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O sol começa a se pôr no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados, enquanto as sombras da noite se estendem pela cidade. É nessas horas de crepúsculo, quando a escuridão abraça o mundo, que encontro conforto. Meus passos ecoam nas ruas vazias, um som solitário em meio à vizinhança silenciosa.
Desde minha fuga da prisão, assumi um papel nas sombras, um fantasma escondido nas frestas da sociedade. Sei que estão me procurando por todos os lados. Sei também que Ravi, sendo quem é, está me caçando. Percorro becos escuros, deslizo pela vida dos inocentes e deixo um rastro de destruição por onde passo. Mato todos que ajudaram Ravi a me jogar naquele buraco imundo, tornando-me o pesadelo que assombra suas vidas enquanto elas se desvanecem.
Nesta noite, em particular, meu caminho me leva a um lugar deserto, onde um antigo casarão abandonado se ergue nos arredores da cidade. A mansão decadente, tomada por teias de aranha e histórias sombrias, é o cenário perfeito para meus planos. Adentro da construção silenciosa, os ruídos da cidade são engolidos pelo abandono e pela atmosfera misteriosa que permeia o ambiente. À luz fraca de uma lanterna, meu olhar percorre os cômodos empoeirados.
Em uma sala ao lado, ao pisar no chão, sinto-o ceder ligeiramente. Abaixo-me, afasto um tapete em farrapos e sorrio ao descobrir uma porta oculta. Será perfeita para o meu plano. Meu desejo de vingança arde dentro de mim como uma chama indomável. Aqueles que me traíram, que me condenaram injustamente, sentirão a ferocidade do meu ressentimento. Está na hora de experimentarem o terror que causaram em minha vida.
Deslizo pelas ruas da cidade. Um carro parado na rua, com a chave na ignição, chama minha atenção. Entro sem hesitar, ligo o motor e saio acelerando, deixando para trás o dono que sai correndo pelo portão, gritando e agitando os braços. Sorrio, imaginando como meus inimigos devem estar se sentindo seguros em suas casas.
Estaciono a alguns metros de distância e avisto minha primeira vítima: alguém que testemunhou contra mim no distrito.
Saio do carro e caminho em passos lentos. Puxo o boné para cobrir melhor o rosto e me aproximo.
- Adele - chamo-a.
Ela se vira e sua expressão empalidece, o medo estampado em seus olhos à medida que reduzo a distância entre nós.
- Sentiu saudades? - murmuro, antes que ela tenha chance de reagir.
Em um movimento rápido, seguro-a e pressiono um pano contra seu rosto, abafando qualquer tentativa de grito. Ela se debate, mas em poucos segundos seus olhos arregalados começam a se fechar.
Olho ao redor. Não há ninguém. Coloco-a sobre meu ombro e sigo até o carro estacionado a poucos metros dali.
- Você deveria ter pensado nas consequências antes de dar com a língua nos dentes! - murmuro em seu ouvido, deslizando a lâmina pelo seu rosto.
O terror a paralisa. Seus olhos arregalados refletem puro desespero.
Cada passo é calculado, cada ação é meticulosamente planejada. A cidade é agora minha tela, e sua agonia, minha obra-prima.
Seus gritos ecoam como música aos meus ouvidos, suas súplicas se transformam em uma melodia viciante que alimenta minha vontade de vingança.
- Como você sabia que eu tinha armado para aquela mulher? - pergunto, fitando seus olhos marejados. Sua maquiagem está borrada.
- Eu... eu ouvi você ao telefone, quando seu pai me mandou para a Inglaterra cuidar de você - balbucia, trêmula.
- E que belo "cuidar"! Foi a primeira a me apunhalar pelas costas para o capitão de polícia.
- Não me mate, por favor! - soluça. - Eu preciso voltar para casa, a minha...
Irrito-me com sua voz vacilante. Sem hesitar, deslizo a lâmina por seu pescoço. Seus olhos se arregalam, e ela começa a se engasgar com o próprio sangue, que escorre por sua camisa branca.
Viro as costas, jogo a faca em algum canto e caminho para fora do porão. Tiro as luvas e as guardo no bolso antes de sair da casa. Meu destino agora é Viena, onde finalmente concretizarei minha vingança.
No entanto, minha jornada está longe de terminar. O peso da culpa se insinua em meus pensamentos, uma sombra persistente que ameaça minha determinação. Mas logo descarto essa sensação. Não há mais espaço para arrependimentos. As ruas de Viena me aguardam, e minha vingança está longe de ser concluída.
Com o dinheiro que roubei do carro que peguei anteriormente, consigo comprar uma passagem de trem. O trajeto é longo, e cada estação que passamos me leva para mais perto do meu objetivo. A cidade me recebe com um frio cortante, e a noite aqui parece ainda mais profunda, mais densa. As luzes dos postes iluminam meu caminho enquanto caminho pelas calçadas de pedra.
Meu próximo alvo é um homem chamado Viktor, um dos responsáveis pelo meu tempo na prisão. Ele se escondeu bem, mas não bem o suficiente. Sei exatamente onde o encontrar. Ele se acha intocável, protegido pela riqueza e pelo poder que sua família possui. Mas ninguém está seguro quando estou por perto.
Aproximo-me da casa dele, uma mansão cercada por portões altos. Observo os padrões de segurança, estudo a movimentação da guarda. Esperei pacientemente por esse momento, e agora estou pronta para agir. Durante a madrugada, quando o silêncio domina as ruas, escalo o muro e me esgueiro pela propriedade.
Dentro da casa, os corredores são silenciosos, mas minha respiração se mantém controlada. Meu coração bate em um ritmo preciso, calculado. Abro lentamente a porta do quarto dele. Viktor dorme tranquilamente, alheio à morte que paira sobre ele. Puxo minha faca, aproximo-me de sua cama e sussurro seu nome.
Seus olhos se abrem em pânico, mas já é tarde demais.
A lâmina faz seu trabalho com precisão, e um novo capítulo da minha vingança se concretiza.
Viena é apenas o começo. Há muitos outros nomes em minha lista. Meu caminho ainda é longo, e o sangue que derramei até agora é apenas um prelúdio do que está por vir.
Mas antes de seguir, decido explorar mais profundamente o submundo do crime, criando aliados e garantindo que meu nome seja sussurrado nas ruas com temor. Meu desejo não é apenas vingança, mas um legado de medo. Em cada nova cidade que passo, deixo um rastro de caos. Viena foi o começo, mas o mundo logo conhecerá minha verdadeira fúria.