Alicia e o Condenado
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Capítulo 2 2º capítulo

As paisagens mudaram também, a paisagem cinza dos prédios de Nova York deram espaço para os pinheiros cobertos pela neve do Canadá e o clima começou a ficar muito gelado, assim que eu desci andei em linha reta buscando por algum rosto conhecido na multidão que fosse semelhante ao meu, porém não vi ninguém, minhas pernas tremeram, eu era muito pequena quando tinha visto minha tia pela última vez, como eu a encontraria?

Mal minha mente conseguiu processar esse pensamento e eu vi uma mulher pulando em meio a multidão com uma plaquinha gigante e de um verde fosforescente, nela podia se ler claramente "ALICIA", eu sorri, estava a salvo, porém agora muito envergonhada, pois todos tinham acabado de descobrir que a Alicia era eu.

Muito enganada percebi que minha tia não era nada parecida comigo, tinha os cabelos castanho escuros quase pretos e olhos grandes e verdes, ela me lembrava um pouco de minha mãe, porém muito pouco mesmo já que seu rosto era arredondado e o da minha mãe era bastante fino, ela me abraçou desajeitada.

- Você está enorme! Já é uma moça!

- Bom, estou com quase dezesseis anos!

- Dezesseis? Tudo isso? Como foi que o tempo passou tão rápido?

Ela parecia decepcionada, será que esperava por uma criança?

- Pois é...

Ela voltou a me abraçar.

- Oh, não faça essa cara Alicia, não vou desistir da sua guarda, porém tenho que confessar que não me lembrava que os anos tinham passado de forma tão cruel, estou me sentindo muito mais velha agora e me perguntando se saberei lidar com a euforia adolescente, espero que não se importe de dormir em um quarto cheio de ursinhos de pelúcia. – Ela disse sorrindo. – Me empolguei um pouco nas compras e acho que te imaginava menor.

- Sem problemas, eu amo bichinhos de pelúcia.

Eu disse, depois pensando que nunca tinha tido nenhum após a morte de minha mãe, antes dela morrer meu quarto era como o quarto de uma princesa da Disney, mas após sua morte, minha vida foi preenchida pelas paredes cinzas do orfanato.

Nossa viagem até a casa de minha tia foi um completo silêncio, não tínhamos assunto, depois da morte de mamãe ela nunca me procurou e eu nada podia fazer para encontrá-la, por vezes até me esquecia que eu tinha uma família, percebi que ela começou a ficar nervosa à medida que dirigia a tensão rondava o ambiente interno do carro prestes a explodir.

- Algum problema, tia?

Perguntei percebendo que seus dedos não paravam de bater contra o volante.

- Então... Eu não comentei antes porque fiquei com medo que desistisse de se mudar, mas há algo que precisa saber sobre minha casa e eu espero que possa compreender da melhor forma possível.

Eu ergui a sobrancelha em silêncio.

- Que seria?

Ela parou o carro e olhou para mim, seus olhos verdes estavam angustiados de preocupação, aquilo me deixou alerta.

- Eu meio que moro no meu trabalho.

- É empregada doméstica? – Pensei, pensando que morar nesse sentido era viver na mesma casa que os patrões.

Ela sorriu.

- Não, não nada disso... – Sorriu parecendo mais aliviada. – Sou contadora de uma reserva ambiental, meu patrão o Billy, é um homem muito ocupado e eu o ajudo com a contabilidade, porém para facilitar as coisas acabei comprando e construindo uma casa em um terreno lateral a sede da reserva.

- E qual o problema então?

Ela mordiscou o lábio.

- Bom... A casa meio que... Que fica na reserva.

- Você já disse isso.

- Eu sei, o que eu quero dizer é que a casa fica no meio da reserva Alicia, é uma casa isolada de tudo, em meio à floresta.

Eu devo ter piscado várias vezes, ficando bastante surpresa com aquela informação, as roupas de minha tia não condizem com as roupas de alguém que gostava de se isolar do mundo ou se esconder em uma mata, porém eu estava diante da própria "Jane" do Tarzan.

- Uau...

- Espero que não haja problema para você, caso não goste, eu posso falar com o Billy e você fica na casa dele até eu encontrar um lugar melhor e...

Viver no meio de uma floresta, podendo ouvir o canto dos pássaros e sentir o cheiro verde das árvores? Aquilo era incrível! Explodi empolgada demais!

- Não! Isso é fantástico! Meu Deus! Vou adorar conhecer sua casa!

- Tem certeza? Ela não é muito jovem, nem tecnológica, ou...

- Tia, eu vou amar viver com você na sua casa, sério mesmo, não se preocupe com isso.

Minha tia soltou um sorriso animado.

- Estou aliviada com essa resposta, quando vi que era uma adolescente fiquei nervosa, achei que odiaria viver longe da cidade, Toronto é muito agitado, porém na reserva não costuma ter muitas festas.

- Eu nunca fui a uma festa tia, acredite, eu me sentiria um peixe fora d'água, até porque não sou muito sociável.

- Nem pensar! Não quero que se prive de nada por causa de onde iremos viver, se for necessário fazer alguns quilômetros para te levar em uma balada e te esperar do lado de fora eu farei! Mas você terá uma vida normal de adolescente!

- Tia, não precisa, é sério...

Eu sorri sem graça.

- Não se isole Alicia, você irá para a melhor escola de Toronto, fará muitos amigos e isso irá movimentar tudo, quero que se abra para o mundo e não se esconda dele, já ficou muito tempo isolada dentro daquele orfanato, agora me diga, já pensou no que irá estudar? O que pretende fazer?

- Como assim?

- Vestibular Alicia! Ves-ti-bu-lar! – Ela falou pausadamente e visivelmente animada com isso, eu murchei, não tinha pensado nisso e nem pretendia pensar, fazer faculdade não estava nos meus planos.

- Não sei... Hã... Filosofia, teologia talvez, é...

- Isso não são cursos voltados à formação religiosa?

- É, na verdade, eu pensei que eu poderia seguir nesse caminho e me tornar...

- Freira? – Ela berrou parecendo assustada.

- É uma ideia.

Ela tentou não surtar, porém seus olhos e expressões diziam o contrário.

- Alicia, escute... Eu sei que você foi criada em um orfanato religioso e que até então todas suas opções circularam por esse caminho, porém não me entenda mal, mas eu queria que se desse a oportunidade de ver mais além.

Minha tia falava como a Madre Thereza.

- Tudo bem. – Sorri. - Vou pensar em algo e te falo.

- Ótimo!

Ela sorriu bem mais animada que até levantou o volume do som do carro e acelerou, agora depois de dizer tudo que tinha vontade ela estava mais leve e agitada, como se tivesse tirado um peso das costas. Tranquila que até cantou pelo caminho e me obrigou a cantar, é claro, descobri que minha tia apesar da idade, parecia ser muito mais nova que eu, ela era uma bela adolescente de quarenta e tantos anos e eu uma velha de quinze para dezesseis anos.

            
            

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