'Sob o véu do poder'
img img 'Sob o véu do poder' img Capítulo 2 Dia de sorte (Parte 2)
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Capítulo 6 Porque eu me importo tanto (Parte 1) img
Capítulo 7 Porque eu me importo tanto (Parte 2) img
Capítulo 8 Porque eu me importo tanto (Parte 3) img
Capítulo 9 Um sinal de vida (Parte 1) img
Capítulo 10 Um sinal de vida (Parte 2) img
Capítulo 11 Um sinal de vida (Parte 3) img
Capítulo 12 Um sinal de vida (Parte 4) img
Capítulo 13 Meias palavras (Parte 1) img
Capítulo 14 Meias palavras (Parte 2) img
Capítulo 15 Sobrevivendo à tempestade (Parte 1) img
Capítulo 16 Sobrevivendo à tempestade (Parte 2) img
Capítulo 17 Luta interna (Parte 1) img
Capítulo 18 Luta interna (Parte 2) img
Capítulo 19 O que nós somos (Parte 1) img
Capítulo 20 O que nós somos (Parte 2) img
Capítulo 21 O que nós somos (Parte 3) img
Capítulo 22 A fragilidade da vida (Parte 1) img
Capítulo 23 A fragilidade da vida (Parte 2) img
Capítulo 24 A fragilidade da vida (Parte 3) img
Capítulo 25 Escolhas (Parte 1) img
Capítulo 26 Escolhas (Parte 2) img
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Capítulo 2 Dia de sorte (Parte 2)

VICTOR

A incerteza envolvia o ar, e a pressão aumentava. Eu sabia que essa escolha não apenas mudaria suas vidas, mas também poderia ser o ponto de partida para algo mais complicado, algo que nem mesmo eu poderia prever.

- A escolha é de vocês. Aproveitem que estou de bom humor; é o dia de sorte de vocês. Geralmente, não costumo agir dessa maneira. Não costumo dar tantas chances em uma única noite! - finalizei, observando a luta interna que se desenrolava entre eles. O jogo estava apenas começando, e a expectativa pulsava no ar como uma corda esticada, pronta para se romper a qualquer momento. Eu estava ansioso para ver até onde estavam dispostos a ir para se salvar e, talvez, descobrir do que realmente eram feitos.

- Caramba, Caio, a quem você quer enganar? Nós não temos de onde tirar dinheiro para pagar a ele, e você sabe disso! - Leandro exclamou, a voz trêmula e carregada de desespero. Seus olhos estavam arregalados, transbordando medo e impotência, enquanto o garoto parecia estar à beira da resistência, a determinação dele se esvaindo como fumaça no vento, dissipando-se diante da inevitabilidade do que se aproximava.

- E por que razão foram à minha casa de apostas se não tinham dinheiro? - perguntei, deixando escapar uma risada nervosa, tomada pela audácia deles. A insolência dos garotos apenas alimentava minha raiva, uma chama que ardia em meu peito como um fogo voraz. Como ousam me desafiar assim?

- Aniquilem esses vermes, espanque-os até que eles não aguentem mais! - rosnei, sentindo a adrenalina pulsar nas minhas veias como um veneno doce. As minhas ordens cortavam o ar, flutuando como uma sombra sinistra, enquanto meus homens se preparavam para agir com uma determinação voraz, os rostos deles iluminados pela expectativa do caos que estava prestes a se desenrolar.

O impacto dos socos ecoava pela sala, um ritmo de dor e desespero que preenchia o espaço. As súplicas de Caio e Leandro tornaram-se meros murmúrios abafados, perdidos em meio à sinfonia do sofrimento. Era uma dança macabra de poder e submissão, e eu era o maestro, regendo uma sinfonia de agonia. As paredes, testemunhas silenciosas, absorviam cada grito, cada lágrima, cada fragmento de esperança que se esvaía como água entre os dedos. O terror estampado em seus rostos alimentava minha sede de controle, e me deixei levar pela euforia da dominação. Mas, em algum lugar profundo dentro de mim, uma voz sussurrava que havia mais a ganhar do que simplesmente aniquilá-los ali. Eles eram jovens, e em sua fragilidade havia um potencial oculto. O jogo psicológico que eu pretendia jogar poderia, se bem-sucedido, forjar uma nova lealdade – ou ao menos um temor respeitoso.

- Lembrem-se, meninos - eu disse, enquanto observava o desespero se espalhar em seus rostos, como manchas de tinta sobre um canvas em branco. - Isso tudo é uma escolha. Uma escolha que vocês têm o poder de mudar. Agora, quanto mais vocês se resistirem, mais vocês sofrerão. Pensem nisso enquanto decidem qual de vocês virá como garantia.

Os gritos de Leandro ecoavam, misturados ao som seco dos socos e chutes. Eu observava, satisfeito, enquanto ele tentava se proteger, mas suas tentativas eram em vão; era como se estivesse se debatendo em um mar revolto, preso em uma correnteza implacável. Os garotos não tinham ideia da gravidade da situação, e a dor que estavam prestes a enfrentar seria uma lição que levariam para a vida – uma lição cruel e indelével.

- Por favor, parem com isso, estão machucando meu filho! - a mulher que antes estava em silêncio agora choramingava, sua voz quebrada pela dor e pela impotência. Seus joelhos cederam diante de mim, como se esperasse que eu me rendesse aos seus apelos e súplicas. O desespero estampado em seu rosto era inegável, mas não havia espaço para compaixão em meu coração. Cada lágrima que escorria por suas bochechas era um lembrete do quanto o mundo poderia ser cruel, e eu era a personificação dessa crueldade.

- Tirem ela da minha frente. Acabem com todos eles! - avisei, minha voz cortante como uma lâmina afiada, enquanto me dirigia para fora da casa. O eco de suas súplicas se desvanecia à medida que me afastava, mas a indiferença dominava meus pensamentos. A dor que causava não era apenas um espetáculo para mim; era uma afirmação do meu poder, um lembrete de que, no meu mundo, as regras eram feitas para serem seguidas, e as consequências para aqueles que se atrevessem a desafiá-las seriam devastadoras.

Ao sair, a noite fresca e sombria me envolveu como um manto, suas sombras entrelaçando-se com meus próprios pensamentos turvos. Um sorriso satisfeito se formou em meus lábios, como um selo de conquista, um reflexo da intensidade que pulsava dentro de mim. O jogo apenas começou, e eu estava apenas aquecendo. O ar noturno, carregado de promessas e mistérios, parecia sussurrar que algo extraordinário estava prestes a acontecer. Enquanto caminhava, contemplando o céu repleto de estrelas que piscavam como olhos curiosos, mergulhei em um mar de pensamentos triunfantes, uma onda de excitação crescendo a cada passo. De repente, uma mulher surgiu à entrada da casa, sua presença abrupta cortando o silêncio como uma faca. Ela estava concentrada em seu celular, um sorriso iluminando seu rosto ao ver algo divertido na tela, completamente alheia ao caos que a cercava.

Vestia um vestido leve que dançava com a brisa noturna, a suavidade de sua imagem contrastando de forma gritante com a escuridão e a tensão ao meu redor. No entanto, a expressão despreocupada que adornava seu rosto rapidamente se transformou em horror ao perceber a minha presença. Seus olhos, antes brilhantes, agora se alargavam em pânico, refletindo a tensão que permeava o ambiente. O que ela não sabia era que a noite guardava segredos obscuros e que sua inocência a tornava um alvo fácil. Absorvi a cena com uma satisfação maliciosa, cada batida do meu coração ecoando a adrenalina da caçada, enquanto o jogo se tornava cada vez mais interessante.

- O que está acontecendo aqui? Quem é você? - A voz dela tremia, revelando uma mistura de surpresa e medo. De forma instintiva, começou a retroceder lentamente, como se pressentisse que estava prestes a cair em uma armadilha mortal. A fragilidade de sua bravura era evidente, e isso apenas aumentava minha emoção.

- Sou eu quem faz as perguntas aqui! Quem é você? Qual sua ligação com essa família? - inquiri, o cenho franzido em desconfiança. Meu olhar a fixava com uma intensidade calculada, determinado a descobrir o que ela sabia. Cada palavra que saía de minha boca era como um golpe, tentando desmantelar sua confiança e expô-la à vulnerabilidade.

A expressão de horror em seu rosto rapidamente se transformou em uma súbita determinação. Num piscar de olhos, ela virou-se e começou a correr em direção à rua.

- Não, não, não! - gritei, percebendo o movimento dela. O medo a impulsionava, e eu sabia que ela estava tentando escapar. - Segurem-na! - ordenei, e dois dos meus homens imediatamente avançaram para interceptá-la. O som de seus passos ecoou pela noite, a urgência de suas investidas cortando o ar como lâminas afiadas, o eco de suas botas criando um ritmo acelerado de caça.

Ela atravessou o quintal, buscando uma saída, mas, como sempre, a liberdade estava a poucos passos, cercada pela inevitabilidade da captura. Cada movimento dela era uma dança angustiante entre esperança e desespero, a brisa da noite sussurrando promessas de fuga que logo se tornariam ilusões.

- Saiam da minha frente, me deixem passar! - gritou, a voz carregada de desespero, um lamento que ressoava na escuridão como um apelo desesperado por ajuda. Mas a adrenalina e o medo não eram suficientes para frear a brutalidade do momento; a perseguição era inevitável, e eu sentia a excitação de saber que a caçada apenas começaria.

Os homens avançaram com fúria, suas silhuetas imponentes contrastando de forma brutal com a fragilidade dela. Cada passo que ela dava era uma tentativa desesperada de escapar de um destino que parecia inevitável. Eu observava a cena, uma mistura de admiração e entretenimento, ansioso para ver até onde ela iria. Ela lutava como uma leoa ferida, determinada e destemida, mas estava sozinha contra a ferocidade de um bando sedento por controle. O brilho da lua iluminava seu caminho, mas essa luz se tornava um cruel lembrete de que, mesmo sob a proteção das estrelas, ela não encontraria abrigo. Cada respiração que ela tomava parecia mais pesada, enquanto o som de seus pés batendo contra o chão se misturava ao pulsar acelerado do meu coração, ansioso pela próxima jogada. Queria testemunhar até onde sua bravura a levaria, até onde ela estaria disposta a ir para desafiar o destino que eu havia traçado para ela.

A luta dela era fútil; a noite, implacável, envolvia tudo com seu manto escuro. Ela tinha uma chance, mas essa chance era tão ínfima quanto uma gota de água em um vasto deserto. Em questão de segundos, dois dos meus homens alcançaram-na, suas mãos firmes e decididas como garras, prontas para capturá-la. O impacto seria violento, mas eu não me importava; em minha mente, isso era apenas mais uma parte do jogo que eu jogava, e a liberdade dela já estava selada antes mesmo de ela entrar em cena. Ela conseguiu alcançar a rua, mas antes que pudesse dar um passo para fora, um deles a agarrou pelo braço, puxando-a de volta como um predador que captura sua presa. O desespero em seus olhos era quase inacreditável, um reflexo da luta interior entre a esperança e a inevitabilidade.

- Você não pode ir a lugar algum! - ele disse, um sorriso que misturava desprezo e satisfação surgindo em seu rosto. O poder da situação estava claro, e ele a segurava com a firmeza de um caçador, enquanto ela lutava, tentando se desvencilhar do aperto implacável dele.

- Me solta! Eu preciso de ajuda! - A voz dela agora transbordava desespero, os olhos brilhando com lágrimas contidas que ameaçavam transbordar. A fragilidade dela, em meio à brutalidade da situação, era um contraste vívido, e o medo a tornava ainda mais vulnerável, uma presa fácil em um jogo cruel.

O pânico em seu olhar e sua luta desesperada para escapar eram fascinantes, quase hipnotizantes. O que ela não entendia era que o mundo em que eu a havia colocado não permitia escapadas. Sua inocência, uma fraqueza que eu estava prestes a explorar, era um convite à crueldade. A cada segundo que passava, eu me sentia mais entusiasmado com a possibilidade de dominá-la, ciente de que cada instante se desenrolava como um espetáculo, com a noite como testemunha silenciosa de sua captura.

- Você realmente acha que alguém vai ouvir seus apelos? Ninguém se importa com o que acontece aqui! - eu adverti, caminhando lentamente em direção a ela, saboreando cada palavra. A expressão de medo misturada com fúria em seu rosto era hipnotizante, e a adrenalina pulsava em minhas veias como um veneno doce, energizando cada fibra do meu ser. - Você está em um lugar onde eu tenho controle absoluto. Eu sou o dono deste local, e está cercada por pessoas que não têm escrúpulos, famintas por um espetáculo.

- Por favor, o que está acontecendo? - ela perguntou, os olhos marejados e as palavras mal saindo de seus lábios trêmulos. O desespero em sua voz fazia meu coração acelerar. Essa era a verdadeira essência da dominação: quebrar a vontade do outro, fazê-lo sentir que não havia saída, como se estivesse preso em uma armadilha mortal.

Enquanto eu me aproximava, a atmosfera ao nosso redor parecia pesar, como se a própria noite estivesse prendendo a respiração. O cheiro do medo dela envolvia o ar, denso e tangível, e, em um momento de insensatez, percebi que havia algo quase poético na forma como ela tentava se manter firme diante do inevitável, como uma flor crescendo em meio ao asfalto.

- Você vai descobrir rapidamente que não há ajuda a ser encontrada... - murmurei, quase em um sussurro, enquanto olhava fixamente em seus olhos, buscando a fraqueza que poderia explorar. - O que você faz agora determina seu destino, e sua luta só torna a queda mais dolorosa, como uma dança macabra entre a esperança e a realidade cruel.

Com isso, a tensão aumentou, como uma corda prestes a se romper sob pressão. O jogo estava longe de terminar, e eu estava determinado a não deixar que ela escapasse. Sua resistência tornava-se cada vez mais fascinante, e eu sabia que o verdadeiro desafio seria não apenas dominá-la, mas também descobrir até onde ela iria para se libertar dessa prisão que eu havia construído ao redor dela.

- Caio e Leandro me devem muito dinheiro, então decidi que eles vão me pagar com a vida. O casal lá dentro, infelizmente, terá que morrer também; não posso deixar testemunhas, você me entende, não é? - Sorri ironicamente, permitindo que minhas palavras se assentassem no ar pesado da noite, como um veneno que começava a agir lentamente, penetrando a atmosfera como uma ameaça real.

- Deixe minha mãe e meu pai fora disso! - ela falou entre dentes, o olhar determinado, mas a voz traindo um leve tremor que não passou despercebido. - Esses dois de novo, o que eu faço com eles? Quanto meu irmão e meu primo devem pra você?

- Oitenta mil - respondi, observando seu rosto se contorcer em choque, uma expressão que misturava incredulidade e desespero, como se eu tivesse desferido um golpe direto em seu estômago.

- O que? Meu Deus, isso é muito dinheiro! - Ela berrou, a incredulidade em sua voz ecoando como um grito desesperado que ressoava na noite silenciosa, cada palavra carregando o peso de sua impotência.

- Concordo, por isso estou aqui para receber! - Sorri, desfrutando do poder que tinha sobre a situação. Cada palavra minha era um golpe que a fazia sentir-se mais impotente, cada frase um lembrete cruel de que seu mundo estava desmoronando ao seu redor, pedra por pedra.

- Poderia me dar um prazo? Eu vou ver se consigo esse valor! - Ela propôs, um lampejo de esperança piscando em seus olhos, como uma chama que lutava para não se apagar.

- Claro, te dou 48 horas! - concordei, mas não pude evitar um sorriso cínico que se espalhou pelo meu rosto, como um predador que já havia feito sua escolha.

- Não, isso é pouco tempo. Preciso de pelo menos um mês! - Ela me encarou, a determinação crescendo em sua voz, como se pudesse mudar minha decisão apenas com sua insistência. Era quase tocante, a forma como ela tentava se agarrar à esperança.

- Está brincando comigo? Meu prazo máximo é de uma semana, e com você não será exceção. Você tem uma semana. Consiga meu dinheiro, ou seu irmão e seus pais vão morrer. Ah, e você também entra nessa lista; não posso deixar testemunhas... - avisei, minha voz baixa e ameaçadora, um sussurro envolto em veneno.

Ela engoliu em seco, o medo piscando em seus olhos como uma luz que se apagava. Mas eu não pretendia ser piedoso.

- E nem pense em procurar a polícia. Tenho informantes lá dentro; se isso acontecer, você e sua família já estarão ferrados! - A ameaça envolvia o ar, densa e insuportável, um fardo que parecia comprimir o espaço ao nosso redor. - Mais uma coisa; qual deles é o seu irmão? - perguntei, curioso sobre o impacto de minha presença na dinâmica familiar deles, como um cientista estudando um experimento.

- O Leandro - murmurou ela, a voz quase um sussurro, o peso da revelação esmagando-a sob a brutalidade da situação. O desespero se misturava à resignação, e eu percebia que a realidade começava a se instalar dentro dela, um despertar doloroso e inevitável.

Naquele momento, enquanto observava a luta interna dela, um misto de diversão e satisfação me envolveu. Ela era um peão em meu jogo, mas sua resistência tornava tudo mais interessante. Sabia que os próximos dias seriam cruciais, não apenas para o destino deles, mas também para a maneira como essa jovem lidaria com o horror que havia se instalado em suas vidas. A tensão que nos envolvia era quase surreal, um fio invisível que unia nossos destinos, e eu estava ansioso para ver até onde ela iria para proteger aqueles que amava.

- Qual o seu nome? - a encarei, notando a hesitação em seu olhar. Ela estreitou os olhos, talvez estranhando a quantidade de perguntas que eu fazia.

- Helena Martins - respondeu, a voz firme, mas um leve tremor denunciava o medo que tentava esconder, como se cada sílaba fosse uma luta para manter a compostura.

- Sou Victor Blackthorne. Em breve retornarei. - A declaração soou como uma sentença, um aviso de que o jogo estava longe de acabar. - Rapazes, vamos embora, acabamos aqui por hora! - avisei, lançando um olhar desdenhoso para os homens que me acompanhavam, suas silhuetas se movendo como sombras obedientes ao meu comando. - Foi bom negociar com você, Helena. - Sorri ironicamente, sabendo que deixava um rastro de incerteza e medo em seu coração, um eco que continuaria a reverberar em sua mente. O impacto da minha presença era como uma sombra que não a deixaria em paz, um fantasma que assombraria suas noites.

Enquanto me afastava, o peso das minhas palavras ressoava em meu interior, cada uma delas uma marca indelével. Cada passo que dava em direção ao carro à minha espera parecia um aviso silencioso de que a vida dela jamais seria a mesma. O que havia começado como uma simples cobrança de dívidas estava se transformando em um jogo mais complexo, e a jovem Helena era agora uma peça-chave no meu plano. Sabia que a cada segundo que passava, ela enfrentaria o dilema agonizante de como salvar sua família, e eu mal podia esperar para ver até onde ela iria para proteger aqueles que amava. Os homens se dispersaram, mas eu permaneci em pé por um momento, absorvendo a atmosfera pesada da casa. O ar estava saturado de tensão, e um sentimento de satisfação me invadia; eu estava no controle, e sabia que ela sentiria meu peso a cada hora que se passasse. Assim que entrei no carro, a adrenalina ainda pulsava em minhas veias, uma corrente elétrica que me energizava. O jogo tinha apenas começado, e eu estava pronto para levar essa disputa até o fim, ciente de que cada movimento dela seria uma dança entre esperança e desespero. Helena Martins não sabia, mas eu era a tempestade que havia se instalado em sua vida, e ela teria que enfrentar a fúria que se aproximava.

***

Helena Martins era uma jovem de 23 anos, cuja beleza suave e cativante atraía olhares por onde passava. Sua pele, de um tom jambo que irradiava calor e acolhimento, combinava perfeitamente com seus longos cabelos castanhos que caíam em ondas suaves até a altura da cintura, como um manto que dançava ao vento. Seus olhos, grandes e expressivos, eram de um profundo tom âmbar, refletindo a pureza e a esperança que habitavam seu coração. Era como se a luz do sol se filtrasse por eles, revelando a luminosidade de sua alma. O estilo de Helena era leve e feminino, frequentemente adornado por vestidos florais que traziam alegria ao ambiente, destacando sua feminilidade natural e sua capacidade de transformar qualquer lugar em um espaço de luz. Seu sorriso, radiante e genuíno, tinha o poder de iluminar o ambiente e conquistar qualquer um que tivesse a sorte de presenciá-lo. Aquela mulher era a própria definição de otimismo e bondade, uma força da natureza que emanava luz. A natureza gentil e carinhosa de Helena a fazia enxergar o melhor nas pessoas, mesmo quando a realidade parecia cruel. Confiava na humanidade, acreditando que a bondade era mais forte que a crueldade e que pequenos atos de gentileza poderiam, de fato, transformar o mundo.

Essa visão de mundo, embora admirável, a tornava vulnerável, especialmente por sua tendência de confiar em pessoas que talvez não merecessem essa fé. Contudo, ela se recusava a se fechar ou endurecer; seu coração aberto era seu maior dom e sua maior fraqueza. Helena se conectava profundamente com aqueles ao seu redor, sendo uma excelente ouvinte e uma amiga leal, sempre disposta a oferecer apoio e amor. Sua inocência, embora fosse uma de suas maiores forças, muitas vezes a colocava em situações complicadas, especialmente com pessoas que se aproveitavam de sua generosidade e fé nos outros. Nascida em uma família simples e trabalhadora, ela enfrentou muitas dificuldades financeiras ao longo de sua vida. A estabilidade da família foi comprometida por uma série de eventos infelizes, muitos dos quais causados por seu irmão e seu primo, ambos irresponsáveis e imaturos, que criaram dívidas e problemas que Helena e seus pais foram forçados a enfrentar. Desde jovem, Helena assumiu responsabilidades para ajudar sua família, realizando pequenos trabalhos para complementar a renda e garantir que houvesse o mínimo de conforto em casa.

Ela se tornou uma verdadeira pilar de força, uma luz em meio à escuridão que frequentemente cercava sua vida. Apesar das lutas constantes, ela nunca perdeu a esperança. Ela sonhava com um futuro onde pudesse mudar a realidade da família, pagando suas dívidas e construindo uma vida onde todos pudessem encontrar paz e segurança. Seu grande sonho era estudar e trabalhar em algo que a permitisse ajudar outras pessoas, talvez como assistente social ou psicóloga, guiada pela crença de que ajudar o próximo era sua verdadeira missão. Ainda assim, o peso da responsabilidade às vezes se tornava um fardo difícil de carregar, e, em momentos de desespero, Helena se sentia sufocada pela pressão de ser a principal força positiva em uma família que constantemente vacilava. Ela enfrentava o mundo com coragem, mesmo que, no fundo, carregasse dentro de si medos e dúvidas, um turbilhão de emoções que muitas vezes ficava escondido sob sua fachada otimista. Helena era um farol de esperança, mas, assim como qualquer luz, precisava de espaço para brilhar sem se apagar.

            
            

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