Noiva substituta de um mafioso possessivo
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Capítulo 4 4

Alice Lewis

Era uma ideia idiota, e eu sabia disso desde o momento em que Clara sugeriu. Ir a um bar para esquecer tudo, como se o álcool pudesse apagar a bagunça que era minha vida.

Mesmo assim, ali estava eu, sentada em um banquinho de couro desgastado. A música era alta demais, as luzes eram agressivas, e as pessoas pareciam todas muito à vontade em seus próprios mundos, enquanto eu só tentava parecer invisível. O vestido que ela me emprestou era justo, curto e definitivamente fora da minha zona de conforto. Eu puxava a barra toda hora, como se isso fosse magicamente cobrir mais do que devia.

Clara, como sempre, estava no centro das atenções, dançando sem se preocupar com nada, enquanto eu permanecia ali, tentando parecer ocupada com meu drink.

- Relaxa, Alice - ela disse antes de me deixar no bar. - Hoje é o dia de você dar um tempo nos problemas... Se joga.

Fácil para ela falar. Clara não estava noiva de um estranho que nunca viu na vida, prestes a ser obrigada a viver uma mentira. A ideia me sufocava. Toda vez que eu pensava no casamento, sentia um nó no estômago. Talvez fosse por isso que concordei em vir. Não para "me jogar", como Clara dizia, mas para me distrair. Para fingir, mesmo que por algumas horas, que eu era uma garota comum.

Suspirei, encarando o copo, ainda me decidindo como terminar aquela noite, estava distraída com meus pensamentos quando alguém esbarrou em mim, e o impacto quase me fez derrubar meu copo.

"Ah, desculpa!" murmurei, virando para encarar o responsável.

Quando meus olhos encontraram os dele, meu coração deu um salto. Ele era alto, com uma postura firme e uma expressão que beirava a indiferença, mas havia algo nos olhos dele, uma mistura de curiosidade e perigo, que me fez sentir um arrepio.

- Você deveria olhar por onde anda. - Ele disse, o tom baixo e controlado. Não parecia irritado, mas também não era exatamente amigável.

- Eu... foi sem querer - respondi, a voz quase um sussurro.

Ele arqueou uma sobrancelha, os lábios curvando-se em um sorriso de canto.

- Sem querer. Claro.

Senti meu rosto queimar e a vergonha me impediu de responder. Ele não parecia interessado em se desculpar também, mas, por algum motivo, não consegui me afastar. Havia algo nele que prendia minha atenção, algo que eu não conseguia explicar.

- Está sozinha? - ele perguntou, inclinando-se levemente para mim.

- Não. - disse automaticamente, apontando na direção de Clara, que ainda estava na pista de dança.

Ele seguiu meu olhar e deu um leve sorriso.

- Entendi. Então, ela te arrastou para cá.

- É tão óbvio assim? - perguntei, sem pensar, e ele riu.

- Você não parece o tipo de pessoa que frequenta lugares assim. - Ele respondeu, tomando um gole do whisky que segurava, passando os olhos sobre mim vagarosamente, me analisando. - Tá na cara que não pertence a esse lugar.

Fiquei sem palavras por um momento, sentindo meu rosto esquentar quando seus olhos cravaram em minhas pernas que estavam quase que completamente nuas.

Não sabia se aquilo era um elogio ou uma crítica, mas a intensidade nos olhos dele me fez quase entrar em pânico.

Ele levantou a mão para o barman e, no mesmo, foram colocados dois copos na mesa.

- Se importa de beber comigo? - Ele perguntou já se sentando ao meu lado, e eu mal tive tempo de responder.

Conforme os minutos passavam, fomos trocando palavras curtas e hesitantes. Ele era um cara misterioso, quase frio, mas havia um certo carisma na maneira como falava, uma confiança que parecia indestrutível.

Enquanto isso, os drinks iam se acumulando. Clara tinha razão sobre uma coisa: o álcool fazia o mundo parecer mais leve, mesmo que por pouco tempo. Mas também fazia minha cabeça girar, e quando percebi, estava tonta o suficiente para precisar segurar no balcão para me equilibrar.

- Você está bem? - ele perguntou, sua expressão finalmente traindo um leve traço de preocupação.

- Estou. - Menti, mas a tontura dizia o contrário.

Ele franziu a testa, avaliando minha condição, e então suspirou.

- Vem, vamos sair daqui.

- Para onde? - perguntei, hesitando.

- Algum lugar mais calmo. - ele respondeu, como se fosse óbvio.

Hesitei por um momento, mas a ideia de sair daquele ambiente sufocante parecia tentadora demais. Ele me ofereceu a mão, e eu a aceitei, deixando-o me guiar até uma área mais reservada do clube, longe da multidão.

Chegamos a um corredor estreito, quase vazio, com luzes mais suaves e menos barulho. Encostei-me na parede, respirando fundo enquanto tentava clarear a mente.

- Melhor? - ele perguntou, cruzando os braços enquanto me observava, intensamente, ainda passando os olhos sobre meu corpo silenciosamente.

- Sim - respondi, embora minha voz não soasse muito convincente.

- Você sempre olha as pessoas assim? - perguntei, a voz baixa e quase nervosa.

- Não - Ele respondeu, se aproximando um pouco mais. - Só as que me interessam.

- Uma garota bonita como você não deveria vestir roupas tão vulgares... - Ele soltou, e então fiquei sem saber o que responder.

O silêncio pairou entre nós por alguns segundos, mas mesmo assim, ele continuava me observando com aqueles olhos intensos que pareciam mais famintos do que curiosos.

Eu sabia que deveria me sentir desconfortável, mas, estranhamente, não sentia.

Havia algo nele que me fazia querer baixar a guarda, mesmo sabendo que isso era perigoso.

- Eu deveria?... - Olhei para ele em confusão, não queria transar com qualquer pessoa que visse na minha frente apenas para não me casar virgem, mas ele aprecia diferente... ou talvez, era apenas o álcool pensando por mim.

- O que te trouxe aqui, de verdade? - ele perguntou de repente, se aproximando mais.

- Minha amiga me arrastou. - respondi o mesmo de antes, mas ele balançou a cabeça.

- É... disso, eu sei, mas e a outra metade da história?

Olhei para ele, surpresa com a confiança na voz dele. Por um momento, considerei contar tudo - sobre o casamento forçado, sobre como eu me sentia presa. Mas as palavras travaram na minha garganta. Ele não precisava saber. Não era da conta dele.

- Eu só... não queria ficar em casa. - disse finalmente, desviando o olhar.

Ele não respondeu, mas inclinou próximo a mim, o suficiente para eu sentir o calor dele. Meu coração acelerou e percebi que não era apenas devido ao álcool.

- Você é muito ruim em mentir. - Ele murmurou, um sorriso provocativo surgindo em seus lábios.

Senti meu rosto queimar de novo, mas, antes que pudesse pensar demais, fiz algo que nunca imaginei que faria.

- Que se foda...- sussurrei, o beijando.

Foi hesitante no início, quase como se estivesse testando as águas. Mas quando ele respondeu, puxando-me pela cintura e aprofundando o beijo, todos os meus pensamentos desapareceram.

Por um momento, a timidez que sempre me acompanhava deu lugar a algo mais intenso, mais impulsivo. Eu sabia que aquilo era errado. Eu nem sabia o nome dele. Mas, ao mesmo tempo, nunca me senti tão livre.

Ele se afastou por um instante, a respiração quente contra minha pele.

- Você tem certeza disso?

Olhei nos olhos dele, a tontura agora se misturando com uma coragem inesperada. Eu sabia que não devia. Mas eu também sabia que, se não fizesse isso agora, nunca teria outra chance.

Aquele seria meu último dia sendo Alice Lewis, sendo eu mesma, então, por que não fazer o que eu queria, nem que fosse uma única vez na vida?

- Sim. - sussurrei, e ele não precisou de mais nada.

            
            

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