Capítulo 7 Uma caixinha de surpresas

Cristian encerrou a conversa com um sorriso breve, quase casual, parecendo ignorar completamente a tensão crescente ao seu redor.

Fernanda cruzou os braços em seu assento, observando tranquilamente enquanto Cristian se aproximava do grupo de adversários armados.

A cena tinha um peso impressionante, e era impossível não notar o desequilíbrio: um único homem contra indivíduos armados até os dentes. As probabilidades claramente não estavam a favor dele.

Entretanto, quando Cristian levantou o pé e derrubou dois dos homens no chão com um único chute silencioso, Fernanda ficou surpresa.

A técnica dele falava de um treinamento extenso e capacidade bruta.

A gangue, instigada pelo revés inicial, investiu contra ele com violência redobrada.

Bastões cortavam o ar, os sons surdos dos golpes ecoando pelo ambiente.

No entanto, Cristian se movia com uma fluidez impressionante, quase como se dançasse entre os atacantes.

Seus movimentos eram rápidos e, por mais que os adversários fossem numerosos, nenhum parecia capaz de superar sua habilidade.

Um atacante recebeu um soco direto no rosto, cambaleando para trás e finalmente colapsando contra o capô do carro de Cristian.

Enquanto enxugava o sangue que escorria de seu nariz, o homem rosnou de raiva. Ao avistar Fernanda dentro do veículo, uma ideia sinistra surgiu em sua mente.

Se não podiam derrotar Cristian diretamente, talvez atacar a mulher que o acompanhava fosse o suficiente para virar o jogo.

A presença dela no carro de Cristian sugeria um vínculo profundo entre eles. Talvez tomá-la como refém pudesse forçar Cristian a se render.

Com um sorriso malicioso, ele caminhou até a porta do carro e, num movimento brusco, a abriu.

Ele estendeu a mão em direção a Fernanda, mas antes que pudesse alcançá-la, ela levantou o rosto, avisando, seus olhos firmes e penetrantes: "Vá em frente, toque em mim, mas garanto que você vai se arrepender, seu verme."

O homem hesitou, congelado no lugar. Ele estava acostumado a lidar com medo, submissão, gritos... mas isso? A confiança dela o desorientou.

Estava evidente que ela não era uma pessoa qualquer, muito menos alguém com quem se podia brincar. Sua presença era esmagadora, carregada de uma seriedade que não precisava de esforço para se impor.

De repente, um grito agudo irrompeu atrás dele, chamando sua atenção: um de seus aliados desabava no chão, se contorcendo de dor.

Com o maxilar cerrado, ele estalou: "Quem você pensa que é? Como se atreve a falar comigo assim?"

O homem apertou ainda mais o braço dela, rosnando: "Saia do carro agora!"

Sem hesitar, Fernanda respondeu com um chute rápido no estômago dele.

Um gemido de dor escapou da garganta do homem, que imediatamente se dobrou e agarrou o abdômen, contorcendo de agonia.

Descendo do carro elegantemente, Fernanda limpou o local onde ele havia a tocado como se fosse uma sujeira. Seus olhos, brilhando com um misto de desdém e determinação, se fixaram no homem prostrado no chão. "Eu te avisei, mas você achou que podia ignorar, e olhe no que deu."

O homem gemeu algo inaudível antes de se virar para seus cúmplices, gritando com uma raiva misturada ao constrangimento: "O que vocês estão esperando? Derrubem ela! Essa atrevida precisa aprender uma lição!"

Ao som do comando, alguns dos homens avançaram em direção a Fernanda, com intenções claras nos olhares e nos punhos cerrados.

Cristian sentiu um lampejo de preocupação passar pelos seus olhos e seu rosto ficou sombrio. Ele entrou em ação, se movendo rapidamente para nocauteá-los.

Mas ele parou, paralisado pelo que viu.

Fernanda não estava apenas se defendendo, mas os dominava, com movimentos rápidos e certeiros que transformavam a luta em um espetáculo impressionante.

Cristian já havia presenciado mulheres em combate antes, mas o que Fernanda fazia ali era diferente, quase sobrenatural.

Seus golpes eram precisos, quase letais, como se cada movimento tivesse sido ensaiado por anos de prática e disciplina. Ela era um verdadeiro turbilhão de força e habilidade, se movendo com uma confiança inabalável.

Em questão de minutos, o asfalto ao seu redor se tornou palco de derrotados, com homens caídos gemendo de dor, incapazes de se levantar.

Ela encerrou a batalha com um movimento de ombro certeiro, jogando ao chão um homem corpulento que certamente pesava mais de noventa quilos. Então, ela se ergueu, limpando as mãos com uma calma desconcertante. Sua respiração estava firme e controlada, enquanto os olhos analisavam os poucos inimigos que ainda permaneciam de pé. "Quem é o próximo?"

Os poucos homens restantes trocaram olhares de apreensão e se dispersaram, tão apressadamente que um deles bateu em um poste de luz com seu carro.

A risada de Fernanda cortou o caos, cheia de zombaria. "Vocês são patéticos."

Com a ameaça neutralizada, Cristian guardou sua faca na cintura e se aproximou dela, a estudando com um olhar intenso.

Sob a luz amarelada dos postes, as feições encantadoras e olhos radiantes dela brilhavam proeminentemente, lançando um brilho etéreo.

Fernanda exalava força e autocontrole, mas o que ele acabara de testemunhar adicionava novas camadas ao que ela aparentava ser.

Um sorriso lento surgiu nos lábios de Cristian, trazendo uma dose de provocação.

A brisa da noite bagunçou levemente o cabelo dele, expondo sua testa e acentuando ainda mais suas feições marcantes.

Ele parecia a própria personificação de um charme despreocupado, mas havia algo no brilho de seus olhos que o deixava incrivelmente sedutor.

Fernanda desviou o olhar, como se tentar ignorá-lo fosse suficiente para neutralizar a aura magnética que ele emanava.

Mas o sorriso do homem quase a desequilibrou.

"Nada mal", ele disse, com a voz baixa e carregada de um tom sedutor.

De repente, ele encurtou a distância entre os dois, fazendo com que suas feições ganhassem nitidez diante dos olhos dela.

Pega de surpresa, Fernanda deu um passo para trás instintivamente, o impulso de se proteger tomando conta de seus movimentos.

Porém, Cristian foi mais rápido, sua mão segurando a cintura dela, seu aperto firme, mas gentil, a puxando para seu abraço.

Fernanda sentiu sua tensão se dissolver gradualmente, como se o calor do corpo dele tivesse o poder de quebrar qualquer resistência.

Com um gesto terno, Cristian colocou uma mecha solta de cabelo atrás da orelha dela, seu olhar demorando-se nas feições delicadas dela.

A admiração era perceptível em seu tom quando ele disse: "Você é uma caixinha de surpresas. Me fascina."