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Enquanto Julie enfrentava a solidão de sua casa, Vicente vivia outro tipo de angústia. Em seu escritório, havia recebido uma ligação urgente da escola dos gêmeos, informando que uma reunião era necessária para discutir o comportamento de Lucas. Ele sentiu uma pontada de preocupação e, embora sua agenda estivesse cheia, pediu a Julie para reagendar suas reuniões.
Ao chegar à escola, é recebido pela diretora, que o conduz à sala onde a professora de Lucas já está à espera. Ela se levanta ao vê-lo entrar, ajustando o blazer apertado com uma expressão que tenta, mas não consegue esconder o interesse pessoal. "Senhor Vicente, obrigada por vir. Eu sou a professora do Lucas, Vanessa."
Vicente se senta, encarando a professora com uma expressão de expectativa. "O que houve com o meu filho? Ele está com algum problema?"
Vanessa sorriu, ficando cada vez mais embaraçada pela intensidade de seu olhar. Ela respira fundo antes de continuar: "Bom, o Lucas é uma criança muito reservada, senhor Vicente. Ele não interage com os colegas como outras crianças da sua idade e, muitas vezes, parece isolado. Não o vejo brincando no recreio, nem respondendo com entusiasmo na sala de aula."
Vicente sente o peito pressionado. Ele sabia que Lucas era reservado, mas não imaginava que isso estaria afetando seu desenvolvimento social. Ele tenta disfarçar a preocupação, mas seus olhos o traem. "E o que você sugere que eu faça, professora Vanessa?"
Ela cruza as pernas e se inclina levemente, olhando para Vicente com um sorriso que parece mais pessoal do que profissional. "Bom, senhor Vicente, crianças nessa idade precisam de estabilidade emocional e de ajuda para desenvolver a confiança. Eu diria que talvez ele precise de apoio psicológico, alguém que possa entender as razões por trás desse comportamento e ajudá-lo a se abrir."
Vicente estreita os olhos, incomodado pela maneira como Vanessa parece mais interessada em manter o contato visual com ele do que em falar sobre Lucas.
Ele endireita a postura, seu tom está ficando mais sério. "E o que mais você tem assistido? Há algo que ele tenha em consideração, algum comportamento específico que o preocupe?"
Ela parece hesitar, mas continua: "O Lucas é... fechado demais para uma criança de seis anos. Ele fala um pouco, não se abre sobre o que sente, e embora tenha uma irmã, a relação entre eles também parece distante. Eu tento me aproximar, mas ele sempre se afasta, como se temesse confiar nos adultos."
Vicente respira fundo, tentando conter a frustração. Ele sabia que sua ausência, devido ao trabalho, afetava seus filhos, mas ver isso refletido na personalidade de Lucas o abalava profundamente. Ele ajusta o gravata e encara Vanessa com uma expressão determinada. "Vou fazer o que estiver ao meu alcance para estar mais presente. E também vou considerar o apoio psicológico que você sugeriu."
Vanessa abre um sorriso suave, inclinando-se um pouco mais para ele. "Eu sei que o senhor é um pai ocupado, mas talvez... algumas pequenas mudanças já fazem uma diferença. E se precisar de ajuda ou... algum apoio extra, estou sempre disponível."
Vicente percebe a insinuação e se levanta para sair, reflete sobre a necessidade de estar mais presente na vida dos filhos e promete a si mesmo que fará o que for necessário para garantir que Lucas e Sofia se sintam amados e seguros.
De volta ao carro, Vicente observa o horizonte com um olhar distante, seu coração apertado. Ele se pergunta se algum dia encontrará alguém que o ajude a preencher o vazio em sua casa - alguém que seja a mãe que seus filhos merecem