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- Ei, Mini? - Chamou enquanto se sentia entediada. Aiyra estava deitada numa rede e olhava para o céu azul e com nuvens brancas. - Já estou há mais de um mês aqui, né?
[(≧▽≦) Hoje completa um mês que você foi teletransportada. Como se sente?]
- Estou cansada e com dores pelo corpo. Eu realmente estou dando duro para aprender a viver como uma índia guerreira. Mas... ah... como é difícil! - Ela dizia sozinha. Os índios que passavam ao lado olhavam com expressões confusas. Aiyra enlouqueceu de vez? Agora deu pra falar sozinha.
[Irei ver seu relatório... Primeiro, você subiu numa árvore gigante para recuperar o papagaio de Anori.]
Aiyra sorriu ao lembrar-se desse dia. Realmente, foi engraçado. Afinal, Catherine Sanches, uma menina de cidade grande que nunca escalou árvores, era tão desastrada nessa vida indígena que todas as crianças caíram na gargalhada.
- Pelo menos consegui recuperar a pipa no final. - Murmurou enquanto ouvia a voz de Mini na sua cabeça.
[(. ❛ ᴗ ❛.) Ganhou pontos ao capturar seu primeiro javali filhote...]
Catherine caiu na gargalhada, no final, a mãe javali apareceu e salvou o filhote, colocando a garota guerreira para correr.
Realmente, aconteceram muitas coisas desde que Kaluanã descobriu sobre sua Transmigração. No início, ele achou que fosse uma loucura, mas com o passar dos dias, acabou realmente acreditando na garota da cidade. Afinal, é impossível existir uma guerreira tão burra como essa.
Porém, infelizmente, Kaluanã se afastou de Catherine, tornando-se frio e distante. Essa indiferença apertava o coração da garota, outras vezes a deixava furiosa, e ela o xingava com palavras em francês.
Kaluanã não entendia nada, mas sabia que estava sendo xingado rudemente. Porém, como não se sentir magoado quando a sua amiga Aiyra morreu? Quando outra pessoa estava usando seu corpo, uma garota totalmente oposta a si?
Ainda mais quando essa garota com nome de Catherine o provocava em outra língua? Ele realmente se sentia frustrado e irritado, pois não conhecia a índole da "hóspede" que ocupava o corpo da índia.
Porém, isso serviu para algo. Catherine percebeu finalmente o valor que a verdadeira Aiyra tinha no coração de Kaluanã e, desde então, tem tentado retribuir de alguma forma e conquistá-lo.
[Aqui também mostra que finalmente aprendeu a andar de cavalo...]
- Ow... sim, Kaluanã teve paciência e me ensinou. Hoje ando sozinha sem medo.
Sorrindo, Aiyra continuava deitada na rede, pensando em seu pajé. Mesmo que ele tenha se tornado um pouco frio e rude, no final, Kaluanã decidiu não contar a ninguém sobre a "transmigração" e permitiu que Catherine permanecesse na tribo. Isso a deixou feliz, e ela quis retribuir o favor de alguma forma. Pensando bem... no final, sua retribuição realmente deu frutos.
[(◔‿◔) Porém, você ganhou vinte pontos quando cozinhou para seu pajé.]
Essa foi sua retribuição. Ela preparou algo do seu jeito para Kaluanã, apesar de Catherine nunca ter mexido em um fogão a lenha e sua comida ter saído horrível. Mesmo assim, ela ganhou pontos, pois, diante disso, seu pajé se aproximou mais um pouco dela, deixando um pouco de amargura de lado.
- Tem mais? Aquela vez em que lutei com peixes ferozes no rio? E, após dias, finalmente consegui capturar um lambari pequeno. Ah! Isso me deixou tão feliz... me senti orgulhosa de mim, pena que Kauã me ignorou...
Ela suspirou e sorriu mesmo assim, olhando para o céu.
- Também ganhei bastantes pontos e méritos! - Seus olhos pesaram e ela adormeceu enquanto ouvia Mini responder com animação.
⇜⇝
Dois dias depois...
- Segure firme e solte! - Kaluanã observava cada movimento. Aiyra e ele estavam numa floresta e a índia do Taubaté aprendia o aratazeiro e lançava nos troncos das árvores. Catherine tentava agir como seu pajé e se sentia feliz quando começou a pegar o jeito. [NT: aratazeiro é um arco e flechas feito com os galhos firmes das árvores.]
- Fiz certo, pajé? - Olhou para ele e sorriu sapeca. Querendo ouvir palavras de incentivo, porém...
- Você pode melhorar.
Ela fechou a cara e voltou sua atenção ao arco para melhorar cada vez mais.
- Se eu acertar o ponto preto no tronco, irei cozinhar novamente para você...
Disse ela, Kaluanã engoliu em seco, ele não tinha boas lembranças com a comida dessa índia.
- Pare de dizer bobagens.
- Só veja...
Ela fechou um olho e mirou bem no pontinho preto antes de soltar a corda. A flecha voou em alta velocidade e, por um milagre, furou exatamente o alvo. Aiyra começou a pular em comemoração, enquanto Kaluanã se surpreendeu com a precisão de Catherine.
Contudo, Catherine sentiu um orgulho imenso de si mesma, sabendo que poderia se considerar uma verdadeira guerreira capaz de defender seu povo. Desde que começou a treinar aratazeiro e a andar a cavalo, sua imaginação parecia fluir livremente, tornando-se uma verdadeira fanfiqueira em seus devaneios.
Agora, ela se via ao lado de seu pajé, ajudando-o com os afazeres da tribo, ambos tornando-se guerreiros e companheiros inseparáveis. Percebendo que Kaluanã estava mais bonito e atraente do que nunca, Catherine começou a observá-lo com mais atenção nas últimas semanas, admirando suas qualidades.
Kaluanã demonstrava cuidado com todos, sempre em busca de alimento para alimentar a tribo, sorria para as crianças, auxiliava os idosos e mantinha uma rotina de exercícios diários. Sua dedicação e generosidade com o povo da tribo não passavam despercebidas aos olhos atentos de Catherine.
Sentindo uma sensação calorosa no peito, Catherine percebeu que seu passatempo favorito de observar Kaluanã tornara-se um hábito constante. Contudo, a indiferença demonstrada por Kaluanã começou a incomodá-la, despertando sentimentos confusos em seu coração.
- Irei preparar algo gostoso... vamos - ela segurou a mão do rapaz, o deixando chocado. Antes que pudesse puxá-lo, a voz de Mini em sua cabeça a fez travar.
[A grande missão está prestes a se iniciar...]
- O quê?
Ela murmurou para si mesma, enquanto Kaluanã a olhava.
- Disse algo?
[(~_~;) Tribos inimigas estão invadindo a aldeia. Na trama principal, Kaluanã e Aiyra juntaram forças para proteger seu povo. Agora é você quem irá ajudá-lo. Diante disso, seus méritos serão grandes e esse tempo será seu lar fixo. Boa sorte!]
Catherine sabia que esse dia chegaria, mas agora que finalmente chegou, por que seu corpo está tremendo assim? Ela achava que estava preparada para enfrentar os inimigos, mas... o medo dominou seu coração. Afinal, nunca em toda sua vida esteve numa situação como essa, onde teria que lutar com inimigos para salvar seu povo.
- Espere! - Disse Kaluanã e olhou na direção de sua aldeia, onde, bem longe, avistou fumaça preta e sentiu o cheiro de queimada no ar. - Alguma coisa está errada!
Ele soltou-se da mão da índia e começou a andar um pouco mais rápido. Catherine viu seu pajé se afastar e suas pernas tremerem, relutantes em obedecer, mas essa era a sua missão; se não a cumprisse, perderia seu corpo e morreria de verdade.
Aiyra suspirou profundamente, pegou suas flechas e segurou o arco com força. Ao reunir coragem, ela saiu correndo para alcançar os passos rápidos de seu pajé.
Catherine Sanches sentiu a adrenalina, ciente de que em sua vida anterior, se algo assim acontecesse em sua casa, como uma invasão, seus guardas tomariam conta da situação e seriam os heróis. No entanto, aqui... a heroína desta história é ela...
Ela sabia que não havia volta, então preferiu ser otimista e um pouco de coragem invadiu seu coração. Aiyra é Catherine Sanches e ela não falhará em sua missão de salvar seu povo.
Aiyra conseguiu alcançar Kaluanã e os dois observaram ocas em chamas. Tudo parecia uma guerra e índios contra índios inimigos lutavam. No cenário, havia mortes, sangue, gritos e choros. Isso partiu o coração da índia da cidade grande.
- O que vamos fazer? - Aiyra perguntou com o coração aflito. Kaluanã olhou para ela e ordenou:
- Se esconda e salve sua vida!
Então, ele começou a lutar com os índios inimigos. Agora ele estava ocupado enquanto protegia seu povo.
- Não... eu quero ajudar! - Mesmo com medo e sabendo que precisava cumprir essa missão para permanecer no corpo, Aiyra sentiu as lágrimas invadirem seus olhos. No final, ela realmente queria ajudar de alguma forma e acabar com isso de uma vez.
Aiyra olhava ao redor e viu um inimigo agredindo um senhor de idade que era da sua tribo. Ela pegou uma flecha, apontou o arco na direção daquele homem adversário e atirou... A flecha cravou bem no seu peito, fazendo-o cair no chão em agonia, enquanto o senhor agradeceu à índia guerreira e saiu mancando para se esconder.
Ow... ela atirou em alguém... isso... isso nunca aconteceu antes... Aiyra estava eufórica.
- Cuidado! - Kaluanã gritou. Aiyra não viu que atrás dela se aproximava outro inimigo, um homem forte e alto que pretendia matá-la. Kaluanã foi mais rápido e lançou seu longo pau, que voou ao lado do pescoço de Catherine e cravou no peito do inimigo, atravessando-o.
Aiyra olhou para o inimigo atrás de si e se assustou com a cena de sangue... muito sangue...
Uma cena horrível. O pânico se instalou em seu corpo e ela olhou ao redor, onde via duas tribos lutando. Merda! Merda! Merda! Ela precisava se concentrar, mas na realidade, Catherine era uma patricinha que não estava acostumada com situações complicadas. E ali estava ela, atacando alguém. Isso...
Seu surto não durou muito, pois ouviu gritos de crianças e entre elas estavam seus dois amiguinhos, Anori e Avaré. Aiyra se desesperou.
- Oh, não...
Ela deixou Kaluanã para trás e correu entre os índios, aproximando-se das crianças e posicionando-se em frente a eles como um arco.
- Aiyra... estou com medo! - Anori chorava, abraçando Avaré.
- Eu os protegerei, ninguém irá machucá-los.
Eles estavam encostados na parede de um poço, e Aiyra começou a lançar flechas contra aqueles que ousavam atacar, porém, logo ela ficou sem mais flechas e agarrou um longo pau pontiagudo e afiado.
Seu coração batia forte no peito, mas ela precisava proteger as crianças. Permanecia de pé, em guarda, com seus cabelos longos e negros soltos. Naquele dia, Aiyra estava pintada de vermelho no rosto e tentava se acostumar com os trajes culturais dos índios. Se soubesse que aquele era o dia da grande batalha, teria vestido calças.
Enquanto isso, Kaluanã lutava com vários inimigos ao mesmo tempo, estava se saindo bem, mas um deles conseguiu apunhalá-lo nas costelas com uma arma afiada. Mesmo ferido, ele não recuou e derrotou um por um, enquanto sua ferida sangrava.
Aiyra estava ocupada também, apontando sua lança para todos que se aproximavam das crianças. No entanto, entre eles, um índio muito alto parou na sua frente. Ele usava trajes diferentes dos demais e falava um idioma que ela não conhecia.
- Se afaste! - Gritou ela, porém, o inimigo, que parecia um pajé, apenas sorriu amarelo.
- Ah! Você é muito bonita! - Ele disse enrolado, porém, ela entendeu e bufou.
- Se afaste, senão vou atacar!
Aiyra continuava a defender as crianças e o inimigo não sentiu medo; ele avançou e ela o atacou, mas o inimigo era forte, facilmente derrubou sua lança e a agarrou pelo pescoço.
- Aiyra! - As crianças gritaram e tentaram ajudá-la, mas o inimigo bateu neles.
Aiyra estava sem fôlego, porém não conseguiu ficar quieta diante disso e começou a lutar como uma pessoa do seu tempo; essas eram unhas e cabelos. Ela pulou no chefe da tribo inimiga e agarrou seus cabelos sujos, fazendo os dois caírem no chão.
O pajé inimigo ficou chocado; afinal, o que essa mulher estava fazendo? Ela mordeu seu braço com força e ele gritou. O índio agarrou-a e jogou longe, deixando Aiyra tonta, mas ela não desistiu de proteger suas crianças.
Aiyra recuperou sua lança jogada no chão e avançou no inimigo, porém ele segurou a lança com uma única mão e a jogou longe novamente, fazendo o corpo da garota chocar com a parede do poço.
- Aiyra... Aiyra! - As crianças correram até ela e a abraçaram.
- Afastem-se. Vocês precisam se proteger. - Com a força que lhe restava, ela se afastou das crianças e avançou novamente contra o inimigo, tornando-se um saco de pancadas.
Kaluanã observou a situação e segurou sua lança com firmeza, caminhando e tropeçando até Aiyra e as crianças, esperando pelo momento certo para atacar!
Aiyra também estava machucada, mas estava determinada a lutar até o fim, mesmo que isso significasse a própria morte. Diante disso, a garota percebeu o verdadeiro sentido da vida. Onde não tem graça quando você não luta por aqueles que ama. Isso a fez sorrir com determinação e ela buscou uma lança no chão.
A garota estava atordoada, porém, segurou a lança com força e avançou contra o inimigo. No entanto, ao tropeçar, o pedaço do pau que segurava foi usado como apoio e o enfiou na barriga do chefe inimigo. Embora tenha sido fácil matar o adversário num tropeço, atrás do índio estava Kaluanã, que aproveitou o momento de distração para cortar-lhe a cabeça.
Aiyra, que havia tropeçado nos próprios pés e enfiado sua lança na barriga do inimigo, caiu em cima dele e olhou para onde deveria estar sua cabeça, mas ela não estava lá, o que a fez gritar de pavor.
Toda essa situação era extremamente bizarra, mas o que não era bizarro na vida de Catherine? Em agonia, ela afastou-se, atordoada, e vomitou um bocado de sangue. Sua mente vagava para longe. Enquanto estava atordoada, todos os índios inimigos pararam de atacar e viram seu pajé morto no chão, sem a cabeça.
No final, matar seu próprio pajé era como perder a luta, e todos recuaram. Rapidamente, pegaram o corpo, a cabeça e partiram dali, encerrando a invasão. Muitos morreram, mas a maioria sobreviveu, e nenhuma criança saiu ferida.
Catherine vomitava e sentia dor. Seu corpo tremia e ela se assustou com a voz em sua cabeça dizendo:
[٩(♡ε♡ )۶ Parabéns! Você concluiu a sua missão. Que você seja feliz nesse seu novo corpo! Foi bom te servir por esse único mês. A partir daqui, te deixo. Bye, bye!]
Aiyra sorriu vermelho, sentiu suas pernas bambas e, em seguida, a escuridão invadiu seus olhos. Ela desmaiou, mas teve sorte de ajudar seu povo. Porém, sabia que precisava treinar mais um pouco, já que não foi tão guerreira assim, ao contrário, ela se tornou um saco de pancada, mas de repente, tudo fugiu da sua mente e ela desmaiou.
...
Ao abrir os olhos, a imagem de um teto escuro foi a primeira coisa que viu. Rapidamente, a garota sentou-se e percebeu que estava na sua oca. No final, nada disso era um sonho. Essa é a sua realidade... essa vida de índia do Taubaté é sua.
- Você está bem? - Uma voz masculina invadiu seus ouvidos e Aiyra olhou para o seu lado direito. Um sorriso se formou em seus lábios ao ver Kaluanã. - Que bom que acordou. Você dormiu por dois dias inteiros...
- Eu precisava disso!
Foi a única coisa que disse entre o sorriso, antes de abraçar seu pajé. Isso o surpreendeu mais do que o normal.
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Kaluanã sabe que algo mudou. Não são seus sentimentos... bem! Ele estaria mentindo se dissesse que não gosta dessa Catherine, mas o que mudou foi a própria garota.
Lembram-se quando ela chegou há dois meses?
Catherine Sanches não sabia de nada e odiava quase tudo que envolvesse o costume dos índios, mas agora ela se tornou uma deles. Agora, Aiyra é uma guerreira à sua maneira.
Aiyra parece brilhante e bonita. Foi isso que Kaluanã pensou.
- Devo estar doido - falou consigo mesmo, adquirindo a loucura de Catherine.
- Somos um casal de doidos!
Aiyra sorriu, e Kaluanã a encarou sem entender.
- Casal?
Aiyra parou um pouco.
- Ah... desculpa! É que eu gosto de você e estou adquirindo um mau costume.
Os dois bordavam longos cestos e as crianças ao redor sorriram com o assunto.
- Nosso pajé vai ter finalmente uma companheira! - Dizia Anori para Avaré baixinho, mesmo assim Kaluanã ouviu e olhou para eles.
- Até as crianças sabem. Só você não percebeu que eu sou seu destino.
Aiyra também se fez de desentendida enquanto provocava seu pajé. Kaluanã voltou a olhar para ela, observando seu sorriso.
Ele não disse nada, dedicando seu tempo na cesta que estava fazendo. Catherine olhou para Kaluanã e suspirou. Talvez ela realmente não seja o destino dele, já que a pessoa que o índio amava era a verdadeira Aiyra e não sua cópia barata.
Catherine sorriu ao pensar nisso. Tudo bem se ela não for à companhia dele. No final, o mundo é grande e explorá-lo parece uma verdadeira aventura.
⇜⇝
Hoje é o dia de ritual na tribo. Uma noite muito linda e iluminada, com estrelas.
Os índios se juntaram em volta de uma fogueira e começaram a cantar, algo que agradava aos ouvidos de Aiyra. Enquanto eles cantavam, ela olhou para Kaluanã e sentiu que, quando for para acontecer, irá acontecer, mas agora não era o momento certo.
Após essa noite, com grandes revelações e união familiar, Catherine Sanches decidiu viajar. Ela queria conhecer os portugueses que haviam acabado de invadir o Brasil. No final, seus estudos no tempo moderno a tornaram um pouco mais inteligente. Contudo, ela sabia que entre eles estavam seus ancestrais, uma linhagem portuguesa que aos poucos foi se tornando brasileira, com peles brancas e cabelos claros.
Porém, tudo ainda era muito recente e não existia nada muito divertido no Brasil, tornando sua viagem um pouco sem graça. Catherine ficou apenas um mês fora e voltou para seu povo, percebendo que sua família não era mais sua antiga linhagem, mas sim essa pele morena.
Catherine foi abraçada pelas crianças que sentiram saudades, mas o surpreendente foi o olhar de Kaluanã. Ele sorriu para ela.
- Vamos deixar os dois sozinhos! - Avaré segurou a mão do seu amiguinho Anori, e todos saíram correndo gritando como boas crianças.
Kaluanã ficou na frente dela. Ele nunca imaginou que sentiria falta dessa garota da cidade grande e foi preciso ela ir embora para perceber que não queria longe de sua vida.
- Como foi conhecer os homens brancos? Eles realmente invadiram, como você disse?
Kaluanã não é da Bahia, então, por enquanto, tudo está em harmonia sem luta por territórios. Catherine sorriu sem jeito.
- Não vi nenhum! Eles estão longe!
Ela estudou, mas também foi burra em achar que conseguia viajar de um estado para o outro, por isso, na metade do caminho, Aiyra voltou para casa. Se sentindo um pouco boba, a índia preferiu guardar isso para si.
- Você vai ficar pra sempre aqui agora?
Aiyra sorriu e concordou.
- Você quer que eu fique?
Kaluanã se sentiu um pouco tímido, mas mesmo assim concordou com a cabeça. Ah! Que se foda o costume. Catherine Sanches não é desse tempo de verdade, então não tem motivos para seguir cada regra com clareza. Isso, no final, seria ela?
- Venha!
Segurou a mão de Kaluanã e o puxou para o mato.
- O que está fazendo? - perguntou surpreso quando Aiyra o jogou em um montinho de grama fofa no meio da mata fechada. - Aiyra!
- A partir de hoje, me chame de Catherine... a garota da cidade grande onde os tempos são diferentes e sabe que não precisa casar para fazer sexo!
Kaluanã arregalou os olhos e observou Catherine o atacar como uma onça em busca de prazer, o beijando enquanto tiravam as suas roupas de garota da cidade. Ele gosta dela e também gosta da forma diferente de pensar, mas isso realmente é surpreendente e chocante, porém...
Ah! Um gemido masculino foi ouvido, e a garota sorriu.
Catherine sabe que, nesse costume indígena, os índios nunca fazem sexo fora do casamento, mas ela liga? Não! Todos precisam lembrar que Catherine Sanches é uma mulher do século XX que não se importa com os julgamentos alheios.
Fim!
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Epílogo
Nove meses depois...
Catherine gritou alto enquanto segurava a mão de Kaluanã e seu filho nasceu saudável. Quem diria, né? Um momento de selvageria iria resultar em um filho?
Ela olhou para seu parceiro de vida e sorriu grogue, dizendo:
- Quando eu pular em você, por favor, me jogue longe. Parir um filho não é fácil!
As parteiras que estavam ali ficaram tímidas. Kaluanã sorriu, beijando sua testa e observando o bebê que chorava.
- Nosso garotinho.
Os dois olharam para Pedro... o mesmo nome do pai de Catherine Sanches.
- Nosso Pedrinho!
Agora a família estava completa, pensou Kaluanã.