Capítulo 4 O Dia Seguinte

Acordei no dia seguinte na minha cama. Em minha cama, disse.

Aos poucos, meus sentidos foram voltando à tona, e eu percebi que não estava mais no sótão sombrio, mas sim em minha própria cama.

Piscando os olhos, eu me senti desorientada, tentando entender o que havia acontecido. Como eu havia parado ali? Será que tudo não passara de um terrível pesadelo?

Olhei em volta, reconhecendo os familiares contornos do meu quarto. Senti um alívio momentâneo, mas logo a inquietação voltou a me consumir.

Onde estava aquele homem cruel? E o que ele havia feito comigo? Lembrava-me vagamente de ter sido dopada com algum tipo de substância, mas o resto parecia uma névoa em minha mente.

Levantei-me com dificuldade, sentindo meu corpo ainda pesado e entorpecido. Minha cabeça doía, e eu me sentia fraca e desorientada.

Caminhei até a porta, tentando lembrar o que havia acontecido. Será que meu irmãozinho havia me encontrado? Será que ele estava bem?

Ao chegar na sala, ouvi vozes familiares. Meus pais e meu irmão estavam lá, parecendo aliviados ao me ver.

"Deby!" Meu irmão correu em minha direção, me abraçando com força

Meus pais se aproximaram, seus rostos refletindo uma mistura de alívio e preocupação.

Senti um arrepio percorrer meu corpo ao me lembrar daquele homem cruel. Mas não podia contar a eles o que havia acontecido, não queria colocá-los em perigo também.

Assim que minha mãe, Jade, me viu, seu rosto se contorceu em uma expressão de puro descontentamento.

"Deby! Onde você estava?" ela exclamou, sua voz ressoando pela casa. "porque você sumiu e voltou de madrugada entrando pela janela!"

Eu me encolhi sob seu olhar severo, sentindo-me como uma criança que acabara de ser pega em uma travessura.

"Mãe, eu..." Comecei a me explicar, mas ela me interrompeu com um gesto irritado.

"Não quero desculpas!" Ela cruzou os braços, seu semblante rígido. "Você sabe muito bem que não pode sair de casa sem avisar e voltar a essa hora. Isso é inaceitável!"

Senti minhas bochechas queimarem de vergonha. Minha irmã mais nova, tão pequena e frágil, deve ter ficado realmente aterrorizada com o meu sumiço.

"Eu... Eu sinto muito, mãe," murmurei, abaixando a cabeça. "Eu não queria preocupá-los."

Jade soltou um suspiro frustrado, seu olhar me perfurando.

"Não adianta se desculpar agora," ela disse, a decepção evidente em sua voz. "Você nos deixou muito preocupados!"

"Mãe, eu prometo que não vai acontecer novamente," implorei, tentando me redimir. "Eu... Eu tive um problema e precisei resolver urgentemente. Mas não queria preocupá-los."

Ela me encarou com desconfiança, seus olhos estreitos.

"Um problema?" Jade repetiu sua voz carregada de ceticismo. "E o que seria tão importante a ponto de você nos deixar tão aflitos?"

Engoli em seco, sentindo o nó em minha garganta. Não podia contar a ela sobre o homem cruel e o que havia acontecido no sótão. Não queria colocá-la em perigo também.

"Eu... Eu não posso falar sobre isso, mãe," murmurei, tentando parecer convincente. "Mas eu juro que não vai se repetir. Por favor, me perdoe."

Jade me encarou por longos segundos, seus lábios apertados em uma linha fina. Finalmente, ela soltou um suspiro pesado e balançou a cabeça.

"Tudo bem, Deby," ela disse, sua voz mais suave. "Mas você sabe que pode confiar em mim, não é? Não quero que você se meta em problemas."

Assenti, sentindo o alívio me invadir. Embora eu soubesse que não poderia compartilhar a verdade com ela, me sentia grata por sua compreensão.

Abracei minha mãe, sentindo seus braços me envolverem com carinho. Naquele momento, me senti segura, mesmo sabendo que a ameaça daquele homem cruel ainda pairava sobre nós.

Minha mãe, Jade, me encarou com um olhar preocupado, sua voz carregada de preocupação.

"Deby, um dia sua impertinência vai te trazer problemas. Eu e seu pai não estaremos aqui a vida toda para te proteger."

Senti um peso em meu peito ao ouvir suas palavras. Ela estava certa, eu não poderia contar com eles para sempre.

"Você vai fazer 18 anos e deveria se comportar como uma adulta," ela continuou, sua expressão severa. "Não pode continuar se metendo em encrencas e nos deixando tão preocupados."

Abaixei a cabeça, envergonhada. Eu sabia que havia sido irresponsável ao sair de casa sem avisar e voltar tarde da noite. Meus pais tinham todo o direito de estarem preocupados.

"Mãe, eu sei que errei," murmurei, sentindo a culpa me consumir. "Eu prometo que vou me esforçar para ser mais responsável daqui para frente."

Jade suspirou, seus olhos demonstrando uma mistura de preocupação e cansaço.

"Eu espero que sim, Deby," ela disse, colocando a mão em meu ombro. "Você é uma jovem inteligente e talentosa. Não queremos que você se perca em companhias ruins ou se meta em problemas."

Assenti, consciente de que ela estava certa. Minha curiosidade e impulsividade já haviam me trazido problemas no passado, e eu não queria que isso se repetisse.

"Eu sei, mãe," respondi, sentindo a determinação crescer em mim. "Vou ser mais cuidadosa daqui para frente. Não quero preocupá-los novamente."

Jade me envolveu em um abraço apertado, e eu pude sentir sua preocupação.

"Nós só queremos o melhor para você, filha," ela sussurrou. "Não suportaríamos te perder."

Retribuí o abraço, sentindo as lágrimas ameaçarem brotar em meus olhos. Eu sabia que meus pais estavam certos. Precisava me tornar mais responsável e madura, principalmente agora que aquela ameaça pairava sobre nós.

"Eu prometo, mãe," falei, determinada. "Vou me esforçar para ser uma adulta responsável. Não vou mais os decepcionar."

Jade me deu um sorriso fraco, seus olhos brilhando com alívio.

"Fico feliz em ouvir isso, meu amor," ela disse. "Agora vá tomar seu café da manhã. Mais tarde vamos conversar mais sobre isso."

Assenti e me dirigi à cozinha para tomar café da manhã, sentindo o peso da responsabilidade crescer em meus ombros. Eu sabia que precisava mudar, não apenas por mim, mas por minha família. Não podia mais me arriscar, pois agora havia algo muito mais importante do que mim mesma a proteger.

Ao subir as escadas, passei por um vitral que me dava uma vista privilegiada do exterior. E lá, no meio da noite, a imponente mansão jazia em completo silêncio.

Senti um arrepio percorrer minha espinha ao contemplar aquela construção sombria. Era como se ela emanasse uma aura de mistério e perigo, me lembrando do terrível encontro que tive com aquele homem cruel.

Fiquei parada por alguns instantes, meus olhos fixos naquela mansão. Lembranças daquele momento aterrorizante voltaram a me assombrar, e eu me senti novamente impotente diante daquela ameaça.

Aquele homem ainda estava lá, provavelmente tramando seus planos sinistros. E eu sabia que, a qualquer momento, ele poderia voltar a aparecer, colocando não apenas a minha vida, mas também a de minha família, em risco.

Senti um nó se formar em minha garganta enquanto observava a mansão em silêncio. Precisava encontrar uma maneira de proteger a todos, de me livrar daquela ameaça que pairava sobre nós.

Mas como? Eu era apenas uma adolescente, sem recursos ou poder para enfrentar alguém tão perigoso. Meus pais e meu irmãozinho dependiam de mim, e eu não podia decepcioná-los novamente.

Tomada por um sentimento de determinação, decidi que não poderia mais me esquecer dessa situação. Precisava enfrentá-la, encontrar uma forma de me livrar daquela ameaça e garantir a segurança da minha família.

Olhei mais uma vez para a imponente mansão, meus olhos brilhando com uma resolução inabalável. Não importava o que acontecesse, eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para proteger as pessoas que amo.

Essa ameaça não me intimida mais. Estava na hora de agir, de encontrar uma maneira de acabar com aquele pesadelo de uma vez por todas.