrido uma maratona pelo suar que transpirava pelo rosto. Ele estava mais sendo útil em ser o nosso mensageiro do que um guarda real. Gilson sempre inventava uma desculpa extrapolada para não fazer os treinamentos de lutas assim como os outros guardas.
Dou um aceno de cabeça para despedir os outros guardas que estavam me contando sobre como andam as coisas na aldeia e um outro aceno para Gilson se aproxima para me contar o que ele viu ou ouviu.
- Magestade. - ele se curva perante a mim e depois se recompôs. - Quando estava a caminho do castelo, e como moro próximo a biblioteca da aldeia, eu vi algo muito anormal pela janela enquanto eu passava. Então eu entrei na biblioteca para ver melhor o que era aquilo e eu achei o bibliotecário morto, ele foi enforcado com cipós que vieram da parede.
Como Gilson disse, aquilo era muito anormal, e só pode significar uma coisa: a última bruxa. Se meu pai ficar sabendo disse, com certeza ele irá se envolver e matá-la ainda hoje, e nem eram sete da manhã ainda.
- Convoque mais três guardas. Iremos até lá investigar mais sobre este assunto. - Eu disse a ele.
- Quer que eu chame o rei? - ele perguntou com firmeza, achando que eu irei dizer sim.
- Não, não quero que meu pai se envolva nisso. Eu vou cuidar disse sozinho, deixe meu pai descansar. - ele deu um aceno de cabeça e saiu para chamar os outros três guardas.
☾︎
Quando chegamos em frente à biblioteca eu precisei abrir a porta, porquê meus guardas era medrosos de mais para isso. A porta não estava emperrada e nem trancada então conseguimos entrar sem nenhum problema.
O bibliotecário, o qual não sabia o nome porquê nunca vinha a biblioteca da aldeia, estava sendo enforcado com os cipós que estavam vindo da parede. Me aproximo do cadáver atento se isso não era uma armadilha e cutuco os cipós com os dedos. O homem parecia estar aí já faz um tempo, o cheiro de corpo se decompondo estava levemente pairando no ar. Pego minha espada e corto os cipós que ainda estavam em torno de seu corpo. Ele cai no chão com um estrondo e começo a ver seus ferimentos. Seu pescoço estavam com a marca do estrangulamento, suas costelas estavam quebradas assim como suas pernas e braços por causa da força do cipó.
Não sei o motivo da bruxa querer matá-lo desse jeito, mas sei que preciso encontrá-la antes de papai se não as coisas irão ficar feias.
Uma mulher veio correndo dos vinte e assim que viu o homem - suponho que deve ser seu marido, - ela cai de joelhos do lado dele. A mulher começa a chorar abafando o som no peito do homem morto. Eu não iria consolá-la, eu sou péssimo em consolar as pessoas. O choro da mulher não estava cessando e estava começando a me irritar.
Eu pigarreei antes de falar: - Ele era o seu marido? - ela só dá um aceno de leve com a cabeça e continua chorando.
Eu me virei para meus guardas passando os dedos pelos meus cabelos fazendo eles se desgrudarem uns dos outros. Meus guardas perceberam que eu estava a ponto de explodir de raiva e dois deles foram em direção a mulher e a tiraram de cima de seu marido a colocado de pé. Ela se debateu no aperto deles e um deles a deu um tapa no rosto forte o suficiente para ficar bem marcado. Ela engole o choro e seu olhar cai em mim.
- Ele tinha dívidas com uma mulher? - só um balanço em negativo de resposta. Sabia que ela não iria dizer nada e só confirmar com a cabeça, penso em como simplificar minhas perguntas. - Alguma mulher de cabelos longos e brancos veio aqui esta manhã? - outro balanço em negativo. - Você não sabe se ela veio aqui ou ela não veio mesmo aqui?
- Eu não sei, eu só trabalho na biblioteca a tarde enquanto eu cuido das crianças. - ótimo, ainda tem as crianças para me dar problemas sobre minha decisão do que fazer com eles.
- Ela não vai servir de nada para nós. Deixem ela aí, vamos voltar para o castelo e contar ao meu pai. - digo já indo em direção a porta, mas voz daquela mulher me impede de prosseguir.
- Espera, o que eu farei em questão as crianças, não posso cuidar delas sozinha e não temos dinheiro o suficiente.
Eu me viro para encará-la e digo: - Isso não é problema meu, você vai ter que dar um jeito nisso sozinha. - digo e saio com os meus guardas.
Quando estavámos do lado de fora da biblioteca, ouço novamente aquele choro desesperado da mulher. Eu já tinha perdido minha paciência a alguns minutos atrás, só de ouvir aquele choro me deu vontade de voltar lá para dentro e matá-la. Me segurei ao máximo para não fazer isso.