Capítulo 2 A Solidão e um Desejo

Julie chegando em casa, girando a chave na fechadura da porta e ao se abrir ela respira fundo, sentindo o silêncio que preenche cada canto dessa casa.

A luz da tarde já está fraca, entrando pelas cortinas da janela, e seu coração aperta um pouco ao encarar o vazio ao redor.

Para muitos, um apartamento aconchegante como o seu era um símbolo de liberdade, mas, para Julie, tinha o peso da solidão.

Ela solta um suspiro e coloca a bolsa no sofá, olhando ao redor. Deixa os sapatos na entrada, e o leve som de seus passos descalços ecoa pelo corredor. A sala, arrumada e simples, exibia poucos sinais de personalidade, quase como se ela não tivesse se dado ao trabalho de decorar. Em um canto, uma prateleira guarda alguns livros de literatura, ao lado de uma pequena planta que ela rega com cuidado, como se fosse um esforço para manter algo vivo em meio a tanta quietude.

Julie se senta no sofá e encosta a cabeça na almofada, olhando para o teto enquanto os pensamentos vagam.

A imagem de Vicente e dos filhos surge em sua mente. Ela pensa em Sofia e Lucas, nas histórias que Vicente sempre conta a ela, acaba dando um sorriso, e sente uma ponta de inveja ao imaginar o caos que é um lar com crianças. A alegria, os risos, as brigas - no orfanato não é como ter uma família de verdade, ela vivia sendo rejeitada pelas famílias por conta da sua idade.

"Como seria ter uma família?", murmura para si mesma, uma pergunta solitária em um ambiente solitário.

Ela sentia saudade de algo que nunca teve: de uma rotina compartilhada, das conversas ao redor da mesa, de uma presença que aquecesse a casa com risos e carinho.

"Eu adoraria chegar em casa e ouvir alguém me chamar.." sussurra para o vazio, o coração apertado.

Por um momento, meus olhos marejam, e sente o peso de um vazio familiar, aquele que carregava sempre comigo. "Um dia... quem sabe..."

            
            

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