/0/13519/coverbig.jpg?v=beb43d2809ada188fa393fc8ff5c8630)
Com os olhos marejados e as mãos trêmulas, Luna deixou o restaurante pela última vez. O sol da manhã parecia irônico, iluminando o dia que, para ela, estava mergulhado em sombras. Sua mochila pesava mais do que o normal, não pelos objetos dentro dela, mas pelo peso do desespero que agora carregava.
Ao dobrar a esquina, tirou o celular do bolso e, sem pensar muito, discou o número de Carla, sua melhor amiga.
- Carla... - disse Luna assim que ouviu a voz do outro lado, sua própria voz embargada pelas lágrimas.
- Luna? O que aconteceu? - perguntou Carla, preocupada.
- Eu fui demitida... A Irene disse que o restaurante está passando por dificuldades e... e não tinham outra opção! Eu implorei, Carla, mas ela nem quis ouvir... - A voz de Luna falhou, e ela parou na calçada, sentindo as lágrimas rolarem.
- Oh, amiga, calma. A gente vai dar um jeito. Você pode vir pra cá agora, a gente conversa e pensa em algo juntas - respondeu Carla, tentando confortá-la.
Luna respirou fundo, tentando se acalmar, mas antes que pudesse responder, sentiu uma presença atrás de si. Virou-se devagar e quase deixou o celular cair ao ver quem estava parado ali.
Ricardo Real
Ricardo estava no carro, parado na rua movimentada, quando seus olhos captaram algo que o fez esquecer por um momento os negócios e os problemas do dia. Uma ruiva baixinha, de cabelos soltos e expressão suave, caminhava pela calçada. Ela era linda de um jeito natural, quase hipnotizante. Sem pensar muito, ele começou a segui-la com o olhar e, depois, com passos lentos, mantendo uma distância segura.
A mulher entrou em um restaurante, e Ricardo, curioso e inexplicavelmente atraído, decidiu aguardar do lado de fora. Não demorou muito até que ela saísse. Desta vez, porém, algo estava diferente. Ela segurava uma mochila e chorava, a tristeza evidente em cada movimento. Ricardo, que nunca foi homem de se importar com os problemas alheios, sentiu algo apertar em seu peito.
Ele a observou sacar o telefone e começar a falar com alguém, enquanto suas mãos tremiam. Aquela visão o incomodava mais do que ele gostaria de admitir. Decidindo agir, Ricardo se aproximou, mas, distraído pelos próprios pensamentos, acabou esbarrando nela.
Luna deu um passo para trás, quase derrubando o celular, enquanto Ricardo segurava-a levemente pelo braço para evitar que ela perdesse o equilíbrio.
- Me desculpe - disse ele, sua voz grave agora mais suave. Seus olhos penetrantes fixaram-se nos dela, cheios de algo que ele próprio não conseguia explicar.
Luna olhou para ele, surpresa e ainda com lágrimas nos olhos, sem saber quem ele era ou por que parecia tão interessado nela naquele momento.