Destino Marcado
img img Destino Marcado img Capítulo 2 Refúgio de Confiança
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Capítulo 6 Um Recomeço Solitário img
Capítulo 7 Forjando Seu Próprio Destino img
Capítulo 8 Ameaças Rondando img
Capítulo 9 Confrontos Iminentes img
Capítulo 10 Chance de Recomeço img
Capítulo 11 Decisões e Incertezas img
Capítulo 12 Desafio Inevitável img
Capítulo 13 Rastros do Passado img
Capítulo 14 Encontros Inesperados img
Capítulo 15 Pistas e Revelações img
Capítulo 16 Sonhos, Conexões e Promessas img
Capítulo 17 Brincadeira do Acaso img
Capítulo 18 Reflexões e Decisões img
Capítulo 19 Um Novo Começo img
Capítulo 20 Consequências e Oportunidades img
Capítulo 21 Um Plano Arriscado img
Capítulo 22 Uma Fachada de Mentira img
Capítulo 23 O Fardo do Legado img
Capítulo 24 A Rainha do Império img
Capítulo 25 O Jogo de Xadrez dos Stavros img
Capítulo 26 Momentos de Angústia e Esperança img
Capítulo 27 O Véu se Rompe img
Capítulo 28 Verdades Reveladas e Corações Partidos img
Capítulo 29 Uma Teia de Segredos e Lealdades img
Capítulo 30 Esperança e Incerteza no Hospital img
Capítulo 31 Reencontro Silencioso img
Capítulo 32 Renascimento e Resoluções img
Capítulo 33 Um Lar Grego para Recomeçar img
Capítulo 34 Desejos Contidos, Laços Fortalecidos img
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Capítulo 2 Refúgio de Confiança

Ela virou-se ligeiramente em sua direção, e o movimento fez com que uma lágrima finalmente escapasse, deslizando por sua bochecha como um diamante líquido. "Asha..." ela hesitou, "apenas Asha hoje."

O modo como ela disse "hoje" carregava o peso de mil histórias não contadas, e pela primeira vez em sua vida, Cornellius descobriu-se querendo conhecer cada uma delas.

"Então, Asha," ele provou seu nome como se degustasse um vinho raro, "imagino que hoje não tenha sido exatamente como planejado."

Ela soltou uma risada amarga, o som cristalino contrastando com a dor em seus olhos. "O que me entregou? O vestido de noiva ou o fato de estar bebendo uísque sozinha?"

Cornellius observou como ela girava o copo entre os dedos longos e delicados. Um anel solitário - não mais uma aliança de noivado - brilhava em sua mão direita. Uma safira antiga cercada por diamantes.

"Na verdade," ele se inclinou levemente, sua presença envolveu-a como um cobertor de calor e especiarias caras, "foi o modo como você olha para esse copo como se ele contivesse todas as respostas do universo."

O bartender trouxe a bebida de Cornellius, e Asha observou pelo espelho o modo como seus dedos fortes envolveram o copo. Uma veia suave pulsava em seu pulso, visível sob a manga perfeitamente engomada da camisa branca.

"E você?" Ela perguntou, virando-se para encará-lo diretamente pela primeira vez. "O que traz um homem como você para beber sozinho?"

"Um homem como eu?" O canto de sua boca se curvou em um meio sorriso que fez algo quente se agitar no estômago dela.

"Poderoso. Controlado." Asha inclinou levemente a cabeça, alguns cachos ruivos deslizando sobre seu ombro exposto. "Pessoas como você normalmente não bebem sozinhas em bares de hotel. Não importa quão luxuosos sejam."

O sorriso dele se ampliou, revelando dentes perfeitamente alinhados. "Talvez eu também esteja procurando respostas no fundo, de um copo."

"E que tipo de perguntas um homem que tem tudo poderia ter?"

Cornellius a estudou por um momento, admirando como a luz brincava com os tons de seu cabelo, criando uma auréola de fogo ao redor de seu rosto de porcelana.

"O tipo que envolve expectativas familiares e..." ele fez uma pausa, tomando um gole de sua bebida, "correntes douradas."

Algo em seu tom fez Asha estremecer. Havia uma solidão ali que ecoava a sua própria.

"Pelo menos suas correntes são douradas," ela murmurou, seus olhos capturando os dele pelo espelho novamente. "As minhas são feitas de mentiras e traições."

O celular de Cornellius vibrou em seu bolso, mas pela primeira vez em sua vida adulta, ele o ignorou. Havia algo hipnótico no momento - na vulnerabilidade compartilhada, na honestidade crua que só estranhos podem ter entre si.

"Sabe o que é irônico?" Asha continuou, sua voz baixa como uma confissão. "Este vestido custou mais do que alguns carros de luxo, mas não conseguiu comprar um final feliz."

Cornellius resistiu ao impulso de tocar seu rosto, de limpar a lágrima solitária que deslizava por sua bochecha.

"Talvez," ele disse suavemente, "finais felizes, não, sejam algo que se possa comprar."

O momento íntimo foi brutalmente interrompido pelo som de saltos agulha contra o mármore. O perfume doce e excessivo precedeu a chegada de Ravenna, como um presságio venenoso.

"Ora, se não é a nossa pequena órfã abandonada." A voz de Ravenna cortou o ar como navalha. Ela estava deslumbrante em seu vestido vermelho Valentino, o tecido abraçando suas curvas como uma segunda pele. "Ainda aqui, afogando suas mágoas?"

Thackery surgiu logo atrás dela, seu smoking desalinhado e a gravata borboleta frouxa no pescoço. Seu rosto empalideceu ao reconhecer Cornellius Stavros. Afinal, quem no mundo dos negócios não conhecia o CEO do império Stavros?

Asha sentiu seu corpo inteiro congelar. O nariz imediatamente avermelhou, uma reação involuntária que sempre a traía em momentos de extrema emoção. Seus dedos apertaram o copo com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

"Thackery," ela sussurrou, sua voz tremendo levemente. Os cachos ruivos deslizaram para frente, criando uma cortina protetora ao redor de seu rosto.

"Asha, eu..." Thackery começou, passando a mão pelos cabelos loiros em um gesto nervoso. "Eu posso explicar..."

"Explicar?" Ravenna riu, um som artificial que ecoou pelo bar. "Querida, não há nada para explicar. Thackery simplesmente percebeu que não poderia manchar o sobrenome Van Der Bloom com... bem, sangue de origem desconhecida."

Cornellius observou a cena se desenrolar, seus olhos cor de tempestade escurecendo perigosamente. A tensão em seus ombros largos era visível, como um predador prestes a atacar.

"É verdade, Thackery?" A voz de Asha saiu surpreendentemente firme. "Depois de três anos, foi só descobrir que sou adotada e todo amor virou pó?"

"Asha, você não entende... há expectativas, tradições..."

"Tradições?" Ela se levantou em um movimento fluido, o vestido de noiva sussurrando ao seu redor. "Como a tradição de seduzir a noiva de seu primo enquanto ele estava na Europa?" Seus olhos cinza-esverdeados fixaram-se em Ravenna.

A meia-irmã empalideceu levemente, mas recuperou-se rápido. "Oh, não seja dramática. Você nunca pertenceu realmente à família Laurent. Papai só te adotou porque sua primeira esposa não podia ter filhos. E agora que ele está morto..."

O som do tapa cortou o ar antes que alguém pudesse reagir. A mão delicada de Asha deixou uma marca vermelha perfeita no rosto de Ravenna.

"Sua selvagem!" Ravenna avançou, suas unhas vermelhas prontas para atacar, mas foi detida por uma voz que congelou todos no lugar.

"Já chega." A voz de Cornellius era baixa, mas carregada de autoridade absoluta. Ele se levantou em toda sua altura imponente, colocando-se sutilmente entre Asha e o casal. "Senhorita Laurent, permita-me acompanhá-la até sua casa."

"Mas... Sr. Stavros," Ravenna tentou intervir, seu tom mudando para sedução açucarada. "Não conhecemos essa... pessoa. Ela nem mesmo é uma Laurent de verdade."

O olhar que Cornellius lançou a ela foi glacial. "Ao contrário de alguns presentes, reconheço classe verdadeira quando a vejo." Ele se virou para Asha, oferecendo seu braço. "Vamos?"

Asha hesitou por um momento, seus olhos cinza-esverdeados encontrando os dele. Havia algo magnético naquele olhar, uma promessa silenciosa de proteção que fez seu coração acelerar.

"Sr. Stavros," a voz de Thackery tremeu levemente. "Não é necessário se envolver em assuntos familiares..."

"Familiares?" Cornellius arqueou uma sobrancelha, sua voz destilando gelo. "Família não trai família, Sr. Van Der Bloom. Mas talvez esse conceito seja muito complexo para alguém como você compreender."

Asha pegou seu braço, sentindo a força dos músculos sob o terno italiano. O calor que emanava dele era reconfortante, como uma fortaleza contra o mundo.

"Ravenna," ela disse suavemente, sem se virar. "Você pode ter roubado meu noivo, mas jamais conseguirá roubar minha dignidade. E quanto a não ser uma Laurent de verdade..." um sorriso triste brincou em seus lábios, "pelo menos não carrego a falsidade no sangue."

Cornellius a guiou em direção à saída, seu corpo grande servindo como escudo. O vestido de noiva farfalhava suavemente contra o mármore, deixando para trás um rastro de sonhos despedaçados e promessas vazias.

"Isso não acabou!" A voz de Ravenna os seguiu, estridente de raiva. "Você não é ninguém, Asha! Ninguém!"

Cornellius parou abruptamente, virando-se uma última vez. Seus olhos, da cor de uma tempestade no mar, fixaram-se no casal com uma intensidade que fez ambos recuarem.

"Senhores," sua voz era suave, mas carregada de ameaça velada. "Sugiro que reconsiderem suas ações futuras. Seria... lamentável... se as práticas questionáveis das Empresas Van Der Bloom viessem à tona justamente agora."

O rosto de Thackery perdeu toda a cor. Todos no mundo corporativo sabiam que cruzar Cornellius Stavros era assinar sua própria sentença de morte profissional.

O silêncio os envolveu enquanto atravessavam o luxuoso lobby do Hotel Athena. O braço de Cornellius era firme sob seus dedos trêmulos, sua presença sólida como uma âncora em meio à tempestade de suas emoções. Aquele vestido de noiva farfalhava suavemente contra o mármore, cada passo ecoando sob os lustres de cristal.

"Seus sapatos," ele murmurou de repente, notando os Louboutin que ela carregava na mão livre.

"Ah..." Asha olhou para seus pés descalços, corando levemente. "Eu... não conseguia mais suportar saltos depois de tudo."

Sem hesitar, Cornellius a conduziu até um dos sofás de veludo do lobby. "Permita-me." Ele se ajoelhou à sua frente, pegando um dos sapatos de sua mão. O gesto, tão inesperadamente cavalheiresco, fez seu coração falhar uma batida.

Com uma delicadeza surpreendente para mãos tão grandes, ele segurou seu pé direito, seus dedos quentes contra sua pele fria. O contraste entre sua figura imponente e aquele gesto gentil criava uma imagem quase surreal - um príncipe moderno ajudando uma noiva fugitiva.

"Obrigada," ela sussurrou, observando como ele repetia o processo com o outro pé, suas mãos demorando-se um segundo a mais que o necessário.

Quando ele se levantou, Asha sentiu-se ainda menor diante de sua altura impressionante. O perfume dele - uma mistura sofisticada de sândalo e especiarias - a envolveu como um abraço invisível.

"Meu carro está esperando," ele disse suavemente. "A menos que você prefira..."

"Não," ela o interrompeu rapidamente. "Eu não posso... não quero voltar para casa agora."

Algo escureceu nos olhos dele ao mencionar 'casa' - o lugar onde, presumivelmente, Ravenna também vivia. Sem dizer mais nada, ele a guiou até a entrada do hotel, onde um Rolls Royce Plâncton preto aguardava.

            
            

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