DESEJOS PROIBIDOS - CONTOS ERÓTICOS
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Capítulo 4 4

Quer Brincar?

E le era perito na arte da provocação. O nosso primeiro encontro foi no seu apartamento, um prédio antigo nas beiras do centro de São Paulo. Eu sabia o que queria e tinha chegado lá determinada, impaciente, sem saco pra joguinho e machucada com as coisas do amor. Cheguei pronta pra atacar, unhas negras, batom escuro e lingerie de renda preta transparente. Ele abriu a porta sorrindo e com um gesto me convidou pra entrar. Abriu uma garrafa de vinho, colocou uma playlist descaradamente sensual, cremosinha, me mostrou seus discos, bolou um tabaco, se movimentando pela sala com uma lentidão insuportável, cada movimento levando uma eternidade, na mais absoluta falta de pressa. Bebendo o vinho a gente começou a conversar sobre a vida, sobre filosofia, sobre ex-amores, ele me contou que foi traído, eu contei que fui abandonada, e ali naquela confissão sincera, naquela crueza sem medo de parecermos fracos um pro outro, alguma coisa mais profunda que só tesão se estabeleceu: nos revelamos humanos, terrivelmente humanos, sem pose e de coração partido.

Depois de abrir o coração, abrir as pernas é um pulo, conversamos sobre putaria, sobre ménage, sexo em lugares públicos, eu falei da praia e do mato, ele falou de becos e escadas de prédio. A gente riu das nossas diferenças, eu nordestina, ele paulista - isso claramente refletido até nas nossas aventuras sexuais. Ele contou do seu trabalho como tatuador, eu contei do meu trabalho como atriz, conversamos sobre criatividade e bloqueios, assunto que sempre me excita, mas o que mais me enlouqueceu foi quando ele falou que se sentia grato por trabalhar com arte - pra mim não há nada mais sexy do que gratidão. Observei seus braços tatuados, o bigode todo hipster, o cabelo raspado na lateral, e por um lapso imaginei aquele bigode roçando na minha buceta.

Ele deve ter falado alguma coisa que não respondi, porque de repente percebi ele me olhando inquisidor e pensei, desculpa, o que você tava dizendo? Me distraì pensando em você me chupando, mas disse só a primeira parte, desculpa, o que você tava dizendo?, ele repetiu: que quando tatuo, o tempo pára, e eu soube exatamente do que ele estava falando porque sinto isso quando estou no palco. É como uma meditação!, dissemos os dois ao mesmo tempo. Então a gente riu, tomou mais vinho e por alguns instantes esqueci da minha impaciência.

Com o vinho descendo pela garganta e essa conversinha toda entrando pelos ouvidos, fui ficando cada vez mais molinha e molhada e querendo pular em cima dele, mas cada vez que me aproximava ele se esquivava. Tudo foi acontecendo estupidamente devagar. Primeiro uma mão furtiva na coxa. Depois uma aproximação tímida, ele chegou perto, me deu um cheirinho na nuca, me arrepiei, fechei os olhos, abri a boca, me preparei pro beijo, mas ele se afastou e todo gentil levantou do sofá e foi encher a minha taça. Fiquei de boca aberta e com cara de boba. Quando olhei pra ele sem entender nada, vi o bonito com cara de orgulhoso. Entendi que não era timidez nem lentidão o seu mal, era premeditação.

Então ele voltou, sentou, chegou perto de novo, a ponta do seu nariz encostou no meu, nossos olhos abertos, a gente se olhando, ele lambeu meus lábios, a gente começou a se beijar um beijo lento, quase parando, relaxei e pensei, agora vai, mas ele logo levantou de novo e inventou de ir fumar na janela - o tempo todo sorrindo e me olhando de canto de olho. Entendi e perguntei: ah, então você quer brincar?

Ele riu e não respondeu nada. Deu um gole longo no seu vinho. Eu me aproximei calculando cada passo com a precisão de uma onça, rocei meu corpo no volume da sua calça, observei ele estremecer... dei um trago junto com ele, chapamos juntos,

voltei pra pegar a minha taça que tinha deixado de propósito em cima da mesinha só pra ter uma desculpa pra me afastar dele. Sentei no sofá e como quem não quer nada, o mais cínica e séria e desinteressada que consegui ser, disse: eu tô doida pra te dar, sabia? Isso ele não tava esperando. Não aguentou e veio até mim, me beijou de verdade, com paixão, com ansiedade, mordendo meu lábio, sussurrando que me queria tanto, mas logo depois, não sem certo esforço, se separou de mim e foi "mudar a playlist".

Assim ficamos, nesse vai e vem, como imãs sendo puxados e depois se colando de novo. A cada separação ficava uma tensão no ar e uma peça de roupa a menos no corpo. Ele ria de um lado, eu me contorcia de desejo do outro – nunca fui boa em esperar.

Não sei quanto tempo durou essa brincadeira. Só sei que as roupas foram caindo aos poucos e que uma hora eu tava nua no sofá e ele nu na janela, achei bonito ele de perfil, soprando fumaça de pau duro, todo tatuado, todo com carinha de mal, mas ao tempo tão doce, tão meigo. Era isso que mais me atraía nele, era isso que mais me fazia querer dar pra ele. Quando seu olhar cruzou com o meu, eu sorri e fingi precisar me alongar, me espreguicei no sofá como uma gata, soltando um suspiro, empinando a bunda na sua direção e abrindo um pouquinho as pernas pra que ele visse o que estava esperando por ele - esse ângulo ele ainda não tinha tido o privilégio de admirar.

Foi o xeque-mate. Ele não suportou mais e veio até mim, ficou de joelhos e encarou minha buceta, disse que ela era linda e com mãos hábeis começou a masturbar - tão leve, leve do jeito que mais gosto, leve como nenhum outro homem jamais tinha conseguido ser, santas mãos de tatuador. Não aguentei esperar pra gozar, queria ele perto, dentro, não aguentava mais essa distância, deslizei meu corpo do sofá até o chão onde ele estava ajoelhado e o beijei, foi um beijo louco, molhado, sedento, minha buceta roçando contra sua pélvis, sentindo seu pau pulsar, e quando a espera ficou insuportável, quando o pau dele já tinha começado a doer, uma camisinha apareceu não sei de onde e sentei dando graças a deus, foi um sexo cheio de tesão, expectativa e antecipação, e o que construímos foi tanto que uma vez só não foi o suficiente. Primeiro trepamos foi no chão, depois no sofá. Precisamos de uma pausa pra respirar, mais vinho e pra fazer xixi. Quando voltei do banheiro ele estava de novo escorado na janela, fui até ele, nos abraçamos e contemplamos a cidade enevoada lá fora. Com o roçar da minha bunda contra seu corpo ele cresceu de novo e trepamos mais uma vez, gritando pra cidade que não dorme.

            
            

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