Capítulo 4 Amalia

A manhã de outono estava tranquila, Amélia saiu vagarosamente de seu aposento em direção a cozinha, onde o café recém coado exalava um cheiro delicado e delicioso.

Estava ansiosa naquele dia, algumas lembranças do passado a estavam distraindo, isso fazia com que ela sentisse que algo estava errado, no entanto ela não podia sequer imaginar o que a esperava.

Uma ligação do dia anterior a deixou inquieta, haviam se passado tantos anos que Amália já havia esquecido do tempo. Algo naquela ligação a estava preocupando, por que agora depois de anos, justamente agora essa mulher apareceu?

Virando o último gole de café Amélia apenas pensava em todos aqueles anos trabalhando para o senhor D'angelo, como ela poderia ter esquecido do que viveu naquela época.

Poderiam se passar mais 20 anos, Amélia jamais esqueceria aqueles olhos tristes, Magda tinha uma geande dor escondida por traz de seu semblante doce.

Ela chegara a poucos minutos porém parecia que jamais haviam se separado.

Amélia estava tão feliz em poder rever sua amiga após tantos anos que sequer deu devida atenção ao fato dela estar com uma jovem e um bebê.

Depois de muita conversa, finalmente Amélia notou a presença do bebê que começava a resmungar baixinho.

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-Sr. Ricardo, suas reservas foram feitas como o senhor pediu...

- Sem surpresas eu creio.

- Como ...

- Desculpe Srta Adele, disse algo?

Retirando o telefone do ouvido, Ricardo que estava de costas entre olhou para a secretária que estava erguendo cabeça.

- Desculpe Sr, retorno assim que o sr ...

- Já que está aí e já me interrompeu, continue...

- Suas reservas foram feitas no hotel que o sr pediu, as passagens estão em cima da sua mesa juntamente com o relatório fiscal de ambas as empresas, também há uma pasta contendo os relatórios de perdas e lucros dos últimos 3 meses, tudo preparado como o sr desejou.

- Minha mala...

- Já pedi para que preparassem, estará no portão de embarque como de costume.

Assim que Ricardo Salvatore embarcou naquele avião Adele conseguiu respirar aliviada, finalmente teria alguns dias de descanso.

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Os dias se passaram como um dia de tempestade, com muitas nuvens obscuras, deixando algumas feridas marcadas e outras sicatrizada, embora o passado batesse na porta algumas vezes, muita coisa continuou em segredo.

Amélia estava sentada no sofá, segurando o bebê que agora estava dormindo em seus braços. -Ele é igual ao pai, não é? Amélia apenas sorriu e balançou a cabeça, perdida em pensamentos.

De repente, o telefone tocou novamente. Amélia hesitou antes de atender, pensando se seria outra ligação inesperada. Mas era apenas uma chamada de trabalho, confirmando uma reunião para o dia seguinte.

Depois da chamada, Amélia se levantou e começou a preparar o jantar. Magda a ajudou, e as duas conversaram sobre os velhos tempos. O bebê começou a chorar novamente, e Magda o pegou no colo, embalando-o suavemente.

Enquanto cozinhavam, Amélia não podia deixar de notar como Magda parecia diferente. Havia uma nova maturidade em seus olhos, uma nova profundidade em sua voz. Amélia se perguntou o que teria acontecido com ela nos anos que se passaram.

Depois do jantar, Magda um pouco desajeitada e perdida em pensamentos começou a falar baixinho.

- Amélia, preciso te contar algo. Algo importante. Amélia olhou para ela, curiosa, mas não perguntou nada apenas esperou que ela se sentisse bem em falar, Magda então respirou fundo.

- Amélia, você lembra daquele dia em que trabalhamos juntas na casa do Sr. D'Angelo? Amélia assentiu, curiosa. - Sim, claro. O que tem? Magda hesitou antes de continuar.

- Eu preciso te contar algo sobre aquele tempo. Algo que nunca contei a ninguém.

Amélia se inclinou para frente, intrigada.

- O que é, Magda? Você pode confiar em mim. Magda olhou para o bebê, que agora estava dormindo novamente.

-Esse bebê... ele é filho de alguém que trabalhava conosco naquela época.

Amélia arregalou os olhos. Queria muito perguntar de quem era aquele bebe e por que Amélia estarava com ele, mas havia algo de estranho no semblante daquela mulher, ela estava diferente. Magda respirou fundo novamente.

- E há algo mais que você precisa saber sobre...

Naquele momento o telefone tocou novamente e Amélia saiu para atender, nesse momento um carro parou em frente a casa e Magda e a filha saíram sorrateiramente deixando o bebê dormindo sozinho no sofá da sala.