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Dois meses depois...
Estou sentado ao lado de Ava na sala do tribunal, enquanto o julgamento de Fridek Zimmerman, cúmplice do meu irmão, está prestes a começar. Este é um momento crucial, um passo em direção à justiça e à busca da verdade. Meu coração acelera, tomado por uma mistura de ansiedade e determinação.
- Fique tranquila, Ava. Vamos superar isso juntos - sussurro.
- Confio em você, Ravi. A justiça será feita - ela responde, apertando firme minha mão.
Olho nos olhos de Ava, que refletem a preocupação e o medo que ela enfrentou durante aquele terrível incidente no museu. Lembro-me do instante em que ela veio para os meus braços, ainda assustada.
A sala do tribunal está carregada de expectativa. Advogados, jurados e membros da imprensa aguardam o início do julgamento. Fridek Zimmerman parece uma sombra do homem que trabalhou para mim. Seus cabelos estão desgrenhados, a barba por fazer e o rosto pálido. Sentado no banco dos réus, mantém a postura tensa, cabeça baixa e mãos algemadas.
- Iniciaremos o julgamento. O réu enfrenta acusações de sequestro e tentativa de assassinato. A promotoria pode apresentar sua argumentação inicial - declara o juiz.
O promotor se levanta com firmeza.
- Excelentíssimo juiz, senhoras e senhores do júri, hoje apresentarei provas irrefutáveis que comprovam a participação de Fridek Zimmerman como cúmplice de Zadock Lockwood. Ele conspirou para sequestrar Ava Lockwood, esposa de Ravi Lockwood, e estava disposto a cometer um assassinato. As evidências que sustentam essa acusação foram fornecidas por uma fonte segura: sua ex-esposa.
Os áudios das conversas de Fridek com Zadock, bem como suas ligações com o sequestrador, ecoam pelos alto-falantes da sala. No telão, imagens dos dois se encontrando são exibidas, reforçando as acusações.
Fridek ergue a cabeça e me encara. Em seguida, seu olhar se volta para Ava. Seus olhos se arregalam ao notar Amber sentada ao lado dela, segurando sua mão firmemente. Ele engole em seco, e, num gesto quase imperceptível, enxuga uma lágrima que escorre por seu rosto.
A defesa então toma a palavra, tentando descredibilizar a acusação.
- Senhoras e senhores do júri, a promotoria não dispõe de provas concretas que confirmem, de forma irrefutável, a participação de meu cliente. Apresentaremos evidências que apontam falhas na investigação e a possibilidade de outra pessoa estar envolvida nos acontecimentos do museu. Além disso, a principal testemunha da acusação, a ex-esposa do réu, estava envolvida em um processo conturbado de separação, levantando dúvidas sobre suas reais intenções.
Amber, indignada, reage impulsivamente.
- Que mentira! - Sua voz embarga de emoção.
A tensão na sala aumenta conforme os argumentos são apresentados. Minha mente oscila entre a esperança de justiça e o temor de que Zimmerman escape impune.
Durante os depoimentos das testemunhas, as emoções transbordam. Lembro-me dos momentos angustiantes que Ava passou naquela sala trancada. Quando a última testemunha entra, sentimos um aperto no peito.
- Eu estava presente no museu no dia em questão. Fridek Zimmerman agia suspeitosamente e parecia envolvido no plano de Zadock. Ele saiu da sala da presidência minutos antes do sequestro da senhora Lockwood. Quando retornou, fomos imediatamente abordados pelo sequestrador. Tenho certeza de que tudo foi premeditado, até mesmo o tiro que ele levou - declara a testemunha de acusação.
Ava aperta minha mão com força. Passo o polegar suavemente sobre sua pele, tentando confortá-la.
- Se acalme, amor. Vai dar tudo certo - murmuro, olhando em seus olhos.
À medida que as declarações finais se aproximam, a tensão na sala do tribunal se intensifica.
O promotor se levanta novamente, sua voz firme e determinada.
- Senhoras e senhores do júri, chegou a hora de servir à justiça. Fridek Zimmerman é culpado pelo sequestro da senhora Ava Lockwood e pela tentativa de assassinato não apenas dela, mas também de seus filhos, Nikolas e Nayome Lockwood, que estavam em seu ventre, prestes a nascer. As provas e os depoimentos apresentados demonstram, de maneira incontestável, sua ligação com Zadock Lockwood e seu envolvimento nesse ato cruel.
O promotor encerra seu discurso e se senta ao lado dos advogados da acusação.
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O júri se retira para deliberar, e o tempo parece se arrastar enquanto aguardamos o veredicto.
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Finalmente, o momento chega. O veredicto será pronunciado.
- O júri decidiu, por unanimidade, que o réu, Fridek Zimmerman, é considerado culpado de sequestro e tentativa de assassinato. A sentença será marcada posteriormente. - O juiz anuncia, batendo o martelo para encerrar o julgamento.
Um suspiro coletivo de alívio percorre a sala. Nos lábios de Ava, um leve sorriso de satisfação se forma.
- Fizemos justiça, Ravi. Podemos finalmente seguir em frente - ela sussurra.
- Sim, meu amor. Agora podemos focar em reconstruir nossas vidas e cuidar dos nossos filhos com tranquilidade - respondo, lançando um olhar para Amber, que segura as lágrimas.
Sei que ela já previa esse desfecho, mas, depois de tudo o que viveu, ouvir o veredicto traz um alívio definitivo.
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Permaneço no tribunal, observando enquanto Fridek Zimmerman é escoltado pelos policiais para fora da sala. Seu olhar busca desesperadamente o de sua ex-esposa, Amber, que continua sentada. Ele tenta se aproximar, mas é contido pelos agentes. Meu coração se aperta ao ver a angústia em seus olhos. Sei que ele cometeu atos imperdoáveis, mas, no fundo, há um lampejo de arrependimento.
Aproximo-me dos meus advogados e murmuro:
- Por favor, peça aos policiais que permitam que ele fale com Amber por um instante. Estarei ao lado dela.
Meu advogado faz um breve aceno e conversa com os agentes, que, após um olhar de consentimento entre si, concordam em permitir a aproximação, ainda que algemado.
Volto-me para Amber.
- Dê a ele a chance de falar com você. Se não fizer isso, pode se arrepender depois por não encerrar esse capítulo da sua vida.
Ela me encara, hesitante. Respira fundo antes de assentir levemente.
Fridek se aproxima, os olhos carregados de tristeza e remorso. Primeiro, lança um olhar para Ava, depois abaixa a cabeça. Quando volta a erguer o rosto, seus olhos se fixam em Amber.
- Princesa... Eu só...
- Não me chame assim! - Ela o interrompe, a voz firme. - Você perdeu esse direito no instante em que nos abandonou.
Ele engole em seco.
- Eu só queria pedir uma coisa...
- O que mais você quer, Fridek? Já não basta o estrago que causou na minha vida?
Ele hesita por um momento antes de murmurar:
- Por favor, deixe-me ver nossa filha. Sei que cometi erros terríveis, mas ela... ela é minha filha também. Ela merece ver o pai.
O rosto de Amber endurece.
- Você não foi o mesmo que disse que eu deveria abandoná-la porque ela já estava morta? Ela não merece nada de você!
Ela se vira para sair, mas seguro seu braço suavemente. Seus olhos encontram os meus e sua expressão suaviza um pouco.
Pelo canto do olho, vejo Ava se aproximar.
- Amber... - ela diz, com a voz serena. - Não sabemos o que pode acontecer com ele na prisão. Não o prive desse pedido.
Amber suspira, a incerteza dançando em seu olhar. Por fim, pega o celular do bolso e faz uma ligação.
- Oi, Nancy, por favor, leve o celular até o quarto de Amy.
- Claro, senhora - responde à enfermeira.
Momentos depois, a tela exibe a imagem da filha deles, uma adorável menina de um ano e sete meses, adormecida na cama, conectada a um respirador.
Amber segura o telefone firme, seus olhos marejados.
- Esta é a nossa filha, Fridek. Ela é linda... mas... infelizmente, tem paralisia cerebral devido às complicações da meningite bacteriana. Ela lutou e continua lutando, por mim! Ela é a luz da minha vida.
Observo enquanto Fridek encara a tela, uma mistura de tristeza e arrependimento transbordando em seu olhar.
- Eu... Eu não sabia... - Fridek balbucia, a voz embargada. - Meu Deus, eu sinto muito, Amber. Sinto tanto...
- Obrigada, Nancy. Daqui a pouco estou chegando em casa. - Amber sorri levemente e desliga a chamada. Em seguida, volta-se para Fridek, seu olhar firme. - Não há nada que você possa fazer agora. Sua ausência nos momentos mais cruciais da vida dela nos afetou profundamente. Só Deus sabe o que passamos! Você não imagina a solidão que senti durante os três meses e vinte e oito dias em que fiquei no isolamento com a Amy... Espero que você nunca passe por isso. Que aprenda a lidar com a solidão. E, se um dia sair da prisão, não nos procure. Serei tudo o que você não foi para a minha filha.
Fridek abaixa a cabeça, um soluço escapa de seus lábios. Quando volta a erguer o rosto, as lágrimas deslizam livremente por sua pele.
- Eu... eu só queria que ela soubesse que eu a amo. Por favor, diga a ela que eu a amo.
Percebo que essas palavras são sinceras. Amber também nota isso; sua expressão se suaviza um pouco.
- Direi a ela, Fridek. Farei o possível para que saiba que teve um pai, apesar das circunstâncias. Ela saberá da parte mais feliz da minha vida e do quanto você gostava de conversar com ela, quando ainda estava na minha barriga.
Fridek engole em seco antes de murmurar: - E o que você vai dizer sobre mim? Qual será sua explicação para minha ausência na vida dela?
Amber respira fundo, como se já tivesse ensaiado essa resposta em sua mente.
- Que o papai dela precisou ir embora para um lugar muito distante, devido às escolhas que fez... e que nunca poderá voltar.
Fridek fecha os olhos por um instante, absorvendo aquelas palavras. A sensação de que esse breve encontro trouxe algum tipo de encerramento paira no ar. Os policiais indicam que é hora de levá-lo de volta. Antes de partir, ele lança um último olhar para Amber, mas ela mantém-se firme.
Minha esposa se aproxima de Amber, oferecendo-lhe um abraço silencioso. Ficamos ali, observando Fridek se afastar.
- É um momento difícil para todos nós. - Minha voz sai calma. - Embora ele tenha cometido atos imperdoáveis, também está lidando com seu próprio arrependimento. Você fez o que achou melhor para sua filha, Amber. Ela tem uma mãe incrível e amorosa.
Amber solta um suspiro trêmulo.
- Obrigada, Ravi. Vou seguir em frente, cuidando da minha filha da melhor forma possível.
- E tenho certeza de que você vai conseguir! - Ava sorri. - Estou ansiosa para conhecer a pequena Amy.
Amber sorri de volta, tocada pelas palavras dela.
- Vamos, vou pedir para Frederick te levar para casa - digo, notando como ela parece exausta.
Desde que nos aproximamos de Amber, percebi o brilho no olhar de Frederick sempre que está por perto dela... e como ele a faz sorrir.
Ao deixarmos o tribunal, o peso dessa experiência e a complexidade das emoções me acompanham. A vida pode ser cheia de nuances, e nossas escolhas carregam consequências profundas. Mas, ao mesmo tempo, percebo a importância de encontrar força para seguir em frente, mantendo o amor e o cuidado por aqueles que amamos.
Porque agora, Amber e Amy fazem parte da nossa família.