Capítulo 3 Adele

A reunião mensal dos acionistas levou boa parte da manhã, embora não conseguisse se manter calma, Adele tomou todas as anotações necessárias e logo que chegaram a um consenso sobre as questões mais importantes, ela se permitiu fechar o notebook a sua frente e se retirou do local.

A segunda parte da reunião sempre era somente para um grupo privado de pessoas e Adele estava acostumada a servir o café de Ricardo no escritório, assim que recolheu suas notas e imprimiu o relatório fiscal, ela caminhou até a porta principal do escritório e quando finalmente ia abrir tomou um grande susto ao sentir que alguém estava parado próximo observando todos os seus movimentos.

Adele calmamente voltou-se para o senhor e o encarou silenciosamente por um curto período de tempo, aproveitando o momento ele se aproximou.

- Boa tarde senhorita, poderia chamar o senhor Salvatore por gentileza?

- Sr?

- Mehmet, apenas diga que o aguardo, Sr Salvatore sabe do que se trata.

Sem entender quem era ou o que ele queria, Adele apenas guardou os documentos e seguiu novamente a sala de reuniões, no entanto ao se aproximar percebeu a porta entreaberta e apenas sinalizou a Ricardo que havia alguém esperando.

Ricardo acentiu, desculpou-se com um pequeno grupo de pessoas e seguiu Adele até sua sala, onde já se encontrava o sujeito lhe esperando.

Adele parecia não acreditar na audácia daquele homem, como ele pode entrar sem ser convidado em um ambiente particular.

Ricardo no entanto nem se deu ao trabalho de responder as perguntas que estavam estampadas no rosto da secretária, apenas entrou e fechou a porta atrás de si, a primeira vista, parecia que ambos eram desconhecidos, porém Adele sabia que era alguém muito importante ou Sr Ricardo jamais agiria com tanta calma.

Enfim, os acionistas saíram, já estava encerrando o expediente, mas o Sr. Ricardo e o Sr. Mehmet ainda não haviam saído do escritório, havia algo de muito importante sendo discutido lá dentro, por vezes pode se perceber um dos homens alterado.

****

A temperatura de Rosalin Mendes era tão alta que causara delírios.

- Mamãe o que vamos fazer ?

Não podemos abandoná-la aqui.

Rosalin lembrara de chorar com a pequena nos braços, haviam se passado poucos meses, no entanto Rosalin sentira o amor por aquele pequeno bebê pois a via crescer dia após dia, ela sentia a dor de ter que abandonar.

- Vamos deixá-la em frente a casa do Sr. Satre, não podemos mais ficar com ela.

Rosalin observou que a mão da mãe já estara ficando trêmula, os sintomas da doença pareciam estar piorando.

- Amélia, Rosalin é isso, Amélia, Amélia...

- Não conheço nenhuma Amélia mãe de quem a senhora está falando?

- Amélia... deixa pra lá, acho que guardei o número dela aqui em algum lugar.

Revirando a bolsa pequena de couro surrada, comprada de segunda mão, Magda Mendes procurava sem parar um pequeno pedaço de papel, talvez já não estivesse mais ali, fazia tanto tempo que não falava com Amélia, nem lembrava de onde tinha a visto pela última vez.

****

Eram passado das 8 da noite quando finalmente a porta do escritório principal se abriu, Adele estava cansada, porém jamais deixara transparecer.

- Srta Adele, conduza este senhor até a saída, em seguida retorne ao meu escritório para finalizar alguns documentos.

Adele apenas consentiu e sinalizou a o Sr. Mehmet para que a seguisse.

Quando retornou ao escritório Ricardo estava próximo a janela principal, com a vista para a cidade, as luzes da cidade brilhavam como vaga-lume, era uma vista impressionante.

- Sr Ricardo, estou aqui como solicitado.

- Srt Adele, amanhã teremos uma reunião de última hora com um antigo parceiro de negócios, gostaria que a senhora certificar-se de desmarcar todos os meus compromissos e reagendasse os mais importantes para a tarde.

- Sim senhor.

- Agora srt Adele.

- Sim Sr.

Adele estava exausta, o dia fora complicado, mas estava com receio por seu comportamento de mais cedo que não ousaria cometer outro erro.

Passava da meia noite quando finalmente Adele deixou o escritório, ela havia conseguido remarcar todos os compromissos e estava saindo do escritório satisfeita, assim que passou pelo saguão sentiu o celular vibrar na bolsa, uma mensagem de um novo contato, curiosa para saber do que se tratava ela desbloqueou o celular apenas para descobrir que o Sr Ricardo havia lhe enviado algumas informações extras que gostaria que ela adiciona-se ao relatório da reunião da manhã.

Incrédula, ela apenas bloqueou o celular novamente e seguiu em direção ao táxi que a aguardava.

****

- Mamãe, a senhora está suando, precisa de mais água, vai desidratar por causa desse calor.

O estado de Magda estava piorando, no entanto ela não estava preocupada com sua saúde, estava disposta a encontrar o que precisava.

Não demorou muito para a criança começar a chorar, sob o sol escaldante as duas mulheres estavam à caminhar a tanto tempo que não lembraram que o bebê poderia estar cansado ou com fome.

- Rosalin, vamos estamos chegando, veja rua das Margaridas, ela disse que era virando a esquina.

****

- Sr, a moça está delirando de febre, precisamos levá-la a um hospital, ela vai acabar morrendo desse jeito.

- Ela não falou nada ainda?

- Ela não responde nenhuma de nossas perguntas, é como se ela não nos ouvisse.

- E quanto aos delírios?

- Nenhuma palavra, apenas gemidos.

            
            

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