Noiva substituta de um mafioso possessivo
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Capítulo 2 2

Alice Lewis

O despertador tocou, mas era como se eu não precisasse dele. Não tinha pregado os olhos a noite inteira. Minha mente parecia uma tempestade de pensamentos, cada um mais confuso e sufocante que o outro. A luz da manhã entrava pela fresta da cortina, fazendo com que meu quarto pequeno parecesse ainda menor. Suspirei, sentindo o peso de um dia que mal começara.

Levantei-me e fui direto para a cozinha. Um café forte era o mínimo que eu podia fazer por mim mesma. Enquanto a cafeteira trabalhava, puxei meu notebook da mesa e comecei a digitar: "Arthur Lacerda". Ele não havia dito muito sobre si, mas agora eu tinha um nome e precisava de respostas.

O resultado da pesquisa foi quase imediato. Arthur Lacerda. CEO de uma multinacional com sede no exterior, especializado em investimentos de alto risco. Fotos dele surgiram, todas parecendo algo saído de uma capa de revista. Era estranho pensar que aquele homem impecável, com um semblante tão determinado, era meu pai. Havia notícias recentes sobre sua chegada à cidade, mas detalhes mais pessoais eram escassos. Nada sobre minha irmã, Aurora, ou sobre a família do noivo da minha irmã que ele mencionara.

"Por que ele veio me procurar agora?" Pensei, enquanto folheava uma matéria que exaltava seu sucesso profissional. Era evidente que ele não era um homem qualquer, mas, ao mesmo tempo, tudo nele parecia cercado de mistério.

Depois de um café rápido e um banho frio para tentar acordar, fui ao hospital. Precisava ver minha mãe. Mas também sabia que Arthur estaria lá, e não sabia o que esperar.

Quando cheguei, ele estava na sala de espera, conversando com um médico. Vestia-se tão bem quanto no dia anterior, mas algo em sua expressão parecia mais pesado. Assim que me viu, encerrou a conversa e veio na minha direção.

- Alice. - Ele disse meu nome como se o conhecesse há anos. - Precisamos conversar.

- Sobre o quê agora? - Respondi, cruzando os braços. Eu ainda não confiava nele e não fazia questão de esconder isso.

Ele apontou para um banco no canto da sala, longe dos ouvidos curiosos. Sentamos, e ele começou a explicar, com um tom quase ensaiado:

- O herdeiro com quem Aurora deveria se casar é filho de uma das famílias mais influentes da cidade. O problema é que ele está preso no momento, mas isso não deve durar muito. Precisamos que você o conheça assim que ele for liberado.

- Você está dizendo que quer que eu me case com um criminoso? - Minha voz subiu sem que eu percebesse. Algumas pessoas na sala olharam, mas não me importei.

Arthur suspirou, esfregando a têmpora como se eu fosse a parte mais frustrante de seu dia.

- Não é tão simples assim. Sim, ele cometeu erros, mas o casamento é a única forma de evitar algo pior. Essa família... eles não são do tipo que perdoa dívidas.

- Então é por isso que Aurora fugiu, não é? Ela percebeu que isso tudo é uma loucura. E agora você quer jogar isso em cima de mim? - Eu me levantei, sentindo o calor subir pelo meu rosto.

Arthur não tentou me impedir. Ele apenas me olhou com aquela expressão que eu já estava começando a odiar - como se ele soubesse algo que eu não sabia.

- Eu cometi erros, Alice. Muitos. Para ganhar poder, para proteger o que eu construí. Mas as consequências foram maiores do que eu esperava. Se você não fizer isso, pode colocar não apenas sua mãe em risco, mas a si mesma. Essas pessoas não jogam limpo.

Fiquei parada ali, digerindo suas palavras. Minha mente girava com imagens de mafiosos armados, Aurora fugindo por sua vida, e eu no meio de tudo. Tudo isso por um homem que eu nunca tinha conhecido, que dizia ser meu pai, mas que parecia mais um estranho.

- Eu preciso de tempo para pensar. - Disse finalmente, tentando manter a voz firme. - Amanhã dou minha resposta.

Arthur assentiu lentamente, como se essa fosse a única concessão que ele podia fazer.

Deixei-o ali e fui para o quarto da minha mãe. Ela estava tão pálida, tão frágil. A cada dia parecia mais distante da mulher forte que me criou. Peguei sua mão, esperando que de algum jeito ela pudesse me ouvir.

- O que eu faço, mãe? - Perguntei, minha voz um sussurro. - Como você aguentou tudo isso sozinha? Você sabia sobre Arthur? Sobre Aurora?

Mas ela não respondeu. Não podia. O som ritmo do monitor ao lado dela era a única coisa que quebrava o silêncio.

Eu me sentei ao lado dela, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto. Não era só sobre o casamento ou a família mafiosa. Era sobre tudo. Minha vida inteira parecia uma mentira, e agora eu estava presa em uma história que não era minha.

"Vale a pena?" Pensei. Eu nunca vivi de verdade. Nunca tive um momento que fosse realmente meu. Meus pensamentos vagaram, e uma onda de vergonha tomou conta de mim. A ideia de estar com um homem pela primeira vez - um homem que nem sequer escolhi - era assustadora. Minha pele queimou com a simples possibilidade. Era algo tão íntimo, tão meu, e agora parecia que também queriam tomar isso de mim.

Passei as mãos pelo rosto, tentando limpar as lágrimas, mas elas continuavam a cair. Não sabia o que fazer. Tudo parecia errado, mas, ao mesmo tempo, não fazer nada também parecia um erro. Eu precisava de respostas, mas todas as perguntas estavam enterradas em segredos que minha mãe não podia mais revelar.

O dia terminou com um peso insuportável em meu peito. Eu não sabia o que viria a seguir, mas sabia que estava sozinha nessa decisão. E, pela primeira vez, desejei não ter que ser tão forte.

            
            

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