'Sob o véu do poder'
img img 'Sob o véu do poder' img Capítulo 4 Tudo pode ficar pior (Parte 2)
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Capítulo 6 Porque eu me importo tanto (Parte 1) img
Capítulo 7 Porque eu me importo tanto (Parte 2) img
Capítulo 8 Porque eu me importo tanto (Parte 3) img
Capítulo 9 Um sinal de vida (Parte 1) img
Capítulo 10 Um sinal de vida (Parte 2) img
Capítulo 11 Um sinal de vida (Parte 3) img
Capítulo 12 Um sinal de vida (Parte 4) img
Capítulo 13 Meias palavras (Parte 1) img
Capítulo 14 Meias palavras (Parte 2) img
Capítulo 15 Sobrevivendo à tempestade (Parte 1) img
Capítulo 16 Sobrevivendo à tempestade (Parte 2) img
Capítulo 17 Luta interna (Parte 1) img
Capítulo 18 Luta interna (Parte 2) img
Capítulo 19 O que nós somos (Parte 1) img
Capítulo 20 O que nós somos (Parte 2) img
Capítulo 21 O que nós somos (Parte 3) img
Capítulo 22 A fragilidade da vida (Parte 1) img
Capítulo 23 A fragilidade da vida (Parte 2) img
Capítulo 24 A fragilidade da vida (Parte 3) img
Capítulo 25 Escolhas (Parte 1) img
Capítulo 26 Escolhas (Parte 2) img
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Capítulo 4 Tudo pode ficar pior (Parte 2)

HELENA

Cinco dias depois...

Quase uma semana havia passado, e a realidade estava se tornando um soco no estômago. Eu havia ido a todos os bancos possíveis em tentativas frustradas de conseguir um empréstimo. A verdade era cruel: minha família estava em apuros, e Victor voltaria em dois dias para buscar um dinheiro que eu simplesmente não tinha. Procurar a polícia era uma perda de tempo; ele tinha informantes dentro da corporação, e a ideia de que eles poderiam me ajudar era uma ilusão desesperadora. Eu estava em um beco sem saída, num mato sem cachorro, sem saber como sair daquela situação. Caminhando próximo à rodoviária, uma ideia absurda de fuga me passou pela cabeça. No entanto, logo percebi que não poderia ser tão egoísta; minha família também estava em grande perigo, e escapar não era uma solução simples.

O desespero apertava meu peito enquanto eu caminhava por entre as lojas da rodoviária, até que algo chamou minha atenção: um letreiro luminoso que dizia "Cyber Café". O lugar parecia um refúgio em meio ao caos. Adentrei o local e notei que havia inúmeros computadores disponíveis para uso dos clientes. Paguei para usar uma das máquinas e fiz o pedido de um cappuccino, uma pequena indulgência que parecia quase ridícula em um momento como aquele. Com a bebida fumegante à minha frente, comecei a navegar em alguns sites, determinada a encontrar qualquer informação sobre Victor Blackthorne. O primeiro instante de pesquisa não rendeu muito; a internet parecia esconder seus segredos. No entanto, meu coração acelerou quando me deparei com um vídeo de uma mulher que dizia estar disposta a desmascarar Victor a qualquer custo. Ela afirmava que iria tirar a máscara dele, e a urgência em suas palavras era evidente. O vídeo havia sido postado há cerca de duas horas, o que imediatamente me chamou a atenção. Ao entrar na descrição do vídeo, notei que havia um número de contato. A adrenalina pulsava em minhas veias, e, sem hesitar, decidi ligar para ele. Para minha surpresa, fui atendida ao primeiro toque.

- Oi, esse número é da Laís? - Perguntei, a voz trêmula de nervosismo.

- Sim, quem quer saber? - Uma voz impaciente respondeu, e eu pude sentir a tensão na linha.

- Meu nome é Helena. Preciso de informações sobre o Victor Blackthorne. Acabei de ver um vídeo que você postou e estou com sérios problemas com ele... - Expliquei, tentando manter a voz firme, apesar do desespero que ameaçava transparecer.

- Me encontre em trinta minutos no estacionamento da Santa Casa! - Ela disse, sem dar espaço para perguntas, antes de encerrar a ligação abruptamente.

O coração bateu forte no meu peito. Era uma oportunidade, uma esperança, mas também um risco imenso. Eu sabia que o tempo estava se esgotando e que cada segundo contava. Levantei rapidamente, tomando um último gole do cappuccino, e saí do café com a mente a mil. O que quer que Laís soubesse poderia ser a chave para a salvação da minha família – ou o início de algo muito mais perigoso. A ansiedade apertava meu estômago, mas a determinação de enfrentar aquele desafio crescia dentro de mim. Não tinha outra escolha senão seguir em frente. Chamei um motorista de aplicativo e, em pouco tempo, já estava no estacionamento da Santa Casa. O coração batia acelerado enquanto eu aguardava, cada minuto parecia uma eternidade. Para acalmar a ansiedade, liguei novamente para Laís, informando o local exato em que estava e a cor do vestido que usava. Assim que terminei a ligação, uma figura surgiu entre os carros. Era ela. Laís tinha um ar de determinação que me impressionou.

Assim que nos cumprimentamos, começamos a conversar, e rapidamente percebi que estávamos unidas pela mesma dor. Ela me contou que sua família estava sendo chantageada, mas, ao contrário da minha, a dela pertencia a um alto escalão. Havia um envolvimento direto com a política, e isso tornava a situação dela ainda mais complexa e perigosa. Enquanto ela falava, eu sentia meu estômago revirar; cada revelação era uma peça do quebra-cabeça que se montava diante de nós. O tempo passou voando enquanto trocávamos informações sobre Victor. Ele era astuto, e sua rede de manipulação era vasta. Cada detalhe que Laís compartilhava só aumentava a gravidade da situação. Eu estava atônita, não conseguindo compreender completamente a extensão do que Victor era capaz. Nossa conversa se estendeu por horas, e, quando finalmente nos separamos, havia uma sensação de urgência no ar – algo precisava ser feito, e rápido. Após aquele encontro, passei os dias seguintes em uma cafeteria, tentando, em vão, parecer discreta.

O lugar ficava no térreo de um dos muitos edifícios que abrigavam as empresas de fachada de Victor Blackthorne. A atmosfera ali era sufocante, como se o próprio ar carregasse segredos e mentiras. O cheiro de café misturava-se à tensão que crescia a cada dia, e eu me afundava nas sombras, sempre atenta. Observava-o às escondidas, analisando cada movimento, cada gesto, como se cada detalhe pudesse revelar algo mais profundo. Ele nunca parecia cometer erros, mas havia algo nele que eu ainda não conseguia decifrar. Por mais que tentasse me convencer de que era invisível, de vez em quando sentia o peso do seu olhar pousar em mim. Era como se ele soubesse que eu estava ali, me observando com uma intensidade que arrepiava minha pele e fazia o sangue gelar. Um calafrio subia pela espinha, e eu me pegava prendendo a respiração. Estava ele me testando? Brincando com meus nervos? Ou seria apenas minha mente pregando peças? Meu coração disparava toda vez que ele entrava no café. A presença dele enchia o ambiente de uma forma avassaladora, dominando o espaço como um predador em meio a presas desprevenidas. Seu charme era quase insuportável, como uma força gravitacional, atraindo tudo e todos ao seu redor. A forma como ele sorria... cada sorriso era uma arma, afiada e letal, cortando qualquer tentativa de controle que eu ainda possuía.

Era como se, com cada gesto, ele dilacerasse a calma frágil que eu me esforçava para manter. Eu estava sempre em alerta, uma corda esticada prestes a arrebentar, e ele, consciente disso, parecia se deleitar com o poder que exercia. O jeito como ele se movia, com uma confiança quase hipnótica, fazia com que eu esquecesse momentaneamente a gravidade da situação. O tempo era um inimigo impiedoso, e eu não tinha muito espaço para investigar. O prazo para pagá-lo se aproximava rapidamente, e eu sabia que, em breve, ele iria atrás de mim, como uma sombra que não se dissiparia. Enquanto podia, me refugiava em um canto do café, mergulhada em meus próprios pensamentos, tentando me tornar invisível. Victor era metódico e calculista, sempre rodeado por uma aura de mistério. Ele se reunia com figuras desconhecidas, suas conversas sussurradas parecendo cheias de conspirações. O jeito como lançava olhares furtivos ao redor indicava que ele sabia que estava sendo observado, e isso me deixava em uma espiral de desespero e curiosidade. Uma parte de mim se sentia cada vez mais desesperada, lutando contra a sensação opressiva de que eu estava sendo puxada para um labirinto do qual talvez não conseguisse escapar. A outra parte tentava decifrar como todas aquelas peças se encaixavam, buscando uma resposta em meio ao caos.

***

Victor Blackthorne tinha apenas 30 anos, mas sua alma parecia carregar o peso de décadas imersas em escuridão e frieza. Ele era um homem impiedoso, calculista, e sua aura de poder transcendia qualquer expectativa gerada por sua aparência física. Com cerca de 1,85 m de altura e um porte atlético que exalava confiança, Victor era o tipo de presença que mudava instantaneamente a atmosfera ao seu redor. Onde quer que fosse, ele arrastava consigo um misto inquietante de respeito e medo, como uma tempestade que se aproxima, fazendo com que todos ao seu redor se contivessem. Seus olhos, profundos e penetrantes, eram verdadeiras janelas para um caráter sombrio e complexo. Não revelavam fraqueza nem emoção; apenas a vigilância constante de um predador, sempre avaliando e calculando o próximo movimento, como um jogador de xadrez que antecipa cada jogada de seu oponente. Era impossível escapar da sensação de que estava sendo estudada, dissecada em cada pequeno gesto. Quando ele sorria, o que era um evento raro e quase impressionante, o sorriso era uma máscara traiçoeira – uma fachada cuidadosamente elaborada para ocultar as intenções frias que permeavam cada uma de suas ações.

A vida de Victor era meticulosamente planejada, cada dia um reflexo de sua estratégia implacável. Ele não se permitia laços emocionais; as poucas pessoas que se aventuravam a entrar em seu círculo eram meros peões em um tabuleiro muito maior, descartáveis assim que sua utilidade se esgotasse. Essa visão utilitarista das relações humanas transformava o ato de conviver com ele em uma dança delicada de cautela e desconfiança. Seus ternos sob medida, sempre em tons escuros de preto e cinza, não apenas refletiam o poder que ele detinha, mas também o mistério que o cercava como uma nuvem de neblina. Cada detalhe, desde o corte impecável do tecido até a gravata sempre perfeitamente ajustada, era uma extensão de sua personalidade calculista. Sua postura impecável e o caminhar confiante reforçavam essa imagem de invulnerabilidade, como se ele estivesse acima de todos, um homem que não conhecia o medo ou a dúvida. A combinação de sua presença física com o caráter ardiloso criava uma aura quase hipnótica. Aqueles que cruzavam seu caminho sentiam uma mistura de atração e aversão, como se estivessem em contato com uma força da natureza que, ao mesmo tempo, fascinava e aterrorizava. Victor Blackthorne não era apenas um homem; ele era uma tempestade, uma força implacável que, uma vez despertada, deixaria um rastro de destruição e incerteza por onde passasse.

Os traços angulares de seu rosto, cuidadosamente barbeado, emolduravam uma expressão que exalava tanto sofisticação quanto uma ameaça latente. Seu cabelo, sempre perfeitamente penteado, era mais do que um mero capricho; era um reflexo de seu controle absoluto sobre cada aspecto de sua vida. As mãos, apesar de bem cuidadas e adornadas por um relógio de marca, eram instrumentos de poder; não estavam manchadas pelo trabalho sujo, mas orquestravam com precisão cada movimento do império criminoso que ele construía e expandia. Ele era o mestre de um jogo perigoso, e as pessoas ao seu redor eram meras peças que ele movia com precisão cirúrgica, em um tabuleiro onde o desespero e a ambição frequentemente se entrelaçavam. Victor era, acima de tudo, um estrategista implacável. Para ele, a vida não era mais do que um jogo de xadrez, onde cada decisão, cada interação, era meticulosamente planejada com frieza. Ele se via sempre dez passos à frente de qualquer um que ousasse cruzar seu caminho, antecipando reações e manipulações com uma facilidade desconcertante.

A empatia, um conceito que muitos consideravam fundamental nas relações humanas, era algo que ele aprendeu a desprezar desde jovem, substituindo-a por uma lógica implacável e uma astúcia calculista. Suas emoções eram mantidas em uma jaula invisível, um labirinto de controle e manipulação. As poucas que escapavam eram sempre cuidadosamente moldadas para servir aos seus interesses. Seus aliados, assim como seus inimigos, eram tratados com o mesmo charme venenoso, uma ferramenta que utilizava para manter todos sob seu domínio, como marionetes em suas mãos. Cada elogio ou gesto de amizade era uma jogada estratégica, disfarçada em um manto de cordialidade, enquanto suas verdadeiras intenções permaneciam obscuras como as sombras que o acompanhavam. Com sua personalidade sedutora e persuasiva, Victor conseguia conquistar a confiança de qualquer um, como uma aranha tecendo sua teia. No entanto, suas intenções eram sempre desprovidas de nobrezas; ele era um predador, sempre à espreita, à procura de fraquezas nas pessoas ao seu redor, explorando-as com maestria e um prazer sutil. O verdadeiro deleite dele vinha da manipulação silenciosa, de observar de longe enquanto aqueles ao seu redor caíam em suas armadilhas, sem sequer perceber de onde vinha o golpe mortal.

Quando a brutalidade se fazia necessária, ele a exercia com uma elegância assustadora, utilizando palavras afiadas como lâminas, sempre mantendo a compostura impecável. Ele era, em todos os sentidos, um maestro de sua própria sinfonia de caos, orquestrando a vida dos outros com uma destreza que tornava impossível não se sentir envolvido em sua dança traiçoeira. Nascido em uma família abastada, Victor cresceu imerso em luxos que muitos só poderiam sonhar. No entanto, desde muito jovem, ele aprendeu que esse estilo de vida exuberante vinha acompanhado de um preço sombrio. Seu pai, uma figura publicamente respeitada, era na verdade um "rei do crime" das sombras, envolvido em esquemas de corrupção, tráfico de influências e lavagem de dinheiro. Victor absorveu esses ensinamentos com uma rapidez quase assustadora, compreendendo que o verdadeiro poder não residia apenas na riqueza ou nas aparências, mas no controle que se exercia sobre os segredos dos outros. Quando herdou o império de seu pai, não apenas manteve o legado criminoso, mas o expandiu para novas e perigosas alturas, como um arquétipo de ambição e audácia. Diferentemente de seu pai, que se movia nas sombras, Victor aprendeu a se camuflar na luz. Sua imagem pública era cuidadosamente elaborada; ele era visto como um empresário respeitável, um filantropo ocasional que sabia jogar o jogo das aparências com maestria.

Ele era o homem que todos desejavam ter ao seu lado, aquele que tinha as palavras certas e a postura perfeita em eventos sociais. Enquanto isso, por trás de sua fachada imaculada, ele comandava um império criminoso que se estendia por todos os cantos sombrios da sociedade. Lavagem de dinheiro, extorsão, tráfico de drogas e armas eram apenas algumas das atividades ilícitas que prosperavam sob seu comando, cada uma meticulosamente planejada para garantir que nenhuma luz pudesse revelar sua verdadeira natureza. Victor era um mestre em manter as mãos limpas. Ele nunca se envolvia diretamente nos crimes; seus subordinados se encarregavam do trabalho sujo, enquanto ele se mantinha a uma distância segura, com a astúcia de um maestro que orquestra uma sinfonia de caos. Ele se certificava de que nenhuma prova jamais pudesse ser associada a ele, sempre com um sorriso no rosto e um olhar calculista.

Seu círculo de contatos era um mosaico variado, que incluía políticos influentes, magnatas da indústria e criminosos do submundo, e em cada interação, ele estava sempre um passo à frente, manipulando aliados e inimigos com a mesma destreza que um jogador de poker exibe suas cartas. No campo emocional, ele era ainda mais impenetrável, nunca permitia que sentimentos verdadeiros se desenvolvessem por ninguém, mantendo um escudo de frieza ao seu redor. Para ele, relacionamentos eram meras transações, ferramentas para alcançar fins específicos. As mulheres que passavam por sua vida eram vistas como instrumentos descartáveis, usadas para ganhar vantagem ou manipular situações a seu favor. Amizades eram contratos velados, cada um cuidadosamente pesando o custo e o benefício, e Victor sempre garantia que, no final, sairia ganhando. Essa visão utilitarista do mundo o isolava, mas ele parecia não se importar; seu único objetivo era o poder, e, para ele, as emoções eram apenas distrações que poderiam comprometer sua meticulosa estratégia.

Victor Blackthorne era uma força implacável, uma tempestade silenciosa que destruía tudo em seu caminho. Sob sua fachada de poder e controle, escondia-se um vazio profundo, uma alma que havia perdido sua humanidade em algum ponto sombrio de sua jornada, deixando apenas uma sede insaciável por mais poder, mais controle e mais destruição. Aqueles que ousassem cruzar seu caminho logo descobririam que, em seu mundo, não havia espaço para misericórdia, apenas a certeza do desespero. Durante a longa conversa que tive com Laís, um verdadeiro pilar de coragem em meio à tormenta, descobri inúmeras atividades ilícitas das quais Victor estava envolvido. Entre elas, a lavagem de dinheiro era uma de suas operações mais elaboradas. Ele utilizava uma extensa rede de empresas de fachada, cada uma cuidadosamente construída para lavar enormes quantias de dinheiro oriundas de suas operações criminosas. Seus negócios variavam de luxuosos hotéis a consultorias financeiras, todos elaborados para dar um ar de legitimidade às suas finanças, enquanto escondiam a verdadeira origem do capital, que vinha principalmente do tráfico de drogas e armas.

Essas empresas fictícias não apenas mascaravam suas atividades ilícitas, mas também burlavam o sistema financeiro, garantindo que ele nunca fosse diretamente vinculado aos seus crimes. A extorsão era outra de suas especialidades. Com uma rede de informantes e hackers à sua disposição, ele coletava informações incriminadoras sobre políticos, empresários e outras figuras públicas. Usava esses segredos como armas, mantendo suas vítimas em uma teia complexa de favores e dívidas. A chantagem se tornava uma de suas táticas favoritas, pois não apenas lhe garantia poder sobre suas vítimas, mas permitia que ele agisse sem sujar as mãos diretamente. Foi assim que a família de Laís caiu em suas garras, um lobo disfarçado de cordeiro, sempre pronto para atacar. O tráfico de drogas e armas, embora não visível em campo de batalha, era outra área em que Victor brilhava como um verdadeiro maestro. Ele era o principal financiador de uma vasta rede internacional de tráfico, operando nas sombras e mantendo uma distância estratégica da logística e das rotas utilizadas pelos traficantes.

Mesmo assim, recolhia os lucros e assegurava que seus subordinados cumprissem suas ordens com a precisão de um relógio suíço. Sua capacidade de se conectar a fornecedores em diferentes partes do mundo o tornava uma peça-chave nesse submundo aterrador. Além disso, ele controlava um império de jogos de azar clandestinos, direcionado a atrair clientes da alta sociedade que se entregavam ao vício das apostas. Ele capitalizava sobre as fraquezas dessas pessoas, aprisionando-as em dívidas exorbitantes, que depois usava para extorquir ainda mais dinheiro ou favores. A ameaça de violência pairava como uma sombra constante sobre aqueles que tentavam se libertar de suas garras, fazendo com que a maioria ficasse paralisada pelo medo. Outro aspecto sombrio de seus negócios era sua vasta rede de prostituição de luxo. Ele não apenas administrava bordéis discretos frequentados por elites e figuras políticas, mas também era responsável pelo tráfico de mulheres, manipulando-as e mantendo-as sob controle, explorando-as como mercadorias descartáveis.

Para ele, essas mulheres eram instrumentos para satisfazer os desejos dos poderosos e enriquecer suas contas. Seus sentimentos eram irrelevantes; para ele, não havia valor além do dinheiro que podiam gerar. Dentro do submundo, ele era amplamente respeitado e temido. Sua habilidade em liderar grandes operações criminosas e negociar com criminosos e figuras poderosas o colocava em uma posição de alto escalão no mercado negro. Sua visão estratégica permitia que ele sempre tivesse vantagem sobre seus inimigos, e sua maior arma era a capacidade de controlar as mentes das pessoas ao seu redor. Por meio de palavras sutis e manipulação emocional, ele conseguia fazer com que as pessoas seguissem suas ordens, muitas vezes sem que sequer percebessem que estavam sendo manipuladas. Sua voz sedutora e comportamento encantador tornavam tudo ainda mais fácil, transformando o ato de comandar em uma dança hipnótica, onde cada movimento era calculado e cada reação, prevista. Ele raramente sujava suas mãos, mas, quando necessário, era implacável. Suas ações violentas eram friamente calculadas, projetadas para causar o máximo impacto com o mínimo de evidência ligando-as a ele.

Ele preferia que os atos de brutalidade parecessem acidentes, uma fatalidade inesperada, ou que fossem executados por terceiros, mantendo sempre a distância necessária para evitar qualquer suspeita. Ele se movia na escuridão como um fantasma, sua presença quase invisível, mas sua influência, imensurável. Resumindo, Victor Blackthorne era um predador frio, um estrategista que via as pessoas como meros meios para alcançar seus fins. Seu envolvimento com mulheres era puramente físico e momentâneo; sentimentos não tinham lugar em sua vida. Ele manipulava e descartava qualquer um que não mais lhe servisse, como se fossem peças de um jogo em que o objetivo final era sempre o mesmo: o domínio total. Para ele, todos eram substituíveis, insignificantes no grandioso tabuleiro em que jogava. A única constante em sua existência era seu apetite voraz por poder, controle e o prazer pervertido que derivava da submissão dos outros à sua vontade. O destino daqueles que cruzavam seu caminho frequentemente era marcado pela dor e pelas dívidas impossíveis de pagar, uma espiral descendente que acabava, inevitavelmente, em destruição completa. Victor Blackthorne era a personificação de um predador calculista, escondendo sua natureza cruel sob uma máscara de elegância e charme.

Sua frieza e ausência de escrúpulos o tornavam um sanguinário que vivia à margem da moralidade, sempre controlando e manipulando o mundo ao seu redor, como um maestro sombrio regendo uma sinfonia de sofrimento. E eu, desesperada, me vi enredada nas malhas de um homem como ele, impotente diante da enormidade de sua influência e da monstruosidade que emanava de suas ações. Pior ainda, carregava uma dívida de trinta mil reais, um peso insuportável que nem era meu, mas que, de alguma forma, agora pesava sobre meus ombros como uma sentença de morte. A cada dia que passava, a sombra de Victor se tornava mais opressiva, e a única certeza que eu tinha era de que sua presença, marcada por um charme sedutor, era também a porta de entrada para um mundo de trevas do qual eu temia nunca conseguir escapar.

            
            

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