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CAROLINE MATHIAS
Uma coisa eu não podia negar, esse homem era extremamente gostoso e seu beijo era uma delícia.
- Acho que esse é o melhor voo que já tive em toda minha vida. - Sua respiração estava ofegante ao me soltar.
- Pelo menos, se morrermos, será fazendo algo gostoso.
- Você é maluca, garota... - ele quase geme ao falar. - Tem mais pessoas aqui.
- Não estamos fazendo nada, só nos beijando.
- Garota, você é maluca..., mas uma maluca gostosa do caralho.
- Sou um pouco, confesso.
Me ajeitei na poltrona, ainda estou com o estômago revirado pelo medo.
- Mas e aí, só tem piercing na língua? - Puxo assunto para me distrair. O homem dá um sorriso meio tímido e leva seu olhar rapidamente ao seu membro, entendo na hora onde tem outro piercing.
E a curiosidade bate no mesmo instante, olho, tentando ver se conseguia definir algo. Mas não dá para ver nada.
- Ai, você tem um piercing aí? - Falo, ainda tentando ver. - Que interessante, adoraria ver.
- Vou ter o maior prazer em te mostrar, mas não aqui.
Eu devo ser a pessoa mais maluca do mundo, estou em um voo, beijando horrores um desconhecido depois de ter pego em seu pau sem querer. Esse homem era um tanto velho, mas extremamente gostoso, e sinto meu corpo em chamas perto dele, o que era bem estranho, nunca sai com um cara tão velho assim, creio que ele deva ter uns trinta e cinco a quarenta anos.
Apesar de ser bem conservado, gostoso mesmo, creio que deva ter essa idade.
Quando finalmente o voo acabou e descemos do avião, quase beijo o chão, fico imaginando como vai ser minha volta, vou fazer esse escândalo de novo, só espero não pegar no pau de mais ninguém. Sou uma maluca às vezes.
- Gostaria muito de te encontrar para termos um encontro normal. Posso saber seu nome? Não me disse até agora. - O homem diz, e ele era maior ainda do que imaginei, e perto dele, sou uma anã. Que gigante.
- Sou Caroline, mas desculpa, de verdade, não queria ter agarrado o senhor daquele jeito, foi o nervosismo...
- Espera, espera um minuto. Está me chamando de senhor depois de ter pego no meu pau e me beijado? - Ele falou, me olhando inconformado, eu apenas dei risada.
- Tipo, não sei seu nome, não me lembro, e você é claramente um senhor de quarenta anos ou mais. - Falo, sorrindo, vendo o ficar boquiaberto, seu olhar pra mim é fixo.
- Mais? Estou tão acabado assim? Tenho trinta e sete anos.
- Ah, sim, um quase quarentão, mas eu gostaria de ter um encontro normal, sim, com você. - Falo, sorrindo.
- Depois de quase destruir minha autoestima me chamando de senhor de mais de quarenta anos, não sei se quero sair com você, garota. - Ele fala, e eu estendo a mão para ele.
- Então, está bem, foi um prazer te conhecer, quase quarentão, obrigada por me ajudar no voo. - Ele segura minha mão, me puxando para um abraço, e me beija com vontade.
- Esse quase quarentão aqui vai te mostrar o que o senhor é capaz de fazer com uma moça petulante feito você.
- Até vou gostar, quase quarentão. - Ele ri novamente e me solta, retirando um cartão do bolso, e me entrega.
- São meus números pessoais, da minha casa, do meu celular e do meu escritório. Me passa o seu.
- Não tenho um cartão chique como o do senhor...
- Quer parar de me chamar de senhor?
- Não sei seu nome.
- É Adam Smith. - Ele fala, escrevo rapidamente o meu número em um papel rasgado, que achei na minha mala de mão, e entrego a ele.
- Esse é meu número, Adam. - Falo, sorrindo.
- Bem melhor. Vou te ligar, Caroline.
- Estarei esperando, e bem curiosa. - Adam me olha confuso.
- Curiosa?
- Sim, esse piercing aí embaixo me deixou curiosa. - Adam dá risada.
- Nunca conheci mulher alguma tão maluca como você. Tão direta nas palavras.
- Não gosto de rodeios. Se tenho algo a dizer, falo, a pessoa gostando ou não.
- Gosto disso.
- Eu preciso ir, foi um prazer te conhecer, quase quarentão. - Brinco. Adam faz uma careta pra mim, torcendo o nariz, dou risada, ele me puxa pela cintura e me beija.
- Até mais, Caroline.
Me despeço do homem lindo e extremamente gostoso, tenho certeza que não vai me ligar, um homem desses deve ter mulheres exuberantes aos seus pés, mas valeu a experiência, vai ser uma boa lembrança.
Peguei minha mala e vou até onde combinei de esperar meu pai. Logo, vejo alguém com um cartaz nas mãos com meu nome.
Era um senhor alto e magro, cabelos grisalhos, não era meu pai, pela foto que ele mandou para minha mãe não se parecia em nada com ele.
- Quem é você? - Pergunto ao me aproximar.
- É a Caroline Mathias? - Assenti. - Sou Miguel Aranti, sou assistente do seu pai, ele teve uma reunião urgente e pediu para te levar até a casa dele.
- Claro, né? Qualquer coisa mais importante que recepcionar a filha bastarda, e que pelo visto não quer conhecer.
- Não é assim, srta. Mathias, seu pai fala de você desde que soube da sua existência, está ansioso, mas ele não teve como vir mesmo.
Não respondo, não me importo, se ele quer me conhecer ou não, só estou aqui porque minha mãe me obrigou, e também porque queria conhecer outro estado. Vim mais à passeio do que para ver ele, se ele não quer me ver, problema dele.
Acompanho o homem até o carro, uma BMW reluzente prata, e entramos no carro. E já fico admirada com a cidade, não vejo a hora de ir à praia.
Quando chegamos ao condomínio luxuoso, fiquei pasma, meu pai tinha tanto dinheiro assim? Mas que mão de vaca! Me pagou uma passagem econômica com esse carro e morando nesse lugar, onde cada casa ocupava a minha cidade inteira.
Pra que gastar com a filha bastarda, não é? Entendo ele, espero que esse mês passe logo e eu volte logo para minha vida chata em São Paulo. "É chata, mas é minha", penso enquanto o enorme portão se abre, dando de cara com a entrada da casa gigantesca.
Entro na casa e sou recebida pelos funcionários, que logo levam minhas coisas, me levando até o quarto que eu ficaria. Entrei e era grande, bem decorado, em tons claros, tinha até banheiro no quarto.
Na minha casa só tinha um banheiro que eu e minha mãe vivíamos brigando para usar, principalmente quando íamos sair e precisávamos nos arrumar.
Me sento na cama, tão macia que minha bunda se sente acariciada como nunca antes.
Desço as escadas de mármore branco, meu pai devia amar branco, era a cor predominante na casa.
Olho alguns quadros e algumas fotos nas mesas de canto. Todas do meu pai, sozinho, em viagens, festas, restaurantes. Ele era bem narcisista pelo visto, só tem foto dele.
Caminho até a entrada de vidro, abro e vou até o jardim, vejo um cachorrinho, latindo para um esguicho no jardim, ele era tão fofo. Me aproximo devagar, e ele late pra mim. Não me assusto, tento ganhar sua confiança, e logo já estava com o cachorrinho, pulando ao meu redor, pego ele no colo.
- Que lindinho!
Fico ali, brincando com o cachorrinho por um longo tempo, pego ele no colo e entro, estou com fome, vou ver se tem algo para comer.
Quando entro, uma mulher dá um grito, ela era quase da minha altura, com um corpão cheio de curvas, bem cheia, mas definida, cabelos a altura dos ombros, ondulados, vestia um short de alfaiataria preto com uma camisa branca, saltos vermelhos da cor do cinto fino passado no short, o casaco preto por cima a deixava bem elegante. Um homem vem apressado, e vejo que é meu pai, parecia com a foto que vi.
- O que foi, Eliz? - Ele pergunta. Olho, sem entender a gritaria.
- O demoninho está aqui dentro, pai. - Ela fala, me olhando, essa era minha irmã? E estava me chamando de demônio?
- Demoninho é sua bunda! Está maluca? - Falo, encarando ela, e a mulher cai na risada.
- Não estou falando de você, garota, e sim do Keke. - Ela fala, apontando para o cachorro.
- Ah, então seu nome é Keke, coisinha fofa. - Falo, brincando com o cachorrinho.
- Fofa nada, esse bicho é um demoninho...
Ela se aproximou e o cachorro pulou do meu colo, correndo e latindo incessantemente para ela, a mulher saiu correndo gritando, pulando pelo sofá, até subir em uma mesa, ele era pequeno e não conseguia subir.
Não contive a risada ao ver a mulher correr de um cachorrinho que é menor que um gato.
- Pai, tira ele daqui.
- Keke, para agora. - O homem fala, mas quando o cachorro foi para cima dele, correu também. - Keke, para agora... Keke...
Não sei se ria ou se ajudava os dois, vou até o cachorrinho furioso, pego ele, que tentou latir pra mim também, seguro ele forte, e faço carinho em sua barriga até ele se acalmar.
- Que bravinho você é, Keke.
- Coloca ele lá fora, Carol, por favor. - Ela diz, olho para ela com a sobrancelha arqueada, com a intimidade ao chamar meu nome.
Levo o cachorrinho até a porta de vidro, colocando ele para fora.
- Já que eu venho brincar com você, lindinho. - Falo, fazendo um carinho nele.
- Oi, Caroline. Desculpa não ir te buscar, não consegui, me desculpa, o voo foi tranquilo? - O homem se aproxima de mim.
Me lembro na hora de Adam, o voo foi um inferno. Mas tive sim uns momentos incríveis nele.
- Tudo bem, sr. Dantas, o voo foi legal.
- Muito bem-vinda, por favor, me chame de pai ou Ronnie, se não se sentir confortável em me chamar de pai logo de cara. - Ele fala, sorrindo, não vou me acostumar com isso nunca, chamar ele de pai, eu hein, nunca. - Está é Eliz Hant, minha ex-afilhada, ela é minha filha de coração.
A mulher pula da mesa e vem até mim, me abraçando forte, pulando feito uma maluca.
- Muito prazer em te conhecer. - Ela diz eufórica. - O pai estava tão ansioso para te conhecer, eu também, sempre quis ter uma irmã.
- Ah, sim... - fico sem reação para essa euforia toda.
- Eu devia ter dado atenção à minha intuição, imaginei que sua mãe estava grávida quando ela me expulsou de casa, mas ela não me ouviu, me expulsou, depois sumiu no mundo, não consegui mais achar ela, não sabe a alegria que senti quando ela me procurou me contando de você, isso realmente me deixou feliz.
Não sei bem a história do meu pai com minha mãe, mas pelo que entendi, ele traiu minha mãe anos atrás e ela foi embora, sei que ele não tem culpa, mas, mesmo assim, não queria conhecê-lo. Pra mim, homem traidor devia ter o pau queimado, seja quem for.
- Será uma boa experiência, obrigado por me receber na sua casa.
- É um imenso prazer te ter aqui, Carol.
- Agora, me diz, como conseguiu segurar o demoninho no colo? Não consigo fazer isso desde que ele tinha meses de vida, aquilo só quer morder todo mundo. - Eliz diz, segurando no meu braço e me levando até a sala luxuosa, me puxa para sentar.
- Ele é tão fofinho. - Falo, vendo meu pai, e ela ri.
- Aquilo só quer saber de comer e morder todo mundo. - Ronnie diz.
- Que exagero, tadinho do bichinho. - Dou risada.
Converso um pouco com eles, e logo nos avisam sobre o jantar, seguimos até a sala de jantar. A mesa era oval e gigantesca, devia ter umas vinte cadeiras, a mesa está tão recheada de comida que parecia uma festa, estava lindo, mas tanta coisa.
- Não sei o que gosta, então mandei fazer pratos variados, espero que goste. - Ronnie fala, se sentando na ponta da mesa, Eliz senta na cadeira lateral perto dele, e eu à sua frente.
- Não vamos esperar sua esposa, a mãe da Eliz? - Pergunto, quando os vejo se servir.
- Não sou casado mais com a mãe da Eliz há uns oito anos ou mais. - Ronnie diz.
- Minha mãe mora em outro país, morava com ela, mas depois da faculdade, vim ficar aqui com nosso pai e trabalhar na empresa. - Eliz diz.
- Você já terminou a faculdade? Pode trabalhar na nossa empresa. - Ele fala.
- Não terminei, tive que parar, minha mãe ficou doente e a grana ficou curta...
- Patrícia está doente? - Ronnie fala, com uma preocupação um tanto excessiva, olho para ele.
- Ela está melhor, já se recuperou. - Falo séria.
- Mas não se preocupe, vou pagar por tudo, é o mínimo depois de tantos anos sem estar presente.
- Não, está tudo bem, vou me virar, arrumar um emprego e voltar para faculdade. - Falo séria.
Não pretendo ter mais contato com ele, na verdade, só vim porque minha mãe implorou, me obrigou, me ameaçou, então estou aqui, mas não quero ter intimidade com eles.
Antes que ele abrisse a boca, o celular da Eliz toca, ela sorri.
- É meu noivo, já volto. - Ela fala, saindo da mesa, me deixando em uma situação constrangedora com meu pai, não sei o que dizer.
- O que gosta de fazer, Carol? - Ele pergunta, me olhando atento.
- Gosto de animais, gosto muito de ficar com meus cachorros, não sei porque fui fazer faculdade de artes se amo animais, devia ter feito veterinária, mas não ia conseguir pagar mesmo, mas sei lá, pelo menos tentado uma bolsa, quem sabe, quando conseguir um emprego, eu tente essa faculdade.
Eu disparei a falar, porque eu sou assim, quando começo a falar, não paro mais, ele me ouvia com uma atenção constrangedora.
- Eu pago pra você, Carol, não se preocupe com isso.
- Eu agradeço, mas já sou de maior e tenho que me virar.
- Bom, terei tempo pra mudar essa ideia. Entendo que não nos conhecemos ainda, mas vou fazer você entender que, se soubesse de você antes, mesmo com sua mãe me expulsando da vida dela, nunca teria te abandonado.
Olho para ele, fico um tanto tímida, coisa que não sou, não muito, ele não me parecia ser uma má pessoa, eu quem não quero obter laços afetivos mesmo.
- Organizei um jantar com amigos próximos amanhã, quero te apresentar a eles.
Não respondo, me apresentar aos seus amigos era um tanto demais, mas tudo bem, se vou ficar aqui por algumas semanas, é bom conhecer pessoas para procurar algo para se divertir. Se bem que eu adoraria me divertir com o quase quarentão do avião, e ia me divertir muito com aquele gostoso, fora minha curiosidade em poder ver aquele piercing, deve ser uma loucura.
Eliz se juntou a nós novamente, eu e ela conversamos muito, ela era muito legal, bem doidinha, nos demos muito bem, meu pai também era mais sério, mas muito legal, não posso negar isso. Em aparência e gênio dou a minha mãe toda, ela era ainda pior que eu em falar, e em falar tudo que pensa, amo minha mãe, ela era demais, chata pra caramba às vezes, mas era demais mesmo.
Depois da janta, fui até o Keke, dei comida a ele e o levei para ficar comigo no quarto. Todos tinham medo desse mini cachorro, até as funcionárias se sobressaltavam ao vê-lo, o bravinho latia para todo mundo.
Fiquei olhando para o quarto luxuoso, meu pai não me parece ser o traidor que minha mãe falou, era estranho, só ouvi o lado da história da minha mãe, apenas que ele havia traído ela com sua melhor amiga, aí ela foi embora, descobriu a gravidez e perdeu o contato com meu pai.
Sempre fiquei com raiva por ele ter traído minha mãe, sempre achei horrível isso, até fiquei surpresa pela minha mãe o ter procurado para falar de mim a ele depois de tantos anos, acho que foi a doença que a deixou mais emotiva. Foram dois anos de luta contra um câncer no ovário, minha mãe sofreu muito, agora está bem, acho que ela ficou com medo de morrer e me deixar sozinha.
Mas depois de tanto tempo, reencontrar um pai que é totalmente desconhecido, não é nada fácil. Meu celular toca, vou atender, era ela, por um momento, fiquei na esperança de ser Adam. Ele não vai me ligar, tenho certeza, deve ter caído a ficha do quão fui louca com ele, e agora só deve querer distância de mim.
- Como foi? Conheceu o traidor do seu pai? - Ela logo diz.
- Oi, mãe. Claro que conheci, não foi pra isso que vim?
- E como foi? Ele deve estar um velho capanga, rola murcha, não é? - Dou risada.
- Que horror, mãe, pare de me dizer isso. Não, ele é bem bonitão pra idade, está ótimo. - Ouço o suspiro de minha mãe.
- Também, com o dinheiro que tem, deve ter feito cirurgia até no c...
- Mãe, me poupe disso! - Interrompi ela, antes de ouvir mais besteiras.
- Enquanto estou acabada, esse traidor está bem. - Ela resmunga.
- Você não está acabada, mãe, é a velha mais linda que conheço.
- Não sou velha, menina, sou madura. - Ela diz, rindo. - Qualquer coisa, me liga, te amo.
- Também te amo.
Desligo o celular e vou dormir, não sei se vou conseguir, tenho muita dificuldade em dormir em lugares diferentes.