Alicia e o Condenado
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Capítulo 4 4º capítulo

Quando o dia amanheceu encontrei minha tia desesperada na cozinha, pelo que percebi ela tentou fazer um café da manhã especial para mim, porém eu estava descobrindo que minha tia era uma péssima cozinheira.

- Fogo! Fogo! Está pegando fogo!

Disse ela passando por mim correndo com uma frigideira em chamas, abriu a porta da frente e a jogou no pátio, eu tentei ver aquela situação com seriedade, a casa poderia estar em chamas, porém não pude conter o riso descontrolado, lágrimas escorriam dos meus olhos de tanto rir.

- Esse era nosso café da manhã. – Ela disse triste e com a voz espichada, parecia cansada, devia ter levantado cedo para fazer aquilo, e o "aquilo", agora estava enfeitando o jardim.

- Tudo bem tia, eu nunca tive costume de tomar café da manhã mesmo, uma xícara de café está bom!

- Nem pensar! – Ela disse séria. – Que tal se tomarmos café na sede da reserva? Assim já lhe apresento Sophia, já que irão para a escola juntas.

Dei de ombros, para mim era irrelevante.

- Pode ser.

- Ótimo, então troque de roupas e vamos lá!

Ela já parecia mais animada, entrou sorridente para dentro de casa que ainda estava coberta de fumaça. Eu admirei a frigideira agora apagada no meio do jardim e sorri, nesse instante meus olhos se levantaram em direção às árvores e um vulto me chamou a atenção, não consegui identificar o que era, pessoa ou animal, mas pude ter a certeza de estar sendo observada.

- Tem alguém aí?

A resposta das árvores foi o silêncio, um vento gelado soprou fazendo com que eu me arrepiasse e decidi entrar, porém ainda dei uma segunda olhada para trás sem sucesso, fosse o que fosse que estava lá, já não estava mais.

Busquei em meio as minhas roupas alguma delas que não falasse sobre mim, porém todas que eu tinha eram velhos uniformes do orfanato, assim que terminei de pentear os cabelos encontrei minha tia no corredor, ela me olhou de cima a baixo.

- Definitivamente temos que fazer compras.

- Que isso tia, não precisa, não quero que gaste comigo.

- Não farei mais que a minha obrigação, já que depois que sua mãe morreu me tornei a guardiã dos seus direitos, seu dinheiro está lá no banco, guardado e intacto.

- Eu tenho dinheiro?

- É claro! Não pensou que sua mãe e seu pai a tinham deixado sem nada, pensou?

Eu apenas sorri, saber que eu tinha alguma coisa deles já era o suficiente, não pelo valor em si, mas pelo significado que aquele algo tinha dentro de mim, eu não estava mais sozinha e desamparada, tudo ficaria bem de agora em diante.

Minha tia dirigiu em silêncio até a sede, assim que ela passou pelos portões grandes onde podia se ler "Reserva dos Bill" eu vi uma casa imensa de paredes brancas ganhar minha visão.

Logo uma garota ruiva espiou de uma janela e segundos depois abriu a porta e veio correndo ao encontro de Helena, eu ainda esperava no carro sem saber ao certo o que fazer.

A garota parecia um pouco frágil, tinha a pele muito branca, quase translúcida na verdade, era extremamente magra, como se estivesse doente e tinha um grande sorriso, ela olhou para o carro me observando e ouvi ela perguntar a Helena.

- É ela? Essa é sua sobrinha?

Minha tia olhou para o carro fazendo um sinal para mim e eu resolvi descer, abri a porta e sorri para ela ainda um pouco sem graça, eu não sabia como fazer amigos.

- Sou Alicia, tudo bem?

Ela abriu um grande sorriso e veio até mim me segurando pelos ombros e me abraçando com força, a garota frágil não era assim tão frágil Sophia tinha muita força naqueles braços.

- Meu nome é Sophia, seja muito bem-vinda! – Ela sorriu de forma simpática. – Quer conhecer meu quarto?

Ela não esperou por uma resposta, me segurou pela mão e foi me puxando para dentro da casa, eu olhei para Helena suplicando por socorro, porém ela apenas abafou o riso e ignorou minhas súplicas.

Durante todo o caminho Sophia não largou minha mão, e não parou de falar um sequer segundo, às vezes eu olhava assustada para ela me perguntando se ela realmente conseguia respirar em meio a tanta conversação.

O quarto de Sophia parecia o quarto de uma princesa da Disney, tinha muito rosa, muitos unicórnios e muitas fotografias, muitas mesmo, a maioria dela e do pai.

- Ajudei Helena a escolher sua roupa de cama, ela disse que você era uma criança, acho que ela errou um pouco na sua idade.

- Acho que Helena não viu o tempo passar, fiquei oito anos no orfanato, já tenho quinze.

- Tem a mesma idade que eu. – Ela sorriu. – Acho que seremos colegas, você gostava de estudar no orfanato?

- Gostava, me dava bem com as freiras.

- Foi adotada alguma vez?

- Não, a fila de adoção nunca se abriu para mim, eu via meus amigos e colegas saírem e voltarem, mas eu sempre fiquei por lá.

Sophia pareceu ficar triste, porém eu dei de ombros.

- Está tudo bem, eu nunca fui muito apegada a isso.

- Sente saudades dos seus pais?

- Não me lembro do meu pai, quando ele morreu eu era muito pequena, mas lembro todos os dias da minha mãe, as pessoas dizem que com o tempo a dor diminui, eu discordo, eu acho que você se acostuma com ela, o que não significa que ela não esteja viva dentro de você.

Ela sorriu tristemente.

- Também perdi minha mãe, eu nasci prematura e minha mãe não resistiu ao parto, mas eu tenho o meu pai, ele sempre fez tudo por mim, acho que ele tenta fazer o máximo para compensar a falta dela, porém sinto falta de ter uma voz feminina, então me apeguei muito a Helena, espero que não se importe de dividir ela comigo.

Eu sorri.

- Não, nenhum pouco, acredito que ela dá conta de nós duas.

Eu fiquei toda manhã na casa dos Bill, Sophia não me deixou só um sequer minuto. A casa dos Bill era enorme e eu poderia me perder facilmente dentro dela, era bom tê-la por perto.

- Vai vir no meu aniversário, não é?

Ela disse em um dado momento, eu parei sem saber o que responder.

- Não sei, quando é?

- No sábado! Helena não te falou?

- Não tivemos muito tempo para conversar.

- Tudo bem, é algo simples, não precisa se preocupar com presente ou qualquer outra coisa, mas venha, por favor, vai ser muito legal!

Eu sorri sem dar resposta, Sophia parecia ter muitos amigos, era falante divertida e animada, o tipo de pessoa popular, eu não era nada disso, algo me dizia que eu me sentiria um peixe fora d'água, sem falar que eu não tinha roupa para sair. Durante a viagem de volta fiquei em silêncio, Helena percebeu.

- O que foi? Não gostou da Sophia?

- Não, não é isso, ela é legal.

- Então o que há? Está tão calada.

- Como são as festas na casa dos Bill?

- As festas? São muito divertidas e animadas, sempre muitas pessoas, Billy é um comediante nato!

Ela riu animada, era nítido o amor que sentia por ele.

- E as festas de Sophia?

Ela ficou em silêncio por um tempo e então percebeu do que se tratava.

- Entendi, ela lhe convidou para o aniversário dela, não é? E está preocupada com a possibilidade de não se sentir confortável já que não conhece ninguém.

- Exato, como viu hoje, não sou boa em fazer amizades.

Ela sorriu.

- Isso é normal Alicia, você nunca teve oportunidade de conhecer gente da sua idade ou de conviver com pessoas por muito tempo, o orfanato é um vai e vêm tumultuado de rostos, fazer amigos é complicado, mas não se preocupe com isso tenho certeza que logo perderá a sua timidez e encontrará uma forma de se relacionar com as pessoas. Quanto à festa de Sophia, temos que comprar roupas para você, que tal irmos à cidade amanhã de tarde? Posso sair mais cedo do serviço e te buscar em casa.

- Pode ser, porém terá que escolher você o presente de Sophia, não faço ideia do que ela pode gostar de ganhar.

- Tudo bem, mas não a deixe saber disso.

Sorrimos uma para outra como cúmplices de um crime perfeito, a convivência com minha tia parecia que seria muito mais divertida do que eu tinha imaginado.

            
            

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