- Vou mandar um vapor trazer. - Ele responde.
Deitei no sofá e ficamos escolhendo um filme, um tempo depois Diego levanta e vai no portão, em seguida volta com chocolate e uma coca, enche nossos copos e se senta no sofá. Passamos o resto da noite conversando, assistindo e comendo. Percebo que esse lado descontraido do Diego quase ninguém conhece. E ele não sabe ter amigas do sexo feminino, sei disso pelo jeito que fala as coisas me deixando sem graça as vezes.
- Ei! - Me lembro de mais cedo no churrasco. Ele me olha curioso. - Por que não me deixou ir atrás da Carol aquela hora? - Me sento com as pernas cruzadas, ficando mais próxima e de frente pra ele. - O que você tá sabendo e eu não? - Questiono.
- Ih nem vem! Rolo dela, se não quis te contar eu é que não vou explanar. - Ele fala e joga uma pipoca na minha cara. Idiota.
- Estão os dois de segredinhos agora? - Pergunto irritada. E jogo uma pipoca nele também.
- Eu não queria nem ter ficado sabendo. Mas pro bem dela eu não vou contar nem pra tu e nem pra ninguém. E é melhor mesmo tu ficar de fora. - Ele avisa, olhando pra televisão.
Não falo mais nada, sei que é algo sério que está acontecendo. Mas ninguém me conta e eu sei que a Carol tá precisando de ajuda. Droga!
Ele muda de assunto e a gente continua assistindo até tia Lurdes sair do quarto e passar pela sala com a cara brava, tão raro vê-la assim. Ela nos deu uma olhada analisando Diego que agora estava deitado no meu colo. Fico meio desconfortável por seu olhar, apesar da nossa convivência está tão normal ultimamente, nem todo mundo entende isso. Somos amigos, a gente se respeita mas não deixamos de nos tocar, abraçar, e eu não vejo maldade, mas sei que pra qualquer pessoa que ver o dono do morro fazendo isso vai achar estranho, até porque não temos nada além de amizade. Vejo o julgamento no olhar da tia.
- Bianca eu não sou tua mãe não, e nem quero ser enxerida. - Ela fala andando rumo a cozinha. - Mas você tá quase todo dia acordando atrasada, e saindo apressada pra escola sem nem tomar café. E isso é por conta da sessão de filme toda noite com o senhor Diego. - Ela olha brava pra ele. Que devolve o olhar mais bravo ainda.
Levanto pegando meu travesseiro e calçando a sandália. Sei que ela tem razão, durmo de tarde com o Ruan e fico sem sono pra noite, por isso só vou dormir de madrugada assistindo, e aí de manhã cedo não consigo respeitar o despertador, fico adiando e adiando, até levantar e me arrumar as pressas.
- Deixa a menina tia. - Diego fala.
- Ele dorme até a hora que quer, porque é vagabundo e não tem o que fazer da vida. Tu não, tem que estudar pra ter um futuro bom. - Ela continua com o sermão ignorando ele.
- Qual foi dona Lurdes? Vai ficar de onda comigo? - Diego se irrita.
- É verdade tia, E amanhã tenho prova.. Vou tentar dormir mais cedo viu! - Beijo sua bochecha. -Obrigada pela preocupação. - Sorrio saindo.
- Me preocupo porque gosto de tu, viu menina. - Ela fala e me viro lhe mandando um beijo.
- Eu também tia! Boa noite Diego. - Me despeço e entro no quarto, Deixo minhas coisas e em seguida vou ao banheiro escovar os dentes.
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A última semana antes das férias de julho passou rápido, estávamos fazendo duas provas por dia e indo pra casa, ou pra sorveteria que fica lá perto. Onde eu encontrava o Gustavo e a gente ficava matando o tempo, junto com a Carol, a may e os amigos dele.
Hoje já é sexta-feira e tinha acabado de terminar a última prova. To ansiosa porque faço dezoito anos esse mês, e esse vai ser o último ano de escola pra gente. Tudo vai mudar! Assim espero..
- Férias!! - Carol grita animada caminhando pelo corredor comigo. Nem acredito que finalmente estamos de férias. Pelo menos da escola né, porque como o Ruan também não vai ter aulas na escolinha, tia Lurdes conversou comigo pra ficar com ele na parte da manhã, aí ela vai dobrar o valor que estava me pagando..
Em casa lavo algumas roupas, hidrato meu cabelo e durmo a tarde com o Ruan. Quando tia Lurdes chega fico conversando com ela.
- Diego nunca foi de ficar aqui toda noite, alguma coisa ele tá querendo e por favor Bia, não seja boba minha filha! Ele tá só comendo pelas beiradas! Eu amo o Diego mas ele não sabe ficar com uma só mulher, e eu não quero te ver aí depois chorando pelos cantos. - Tia fala me olhando séria.
- Não vai acontecer nada entre a gente tia! Eu em, que ideia! - Reclamo e ela fala mais algumas coisas mas depois muda de assunto.
Depois de arrumar meu cabelo, coloco um vestidinho curto e solto bem simples, e uma rasteirinha. Faço uma maquiagem básica, passo perfume e saio de casa. Subindo de encontro a Carol.
- Bia, eu fiz o teste de gravidez. - Ela fala sem me olhar enquanto caminhamos. A encaro surpresa, eu até já tinha esquecido disso.
- E aí mulher ? Deu o que? fala logo!- Pergunto ansiosa já chegando a pizzaria.
- Positivo. - diz simplesmente, me deixando atônita. Não sei o que falar, apenas a encaro surpresa.
- Metade frango com catupiry, com borda de cheddar, e metade chocolate com borda prestígio. - Ela fala pro garçom, pedindo nossa pizza de sempre. Depois me olha batendo os dedos na mesa, impaciente.
- Ta de brincadeira comigo Carol?- Pergunto baixo e ela nega com a cabeça, com a expressão triste.
- E agora mana? - Pergunto e ela da de ombros, depois apoia os cotovelos na mesa, e a cabeça entre as mãos. Com certeza não sabe o que fazer.
- Teu pai vai te matar sereia! - Falo preocupada.
Ela sorri fraco. - Não me chama mais assim, por favor.. - Pede com um olhar triste.
- O que tu vai fazer? Sempre disse que não queria ter filhos, que se protegia, e teu remédio? - Falo lembrando. Ela simplesmente não queria ser mãe, nunca quis.
Ela olha pro chão e vejo uma lágrima escorrendo na sua bochecha, então lembro da última vez que a vi chorando.
- Quem é o pai? Aquele dia no churrasco você tinha falado pra ele? Por isso estava chorando daquele jeito? - Questiono. Levanto puxando minha cadeira pra perto, e a abraço de lado. Ela apoia a cabeça no meu ombro.
- Sim. - Me olha brava. - Ele não vai assumir, disse que é problema meu. Eu não sei o que vou fazer ainda Bia, mas ele já abortou. Disse que pra ele era só um lance, e agora eu que me vire. A gente fica a muito tempo mas eu sempre me protegi, as últimas vezes ele estava bêbado e agressivo, não queria de jeito nenhum a camisinha. Eu estava feito uma idiota apaixonada e como tomava meu remédio acabei relaxando. Eu nunca tinha sido estupida assim Bia, por homem nenhum! Mas com ele sempre foi diferente pra mim. - Mais lágrimas escorrem, agora acredito que sejam de raiva.
- Eu nem passei maquiagem porque sabia que ia chorar te contando. - Sorri. - Foi mal! Era pra ser uma comemoração de início das férias. Mas eu precisava desabafar, só contei pra você e pra ele até agora. Eu não sei se vou ter o bebê ou não Bia, por isso não queria te contar. Te meter nessa história.. - Ela fala baixinho so pra eu escutar.
- Irmã você sabe que to aqui pra você, eu nunca vou te julgar, essa decisão é sua. Só pensa bastante. E se for por medo de não ter o pai da criança contigo, saiba que você não tá sozinha não viu? Eu amo você. - Choro também abraçada a ela. Algumas pessoas ao redor começam a nos olhar. Carol logo limpa o rosto e para de chorar se fazendo de forte.
- Eu vou pensar Loirão, eu só.. não nasci pra ser mãe sabe! Não tenho nada contra criancinhas, na verdade eu amo criança, mas a dos outros! E agora saber que tem uma aqui dentro de mim. - Pousa a mão em sua barriga. - E que vai depender de mim pra tudo, e.. Meu Deus é desesperador! - Ela fala sacudindo as mãos.
- Calma! Ok? Calma! Eu não sei como, mas vai dar tudo certo! - Seguro sua mão. - Você não quer me dizer quem é o pai? - Pergunto.
- Não Bia. De qualquer forma ele não vai ser o pai mesmo. Então ninguém vai saber quem é o traste que me envolvi. Eu não preciso criar mais problemas pra minha vida. - Ela fala sem me olhar. Não entendo mas também não insisto. Fico um pouco chateada por ela não confiar em mim pra falar. Mas ela deve ter seus motivos.
Ela muda de assunto e fica evitando quando eu pergunto alguma coisa sobre, acho que ela quer passar o resto da noite sem lembrar do que me contou. Então entro na dela, finjo que nada tá acontecendo. Nossa pizza chega e comemos quase toda, até não aguentar mais.
O celular da Carol que está em cima da mesa acende o visor e acabo olhando sem querer.
#Sereia?
# Sobe aqui pra gente levar um papo!
Ela pega o celular e fecha a cara, digitando rapidamente. Não perguntei nada, ela também não falou. Acredito que esse possa ser o pai do bebê, porque esse boy que chama ela de sereia, ela já fica a algum tempo, e sempre falou dele com cara de apaixonada. Mas ela
nunca assumiu ele ou qualquer outro, sempre gostou de ser livre e não de namoro sério.
Depois que saímos da pizzaria eu perguntei se ela queria dormir comigo mas ela achou melhor não, então cada uma foi pra sua casa.
Quando cheguei, coloquei um pijama antiguinho, lavei meu rosto e escovei os dentes, antes de me deitar e ficar conversando com a Carol por mensagem. Ela sempre é muito durona, mas demonstra os sentimentos por mim com atitudes, sempre me deu muitas coisas que sabia que o Francisco não me dava, e me ajudou tanto que nem tenho como agradecê-la. Me defendia na escola e cuidava de mim como irmã mais velha mesmo. Chorava junto comigo depois de cada agressão do Francisco, e ficava puta de raiva por não poder fazer nada em relação a isso. Mas era raro falar e agora eu estava chorando ao ler sua mensagem, dizendo que me amava muito e agradecendo por ser sua irmãzinha.
Escuto batidas na minha porta e falo pra entrar enquanto passo a mão no rosto limpando algumas lágrimas.
Diego entra falando distraído mas para ao me olhar. - Qual foi? - Pergunta se aproximando.
- Não é nada. - Sorrio fraco, provavelmente meus olhos estão inchados, e meu rosto vermelho. Por ter chorado mais cedo com a Carol, e agora aqui sozinha.
- Da logo o papo de quem eu tenho que passar. - Fala se aproximando com a mão na cintura.
- Ninguém! -Reviro os olhos. - Não quero falar sobre isso, sério. - Sorrio pra ele. Não ia ter como explicar mesmo. Acredito que o Diego saiba com quem a Carol estava envolvida, por isso não me deixou ir atrás dela aquele domingo. Mas não deve saber que ela está grávida. Porque ela só contou ao pai do bebê naquele mesmo dia.
- Pode crer então! - Ele fala me analisando. - Não é nada com teu pai não né Bia? - Pergunta preocupado.
- Não Di, relaxa. - O tranquilizo.
- Di? - Ele gargalha. - Ó as ideia! - Reclama e eu sorrio. - Bora assistir alguma parada, vem! - Me chama puxando meu braço.
Levanto pegando meu travesseiro. Olho pra ele de costas andando em minha frente, ele tá vestindo uma calça jeans e blusa polo, o cabelo arrumado e bastante perfumado. Sera que estava indo encontrar alguém e desistiu?
- Dona encrenca tá chegando aí, e ela tá me enchendo o saco por tua causa. Disse que você tá toda apaixonada por mim e não sei o que! - Ele mente com um sorriso besta na cara, jogo uma almofada nele e me lembro da minha conversa com a tia mais cedo.
- Ela disse que alguma coisa você tá querendo toda noite aqui! - Gargalho e ele me olha sorrindo.
- Bora assistir lá em casa então? Melhor do que ela ficar aqui barulhando meu ouvido cheia dos caô. - Ele fala agora mexendo no celular.
- Até parece né Diego! - Falo pensando na possibilidade.
- Por que não? - Me olha. - Tá com medo bebê? - Sorri descarado.
- Que medo o que menino! -Levanto do sofá. - Tu se acha demais! - Saio andando pro quarto.
Ele gargalha e volta sua atenção pro celular.
Vou pro quarto e visto uma bermuda jeans curtinha, e continuo com a blusinha rosa do pijama, ela tem um decote em u e eu não estou usando sutiã.
- Vamos logo! - Falo passando pela sala abraçando meu travesseiro, e com meu celular na mão.. Diego parece surpreso porém animado, ele achou que eu ia arregar.
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Ei mina, o tempo corre enquanto a gente brinda, meu coração se abriu e disse pra você: Bem-vinda..
Poesia acústica
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Será que agora o hot vem?
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