A Redenção do Alfa
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Capítulo 5 5

Tristan

Enquanto ofego violentamente, observo a maldita feiticeira sair do meu quarto. E só após ela fechar a porta do cômodo, aproximo-me mais da janela para respirar o ar frio da noite, em uma tentativa frustrante de me acalmar. As lembranças dolorosas do maldito sonho voltam a preencher a minha cabeça, e elas me atormentam como faz todas as noites desde que tudo aconteceu.

Ainda consigo ouvir os sons dos seus gritos de desespero chamando o meu nome, como a porra de um filme de terror. A minha respiração pesa dentro do meu peito igualmente aquela noite, comprimindo os meus pulmões tão rudemente, que chega a me impedir respirar. Portanto, luto em busca de ar, mas ele se recusa a encher os meus pulmões.

Lembro-me que à medida que eu corria em seu socorro, sentia o desespero preencher a minha alma e rasgá-la como se fosse um simples pedaço de papel. Eu jurei protegê-la de tudo e todos, mas cheguei tarde demais. E ao entrar dentro da sala de nossa casa, vi o meu mundo tão mágico e cheio de amor ser esmagado completamente, enquanto se afundava na poça do seu sangue, que não parava encharcar seu vestido branco.

LUNAAAA!

Gritei e eu sei que naquele momento toda a Maldagan conseguiu ouvir os sons do meu desespero. Além das florestas ao redor escutaram a voz da minha dor. Fraco e destruído por dentro, ajoelhei-me do seu lado, segurando-a nos meus braços sem me importar com o sangue que me sujava, que me marcava para sempre. E enquanto me quebrava em mil pedaços, me vi preenchido por uma fúria extrema demais, resgando tudo dentro de mim, destruindo o que havia de melhor, e saí em busca da única pessoa capaz de fazer tal atrocidade.

Malcon Traves, o Alfa da minha alcateia.

Ele deveria ser o nosso líder. Deveria proteger o nosso povo. Contudo, tornou-se um maldito ditador sem escrúpulos, incumbido de uma crueldade incomparável, humilhando-nos sem qualquer motivo, tornando-nos seus escravos e servidores. Sim, eu devia respeito e obediência a sua autoridade e poder, mas não naquela noite. E sim, eu estava determinado a morrer junto com ela se fosse preciso. Eu desejei ser destruído pelo poderoso Alfa e assim acabar com toda a minha dor.

Respiro fundo, erguendo a minha cabeça para fitar a lua em toda a sua glória e esplendor. O seu poder imediatamente me chama. Ela me atrair e me e envolve com a sua áurea amarelada, fazendo os meus instintos mais primitivos e sombrios sobressair a dor que insiste em rasgar o meu coração já machucado. E inevitavelmente sou transformado no ser mais poderoso, faminto e destrutivo que essa noite poderia ter.

A liberdade do meu ser me leva a correr livremente mata adentro, a agir feito um caçador noturno. E a velocidade é o meu libertador agora. Os sons da floresta me se aguçam. Eles calam os meus pensamentos mais negros, preenchem a fera dentro de mim e agora somente as batidas endurecidas do meu coração ferido se ouve.

***

Pela manhã...

- Bom dia, Alfa! - Latifa, a ômega fala abaixando o seu olhar para o chão e consequentemente a sua cabeça também se abaixa, como sinal de obediência e respeito a mim.

- Temos uma hóspede nessa casa, Latifa - aviso com um tom firme na voz. - Peça que montem uma mesa farta para o café da manhã - ordeno sem responder a sua congratulação, porém, sigo direto para o escritório aqui mesmo na minha casa.

- Certo, Alfa! - A jovem loba resmunga e segue cruzando a enorme sala de estar, indo o outro lado da espaçosa casa.

Logo adentro o cômodo bem iluminado pelos raios de sol que invadem livremente as paredes de vidros transparentes, trazendo a sua luz para as prateleiras cheias de livros e para uma enorme mesa de mogno, que contém alguns papéis, além de um computador em cima dela. Observo com orgulho o jardim que contorna essa casa, além de uma matar fechada em segundo plano. Uma opção que fiz questão de escolher para ficar mais o perto possível da natureza aqui no mundo dos humanos.

Assim que me acomodo em minha cadeira abro o computador e decido analisar alguns e-mails antes de finalmente dar o meu alvará para alguns pedidos e contratos. Por fim, decido ir ao encontro da minha indesejada hóspede e tomar o café da manhã na sua companhia. Penso que logo terei que retornar para a alcateia. Eu preciso saber sobre os acordos entre as cidadelas vizinhas e descobrir mais sobre o ataque a Maldócia e determinar algumas ordens necessárias em relação aos últimos acontecimentos.

E isso inclui a presença de Hazel no nosso meio, mas principalmente aqui na minha casa.

Sei que a sua presença desagrada a muitos na alcateia. A final, toda essa bagunça começou no meio do seu povo. A morte de Tunísia nunca será aceita pela sua família e menos ainda após o exilio de Lachlan. Sei que eles jamais ousarão passar por cima das minhas decisões. No entanto, mesmo sobre a minha proteção, eu sei que devo afastá-la do meu povo antes que algo pior aconteça.

                         

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