Capítulo 5 Um desejo impossível para mim

A tarde havia sido mágica, mas à medida que Julie se despedia das crianças e Vicente na porta da empresa, um aperto se formou em seu peito. O sorriso de Sofia e a animação de Lucas ecoavam em sua mente, mas, ao mesmo tempo, ela não conseguia evitar a sombra da dúvida que a acompanhava.

"Obrigado, Julie pela ajuda de hoje, você foi incrível com eles!", Vicente disse, sorrindo para ela com uma sinceridade que a fez sentir um calor especial.

Aquelas palavras eram como uma luz, mas também um lembrete do que ela sentiu que nunca poderia ser: uma parte da família dele. "Foi um prazer cuidar deles, Vicente. Eles são adoráveis", respondeu, tentando manter a voz leve.

Ao chegar em casa, o silêncio envolve como um cobertor pesado. Julie deixou a bolsa de lado e se permitiu um momento de fraqueza. Olhou ao redor e sentiu o mesmo sentimento de todos os dias.

"Você não merece isso, Julie," pensou, sentando-se no sofá e abraçando os joelhos. **"Você é só uma secretária." "Você é só uma secretária." Ela repetiu isso como um mantra para não se iludir

Os pensamentos invadiram como uma tempestade. O amor que senti por Lucas e Sofia me fez querer ter alguém para amar, finalmente poder ter uma família.

No dia seguinte, enquanto se preparava para o trabalho, recebi uma mensagem de Vicente quando eu coloquei para reproduzir "Oi, tia Julie! É a Sofia, queria saber se você gostaria de ir passear comigo e com o Lucas"

O coração de Julie disparou. Aquela mensagem simples a encheu de alegria.

"É apenas um passeio, Julie" pensei

No entanto, enquanto se dirigia para o trabalho, seus pensamentos eram um turbilhão. "E se eu me apegar demais a eles, e um dia Vicente encontrar alguém e não querer mais a minha aproximação?"

Ela decidiu deixar os pensamentos de lado e focar nas crianças. Assim que chegou à empresa, foi recebido com sorrisos e olhares ansiosos. Sofia, com seu jeito barulhento e alegre.

"Tia Julie!" falando, lançando-se em seus braços com um abraço apertado.

"Oi, Sofia! Você está tão animada hoje!" disse, enquanto se afastava um pouco do abraço para olhar nos olhos brilhantes da pequena.

"Eu quero voltar mais vezes! Você faz tudo ser tão divertido!" Sofia exclamou animada.

"É claro! A gente pode fazer muitas outras brincadeiras e até desenhar mais!" respondeu Julie, e, por um momento, as dúvidas falaram em sua mente.

Sofia puxou Julie pelo braço, conduzindo-a pela sala. "E quem sabe um dia você poderá ser nossa mamãe?"

Aquela frase fez Julie parar como estátua.

"Não fale isso, Sofia. Eu apenas a secretária de seu pai" Julie disse, sua voz tinha uma decepção mas ela tinha que dizer a realidade a ela.

"Você faz meu papai sorrir! Ele precisa de você, e eu também! Você não gosta da gente?" Sofia jogou tudo na lata de Julie, a deixando vermelha de vergonha.

Julie sentiu uma mistura de felicidade e dor. "Se ao menos fosse tão simples..." pensou. O desejo de ser parte daquela família se tornou uma âncora em seu coração.

Durante o dia, enquanto trabalhava, os pensamentos de Julie voltaram a vagar. Ela olhou pela janela, vendo a cidade lá fora, agitada e cheia de vida. "Por que não posso ter isso?" Ela se questionava, sentindo o vazio que sempre a visitava.

Na hora do almoço, enquanto seus colegas de trabalho conversavam sobre suas famílias, Julie se via sorrindo e acenando, mas por dentro, era um turbilhão de emoções. A cada história contada, sua mente girava em um ciclo de comparação, "Como poderia alguém querer me ter como parte de uma família?"

Ela estava tão envolvida que não percebeu ninguém se aproximar.

"Oi, Julie. Está tudo bem?" Vicente disse, com uma expressão de preocupação no rosto.

Julie levou um susto com a voz que colocou a mão no peito.

"Quando você chegou aqui? Você agora faz teste cardíaco? Nossa, não faz mais isso. Jesus" respirando fundo

Ele rindo da fala dela. Mas não perdendo o foco do que ele perguntou. " Está tudo bem? Você parece perdida em pensamentos"

"Não é nada. Apenas problemas meus que estou tentando solucionar

"Quer ajuda?" Perguntou Vicente. "Não precisa, não é nada demais"

"Tudo bem, precisando de mim só ligar. Não pense duas vezes, ok? " Disse a ela e foi embora.

Quando o dia chegou ao fim, e ela voltou para casa, seu coração estava cheio de confusão. "Desejo uma família, mas... será que sou capaz de ser amada de verdade? Será que ninguém nunca irá me abandonar um dia? Tenho medo de me magoar e magoar os outros " as palavras de Sofia a acompanhavam. "Eu quero que você seja nossa mamãe." Era como uma sirene em sua mente.

Julie entrou em casa e a solidão a envolveu novamente, mas agora era diferente. Agora, havia um semente de esperança plantada em seu coração. "Talvez, só talvez, eu mereça a felicidade," pensado

Ela sorriu ao imaginar a cena: Vicente e as crianças em casa, todos juntos, rindo e criando memórias. Era um sonho muito alto para se realizar.

"Quem sabe um dia, Sofia... Quem sabe um dia..." falou para o nada, pensando alto.

                         

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