Sebastian - Coração de homem, alma de lobo
img img Sebastian - Coração de homem, alma de lobo img Capítulo 1 Sob a Luz da Lua
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Capítulo 6 Verdades nas Sombras img
Capítulo 7 A Verdade nas Sombras img
Capítulo 8 A Busca pelo Livro Proibido img
Capítulo 9 Sob a Luz do Amanhecer img
Capítulo 10 Ecos do Passado img
Capítulo 11 O Sussurro nas Sombras img
Capítulo 12 O Segredo de Sebastian img
Capítulo 13 Os Segredos do Grimório img
Capítulo 14 Páginas do Passado img
Capítulo 15 A Véspera do Eclipse img
Capítulo 16 O Eclipse img
Capítulo 17 O Sacrifício do Amor img
Capítulo 18 Sombras do Passado img
Capítulo 19 Distância por Amor img
Capítulo 20 Revelações Sombrias img
Capítulo 21 Ecos do Passado img
Capítulo 22 O preço do amor img
Capítulo 23 Entre o Amor e a Fome img
Capítulo 24 O Caminho para o Norte img
Capítulo 25 Vale da Lua img
Capítulo 26 Nas Sombras da Tempestade img
Capítulo 27 O Caminho das Provações img
Capítulo 28 A Segunda Provação img
Capítulo 29 Alianças Perigosas img
Capítulo 30 Caminhos Sombrios img
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Sebastian - Coração de homem, alma de lobo

Maria Clara Castro
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Capítulo 1 Sob a Luz da Lua

A noite cai sobre Londres com um véu denso de neblina. As luzes dos postes se espalham como estrelas trêmulas pelo asfalto molhado. Chloe Martin ajusta o sobretudo sobre os ombros e aperta o passo, sentindo o frio perfurar suas botas. A noite na galeria foi longa; o evento de inauguração da nova exposição atraiu uma multidão insaciável por arte e champanhe barato.

Sebastian D'Arganville observa de longe. Sentado no banco traseiro de seu SUV preto, o vidro escuro o mantém invisível enquanto seus olhos afiados seguem cada movimento de Chloe. Seus dedos, envoltos em luvas de couro, apertam a bengala de ébano que descansa entre os joelhos. Ele prometeu a si mesmo que esta seria a última vez que a seguiria, que se manteria afastado. Mas a promessa se dissolve toda vez que a vê.

Chloe caminha pela rua quase deserta, seus saltos ecoando contra os prédios silenciosos. Ela está absorta em pensamentos sobre os convidados, sobre as críticas positivas, sobre o diretor da galeria que mal reconheceu seu esforço. Porém, uma sensação estranha serpenteia por sua espinha, como um sussurro abafado dizendo que não está sozinha.

Sebastian percebe antes dela. Três vultos emergem de um beco escuro, movimentos rápidos e certeiros. Ele conhece aquele tipo de espreita: predadores que farejam presas vulneráveis. Seu coração acelera, e algo começa a se agitar sob sua pele. Ele fecha os olhos por um segundo, respirando fundo.

"Não", murmura para si mesmo.

Mas é tarde demais.

- Ei, mocinha! - Uma voz rouca e agressiva corta o silêncio.

Chloe congela. Os três homens a cercam rapidamente, seus rostos escondidos sob capuzes e sombras.

- Só queremos sua bolsa - diz outro, um sorriso torto reluzindo sob a luz fraca.

Ela engole em seco, dando um passo para trás.

- Eu... eu não tenho muito dinheiro...

Sebastian sai do carro. Seus sapatos de couro ecoam contra o concreto enquanto ele atravessa a rua. A transformação pulsa em suas veias, faminta. Seus olhos começam a arder, um brilho amarelado ameaçando romper sua máscara humana.

Um dos homens agarra o braço de Chloe com força. Ela solta um grito abafado.

- Solte ela. - A voz de Sebastian ressoa grave, quase um rosnado.

Os homens se viram, confusos. Sebastian está parado na entrada do beco, a luz das lâmpadas iluminando apenas metade de seu rosto, frio, esculpido em pedra.

- Quem diabos é você? - rosna o líder do grupo.

Sebastian não responde. Ele dá mais um passo à frente, e então algo nele... quebra.

Seu terno e sua camisa se rasgam, quando os músculos se expandem e a fera termina de arrancar o que sobrou das roupas agora inúteis. O som de ossos estalando ecoa como tiros abafados. A pele se estica, os pelos escuros surgem como sombras líquidas sobre sua carne. Seus olhos se abrem, amarelos, ferozes, brilhantes. A imagem é imponente com traços intensos e selvagens. Ele possui feições marcantes: sobrancelhas grossas e franzidas, olhos penetrantes de cor amarela fosforescente, nariz forte e bem definido, e lábios cerrados em uma expressão séria e feroz. Seu rosto é coberto por barba densa, que se estende pelas laterais do rosto e queixo, conferindo um ar mais bruto e animalesco. As orelhas têm formato pontiagudo, lembrando características de um lobo ou outra criatura selvagem.

Seu cabelo é volumoso, desgrenhado e selvagem, com fios espetados para cima, reforçando sua aparência bestial. A pele é bronzeada e marcada por músculos extremamente definidos no peitoral, ombros e braços, destacando sua força física impressionante.

Chloe cai para trás, os olhos arregalados. Ela mal consegue respirar.

O monstro avança.

Os homens gritam, mas não têm chance. Um deles é lançado contra a parede com um movimento da pata de Arthur. Outro tenta correr, mas é agarrado pelo colarinho e arremessado no chão. O terceiro cai de joelhos, implorando, mas os dentes afiados se aproximam de seu rosto antes que ele possa dizer qualquer coisa.

A batalha termina tão rápido quanto começou. Apenas o som da respiração pesada de Chloe e os grunhidos da besta permanecem no ar.

A criatura se vira lentamente, seu peito arfando, os olhos dourados brilhando no escuro. Chloe permanece encostada na parede, os dedos trêmulos apertando o casaco contra o corpo. Ela sabe que deveria correr, gritar... mas não consegue.

A criatura dá um passo para trás. A transformação começa a regredir: os músculos diminuem, o corpo se retrai, os pelos desaparecem sob a pele humana. Sebastian recupera sua forma, embora sua respiração ainda esteja pesada, animalesca.

Ele se vira para ir embora.

- Hey... - A voz de Chloe sai trêmula, quase inaudível.

Sebastian congela. Seu coração martela no peito, cada batida ecoando como um trovão nos tímpanos. Ele não ousa olhar para trás.

- Obrigada... - sussurra ela.

Por um instante que parece uma eternidade, Sebastian permanece imóvel. O vento frio carrega o perfume suave de Chloe até ele, deixando-o excitado, torturado, e isso o faz cerrar os olhos com força.

Então, ele desaparece.

Chloe fica ali, sozinha, tentando convencer a si mesma de que aquilo não aconteceu. Que não viu olhos amarelos. Que não sentiu o cheiro de sangue e pólvora misturados à noite úmida.

Sebastian corre pelas ruas vazias até chegar ao SUV. Ele se joga no banco traseiro, o peito ainda subindo e descendo de forma frenética. Seu motorista não diz nada, apenas acelera.

- Ela... - Sebastian sussurra, passando a mão pelo rosto, os olhos fechados. - Ela me viu.

Do outro lado da cidade, Chloe volta para seu pequeno apartamento, trancando todas as portas e janelas. Mas nada pode protegê-la do que agora reside em sua mente: o brilho daqueles olhos, o som dos rosnados, e a inexplicável sensação de que, de alguma forma, ela conhecia aquele estranho.

Na escuridão de seu quarto, Sebastian encara seu reflexo no espelho. Seus olhos, ainda ligeiramente dourados, brilham sob a penumbra.

- Não posso mais protegê-la à distância... - murmura ele. - Mas também não deveria me aproximar.

A lua cheia desaparece por trás das nuvens, e Sebastian sabe que o destino que tentou evitar por séculos está finalmente se aproximando dele e de Chloe. Mais uma vez.

            
            

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