Doce e quente
img img Doce e quente img Capítulo 2 Um Casamento Inesperado
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Capítulo 6 O Melhor Remédio img
Capítulo 7 Jogo Sujo img
Capítulo 8 Noivos Estranhos img
Capítulo 9 Sr e Sra Garcia img
Capítulo 10 M&M's img
Capítulo 11 O Exorcista img
Capítulo 12 Brigadeiro img
Capítulo 13 O Pedido img
Capítulo 14 O Casamento img
Capítulo 15 Ataque img
Capítulo 16 California Dreamin img
Capítulo 17 Acidente img
Capítulo 18 Porto Seguro img
Capítulo 19 Namorados img
Capítulo 20 Boas vindas img
Capítulo 21 Sr. e Sra. Jones img
Capítulo 22 Filhos img
Capítulo 23 Aniversário img
Capítulo 24 Primeira viagem img
Capítulo 25 Key West img
Capítulo 26 Primeira vez img
Capítulo 27 De Volta img
Capítulo 28 Acertando os ponteiros img
Capítulo 29 Minha Casa img
Capítulo 30 O Troco img
Capítulo 31 Pesadelo img
Capítulo 32 Polícia img
Capítulo 33 Colo img
Capítulo 34 Lar, doce lar img
Capítulo 35 Seguindo em frente img
Capítulo 36 Ação de Graças img
Capítulo 37 Quase um mês depois img
Capítulo 38 Adeus img
Capítulo 39 Enterro img
Capítulo 40 Encontros inesperados img
Capítulo 41 Convite especial img
Capítulo 42 O Medo de Perder img
Capítulo 43 Viagens img
Capítulo 44 A partida de um amigo img
Capítulo 45 Um novo trabalho img
Capítulo 46 Só um almoço img
Capítulo 47 Rockefeller Center img
Capítulo 48 A três img
Capítulo 49 Ligação img
Capítulo 50 Retorno img
Capítulo 51 Confiança img
Capítulo 52 Um novo segurança img
Capítulo 53 Feijoada img
Capítulo 54 Conversas francas img
Capítulo 55 Fim das gravações img
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Capítulo 2 Um Casamento Inesperado

PONTO DE VISTA DE SOFIA

Sair do ciclo vicioso de culpa se mostrou mais complicado do que eu imaginava. E é louco que, por mais infeliz que você esteja, a sensação de fracasso te domina com o fim do relacionamento. E aceitar o quão tóxico Gabriel foi para mim foi um processo difícil. Helena me ajudou a enxergar que não era normal namorar alguém que me fazia sentir um lixo, que queria controlar o que eu comia, vestia, com quem andava, a que horas ia dormir, quando deveria trabalhar. Eu só era o brinquedo favorito do momento. Sabe-se lá quantos mais colecionava.

Desde aquele dia, decidi me afundar no trabalho. Eu e Helena havíamos aberto a Sprinkles há pouco mais de um ano e os negócios iam muito bem. A confeitaria, inclusive, foi um problema entre eu e Gabriel desde o início. Primeiro, porque ele não ligava para a minha profissão. Odeia sobremesas! Segundo, porque detestava ter que lidar com uma mulher que não era rica como ele, mas que não dependia dele para absolutamente nada. O sucesso da loja nunca era encorajado. E terceiro porque eu não podia largar tudo sempre que ele ligava exigindo minha presença. Eu me enganava dizendo que era o jeito dele, que estava cuidando de mim porque estava apaixonado. Que idiota!

Como pude ficar tão cega?! Eu, Sofia Jones, me deixei levar numa relação abusiva! Jamais pensei que aconteceria comigo. Que raiva! De mim, dele, do tempo perdido. Pelo menos tirei dessa história um aprendizado: eu nunca mais vou permitir que homem algum me destrua daquela forma.

Seis meses se passaram desde que Gabriel terminou comigo e as coisas parecem estar no lugar de novo. Me sinto mais tranquila, confiante e feliz. Helena diz que estou voltando a ser eu mesma e acho que tem razão. A dedicação a Sprinkles tem dado frutos também: a confeitaria está cada dia mais cheia. Estou tão contente! Tem sido incrível ver nossos doces serem indicados por toda Nova York.

São 8h da manhã, o dia está lindo e já estamos nos toques finais para abrir a loja. Adoro dias de sol e meu humor está ótimo. Tanto que nem me irritei quando Helena ligou a televisão naquele programa chato de fofocas que passa logo cedo:

- Ih! Já começou, fofoqueira?

Falei rindo querendo implicar com minha amiga. Como não tive qualquer resposta, levantei os olhos. Helena estava congelada.

- O que foi?!

Virei assustada para a TV. A notícia era: Giovana Mazza se casará com Gabriel Moore.

- Desculpe, Sofia. Não fazia ideia que algo assim apareceria no programa.

Não vou mentir: foi um susto saber de Gabriel dessa forma. E noivo. Bem, o que devo pensar sobre isso? Estou confusa. Será que deveria doer? Porque não senti absolutamente nada com a novidade. Na verdade, parece que tiraram um peso gigante das minhas costas: estou livre de Gabriel de uma vez por todas.

Por um tempo, achei que havia sido apaixonada por ele. Hoje eu vejo que só estava tentando me convencer que tinha que aceitar aquele filme de terror como se fosse um conto de fadas.

- Amiga, fique tranquila. Estou bem! Ver Gabriel seguindo a vida dele longe de mim é um livramento!

Helena respirou tão aliviada que me fez rir. Ela é uma boa amiga. Sempre cuidadosa.

- Tem certeza?

- Sim! Gabriel faz parte de um passado que prefiro esquecer. E se em pouco tempo já vai se casar, sinal que finalmente se apaixonou de verdade. Que seja feliz! Afinal, gente feliz não enche o saco!

- Já que esqueceu de vez esse bosta, bora começar a conhecer umas pessoas por aí? Você vive trancada em casa!

- Mas já vai começar, criatura? Meu Deus! Chega desse papo! Tá na hora de abrir a confeitaria. Tem gente na porta até!

Sorrimos uma para a outra. Sei que quer meu bem. Helena é a irmã que nunca tive. Tínhamos quinze anos quando nos conhecemos na escola. Ela havia acabado de ficar órfã. Seus pais morreram num acidente de carro. Helena, então, se mudou para minha cidade, em San Diego, na Califórnia, para morar com a única tia que havia sobrado. Quando soube da história, fiquei muito comovida e tentei me aproximar para dar uma força, ajudar a se adaptar. Acabamos ficando inseparáveis desde então. Apesar de tudo o que passou, Helena é uma mulher positiva, alegre, bem resolvida, leal e talentosa. É colorida e livre feito uma borboleta. Sorte a minha tê-la ao meu lado.

-Ande, Helena! Desliga essa televisão e abra a porta! Vai!

- Ok, ok, chata!

PONTO DE VISTA DE HEITOR

Hoje está um sol gostoso na rua e estou animado. Tenho um ensaio externo e a luz vai estar ótima. Dá até para tomar um café gelado na Starbucks.

-Hey, bom dia! Um frappuccino de caramelo grande, por favor. Meu nome é Heitor. Obrigado.

Impressão minha ou a moça do caixa continua me olhando? Quando ia me virar para ela, uma conversa ao lado me chamou atenção.

-Giovana Mazza vai se casar. Quem diria! Nunca apareceu com ninguém.

Como é que é?! Espiei o celular da mulher e ela estava assistindo aquele programa ruim que passa de manhã na tv local. A chamada dizia que estava noiva de Gabriel Moore. Merda! Minha animação agora foi por água abaixo. Peguei meu frappuccino e saí com raiva da loja. Tomei um gole e respirei fundo com o sol batendo no meu rosto.

Olhei para o copo e tinha um coração do lado do meu nome. Acho que fui rude com a atendente. E ela era bem bonitinha. Bosta de fofoca! Me desestabilizou totalmente. Queria ignorar meu celular tocando sem parar, mas não posso. Viajo em poucos dias e tem muita coisa acontecendo no estúdio. Peguei o telefone a contragosto. Assim que vi quem estava ligando, atendi irritado:

- Porra, Giovana! Você vai mesmo casar com esse babaca?!

- Bom dia para você também, Heitor!

- Tinha que saber sobre isso por fofoca na mídia? Sério? Não podia me contar pessoalmente?

- Eu sabia que ficaria nervoso. Aposto que está despenteando o cabelo todo.

Droga! Tirei a mão da cabeça com raiva. Não respondi.

-O dia está lindo! Aproveite e se acalme, Heitor. Eu preciso do meu melhor amigo comigo para fazer esse casamento acontecer.

Respirei fundo mais uma vez. Giovana é uma amiga muito querida. Sempre cuidei dela como se fosse minha irmã mais nova. Apesar de passar todo o ar de mulher de negócios durona, ela é solitária e, muitas vezes, medrosa. De fato, ela precisa de mim para fazer essa estupidez. Até porque ela não tem mais ninguém ao seu lado.

-Você sabe a burrice que está fazendo, não é?

- É minha decisão. Quero esse casamento, Heitor.

- Tudo bem. Só para deixar claro: não me conformo, mas estou aqui. Então, diz logo o que você quer, Giovana. Porque minha paciência está por um fio.

Ela começou a rir e me deixou ainda mais nervoso.

- Esquentadinho, você vai gostar do meu pedido: quero companhia para provar bolos de casamento e doces.

- Seu digníssimo noivo não vai com você?

- Ele detesta doces e vai estar envolvido num novo lançamento da empresa.

Bem, sendo só com Giovana, não vejo problemas.

-Ok, eu vou. Mas só porque é pra comer doce de graça. Vamos aonde?

- Marquei em duas confeitarias já famosas e vou ligar para uma que Gabriel me indicou, chamada Sprinkles. Já ouviu falar?

- Na verdade, sim. E estava querendo mesmo conhecer.

- Tá vendo? Sabia que ia gostar!

- Me manda depois onde, que dia e que horas e estarei lá.

Desliguei o telefone ainda muito chateado. Esse casamento é um erro. Eles mal se conhecem. E não há química alguma entre os dois. Eu aposto que essa correria para se casar é por conta de seu pai, Vicenzo Mazza. É um homem rude, machista, antiquado e dominante. Sempre controlou Gio, mas agora que descobriu um câncer inoperável no pulmão, passou a encher o saco para que se case antes que ele morra. Me pergunto como Giovana consegue se dar ao trabalho de atender aos caprichos do pai. Mas, bem, é o único pai que tem.

Passaram-se dois dias e já estou mais controlado para encontrar Gio e ajudar a escolher o maldito bolo do seu casamento. Estou atrasado e sei que ela fica revoltada todas as vezes que isso acontece. Não sei como ainda não se acostumou. Entrei na confeitaria chiquetosa Le Petit e Giovana estava sentada à mesa tomando um café. Assim que me aproximei ela sequer levantou o olhar, apenas disse:

- Isso são horas?!

Eu respondi rindo.

- Nem adianta começar a reclamar. Estou aqui, não estou?!

Ela finalmente me olhou e sorriu.

- Sim, está! E nossos doces estão a caminho!

Olhei para o lado e já estavam servindo as bandejas. Tudo parecia delicioso! Sentamos, conversamos, comemos e rimos. Era um bom lugar, mas Giovana achou que os doces poderiam ser melhores. Então, ligou para a Sprinkles que o mala do Gabriel havia indicado e marcou uma degustação.

PONTO DE VISTA DE HELENA

Ufa! Que dia corrido! A loja está cada dia mais cheia. É bom ver que estamos fazendo sucesso, mas ter que falar com tanta gente ao mesmo tempo tem sido cansativo, viu? E esse telefone que não pára?!

- Alô! Sprinkles, boa tarde. Helena falando!

Uma voz doce falou de maneira educada do outro lado da linha e fiquei sem graça com o quanto devo ter soado esbaforida.

- Boa tarde. Eu gostaria de marcar uma degustação de bolos e doces de casamento, por favor.

Tentei falar mais pausadamente, mas ainda precisava ser rápida. O balcão estava cheio.

- Claro. Poderia ser amanhã? Por volta de 14h? Porque já temos outro cliente marcado logo em seguida, aí conseguimos encaixar.

- Sim, seria perfeito.

- Qual o nome completo da senhora, por gentileza?

- Giovana Mazza.

Quem?! Meu coração parou de bater por alguns segundos. Dentro da minha cabeça estou gritando "Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!", mas não posso deixá-la esperando.

- A senhora virá com quantas pessoas?

- Somente um amigo me acompanhará.

- Está bem. Marcado! Até amanhã!

Ufa! Acho que nunca falei sem respirar por tanto tempo. Qual será a reação de Sofia? Bem, pelo menos Gabriel não virá. Ela precisa entender, porque, por mais estranho que seja fazer os doces do casamento dele, será um evento muito importante para a imagem da confeitaria.

Deixei a equipe se matando no salão rapidinho. Preciso resolver isso agora mesmo. Fui até a cozinha e Sofia estava tirando alguns cookies do forno. Respirei fundo. Ela é minha família e machucá-la é a última coisa que quero.

- Amiga, podemos conversar rapidinho?

Ela veio prontamente.

- Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu. É que amanhã teremos mais uma degustação de bolos e doces de casamento.

- Ah, sem problemas. Num me mata de susto, Helena!

- Calma, Sofia. Tem mais. Quem vai provar é Giovana Mazza.

Sofia travou. Ficou em silêncio por algum tempo. Pareceu uma eternidade. Fiquei tão tensa que já ia falar para desmarcarmos tudo, mas ela finalmente respondeu.

- Vai ser incrível para a Sprinkles conseguir esse casamento!

- Sim, vai. Mas, você não acha que será estranho?

- Muito estranho! Mas é por isso que você quem vai atendê-los, eu só vou fazer os doces.

Ela me deu uma piscadela sapeca e parecia que estava tudo bem. Meu medo é que Sofia só caia na real e fique mal quando Giovana Mazza estiver aqui.

- Gabriel pelo menos não estará presente. A noiva virá com um amigo.

- Perfeito!

PONTO DE VISTA DE SOFIA

Se conseguirmos esse evento, será uma ótima publicidade para a Sprinkles. Quando Helena falou que Giovana Mazza estava vindo provar os doces, eu tive que parar para pensar um tempinho não porque seria desconfortável fazer o casamento de Gabriel, mas porque fiquei me perguntando se não estava me tornando uma pessoa gananciosa demais. Mas se ele fazia parte do passado, por que diabos negar, não é mesmo?

Por um lado, fiquei aliviada em perceber que não me causava sentimento algum o fato de Gabriel estar noivo. Mas por outro, comecei a me preocupar. Será que Giovana sabe da minha história com Gabriel ou é tudo uma coincidência? Ou pior: será que ela é uma dessas malucas que gostam de conhecer e tentar humilhar as ex mulheres do companheiro?

Se ela for doida, bem, só vai perder o tempo dela vindo até a Sprinkles porque eu realmente não vou entrar nessa. Mas e se Gabriel tivesse escondido nosso caso? Por que faria isso? Será que sente vergonha, ou remorso? Não faz o estilo dele. Seja como for, o importante é que eu me mantenha o mais distante possível dessa degustação.

No dia seguinte, tudo pronto para receber a senhorita Mazza e seu amigo. Graças aos céus, eu tenho coisas para fazer na cozinha, então Helena começará o atendimento no salão e eu não vou precisar me envolver. Se bobear, quando eu sair, eles já foram embora. Comecei a organizar algumas produções, finalizei uns bolos e até esqueci do que estava acontecendo. Saí para ver se precisava de reposição dos produtos no balcão e aproveitei para falar com os clientes. De repente, Helena me chamou:

- Sofia, pode vir até aqui, por favor?

Ah não! Droga! Eles ainda estão aqui! Respirei fundo, forcei meu melhor sorriso e caminhei até a mesa de Giovana Mazza.

PONTO DE VISTA DE HEITOR

Para evitar atrasos, Gio resolveu me buscar em casa com seu motorista para irmos na Sprinkles. Chegamos na loja e fiquei impressionado. É pequena, mas muito charmosa. O cheiro de comida boa vinha longe. Tinha um ar aconchegante e acolhedor. Nada muito espalhafatoso ou metido a besta. Era moderna na medida, com toques vintage e criativos. O tipo de lugar que você se sente em casa, sabe? Sentamos à mesa e achei muito legal porque nenhuma cadeira era igual a outra no salão. Depois percebi que os talheres e pratos eram peças de brechó possivelmente, todos antigos, um diferente do outro.

A dona veio se apresentar. Era uma mulher bonita e simpática, cheia de tatuagens e cabelo rosa.

- Boa tarde. Sejam bem-vindos! Meu nome é Helena. Senhorita Mazza correto? E senhor...?

- Garcia. Mas, por favor, me chame só de Heitor. E boa tarde! Sua loja parece incrível!

- Pode me chamar de Giovana também, por favor. E a confeitaria é realmente muito agradável.

- Fico feliz que tenham gostado! Espero que gostem ainda mais dos doces. Vou buscar as degustações e sento com vocês para conversarmos. Com licença.

Quando Helena voltou com os doces, meus olhos chegaram a brilhar! Tudo parecia apetitoso. Haviam mini cupcakes, chocolates, macarons, cookies, tartelettes, caramelos e algumas fatias de bolo. Foram os melhores que provei na vida. Elogiei tanto um bolo de massa branca com recheios de nozes, baunilha e geleia de damasco que Helena me ofereceu outro pedaço. Aceitei sem pensar duas vezes. Giovana ficou muito sem graça, o que me fez rir. Helena também achou engraçado e confortou Gio explicando que não havia problema algum, era até um elogio.

Giovana e Helena não paravam de falar. Tinham se dado bem logo de cara e estou contente com isso. Primeiro, porque Gio precisa de amigos. Segundo, que assim não preciso falar muito sobre um casamento que não me desce de jeito nenhum. E terceiro, que posso ficar em silêncio apreciando minha segunda fatia de bolo. Entre uma garfada e outra, olhei de relance para a porta da cozinha distraído e levei um susto: estava saindo de lá uma mulher tão linda que não consegui prestar atenção em mais nada.

Pele morena clara, grandes olhos castanhos muito sedutores, lábios carnudos e um sorriso que ilumina o ambiente. Tem cabelos num tom dourado bem curtos, o que a deixa estilosa e elegante. Estava secando as mãos no avental amarrado na fina cintura. Os seios não conseguem ficar escondidos na camisa e a bunda é grande, do jeitinho que eu gosto.

Fiquei completamente hipnotizado enquanto a observava. Ela fala com os clientes com muita simpatia e bom humor. Dá ordens aos funcionários com delicadeza. Cuida dos doces na vitrine com carinho. Anda para lá e para cá como se estivesse dançando balé. Ela flutua. É nítido o quanto ama seu trabalho e aquele lugar. Não preciso nem perguntar se ela era dona da Sprinkles também porque sua alma estava sendo colocada em cada cantinho.

- Com licença, Helena. Desculpe interromper, mas gostei tanto de tudo que queria muito conhecer quem faz os doces. Seria possível?

Perguntei esperançoso. Helena sorriu educadamente.

- Claro, Heitor! Na verdade, a chef confeiteira é a minha sócia Sofia.

Ela olhou para trás e a avistou no balcão.

- Também adoraria conhecê-la.

Obrigado pela força, Giovana! Quando Sofia se virou atendendo o chamado de Helena, o ambiente ficou quente, as vozes cessaram nos meus ouvidos e tudo em volta dela parecia turvo aos meus olhos. Ela era um raio de sol e estava caminhando em nossa direção.

- Olá, boa tarde! Tudo bem? Sou Sofia. Gostaram dos doces?

Disse apertando nossas mãos gentilmente. O toque dela é macio e caloroso. Tem eletricidade por todo o meu corpo, como se tivesse acabado de tomar um choque. Como fiquei embasbacado, Giovana respondeu antes de mim

- Nossa, os doces são incríveis! Por Deus! Heitor gostou tanto que comeu tudo em um segundo e ainda repetiu um dos bolos! Vou até desmarcar a outra confeitaria que iríamos visitar. Quero vocês no meu casamento!

Sofia soltou uma risada tão gostosa que quase caí da cadeira. Porra, nem conheço essa mulher e já quero ela na minha cama! Preciso falar com ela.

- Parabéns pelo trabalho! Tudo aqui carrega muito amor e dedicação. Isso é sentido em cada mordida, em cada detalhe.

Os olhos de Sofia brilharam de orgulho.

- Eu fico muito feliz em saber que conseguimos passar isso às pessoas. Adoçar o mundo um pouquinho de cada vez, é só o que a gente quer.

Linda! Muito linda... Acordei com um tapinha que Gio me deu nas costas

- Viu só, Heitor? Sabia que ia gostar de me ajudar nessa missão. Helena e Sofia, meu casamento será íntimo, mas eu e Gabriel daremos uma entrevista a uma revista local. Poderiam nos enviar umas fotos dos doces e da loja? Falaremos de todos os fornecedores do evento, então eles podem precisar.

É a minha deixa para ver Sofia de novo, dessa vez com mais calma.

- Eu sou fotógrafo. Se quiserem, posso tirar umas fotos para vocês. Ter um portfólio atualizado é sempre melhor.

Gio vibrou com a ideia e foi se encaminhando para o balcão com Helena para fechar alguns detalhes do contrato dos doces. Fiquei sozinho com Sofia por um breve momento para marcarmos o ensaio. Comecei a conversa:

- Bem, me diz quando é melhor pra você que dou um jeito.

- Err.. poderia ser depois de amanhã ou é muito em cima?

- Pra mim, quanto antes melhor.

"Preciso te ver de novo e viajo em breve", pensei.

- Poderia ser um pouco antes da loja abrir? Umas 6h? É cedo, mas acho que assim teremos mais tranquilidade.

- Claro, sem problemas! Combinado!

Giovana, então, se despediu rapidamente e me puxou para fora da Sprinkles. Não consigo prestar atenção no que ela está tagarelando, eu só quero que o tempo passe logo.

            
            

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