NAS TERRAS DE MAKUNAIMA – PARTE 2
img img NAS TERRAS DE MAKUNAIMA – PARTE 2 img Capítulo 4 APENAS SALVEI A PROFESSORA
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Capítulo 6 SEI QUE ELA É COMPROMETIDA! img
Capítulo 7 QUE RAIOS DE QUERMESSE! img
Capítulo 8 BEBENDO PARA ESQUECER img
Capítulo 9 ME IMAGINEI, UM VAGALUME img
Capítulo 10 APENAS... UM BEIJO! img
Capítulo 11 PASSEIO E SENTIMENTOS img
Capítulo 12 NÃO FUJO MAIS DA BRIGA img
Capítulo 13 O RICARDO SE FOI img
Capítulo 14 VOU TE AJUDAR A ESQUECER img
Capítulo 15 BELA VITÓRIA-RÉGIA img
Capítulo 16 MAIS QUENTE QUE UM BEIJO img
Capítulo 17 PINGENTE PARA CASAIS img
Capítulo 18 FIM DE SEMANA NA FAZENDA img
Capítulo 19 NOITE NA FAZENDA SOSSEGO img
Capítulo 20 ROMANCE NO ESTÁBULO img
Capítulo 21 COBRA GRANDE DO IGARAPÉ img
Capítulo 22 RECÉM-NASCIDOS img
Capítulo 23 DESABAFO COM AMIGOS img
Capítulo 24 FICAR MAIS UMA VEZ img
Capítulo 25 ATAQUES DE PIRANHAS img
Capítulo 26 ENCONTREI VOCÊS! img
Capítulo 27 NOSSO PLANO DE FUGA img
Capítulo 28 MINHA ENFERMEIRA img
Capítulo 29 TUDO RESOLVIDO img
Capítulo 30 NERVOSOS img
Capítulo 31 OBSERVAR A COBRA, MESMO img
Capítulo 32 QUE MISSÃO MAIS QUENTE! img
Capítulo 33 AMEAÇAS AQUI ! img
Capítulo 34 O QUE PODEMOS FAZER img
Capítulo 35 VIDA QUE SEGUE img
Capítulo 36 TRAIÇÃO X SEPARAÇÃO img
Capítulo 37 REENCONTRO OU MAIS UM CONFRONTO img
Capítulo 38 AINDA ESTÁ COM RAIVA img
Capítulo 39 MAIS QUE REATAR img
Capítulo 40 PROVO QUE ME CASO img
Capítulo 41 CONVERSAR MELHOR img
Capítulo 42 RECEBER VISITAS img
Capítulo 43 PEDIDO DURANTE A FORMATURA img
Capítulo 44 NOSSO CASAMENTO img
Capítulo 45 COMEÇARAM AS DESPEDIDAS img
Capítulo 46 MUDANÇA img
Capítulo 47 EPÍLOGO PRÉVIAS DE: img
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Capítulo 4 APENAS SALVEI A PROFESSORA

E, lá foi Zeca dirigindo diretamente à Fazenda Sossego. O clima estava bom, apenas uma chuva fina caia sobre a estrada, tornando a viagem bem tranquila.

- A melhor coisa que fiz foi explicar e me afastar daquele casal. Passei por algumas situações bem constrangedoras ... é melhor apagar da minha mente, deixar para lá. Se estão bem ou não... É problema deles, não meu.

Ele suspirou e pensando alto.

- Devo ter esquecido o que é ter um relacionamento. Vou acrescentar um tempo na minha agenda para dar uma volta. Quem sabe ir a um baile no Barra Mansa da Mata ou em Encosta do Pajé?

Perdido em seus devaneios nem percebeu quando chegou à fazenda da família.

- Parece que a estrada encolheu já estou em casa! Que viagem rápida. Meus pensamentos devem ter me tomado um tempo.

Ao entrar em casa, cumprimentou a todos, com seu jeito bem humorado.

- Boa noite! Família de pessoas bonitas! – Zeca entrou sorrindo.

- Boa noite! Filho, por que entrou falando desse jeito? Aconteceu alguma coisa? – Dona Antonella, sua mãe perguntou consternada.

- Sim, senhora. No entanto, não foi nada demais. Salvei uma professora que estava precisando de ajuda.

- Que bom que estava lá para ajudar. O que houve com ela?

- Coitada ... foi atacada por abelhas. Estava tão inchada que nem conseguia enxergar e quase desmaiou. Por isso, precisei levá-la ao posto e demorei a chegar.

- E esse seu olho roxo meu filho? O que aconteceu?

- Ah! Isso aqui. Então, foi um mal-entendido. É que o namorado dela, entendeu errado. Tentou tirar satisfação e fui sendo pego desprevenido. – Ele falou passando a mão em seu olho machucado.

- Vamos colocar uma compressa bem gelada nesse olho, filho.

- Claro, mãe. – Zeca sorriu.

Logo depois, Rita sua irmã mais nova, apareceu na sala.

- Zeca, escutei direito? Você salvou uma mulher? E ela é, pelo menos, bonitinha? Se bem que no teu caso, nem precisa ser tão bonita. Talvez simpática e com problemas de vista, já basta. – Rita o provocou.

- O que a beleza de alguém, tem a ver, quando se trata de salvar qualquer pessoa criatura?

- Ora bolas! Se ela for bonita convide-a para sair, ué! – Rita retrucou sorrindo.

- Mesmo se eu quisesse ela já tem namorado. Inclusive, ele é um conhecido meu.

- Ah, não! Aí, fica difícil desencalhar, irmão.

- Rita, você está me chamando de velho para precisar desencalhar?

- Sim. E, você é.

- Como é possível. Que eu com 32 anos, seja um velho? E, onde? – Ele falou incrédulo.

Rita apontou para ele. - Este ser, bem aqui na minha frente, ó!

- Se eu sou velho? O que me diz do Pedro nos seus 35 anos?

- Lógico, que é mais velho ainda. Posso até chamar de Matuzalém da fazenda, rs.

Pedro o irmão mais velho entrou na casa.

- Isso é que dá dar ouvidos a uma pirralha de 25 anos.

- É capaz de eu desencalhar primeiro que vocês dois juntos.

- Pedro, tem cabimento um negócio desses? Veja a loucura que Rita está falando sobre nós dois.

- O que foi agora, Zeca? Você sempre soube que Rita implica com tudo.

- Veja um negócio destes. Ela nos chamou de velhos!

- Deixa pra lá Zeca, ela sempre foi implicante. E, convenhamos, perto da pirralha, somos mesmo mais velhos. Aliás, mocinha, você não colocou nenhum outro animal peçonhento no meu quarto para tentar me animar?

- Eu! Imagina se eu teria coragem de novo. A Maria Amélia te largou já faz tempo, só isso basta para ter meu dia ganho. – Rita provocou.

- Imagino que a sua coragem para fazer bobagens nunca vai acabar. – Pedro se virou para Zeca. - O que foi isso no teu olho Zeca? Andou brigando por aí?

- Não foi bem isso.

- Estou te desconhecendo. Se fosse eu até que poderia imaginar uma coisa dessas. Perto de mim, você é o mais sensato. Não é disso. – Pedro apontou.

- Hoje salvei uma colega professora. Para encurtar a história, quando voltei ao campus o namorado dela entendeu tudo errado.

- Isso explica o que Rita estava dizendo.

- Como pode explicar qualquer coisa que a desnaturada possa dizer?

- Oras! O fato é que parece que você gosta da sua colega. Tipo amor à primeira vista. – Pedro sorriu.

- Viu? Como sempre estou certa! Até o Pedro que sempre é contra, concordou comigo.

- O que é isso irmão? Não dá razão para a Rita.

- Perdeu mané! São dois contra um.

- E nosso pai?

- Foi buscar uma encomenda na cidade. Talvez demore.

Dona Antonella voltou interferindo.

- Meus filhos, vamos comer, que já está ficando tarde. Sabem que acordo cedo para trabalhar. – Disse enquanto trazendo a compressa fria e entregando a Zeca, que colocou sobre o olho machucado.

Logo em seguida, todos se reuniram à mesa.

- A comida de nossa mãe sempre é a melhor. – Rita comentou.

- Nisso todos nós concordamos. – Pedro completou.

- Um dos motivos pelos quais sempre volto, mesmo trabalhando longe. – Zeca complementou.

- Meus filhos, menos conversas e comer mais. Em silêncio! – Ordenou dona Antonella.

O jantar foi tranquilo com conversas amenas. Assim que terminou, o grupo sentou-se um pouco em uma roda de conversa na frente da casa; falaram sobre os acontecimentos do dia, em seguida despediram-se, retirando-se para seus aposentos.

Já em seu quarto, Zeca refletiu:

- Tenho um dormitório na faculdade. Mas minha família me deixa tão confortável com a vida tranquila na Sossego, isso me faz voltar.

Um tempo depois, Zeca, não conseguia dormir, recordando acontecimentos do dia agitado. Ele colocou seu pijama - uma camisa sem mangas e um short verde claro.

- Estava elogiando a vida tranquila, mas me sinto tão agitado. Não sou de perder o sono. Morando nessa fazenda. – Sentiu uma sensação de animação.

Ele deitou na cama de solteiro e estava quase dormindo, mas surgiu um pensamento em suas lembranças.

"Por favor, me salve! Me ajude. As abelhas estão me atacando! Venha, seja o meu herói!"

"Não se preocupe, vou te salvar. Aguente mais um pouco. Por que tem tantas abelhas? Ei, moça proteja-se! Se esconda destas abelhas. Já estou chegando!" – Ele sorriu e ela o abraçou.

Nesse instante, Zeca despertou em um sobressalto, ofegante e assustado.

- Não é possível! Ainda estou pensando naquela professora! Mas, ela é comprometida. O Ricardo deve estar ajudando-a agora. Ela não é para mim. – Zeca bateu no próprio rosto. – Calma homem, tenha mais respeito pela Vera. Deve ser alucinação, porque também levei várias picadas. Foi apenas um pesadelo. – Ponderou.

Em seguida, deitou novamente na cama, tentou dormir e mais uma vez continuou refletindo.

- Isso é que dá. Ter uma vida pacata de fazendeiro e agora querer dar uma de herói. Nem consegui me defender daquele miserável.

Ele desistiu de dormir e foi até a cozinha para preparar um chá de capim-santo.

- Tenho que acordar às cinco e viajar de volta ao município de Barra Mansa da Mata para trabalhar. Assim que tomar esse chá sei que vai resolver.

Pedro apareceu, indagando:

- Zeca, o que aconteceu, irmão?

- Pedro, sabe que não sou de criar confusão, fiquei insone. Aquela situação... não saiu da minha cabeça. Fiz um chá para me acalmar, preciso esquecer aquilo.

- Zeca e se estiver interessado pela garota?

- Não posso me dar ao luxo de gostar de quem já tem namorado.

Zeca bebeu o chá de uma só vez e queimou a língua.

- Aiii! Quente...!

- Te controla. Está ficando esquisito, Zeca.

- Eu me tornaria um completo cretino eles são um casal. Jamais me perdoaria, se ficasse com uma mulher comprometida. Estaria sendo tão repugnante! – Zeca preocupou-se.

- Sabe o que pode fazer irmão?

- Não. Isso nunca aconteceu comigo. – Zeca disse aflito.

- Se quiser posso te ajudar a encontrar uma garota. Numa quermesse ou baile aqui da região.

- Vou pensar. Mas, não venha com ideias de gerico. Não sou nenhum moleque para fazer alguma coisa com quem está namorando outra pessoa.

- Te conheço irmão. Tá tudo bem. – Pedro saiu para o próprio quarto, assim como Zeca.

- O que devo estar sentindo... deve ser por causa do dia agitado. E das picadas que levei. – Ele pegou gelou e passou nas costas.

Minutos depois, ele deitou-se e conseguiu dormir acalentado pelo chá.

Na manhã seguinte, acordou cedo e muito exausto.

- Estou um caco, me sinto muito cansado. Mas, não posso deixar de trabalhar.

Ele se organizou para o trabalho, trocou de roupa, penteou os cabelos ondulados e alongados até a altura das orelhas. E seguiu para tomar o café da manhã.

Assim que chegou foi indagado por Jaime, seu pai.

- O que aconteceu com você meu filho? Seus olhos estão inchados e parece ter um roxo.

- Pai, é uma longa história. Como não posso chegar atrasado no trabalho e já falei para a mãe. Depois ela pode dizer o que aconteceu para o senhor.

- Vá filho e cuidado. Ontem a estrada ficou um pouco enlameada. Nos 50 quilômetros, pode aparecer algum animal.

- Nem fale isso Jaime! – exclamou dona Antonella.

- Vou tomar cuidado. – Ele sorriu.

Zeca tomou o café rapidamente e saiu despedindo-se dos pais.

A estrada estava relativamente boa, e chegou ao campus, rapidamente. Como de costume foi ao laboratório, vestiu seu jaleco, com o crachá e nome identificado: José Carlos da Silva; pôs umas canetas no bolso direito, para prováveis anotações de suas pesquisas.

- Pelo menos nada de estranho aconteceu. O trabalho está tranquilo e nenhuma fofoca surgiu. Isso e ótimo. – Ele pensou. - "Nada que possa interferir em minhas pesquisas muito menos na minha vida pessoal. Tudo na mais perfeita ordem."

- Amor à primeira vista. – Zeca sorriu. - Só mesmo meu irmão mais velho para pensar numa coisa dessas. Eu sou racional.

Depois de mais ou menos duas horas realizando trabalho ele pegou um livro de introdução a zootecnia, e seguiu para a sala de aula, acompanhado de perto por alguns acadêmicos. Passou o tempo ministrando sua aula, e voltou para seu laboratório. Ao se aproximar da porta se deparou com Vera.

- Merda! Tudo que estava querendo para o dia ser perfeito era distância dela. – Zeca murmurou.

- Professor! – Ela sorriu.

- Vera!

"Ela estar completamente desinchada. É muito linda! Com aquele coque preso, com duas canetas coloridas enfeitando. Ainda tem lindos olhos castanhos atrás dos óculos." – Zeca ponderou.

- Como prometido. Vim aqui para agradecer, pessoalmente. – Ela sorriu de leve.

- Dona Vera, não precisa fazer nada disso. Já disse e repito: ajudei porque passei por lá primeiro. Não é necessário nenhum agradecimento. – Zeca falou com apreensão.

Vera tocou no braço dele transmitindo uma certa tensão.

"Ela está me provocando sem saber. Meu corpo está reagindo a esse pequeno toque. Preciso me afastar, custe o que custar." – Zeca ponderou.

- José Carlos, é esse o seu nome? Depois de ontem, te devo a minha vida. Se não puder agradecer direito, vou ficar mal por muito tempo. – Vera insistiu.

- Estou me sentindo desconfortável, professora! O que pretende fazer para agradecer?

- Simples: venha almoçar comigo. Pode pedir qualquer coisa, que hoje eu pago. – Ela esboçou um sorriso.

- E o Ricardo? Ele é muito ciumento.

"Claro! Se fosse eu, nem deixaria ela se aproximar de outros homens. Ela é linda!" – Zeca pensou.

- Ele já sabe. Não se preocupe, senhor vai ficar tudo bem.

- Certo. Se eu a acompanhar, vai ficar agradecida e não voltará mais atrás para agradecer? – Ele coça os olhos e suspira.

- Isso mesmo, senhor. – Ela sorriu.

- E aonde teremos que ir?

- No restaurante aqui do campus. – Ela falou sorrindo.

- Se desse jeito ficaremos quites. Faço a boa ação. "Se é apenas um almoço. Por que me sinto tão apreensivo perto dela? Como se eu fosse dar um passo em falso." - Ele pensou.

Os dois seguiram para o restaurante combinado.

- Aqui está o cardápio. O que pretende pedir? – Ela perguntou olhando-o nos olhos.

- Gosto do frango frito. Sempre que venho aqui, acabo comendo uma porção. – Ele respondeu.

- Que coincidência! Eu também gosto. Ele é crocante por fora e...

- Macio por dentro. – Completam a fala juntos, rindo devido a coincidência.

Durante o almoço, a conversa flui com bastante animação.

- Quer dizer que você é veterinária?

- Sim, me apaixonei pela profissão acompanhando meu pai, nos trabalhos pelas fazendas da região próxima a Manaus. No decorrer de minha vida nós ajudamos vários bezerros a nascer.

"Sinto que fiquei fascinado com a beleza de Vera. Deve ser porque a salvei, apenas isso." – Zeca tentou se convencer.

- E, você por que faz o seu trabalho aqui, José Carlos?

- Como?

- O Seu trabalho, em vez de viver de criação de animais, como um bom fazendeiro?

- Ah! Queria me afastar um pouco da rotina da fazenda. Já tem o meu irmão mais velho que cuida de tudo por lá.

- Que inveja, sempre quiz ter um irmão.

- Nem tanto. Às vezes é bom viver só.

- Não acho. Sempre quis ter uma família grande. Mas, não respondeu sobre o trabalho. – Vera cobrou.

- O fato é que gosto de fazer pesquisas. Aqui faço melhoramento genético de animais de grande e pequeno porte. Também estendi observações na fazenda da família. Mas, a parte de cuidar dos nascimentos deixo aos veterinários. Se quiser, posso te chamar no próximo nascimento de bezerros. – Zeca disse perceber.

"O que exatamente estou fazendo? Não era para me afastar dela?" – Ele pensou.

- Lógico, que adoraria. Mas, sabe que aqui só temos contato por rádio. – Ela falou com um sorriso sincero.

- Acreditaria? Me esqueci disso! – Ele sorriu.

- Às vezes passo esse vexame. Vida de professor, não é fácil. – Ela sorriu em retribuição.

- Agora estamos quites, Vera. Por enquanto, você não me deve mais nada. Espero que nem num futuro.

- Só até seu próximo bezerro nascer. – Ela sorriu apontando para ele.

"Este sorriso lindo dela é muito perigoso! Tenho vontade de socar o Pedro com a história de primeira vista." – Zeca analisou.

Eles voltaram ao campus, caminhando lado a lado, e alguns acadêmicos os observaram e às vezes os cumprimentavam, sorrindo. Ao chegarem teriam que trabalhar e se despediram.

- Se era um teste. Acabei sendo aprovado. Nada aconteceu e vou voltar a minha rotina normal. – Disse com um sorriso de vitória apenas dele.

Pouco depois em seu laboratório, Zeca recebeu a visita de Ricardo. Ele estava com um semblante sério, um tanto quanto sombrio, parou em frente ao Zeca.

- Boa tarde!

- Boas!

- José Carlos, como vai? – Ricardo sorriu.

- Comigo, está tudo bem. Mas o que te trouxe aqui? Não tem costume...

- Então, sabe que houve aquele mal-entendido ontem. Por causa do que aconteceu eu gostaria de pedir um favor.

- Assim tão de repente Ricardo?

- Te conheço e acredito que não é nada demais.

- Dependendo do que seja... Sou todo ouvidos.

- Gostaria que se afastasse de Vera. Eu não tenho tanta confiança dela se perto de outros caras, sabe? Minha namorada é muito bonita, e fico me remoendo com esse sentimento de angústia.

- Te entendo. Eu nem tenho amizade com ela. Por mim, está tranquilo.

- Não quero demonstrar minha fraqueza a ela. Até porque nós devemos um favor a você.

- Nada isso! É muito normal para quem tem sentimentos.

- Prometa que não vai se aproximar mais dela. Apenas prometa.

- Claro. Se é para evitar alguma confusão te prometo. E, no meu caso homem, sei respeitar meu espaço. Não entendo a sua desconfiança sobre nós.

- É que ultimamente me afastei dela, devido ao trabalho. Está tomando muito do meu tempo. – Ricardo suspirou.

- Sei como é. Vida de professor é difícil. Até nesse lugar pequeno temos muitas demandas. Me afasto sem problemas. Nunca me aproximei dela de fato. A não ser no ontem por causa do ataque das abelhas.

- Obrigado, José! Está sendo muito difícil, manter essa relação e focar na minha pesquisa com o pirarucu. Fico muito inseguro. Sei que é um homem de respeito e não faria nada de errado nem comigo e nem com ela.

- Jamais me meteria na vida particular de alguém sem um bom motivo. Nosso trabalho já toma bastante tempo, além das nossas aulas. Nem tenho tempo para romances.

- Sabe que conciliar trabalho e romance é bastante difícil. E, por isso fico muito inseguro. – Ricardo disse com pesar.

- Deve ser difícil mesmo, Ricardo. – "Senti que esse homem, tem um ciúme exagerado da namorada." – Zeca ponderou.

- Agora está tudo resolvido, José. Vou indo, preciso terminar mais algumas observações no laboratório. Pretendo finalmente ter um tempo para minha Vera.

- Sem problemas amigo. Até a vista.

- Até mais.

Assim que Ricardo se afastou, Zeca, ficou um apreensivo.

"O que será que foi isso? Uma rajada de ciúme? Não consigo entender a desconfiança dele. No entanto, não pretendo me meter em nada que envolve um casal. Se ficar distante, José Carlos, tua vida volta ao normal." – Zeca ponderou.

- Isso foi coisa da cabeça dele. Apenas isso, nada mais. Será que deixei transparecer alguma coisa que...? – Zeca sorriu. - Não, deve ser mesmo ideia da cabeça de Ricardo.

Ainda atônito com o que aconteceu Zeca virou-se e seguiu pelo corredor para a sala de aula, deveria focar em seus trabalhos da tarde.

            
            

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