Uma Nova Chance Para O Amor
img img Uma Nova Chance Para O Amor img Capítulo 5 4
5
Capítulo 6 Sentimentos que Não Morrem img
Capítulo 7 Entre Olhares e Silêncios img
Capítulo 8 Amor ou Ilusão img
Capítulo 9 Intrigas à Mesa img
Capítulo 10 Entre Conflitos e Revelações img
Capítulo 11 Entre Olhares e Sentimentos img
Capítulo 12 Entre o Desejo e o Arrependimento img
Capítulo 13 Segredos do Passado img
Capítulo 14 A Filha da Traição é a Superação img
Capítulo 15 Ritmo & Raiva img
Capítulo 16 Sentimentos Indesejados img
Capítulo 17 Noite de Reencontros img
Capítulo 18 Reflexo da Ameaça img
Capítulo 19 Verdades Que Nunca Vieram à Tona img
Capítulo 20 Sombras e Trovões img
img
  /  1
img

Capítulo 5 4

Matteo

O dia está uma loucura. Estou ajudando minha irmã com os preparativos para a grande inauguração do seu restaurante. Nossa mãe está orgulhosa da pirralha - e, para ser sincero, eu também. Apesar de ter sugerido que ela seguisse Medicina em vez de Gastronomia, Melyssa sempre sonhou em se tornar uma grande chef e abrir seu próprio estabelecimento. Então, aqui estamos nós, transformando esse sonho em realidade.

- Eu falei que queria essa mesa ali, e não aqui! - ela reclama, irritada.

- Tenho certeza de que você disse lado esquerdo - respondo calmamente.

Ela suspira pesadamente e leva a mão à cabeça, demonstrando frustração.

- Estou muito nervosa e ansiosa...

- Fica calma, vai dar tudo certo - digo, tentando tranquilizá-la.

- Parece que não. As coisas estão dando errado! As encomendas atrasaram e...

- Relaxa. Nossa mãe já está resolvendo isso com os fornecedores. Só tenta se acalmar, tá bom?

Ela me encara por um instante antes de assentir.

- Ok... Você tem razão.

- Eu sempre tenho - brinco, tentando aliviar a tensão.

- Não se ache muito - retruca, dando um soco no meu ombro. Antes que eu possa responder, seu celular toca. Assim que desliga, seu semblante se ilumina.

- Nossa mãe conseguiu resolver com os fornecedores? - pergunto.

- Não... na verdade, não sei. Mas Wendy disse que Phani já chegou e está no apartamento! - Ela me abraça, animada.

Meu corpo enrijece instantaneamente.

- Phani voltou? - pergunto, surpreso.

Poucos sabem, mas namorei Phani por um ano. Nos conhecemos na época da faculdade. Ou melhor, eu já a conhecia há muito tempo. Ela e minha irmã sempre foram muito amigas.

Nossa mãe trabalhava como assistente no escritório do Sr. Carter Miller e, com sua ajuda, conseguiu uma bolsa de estudos para Melyssa em uma das melhores escolas da cidade - onde Phani estudava. Minha mãe pediu que ela ajudasse minha irmã na adaptação e fizesse companhia para ela. Mas Phani fez muito mais do que isso: tornou-se sua melhor amiga.

Anos depois, quando Phani terminou o ensino médio, foi minha vez de retribuir o favor. A pedido de Melyssa, ajudei Phani na adaptação à faculdade e cuidei dela. O que eu não esperava era me apaixonar logo de cara.

Phani sempre foi bondosa, simpática e educada. Tratava todos como iguais, sem distinção de classe social. Ou, pelo menos, era o que eu pensava... Até que, do nada, ela terminou comigo. Sem explicação. Sem um motivo aparente.

Eu ainda tentava entender o que tinha acontecido quando descobri que ela não estava somente comigo. Ela também estava com Pablo. E os dois, em breve, se casariam.

- Sim! Estou tão feliz! - Melyssa sorri, sem perceber meu desconforto.

Engulo seco.

- Ela vem hoje para a sua inauguração?

Antes que minha irmã possa responder, o telefone toca novamente.

- A mamãe conseguiu resolver! As encomendas acabaram de chegar. Precisam de você nos fundos para receber o caminhão.

- Ok, estou indo - digo com certa relutância.

- Depois disso, está liberado. Já te explorei demais hoje.

- Ainda bem que você sabe - brinco, mas minha mente ainda está presa à notícia que acabei de receber.

- Só mais um favor... - Melyssa pede, hesitante. - Passa no apartamento e pega meu vestido? Vou me arrumar aqui no restaurante. Ainda tenho algumas coisas para resolver, e tem uma suíte nos fundos que posso usar.

- Tudo bem. Só vou passar em casa antes para me arrumar - respondo, sem nem ao menos questionar.

A verdade é que estou ansioso demais para ver Phani novamente, depois de tantos anos.

---

Eu tentei não fazer barulho quando percebi que Phani estava dormindo. Preciso confessar que a observei por um bom tempo. Por mais que os anos tenham passado, ela continua linda. E não acredito que ainda assista a essa série... Fui eu quem a viciei quando namorávamos. - Penso, sorrindo.

Dou um passo para trás, tentando sair sem fazer barulho, mas meu cotovelo esbarra em um objeto na mesa de centro. O impacto é suficiente para derrubar algumas coisas no chão, quebrando o silêncio do ambiente.

Ela desperta. Seus olhos encontram os meus, confusos, mas antes que qualquer palavra seja dita, o som do celular ecoa pela sala. O despertador. Ela desliga rapidamente, piscando algumas vezes, como se tentasse situar-se na realidade.

- Desculpa, não queria te acordar - digo, sem jeito, coçando a nuca.

Ela senta, ajeitando o cabelo de maneira distraída, ainda sob o efeito do sono.

- Na verdade, eu já ia acordar. Seria alguns segundos depois, mas ia - brinca, um pequeno sorriso cruzando seus lábios.

Um rastro de alívio percorre meu peito. Pelo menos, o clima não é imediatamente hostil.

- Mais uma vez, desculpa - reforço, dando um passo para trás.

- Está tudo bem - responde, pegando o controle e desligando a TV.

Mas então, sua expressão muda.

- Afinal, o que você está fazendo aqui?

Seus olhos fixam-se nos meus, e todo resquício de descontração desaparece.

- Melyssa me pediu para levar seu vestido; ela Vai se arrumar no restaurante. - digo rapidamente, como se quisesse me justificar.

Ela assente com um movimento breve da cabeça, parecendo apenas cumprir uma formalidade. Sem dizer mais nada, vira-se para o quarto, deixando claro que deseja encurtar essa conversa o máximo possível.

Sei que está tentando evitar ficar no mesmo cômodo que eu.

- Ela não mencionou que você estaria aqui. Quando voltou? - pergunto, buscando um motivo para prolongar o momento. E minto. Eu sabia.

- Cheguei hoje de viagem - responde sem rodeios, sem se virar para me encarar.

- Ah, sim. Estranho não ter ido matar a saudade do seu noivo - provoco, cruzando os braços, o sarcasmo evidente na voz.

Por um instante, um lampejo de desconforto cruza seu rosto. Mínimo, quase imperceptível. Mas eu percebo.

Ela endurece, seus ombros retesam, mas logo se recompõe.

- Preciso me arrumar agora. Como já disse antes, fique à vontade - responde, ignorando minha provocação e preparando-se para desaparecer pelo corredor.

- Eu... posso te levar para o restaurante, se quiser - digo, observando atentamente sua reação. Parte de mim quer vê-la hesitar. Quer ver se, de alguma forma, minha presença ainda a afeta.

Sei que não deveria me importar, mas me importo.

- Não quero te incomodar. Além disso, você deve ir buscar Catarina - retruca, com a voz fria e distante.

Matteo - Nós... É... terminamos. - Minto, sem nem pensar.

Ela pode achar o contrário, mas entre mim e Catarina nunca houve nada. Ela até tentou, pediu que eu lhe desse uma chance, mas nunca quis arriscar nossa amizade. E, para ser sincero, não estou disposto a me envolver com ninguém. Meu trabalho exige demais de mim, e não tenho tempo para coisas fúteis como me relacionar com alguém.

Ou, pelo menos, era nisso que eu acreditava.

A experiência que tive me ensinou a não confiar, a não me permitir sentir além do necessário. Mas, por alguma razão, estar diante de Sthephania agora faz essa certeza vacilar. Nunca consegui esquecê-la, por mais que tenha tentado. E agora, ao vê-la novamente, percebo que talvez nunca tenha sequer tentado de verdade.

- Eu sinto muito. - Ela diz, mas sei que suas palavras não carregam nenhum real pesar.

- Eu vou aguardar você se arrumar. - Digo, já me dirigindo ao quarto de Melyssa.

- Já disse que não precisa, Wendy ficou de me buscar.

- Isso não é uma opção. Melyssa vai precisar da sua ajuda, e conhecendo bem Wendy, ela só vai te atrasar.

Ela suspira.

- Ok. - Concorda, para minha surpresa.

Pego o que Melyssa pediu e volto para a sala, esperando por Phani. Alguns minutos depois, a porta do quarto dela se abre e, quando meus olhos encontram sua figura, perco a fala por alguns segundos.

Ela está deslumbrante.

Seu vestido vermelho se ajusta perfeitamente ao seu corpo, e seus longos cabelos escuros caem como uma cascata sobre os ombros. Seus olhos verdes parecem ainda mais intensos sob a luz do apartamento.

Levo alguns segundos para reagir.

- Ok. - Digo, me movendo enfim, tentando disfarçar o impacto que sua aparência teve em mim.

Sem dizer nada, ela caminha à minha frente até a porta, e descemos juntos pelo elevador. O silêncio entre nós é carregado, mas Phani não parece desconfortável.

Ao sairmos do prédio, dou um leve sorriso ao destravar minha Lamborghini, esperando que ela esboce alguma reação. Um mínimo de surpresa.

Mas nada.

Ela apenas entra no carro, sem sequer lançar um segundo olhar para ele.

Isso me incomoda.

Não que eu precise da aprovação dela. Mas parte de mim queria que ela visse o homem que me tornei, que sou alguém que pode oferecer tudo aquilo que, na minha cabeça, ela me deixou para conseguir.

E, no entanto, ela age como se não tivesse notado nada.

                         

COPYRIGHT(©) 2022