Conversamos sobre filmes, séries, jogos, livros, quadrinhos, arte, trabalho e comida. Descobrimos que temos muito em comum, mas tivemos algumas discussões. Ela prefere o Batman e eu o Superman. Sofia detesta maracujá e limão, eu adoro! Ela come passas e ameixa seca, enquanto eu tenho horror. Eu gosto mais de gatos e ela de cachorros.
É divertido "brigar" com Sofia por essas coisas bobas, ambos somos bem implicantes. Mas o interessante mesmo foi ver ela falando sobre a Sprinkles. Havia paixão nos seus olhos e eles brilhavam como holofotes. E percebi que a ligação dela com Helena, sua sócia, é muito forte.
-Quando conheci Helena, ela tinha acabado de perder os pais. Com 18 anos, a tia que cuidava dela acabou morrendo de câncer e ela ficou completamente sozinha. Fiquei muito preocupada porque queria me mudar para Nova York, mas não a deixaria lá por nada. Mas Helena me apoiou e disse que iria comigo aonde fosse. Viemos, ela estudou administração, eu confeitaria e, por fim, ela confiou no meu sonho doido de ter a própria loja. Dizia a ela que eu não tinha como investir tanto e ela me respondia: "Eu tenho, ué! Eu entro com a grana pesada e você com a cozinha. Posso administrar os negócios. Seus doces são incríveis! Vamos conquistar a cidade!". Assim, a Sprinkles nasceu. E eu jamais terei como agradecer o suficiente a sorte de ter alguém como Helena ao meu lado.
Expliquei que tenho uma relação de irmandade também com Giovana. Talvez não na mesma intensidade, mas tenho.
- Eu conheci Gio quando eu tinha uns 18 anos na gravadora dos meus pais. Ela era amiga de uma menina chamada Erika, que eu estava dando uns beijos. Acontece que Erika era filha de um ricaço qualquer e queria ser cantora. Aí o pai pagou para ela gravar um disco. Um dia, Giovana foi com ela e acabamos nos dando muito bem. Foi motivo de ciúmes e Erika não quis mais saber de mim, ainda parou de falar com Gio. Ficamos amigos para sempre. Além dela, tem Rafael, que estudou comigo e somos inseparáveis desde a infância
- Eu meio que compreendo Erika. Vocês eram muito jovens e Giovana é muito bonita.
Acho que ela está querendo saber se houve alguma coisa entre a gente.
- Ela é, de fato. É inteligente, divertida. Mas, engraçado: nunca foi nada além de amizade. Para nós dois. Giovana sempre foi muito solitária. Ela precisava mesmo de um amigo. E temos visões de mundo e de futuro muito diferentes.
Parece ter ficado satisfeita com a explicação e relaxou um pouco. Enquanto Sofia nos servia o restinho do vinho da nossa primeira garrafa, eu observava a luz da cidade batendo no seu rosto. A franja do cabelo estava caindo sobre os olhos brilhantes, e a boca úmida entreaberta... Peguei o celular e tirei uma foto.
- Desculpe, não resisti. Você é linda.
Falei com sinceridade. Eu estou realmente hipnotizado. Ela sorriu e parecia que o sol já tinha nascido de tanto que iluminou o ambiente. Quando ela me entregou minha taça de vinho, nossas mãos se tocaram. Ficamos parados, nos encarando. Larguei a bebida de lado e tirei a franja dos seus olhos. Ela mordeu o lábio inferior e eu não consegui olhar para mais nada. Passei o dedo na sua boca. Tão macia... Foi impossível resistir: mordisquei aquele lábio também e depois a beijei. Que boca gostosa! Mal começamos e já estou excitado.
O beijo foi crescendo, assim como minha fome por Sofia. Estava ficando ofegante e senti meu corpo quente. Minhas mãos desceram do seu rosto para as costas e a puxei para mais perto. Ela estava perdendo os dedos entre os meus cabelos, mas, de repente, parou. Sofia se distanciou sem fôlego:
- Preciso ir, Heitor!
- Mas como assim? Ainda temos uma garrafa de vinho e...
- É melhor deixarmos para outro dia.
- Fiz algo de errado, Sofia?
- Não. Fez tudo certo até demais. Estou literalmente fugindo de você. Vamos com calma. Pode ser assim?
A sinceridade dela me impressionou. Gosto disso. Realmente não tenho paciência para joguinhos e com Sofia as coisas parecem funcionar assim também.
- Tudo bem. Mas não vou conseguir ficar muito tempo sem te ver depois desse beijo. Podemos sair de novo? Prometo que dessa vez será um encontro de verdade.
Ela pegou meu telefone e gravou seu número nele.
- Vamos nos falando.
Levantou, pegou sua bolsa e foi andando para o elevador. Ela abriu a porta, olhou pra mim, sorriu e disse:
- Foi o melhor "não encontro" que já tive. Boa noite!
Porra! Que mulher!
PONTO DE VISTA DE SOFIA
O que foi aquilo?! Estar com Heitor é tão gostoso que me assusta. Tive que sair correndo. Se um beijo me tirou do sério, transar com ele poderia ser minha perdição. Ele me deixa com medo de me apaixonar. Seria possível tão rápido assim? Que loucura! Nunca senti um desejo tão forte. E era para ser algo divertido e só. Preciso me lembrar que Heitor é o melhor amigo de Giovana, noiva de Gabriel. Mas nem isso me convence a não querer pegar o elevador e voltar para o terraço. Respirei fundo tentando colocar a cabeça no lugar. Voltei correndo para casa, tomei um banho gelado e fui dormir pensando naquela noite incrível.
Havia combinado com Helena de chegar mais tarde na Sprinkles, então acordei tranquila e aproveitei para preparar um bom café da manhã. É minha refeição favorita do dia. Hoje, quero me mimar: fiz torradas de pão integral com manteiga, ovos poche, aspargos e molho bernoise. Mal sentei para começar a comer e esse interfone começa a tocar. Aff!
-Oi, bom dia.
-Bom dia. Entrega para a Srta Jones.
-Entrega pra mim? Bem, já vou descer para buscar. Obrigada.
Cheguei na portaria e me deparei com um enorme buquê de flores. Deve ser de Heitor. Que fofo da parte dele! No elevador, comecei a ler o cartão:
"Foi muito bom revê-la. Obrigado por me tratar bem e guardar nossa história.
Beijos Gabriel"
Que diabos isso significa?! Peguei tudo e joguei na lixeira do corredor do prédio antes de entrar em casa. Que raiva! Eu não sei o que Gabriel está pretendendo, ainda mais depois da maneira que terminou comigo. Uma coisa eu sei: ele só é capaz de fazer um gesto carinhoso assim quando quer alguma coisa. E isso me assusta. Ele está noivo! E eu que vou fazer os doces do seu casamento, ainda por cima! Que homem doido! Mas quer saber?! Foda-se Gabriel. Ele não vai estragar meu dia. Vou ignorar e comer meu café da manhã maravilhoso pensando na noite de ontem.
A Sprinkles está cheia de novo, o que é ótimo! Mas preciso ajudar um pouco no balcão para agilizar o atendimento.
-Bom dia, Valerie! O mesmo de sempre?
-Oi Sofia! Sim, por favor. E um cookie para levar.
-Ok! E você, Gary? Já malhou hoje?
-Sim! Tudo para comer esse croissant de chocolate.
Sorri enquanto pegava os pedidos. Eu gosto muito de lidar com gente. É incrível ter clientes cativos e é muito prazeroso criar laços, acompanhar o dia a dia deles. E acabo participando de momentos muito felizes na vida das pessoas. Por isso amo tanto meu trabalho e a chance de ter a Sprinkles. Um rapaz se aproximou do balcão com uma caixinha na mão:
-Com licença. Entrega para Srta Jones.
De novo?
-Oi! Sou eu. Obrigada.
Assinei um papel e peguei o pacote. Gary curioso logo brincou:
-Ganhando presentes de admiradores, Sofia? Assim vão roubar você de mim.
Ele é um senhor muito simpático.
-Jamais te abandonaria, Gary!
Dei uma piscadela para ele antes de fugir para o escritório para abrir a caixa. Dentro tinha uma concha marinha e um bilhete:
"Para escutar o barulho do mar sempre que quiser.
Me responde no WhatsApp.
Beijos Heitor"
Coloquei a concha no ouvido e escutei um som delicioso como de ondas batendo. Estou emocionada com o presente. Tão atencioso! Heitor é realmente sensível. Peguei o celular e tinha uma mensagem dele:
- Oi!
- Oi! Amei o presente! Obrigada!
- Fico feliz! Janta comigo amanhã?
- Pode ser!
- Ótimo! Te pego na sua casa às 20h?
- Tudo bem. Moro em Hoboken. Meu endereço é Rua 09, número 201. Até breve. Beijinho
- Já estou ansioso. Beijo
Helena entrou no escritório e me encontrou lá com cara de sonhadora.
-Esse sorriso bocó tem nome?
-Tem, amiga. É Heitor. Eu acho que tô ferrada. Olha esse presente, pelo amor de Deus!
-Ele joga pesado heim?
E começou a gargalhar.
-Helena, não ria! Tô preocupada de verdade. Ele é o melhor amigo de Giovana.
- Ah Sofia! Também não precisa pirar com isso, vai?! Só vamos fazer os doces do casamento dela com Gabriel. Eles vão seguir a vida deles e pronto. Vai você viver a sua também. A única coisa que te peço é pra ter um pouco de cuidado sobre sua história com o noivo, né? Assim a gente num perde o pedido. Mas de resto, se joga!
-Não sei se é tão simples assim, amiga. Tenho medo de sofrer com isso tudo.
- Você está pensando demais. E vai sofrer muito mais se não aproveitar. Nem sabe onde isso vai dar ainda, mulher! Que doida...
Saiu rindo da minha cara. Helena até tem razão, mas ela não sabe que Gabriel anda me rondando. Isso dificulta muito as coisas. Sem contar que não poder ser sincera com Heitor sobre meu passado com Gabriel é um problema. A reação não vai ser das melhores quando ele souber que o noivo da sua melhor amiga indicou a confeitaria da sua ex sem contar nada sobre a história que viveram. Até eu acho isso estranho. Mas fazer esse casamento vai ser importante para o crescimento da confeitaria, então preciso me segurar. Seja como for, amanhã vejo Heitor e é melhor deixar essas questões de lado.
Chegou o dia do nosso primeiro encontro oficial. Eba! Acordei cedinho e fui correndo para a confeitaria para sair logo à tarde; não queria me atrasar para ver Heitor. Sprinkles anda bem movimentada e tinha muito trabalho a fazer, mas consegui deixar tudo ajeitadinho para ir embora antes sem sobrecarregar tanto Helena e a equipe. Estava saindo tão apressada da loja que trombei no peitoral de um homem que entrava. Ele não se moveu um milímetro sequer. Quando levantei o rosto para pedir desculpas, dei de cara com o sorriso debochado de Gabriel.
- Recebeu minhas flores, Sofia?
- Sim, obrigada. Mas não precisava se incomodar.
Eu sei que quer reconhecimento pelo seu esforço hercúleo de tentar agradar alguém. Tem um ego que não cabe dentro de si. Agradeci para ele me deixar em paz. Dei um passo para o lado para desviar e seguir meu caminho, mas Gabriel entrou na minha frente de novo. Mas que merda!
-Pode me dar licença, por favor?
Conheço esse olhar com chamas de Gabriel. Só achei estranho porque estão ainda mais intensos. Chega a ser perturbador.
- Eu não conhecia esse seu lado ganancioso e cheio de orgulho, Sofia. Devo admitir que gostei.
Que ódio! Tenho que me segurar para não começar a xingá-lo aqui na porta da Sprinkles. Ele é um cliente importante.
- Gabriel, te agradeço por considerar meu trabalho para seu casamento, mas não estou entendendo aonde quer chegar.
- Janta comigo hoje e saberá.
Tive que rir tamanha a petulância.
- Você sabe que minha resposta é não. Convide sua noiva, Gabriel.
Ele sorriu de um jeito maligno, mas me deixou passar e ir embora. Senti nas minhas costas seu olhar de tigre e tremi como uma caça encurralada. Estou com tanta raiva! Mas Gabriel não fará nada, é só seguir ignorando. Vou me concentrar no que importa: me arrumar para ver Heitor.
Sentir a água bater na minha pele me fez relaxar. Tanto que comecei a lembrar daquele beijo no terraço do prédio do estúdio. Meu sangue começou a ferver e, quando dei por mim, já estava apertando meus mamilos duros. Só de pensar em Heitor mordendo meu lábio, sinto meu ventre se comprimir. Desci as mãos pelo meu corpo e acariciei entre minhas pernas... O que estou fazendo? Vou perder a hora. Esse homem me tira do sério!
Saí apressada do chuveiro, sequei os cabelos e fiz uma maquiagem leve, que realçava os olhos e a boca. Escolhi um vestido preto que cai muito bem em meu corpo: ajustado, costas nuas, um ombro só e vai até o joelho. Saltos altos pretos e um belo sobretudo cinza escuro. A intenção é estar sexy na medida.
Para minha surpresa, assim que desci vi que Heitor já havia chegado. Tinha parado o carro na frente do portaria e estava encostado na porta do passageiro. Tão maravilhoso que já sinto meu sangue fervendo de novo. Aquela camisa azul marinho com dois botões abertos perto do pescoço revelando um pouco das suas clavículas vai me dar trabalho essa noite: desperta uma vontade de beijar o peitoral dele inteiro...
Fica bem de roupas escuras. Está uma delícia com essa calça social e blazer pretos. O cabelo, então, é meu ponto fraco. Aqueles cachos perfeitos caindo na testa... quero perder meus dedos neles. Quando me viu com seus olhos negros penetrantes, o rosto se iluminou. Heitor veio ao meu encontro com seu sorriso torto irresistível e me deu um beijo no rosto. Pude sentir seu perfume amadeirado e havia eletricidade por todo o meu corpo. Depois chegou perto do meu ouvido e disse com sua voz sensual:
-Você está incrível!
Estou arrepiada dos pés à cabeça. O poder que ele tem sobre mim... No caminho para o restaurante italiano Fragni, colocamos um pouco do papo em dia. Está tocando uma música que eu adoro, chamada Love in the Brain, da Rihanna, e não resisti, comecei a cantarolar quando paramos num sinal.
"Oh, and baby I'm fist fighting with fire
Just to get close to you
Can we burn something, babe?
And I run for miles just to get a taste
Must be love on the brain"
Virei para o lado e Heitor estava me encarando com, sei lá. Seria admiração?! Fiquei sem jeito, mas ele não hesitou. Me olhou nos olhos com intensidade até que uma buzina atrás da gente cortou nossa conexão. Quando descemos do carro, Heitor me deu a mão e andou até o restaurante com o peito estufado como quem carrega um prêmio. Ele tem a capacidade de me fazer sentir especial e me derreto toda.
O lugar é lindo! Intimista e com máscaras italianas de carnaval penduradas por todos os cantos. Assim que tirei o casaco, pude sentir os olhos de Heitor passando fulminantes por todo o meu corpo. Acho que acertei na escolha do figurino. Ele colocou a mão na minha cintura a caminho da mesa e falou baixo, quase um suspiro:
- Você é linda demais...
Meu rosto já deve estar vermelho. Sentamos em uma mesa redonda pequena, um ao lado do outro. Gosto disso. Assim, podemos conversar com mais intimidade e nos tocar ao longo da noite. Heitor passou os dedos levemente pelo meu ombro nu assim que nos acomodamos e me disse que a voz um pouco rouca:
- Não sabia que tinha tatuagem. Gostei. Muito.
Interessante... vou provocar um pouco:
- Tenho outras duas além dessa. Uma na coxa e a outra não vou dizer.
Ele fechou os olhos e respirou fundo. Depois tentou amenizar o assunto como uma forma de se controlar.
- Elas têm algum signifcado?
- Sim. A orquídea do ombro é em homenagem à minha avó materna. Ela amava e é minha flor favorita também. A da coxa é uma água viva. Porque adoro o oceano e ela tem leveza, uma capacidade de deixar fluir, mas ao mesmo tempo é uma sobrevivente forte, que brilha no escuro e pode ter capacidade de renascimento. É um ser muito simbólico.
- E a terceira?
- Essa vamos ver se você terá a chance de conhecer.
Ele deu um sorriso malicioso enquanto folheava o menu. Resolvemos pedir algo para beliscar. Comemos de entrada bruschettas de cogumelos e arancinis de tomate. Divinos! Enquanto tomávamos um espumante, conversamos sobre atualidades, negócios e futuro. Heitor me contou que estava planejando uma exposição com fotos que mostram a beleza do cotidiano para o Fotografiska New York.
- Já expus fotos de moda por lá antes, mas estava querendo algo mais fotojornalístico.
Ele também está organizando um livro de fotos com uma visão diferente sobre o corpo humano, meio que como paisagens e abstrações.
- Os rostos dos participantes não serão revelados, mas falarei um pouco sobre a vida de cada um, seus sonhos e arrependimentos. É uma obra mais introspectiva. Tem sido muito legal me diversificar como artista.
É muito bonito ver o quanto Heitor ama e se orgulha de seu trabalho. Ele se empolga, seus olhos brilham com paixão. Admirável! E eu não consigo evitar: quanto mais o conheço, mais o desejo.
Ele pediu uma massa com molho de nozes e camarões e eu um risoto de abóbora com bacalhau. Abrimos um vinho branco para acompanhar os pratos e passamos a falar sobre relacionamentos passados. Um assunto um tanto quanto complicado para mim. Entre uma história engraçada e outra, Heitor disse que achava que nunca havia sido verdadeiramente apaixonado por ninguém.
- Namorei mesmo só duas mulheres, mas nada muito longo. Papo de um ano no máximo. Mas e você?
Ele parece curioso. Acredito que até mesmo para entender o meu receio em me envolver. Vou tentar ser o mais sincera possível, mas sem muitos detalhes.
- Também nunca tive relacionamentos de muito tempo. Meu último namoro durou cerca de oito meses. Mas foi um pouco traumático.
Ele franziu a testa.
-Traumático porque?
- O cara era muito controlador e egoísta. Na verdade, acabei vivendo uma história bem tóxica. Então, eu ainda estou me curando do medo de me deixar levar e acabar em uma situação semelhante. Não vou me permitir sofrer de novo.
Os olhos de Heitor falam muito. Depois que ouviu o que eu disse, pude ver que estava preocupado, mas também carregava carinho.
- Eu espero conseguir ajudar a superar esse medo.
Falou com tanta ternura que não consegui mais me segurar: lhe dei um beijo delicado nos lábios. Me afastei, mas ele permaneceu com os olhos fechados, como se estivesse apreciando o momento. Falou com a voz rouca:
- É muito difícil me controlar perto de você. Ainda mais depois de sentir sua boca.
Heitor colocou a mão em minha nuca e me puxou para um beijo apaixonado. Tão gostoso que pareceu que o tempo parou. Ele mordeu meu lábio inferior devagar e pude ouvir sua respiração alterada. Se distanciou e disse:
- Agora eu vou parar porque senão muito em breve seremos expulsos do restaurante.
Ele tem razão. Estou com o corpo pegando fogo.Possivelmente todos em volta podem ver meu rosto corado de excitação. Ao sairmos de mãos dadas, sentia uma corrente elétrica nos conectando. É algo difícil até de absorver. O quanto quero Heitor...
Ele estacionou na garagem subterrânea do restaurante. Quando chegamos perto do carro, estava escuro e não havia ninguém por lá. De repente, me empurrou contra a porta do passageiro, segurou minha cintura com força e me beijou de um jeito tão faminto que eu me entreguei totalmente. Embolei meus dedos entre seus cachos, puxei um pouco seu cabelo pra trás e ele soltou minha boca. Mordisquei seu pescoço, o fazendo suspirar. Um maldito carro tinha que chegar agora?! Paramos ofegantes, ele abriu minha porta e entrei no carro. Quando Heitor se sentou, pude ver que estava excitado e senti meu corpo pulsar de desejo. Ele me pegou no flagra e disse com um sorriso provocante:
- Está vendo só o que você faz comigo, Sofia?!
Mal sabe Heitor o quanto eu estou molhada. O clima estava gostoso, aquela vontade louca de encostar um no outro. Ele me fazia um carinho na coxa quando podia e eu passei todo o tempo acariciando seus cabelos. Mas, ao longo do caminho, ele foi ficando mais quieto e pensativo.
- Está tudo bem?
- Está!
- Certeza?
- Eu só estou um pouco impressionado, não sei. Você mexe demais comigo. Isso nunca aconteceu antes. E quero fazer tudo certo, sabe? Não quero estragar o que está começando entre a gente.
Ele é tão sincero e direto que me comove. Como não se envolver com esse homem?!
- Fico feliz em ouvir isso, Heitor.
Estacionou na frente do meu prédio e tirei o cinto para sair do carro.
- Eu te convidaria para entrar, mas acho melhor irmos devagar. Por mais que pareça que nos conhecemos há tempos, nos vimos poucas vezes e quero estar mais segura.
- Tudo bem. Mas posso te dar um beijo de boa noite?
Cheguei perto dele e nos beijamos devagar, de um jeito romântico, carinhoso, saboreando cada segundo.
- Boa noite.
Saí do carro zonza e a contragosto. Eu já sei que me ferrei. Droga! Estou me apaixonando!