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Um dia depois da descoberta...
Catherine Sanches nunca imaginou que se sentiria triste. As coisas não estavam saindo do jeito que ela planejou. Primeiro: na sua vida passada, tudo que fazia e queria, ela conseguia facilmente. Por exemplo: quando foi a Paris e viu um conjunto de jaqueta e calça numa vitrine, seus olhos namoraram e seus bolsos esvaziaram.
Era um conjunto roxo clarinho e ficou perfeito no seu corpo. Mesmo custando muitos zeros, seus pais lhe deram de presente.
Então, por que, nesse tempo antigo, como índia, ela não estava conseguindo a única coisa que exigia méritos? Essa era uma simples conquista da amizade do seu pajé?
Depois que Kaluanã descobriu sobre sua Transmigração, ele passou a olhá-la e julgá-la como louca. Isso deixava Catherine sem jeito. Porém, com essa descoberta, ela finalmente pode ser ela mesma. A mimadinha do Rio de Janeiro.
Aquela garota que não sabe nada sobre os costumes do seu povo. Agora era noite e o céu brilhava com suas estrelas, mas debaixo dele os índios masculinos cantavam e dançavam enquanto tocavam seus instrumentos.
Catherine olhava tudo e franzia a sobrancelha tentando entender qual oferenda eles estavam fazendo. Seus olhos desviaram-se dos índios e seguiram até Kaluanã, que estava do outro lado, parado e também observando, sem afastar sua expressão séria.
Ela coçou a cabeça e calmamente se aproximou, ficando ao lado do seu pajé.
- O que eles estão fazendo? - Perguntou, mas Kaluanã não respondeu. A garota olhou para o homem ao seu lado e segurou o braço forte dele, da cor chocolate. - Ei... não me ignore!
Kaluanã afastou o braço e bufou, preferindo não responder. Aiyra demonstrou um bico e voltou sua atenção aos índios que dançavam num círculo em volta de uma fogueira. Mas então, as meninas se aproximaram, balançando suas saias e se juntaram à roda.
- Você ao menos nem sabe sobre as celebrações. O que está fazendo aqui? - Kaluanã acusou, e Catherine olhou para ele, vendo-o se afastar. Ele saiu de perto dela e seguiu até a mesa de oferenda. Hoje, eles comemoravam o ciclo da vida, algo importante para uma aliança com seu povo, e todos estavam felizes.
Catherine voltou sua atenção à dança dos índios e todos se misturaram, dançando debaixo do céu escuro. As crianças se divertiam. Porém, ela se sentia magoada, afinal, Kaluanã tinha razão.
Kathy nunca teve momentos difíceis em sua vida anterior, mas agora sentia-se um peso e incômodo para seu pajé.
Ela se encontrava distante em seus pensamentos, mas voltou a si quando duas crianças índias, que usavam saias de pano e tintas nos rostos, se aproximaram dela e abraçaram suas coxas.
- Aiyra, vamos dançar? - Anori pulava. Avaré e ele gostavam dessa versão de Aiyra e seus corações vibraram quando ela sorriu para eles.
- Dance conosco - Avaré puxou uma das mãos dela, e Anori puxou a outra, e os três entraram na roda de dança. Catherine não sabia muito bem como seguir os passos de todos, mas fez seu melhor e, em meio à alegria e ao divertimento, ela se esqueceu da aflição que apertava seu coração.
Ao longe, Kaluanã negou com a cabeça. A verdadeira Aiyra nunca se envolveu assim com as crianças. Se essa tal de Catherine realmente quisesse fingir ser a guerreira, ela começou no caminho errado.
Ele ficou observando enquanto ela se divertia e sorria com as crianças pequenas.
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- Algodão... algodãoooo - Aiyra gritou feliz e pulou em meio a uma plantação farta de algodão. Claro... se ela quer uma cama macia, precisa colher vários algodões.
- O que está acontecendo com ela? - Avaré perguntou baixinho para seu melhor amigo, Anori, um menininho fofo com olhos da cor chocolate.
- Aiyra gosta de algodão! - As crianças sorriram uma para a outra. Eles usavam penas coloridas nos braços e seus cabelos negros estavam longos. Ambos tinham sete anos e sempre viveram juntos desde pequenos.
- Vamos colher esses algodões. Vocês podem me ajudar? Depois, prometo contar uma boa história de amor!
Os dois meninos sorriram animados ao ouvirem isso e concordaram com a cabeça. Ultimamente, Aiyra, ou melhor, Catherine, começou a contar histórias e se tornou uma contadora de histórias para todos que visitavam sua oca. Ela contava histórias e recebia itens preciosos para sua casinha.
- Ok... ok...!
As crianças começaram a colher os algodões e os colocaram em uma grande cesta, continuando assim até o sol se pôr. Depois, todos voltaram para a aldeia e seguiram até a oca de Aiyra, onde ela jogou a antiga cama de penas de galinhas e fez uma nova com algodões.
Isso levou uma hora. Anori e Avaré estavam sentados lado a lado, dormindo juntos, e quando ela terminou, eles acordaram com seus gritos.
- Olha... olha... como e stá macia. Finalmente... finalmente!
Aiyra começou a pular e as crianças pularam na cama para verificar se realmente estava bem macia. Os dois também queriam uma para eles.
Enquanto pulava e rodava, Aiyra tombou em um corpo maior que o seu e olhou para Kaluanã.
- O que está acontecendo aqui?
Aiyra ficou quieta, mas Anori comentou inocentemente.
- Aiyra fez uma cama macia. Ela disse que, no tempo em que ela viveu, existem camas bem macias. E ela realmente conseguiu. Olha, pajé, sente-se e experimente.
Kaluanã olhou para a cama e depois para as crianças. Aiyra sentiu dor de cabeça; Anori deveria ter guardado isso para si.
- Voltem, meninos. Deixe-me falar com Aiyra...
- Ok... - Avaré segurou a mão de Anori e o puxou para saírem dali, deixando os dois adultos sozinhos.
Kaluanã voltou sua atenção para Catherine, que estava com o corpo de Aiyra, e bufou.
- Pare de dizer essas coisas... você está parecendo uma louca.
- Eu não sou louca. Eu realmente sou do futuro. Sei de muitas coisas.
Kaluanã parou por um momento e olhou para a cama bordada com as próprias mãos de Aiyra.
- Sente-se. Você vai ver como é macia. - Sorriu a garota, e Kaluanã a olhou friamente.
- Não...
- Vai... tente. Você vai se surpreender! - segurou os antebraços de Kaluanã e tentou puxá-lo.
- Não quero.
Ele não saiu do lugar, mas ela continuou insistindo, tentando puxá-lo.
- Vamos, vamos.
Ela continuava tentando derrubá-lo na cama grande, porém Kaluanã a empurrou, já irritado. Catherine tropeçou, caiu de costas no colchão e agarrou os antebraços do pajé, levando-o consigo sem que ele conseguisse evitar ou se segurar.
Catherine caiu no colchão macio e um corpo pesado caiu em cima dela, fazendo com que os lábios de Kaluanã se aproximassem dos dela. Ele arregalou os olhos, afastou sua boca da boca da garota e a olhou nos olhos chocados.
Catherine sentiu algo pressionando em sua virilha e seus olhos também se arregalaram...
[꒰⑅ᵕ༚ᵕ꒱˖♡ - Parabéns pelo romance... você ganhou vinte pontos...]
Catherine ouviu a voz de Mini e se surpreendeu. Calma... não é isso... isso...
- Desculpa! - Kaluanã se levantou de cima do corpo da garota e se afastou. - Eu... eu vou voltar ao trabalho!
Ele saiu da oca sem olhar para trás. Aiyra continuou deitada na cama, seu rosto corou e seu coração acelerou.
- O que foi isso? - disse ela sozinha depois que Kaluanã foi embora.
[(灬º‿º灬) Seu coração está acelerado. Isso significa amor.]
Aiyra colocou a mão no peito.
- Impossível... deve ser a verdadeira Aiyra...
Tentou justificar. Ela se sentou na cama e olhou para a porta da oca.
[ᕦ(ツ)ᕤ - O coração é seu agora e os sentimentos também são seus.]
Aiyra não falou nada. Ela mal beijava seu antigo namorado e era a primeira vez que seu coração agiu desta forma. O que fazer?
[Porém, seu pajé ainda tem mágoa e você tem que conquistar a amizade dele, se não perderá todos os seus pontos e méritos conquistados!]
Ouviu com atenção e suspirou. Tentando pensar em um meio de se aproximar dele.
- O que eu devo fazer, Mini? Para que Kauã deixe de me odiar...
[(´ε` ) Continue com os beijos...]
Aiyra demonstrou uma careta e quase engasgou.
- Acho melhor começar por mim. Vou me tornar uma nova guerreira para que ele se orgulhe outra vez. Desta forma, ele irá me olhar com carinho. Essa ideia é melhor do que ficar beijando-o e ele me odiar ainda mais.
Mini não disse nada, e Aiyra sorriu. Ela finalmente vai mudar e se tornar útil uma vez na vida.
Porém, naquele momento, apenas se deitou na cama macia e tirou um cochilo. Ah! Catherine Sanches sentia tanta falta disso... Da palavra chamada: conforto!