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Luna o encarou por alguns segundos, tentando entender o homem à sua frente. Havia algo nos olhos dele, algo firme e ao mesmo tempo acolhedor, que a fez baixar a guarda. Era estranho confiar em um desconhecido, mas naquele momento, em meio à dor e ao desamparo, ela sentiu que podia falar.
- Desculpe, eu... - começou ela, fungando e limpando os olhos com as costas da mão. - Eu não queria esbarrar em você. É que... é que hoje foi um dia horrível.
Ricardo soltou seu braço com delicadeza, mas manteve o olhar fixo nela, como se quisesse garantir que ela não desmoronasse ali mesmo. - Parece que você está passando por algo sério. Quer me contar? Às vezes, falar com um estranho ajuda.
Luna hesitou por um momento, mas acabou suspirando e balançando a cabeça, como se desistisse de lutar contra aquele impulso.
- Fui demitida hoje... - começou ela, a voz trêmula. - Trabalho... quer dizer, trabalhava em um restaurante. Era tudo que eu tinha, sabe? Eu implorei para ficar, mas minha chefe disse que não tinha escolha. Agora estou sem emprego, sem rumo... e não sei o que fazer e nem como
continuar cuidando do meu irmão e as despesas.
Ricardo ouviu tudo em silêncio, mantendo a expressão neutra, mas por dentro sentindo algo que não sabia explicar. Ele não era acostumado a se importar com os problemas dos outros, mas algo na vulnerabilidade dela o tocava profundamente.
- Isso é injusto - respondeu ele, com a voz firme, mas suave. - Você parece ser dedicada, alguém que trabalha duro. Eles não deveriam simplesmente jogar você fora assim.
Luna ficou surpresa com a empatia na voz dele. - É exatamente assim que me sinto... descartada.
Ricardo inclinou levemente a cabeça, avaliando-a com cuidado. - Posso não ser a melhor pessoa para dar conselhos, mas talvez eu possa ajudar de outra forma.
- Ajudar? - Luna perguntou, desconfiada, mas ao mesmo tempo curiosa.
- Sim - respondeu ele, com um meio sorriso. - Me chamo Ricardo. Ricardo Real. Sou... empresário. Talvez eu tenha algo que possa interessar a você.
Luna sentiu um frio na espinha ao ouvir o nome. Era impossível não reconhecer quem ele era. Um homem poderoso, cercado de rumores. Ainda assim, naquele momento, ele parecia tudo menos ameaçador. Contra todo o instinto de cautela, algo dentro dela dizia que talvez ele pudesse ser sua única saída.