Horizontes Entrelaçados
img img Horizontes Entrelaçados img Capítulo 5 Verdades Ocultas
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Capítulo 6 A Máscara de Sebastián img
Capítulo 7 No Olho da Tempestade img
Capítulo 8 Sob a Superfície img
Capítulo 9 A Voz na Escuridão img
Capítulo 10 A sombra entre nós img
Capítulo 11 Enfrentando a Escuridão img
Capítulo 12 A Dúvida no Ar img
Capítulo 13 A Primeira Fenda img
Capítulo 14 Entre a Verdade e a Escuridão img
Capítulo 15 A Sombra do Inimigo img
Capítulo 16 O Preço da Verdade img
Capítulo 17 As Peças do Quebra-Cabeça img
Capítulo 18 Sob a Superfície img
Capítulo 19 A Traição no Reflexo img
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Capítulo 5 Verdades Ocultas

Elena pasava os dedos sobre a carta que havia encontrado em sua escrivaninha naquela manhã. Ela havia lido as palavras tantas vezes que estavam gravadas em sua mente, cada traço parecia carregado de ameaça e mistério. Sua frustração aumentava; ela não podia ignorar o que estava acontecendo, mas também não podia confiar completamente em Sebastián, não enquanto ele continuasse ocultando tanto.

Naquela noite, sentada na escrivaninha de seu apartamento, decidiu que a única forma de se proteger era descobrir por conta própria o que estava acontecendo. Se Sebastián não queria falar, ela procuraria as respostas em outro lugar.

Pegou seu laptop e começou a pesquisar sobre a Leduc Enterprises mais uma vez, mas desta vez com uma abordagem diferente: procurou nomes associados a projetos problemáticos, registros judiciais e qualquer pista que pudesse guiá-la. Depois de horas de pesquisa, encontrou um nome que se repetia em vários artigos antigos e documentos: Damián Torres.

Ele era um ex-sócio da Leduc Enterprises que havia desaparecido do radar há anos. Em alguns artigos, ele era mencionado como uma "ruptura profissional", mas em outros, insinuava-se um conflito mais sério. Os rumores sugeriam que ele havia tido um desentendimento com Sebastián sobre a ética de certos negócios, e depois, simplesmente, desapareceu do mapa.

Elena sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Será que Damián teria respostas sobre o que realmente acontecia na empresa?

Na manhã seguinte, Elena fez algo que sabia que era perigoso: entrou em contato com um velho colega do mundo da arquitetura, que tinha contatos em toda parte.

- Tem certeza de que quer saber sobre esse homem? - perguntou Iván, seu amigo, do outro lado da linha.

- Sim. Preciso encontrá-lo.

- Bem, isso não vai ser fácil. Damián Torres não é alguém que queira ser encontrado. Depois de sua saída da Leduc Enterprises, ele praticamente desapareceu. Mas tenho um amigo que pode saber algo. Me dê alguns dias.

- Obrigada, Iván. Isso é importante.

Quando desligou, Elena sentiu uma mistura de alívio e ansiedade. Ela estava se metendo em águas profundas, mas não via outra saída.

Enquanto isso, Sebastián estava lidando com seus próprios problemas. Ele estava sentado em sua sala, revisando um relatório confidencial que o chefe de segurança lhe entregou naquela manhã. A ameaça a Elena o tinha à beira do colapso. Não era a primeira vez que alguém tentava intimidá-lo através de pessoas próximas, mas nunca antes ele sentiu tanto medo como agora.

- Alguma pista sobre quem deixou a carta? - perguntou, olhando para seu chefe de segurança, um homem corpulento chamado Franco.

- Ainda não. Verificamos as câmeras do local de construção, mas alguém desativou o sistema por alguns minutos, bem quando a carta foi deixada. Isso foi planejado.

Sebastián bateu com o punho na mesa, sua frustração evidente.

- Quero que encontrem quem fez isso. Não importa o custo.

Franco assentiu.

- Vamos resolver, senhor Leduc. Mas o senhor deveria considerar reforçar a segurança em torno da senhorita Soler. Está claro que ela é um alvo.

Sebastián hesitou. Sabia que Elena não aceitaria ser protegida. Ela era independente demais, obstinada demais. Mas não podia se arriscar a perdê-la.

- Faça isso discretamente. Que ela não perceba.

Franco assentiu e saiu da sala, deixando Sebastián sozinho com seus pensamentos. Olhou para o telefone sobre sua mesa, tentado a ligar para ela, explicar tudo. Mas sabia que não podia fazer isso. Não ainda.

Dois dias depois, Iván ligou para Elena com um endereço.

- Isso é tudo o que consegui. De acordo com minhas fontes, Damián Torres mora em uma cabana nos arredores, longe de tudo. Não posso garantir que ele a receberá, mas é lá que você pode encontrá-lo.

Elena agradeceu a informação e decidiu não perder tempo. Naquela mesma tarde, pegou o carro e seguiu para o local. A viagem foi longa e sinuosa, com estradas que pareciam se perder entre as florestas. Finalmente, chegou a uma pequena cabana no alto de uma colina. Havia um carro velho estacionado na frente, o que indicava que alguém estava em casa.

Ela estacionou o carro e caminhou até a porta, sentindo seu coração bater forte. Bateu três vezes e esperou. Depois de um momento, a porta se abriu, revelando um homem de meia-idade, com cabelo grisalho e olhar cansado.

- Quem é você? - perguntou com voz áspera, olhando-a de cima a baixo.

- Sou Elena Soler. Trabalho na Leduc Enterprises. Preciso falar com você sobre Sebastián Leduc.

O homem franziu a testa, mas não fechou a porta.

- Não sei do que está falando. Vá embora.

Elena colocou um pé no limiar antes que ele pudesse fechá-la.

- Por favor. Só preciso saber a verdade. Algo estranho está acontecendo, e acredito que você sabe mais do que aparenta.

Damián a olhou fixamente por um longo momento antes de suspirar e abrir um pouco mais a porta.

- Entre.

O interior da cabana era simples, com móveis antigos e uma lareira que queimava suavemente. Damián indicou que ela se sentasse em um sofá enquanto ele se acomodava em uma poltrona à sua frente.

- Por que você está aqui? - perguntou, cruzando os braços.

Elena respirou fundo antes de responder.

- Porque acho que alguém está tentando sabotar minha vida. Fui ameaçada para deixar meu trabalho na Eterna. E há coisas sobre Sebastián e a empresa que não fazem sentido. Você esteve lá. Preciso saber o que realmente aconteceu.

Damián soltou uma breve risada amarga.

- Sabe, Sebastián sempre foi muito bom em escolher as pessoas que o cercam. Pessoas leais, mas ingênuas.

- Eu não sou ingênua - respondeu Elena, sentindo sua raiva crescer. - Só quero entender o que está acontecendo.

Damián a olhou, avaliando-a.

- A Leduc Enterprises nem sempre foi o que é agora. No começo, Sebastián e eu éramos sócios iguais. Tínhamos grandes planos, queríamos construir algo que deixasse uma marca. Mas, com o tempo, as coisas mudaram. Sebastián começou a tomar atalhos, a fazer negócios com pessoas que não tinham escrúpulos. Eu tentei impedi-lo, mas ele não me ouviu. Finalmente, quando me opus a um dos seus projetos mais ambiciosos, ele me tirou da empresa. E não foi nada gentil ao fazer isso.

- Que projeto era esse? - perguntou Elena, intrigada.

- Uma torre residencial. Havia problemas de segurança, mas Sebastián não queria atrasos. Um trabalhador morreu por causa dessas decisões. Tentei expor o que aconteceu, mas Sebastián se encarregou de garantir que ninguém me acreditasse. Desde então, vivo aqui, longe de tudo.

Elena sentiu um arrepio. A história coincidiu com o que ela encontrou em suas pesquisas. Mas havia algo que ainda não entendia.

- Se Sebastián é tão perigoso, por que ele não tentou silenciá-lo?

Damián sorriu amargamente.

- Porque ele sabe que não tenho provas. E porque sabe que, se algo acontecer comigo, as pessoas começarão a fazer perguntas.

Elena ficou em silêncio, processando tudo o que acabara de ouvir. Ela veio em busca de respostas, mas agora tinha ainda mais perguntas. Poderia confiar em Damián? Ou isso era apenas uma versão distorcida da história?

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Damián se inclinou para ela.

- Escute, Elena. Se você realmente quer saber a verdade, precisa ser cuidadosa. Sebastián não é um homem mau, mas ele fará o que for necessário para proteger o que construiu. E isso inclui sacrificar qualquer um que se ponha em seu caminho.

Elena assentiu lentamente, sentindo seu mundo se tornar mais complicado a cada segundo. Ao sair da cabana, soube que não havia mais volta. Ela havia entrado em um jogo perigoso, e agora tinha que decidir de que lado estava.

                         

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