/0/14298/coverbig.jpg?v=4ee1575bf678c6d886ea6a4db7925a9e)
- Eu não sinto fome, e nem estou cansado. Eu queria continuar transando com você por horas a fio, porque não consigo parar. – A voz dele era grosa, sonolenta, Mel sorriu sentindo o carinho dos dedos grandes subirem e descerem por suas costas. A cada movimento seu corpo se arrepiava dos pés a cabeça. Sua excitação parecia aumentar a cada segundo.
- Uma manhã para você não é o suficiente? – murmurou devagar e abriu os olhos encarando as janelas grandes que o sol tentava a todo custo entrar. Pelo menos o final dele. - Estou cansada. Acho que matei minha saudade.
- Estava com tanta saudade assim? – Levi se aproximou mais a abraçando por trás. O cheiro dela o pegou novamente, o doce aroma de seu cabelo e a pele cheirando a suor e sexo. Não poderia ser melhor. - Eu também senti sua falta duas noites sem sentir seu cheiro.
- Sentir falta de alguém... Significa o que? Paixão? Amor? Carinho? Ou era apenas por que me acostumei com a rotina que temos? – Levi revirou os olhos, não queria conversar, só sentir aquele cheiro maravilhoso. - Fala comigo.
- Significa que queremos ficar juntos por mais alguns meses. – Mel sentou na cama quebrando aquele contato físico e Levi, a contragosto levantou também depois de alguns segundos. - O que foi agora?
- Meses? – Mel o olhou por cima do ombro - meses parece bom pra mim. Por que meses não tem limite. Eles continuam sem parar. – Levi riu novamente, e com um riso doce, Mel sentou-se de frente para ele se cobrindo o máximo que podia, e que ele deixava claro. - Quando você foi embora naquele dia de carro, eu pensei que meu coração fosse partir. Só tive sossego de verdade quando estava com Maurício, ou com Becca no meu apartamento.
- A Becca? – Levi estreitou os olhos - o que foi? Viraram amigas?
- Ela estava comigo e Milo, nós trabalhamos muito para mudar várias coisas.
- E quem seria Milo? – Mel riu de canto.
- O arquiteto. – Levi revirou os olhos - O que foi? Você não vai me deixar falar ou conhecer nenhum homem?
- Eu não quero prender a você a mim, Mel, mas sei que eu não sou o tipo de homem que você sonhava em namorar, perder sua virgindade. Você queria o seu tão sonhado príncipe encantado e blá, blá, blá. E como disse uma vez, não fazemos parte do mesmo mundo, mas eu quero fundir esses mundos, com você.
- Então agora é um pedido de namoro?
Paciência, Levi, Paciência.
Um.
Dois.
Três.
- Porque se for, tem ao menos que me pedir de verdade, por que não sei se vou aceitar.
- O que?
Quatro.
Cinco.
Seis.
- É. Você não pode simplesmente dizer que estamos namorando sem me perguntar se eu quero isso.
- Você quer isso.
- Como sabe disso?
Sete.
Oito.
Nove.
- Eu sei que você gosta de mim – Mel riu voltando para seu colo. - Pensei no que você disse antes. Você me parou no meio do caminho pra me chamar de inseguro. Claro que eu sou, não só inseguro, como um grande cretino, aquele que não gosta de ouvir "não", mas enquanto estive com você, tudo que eu escutei foi "não" e gostei de ouvir isso. – ele a abraçou, mas sem tirar os olhos dos dela, do cabelo colorido, daquele riso gostoso que o deixava feliz.
- E eu me pergunto a todo o momento o que você, um cara rico que poderia ter a modelo que quiser na cama, viu em mim...
- Eu vejo em você coragem. É forte, destemida, não abaixa essa cabeça para mim ou para qualquer pessoa. E tem um forte laço com seu irmão. Um laço que ninguém pode cortar. – Mel assentiu passando os dedos ao redor do rosto do novo... namorado. - Eu queria que minha mãe fosse assim. Que qualquer pessoa que fizesse mal, ou que me olhasse de mau jeito, ela voasse em cima como uma leoa.
- Maurício é a minha única família Levi. Ele é a lembrança que eu tenho da minha mãe, do meu pai, do tempo em que éramos felizes. – Riu emocionada - E agora eu tenho você, que está formando seu lugarzinho no meu peito. E vai morar por... meses. Se me pedir em namoro. – Levi soltou o ar preso em um resmungo alto antes de encará-la.
- Você quer namorar comigo? – questionou já irritado.
- Me pedindo desse jeito, eu nego.
DEZ.
- E se eu te levar para um jantar romântico. Hoje. Você aceitaria? – Mel desviou o olhar fingindo pensar. - Mel?
- Tá bom, tá bom. Já que insiste – Os dois riram, suas bocas se colaram em um beijo profundo, mas se descolaram segundos depois de ouviram a porta abrir.
- LEVI.
O homem na cama se virou em direção já crescendo seus olhos, pronto para brigar com quem tivesse entrado ali até se deparar com uma figura que jamais imaginou que fosse ver novamente naquela casa.
- Pai? - Levi estava surpreso. Desde quando Marlon ia a sua casa para falar alguma coisa. E ainda invadia seu quarto como se fosse o dono? Empurrou Mel para o lado cobrindo-a como pôde até levantar buscando algo para vestir. - O que você está fazendo aqui?
- Precisamos conversar e eu não vou esperar você terminar de ficar com essa garota para me atender. - Levi terminou de vestir a única bermuda que viu ali por perto e encarou o pai, sério, um misto de ódio e surpresa se instalava por seu corpo como se fosse um sistema operacional se preparando para começar a funcionar - O que você fez com a Senhorita Miranda?
- Com a Miranda? Eu não fiz nada. Nada.
- Exatamente, você não fez nada. Ela apareceu do nada na empresa, mostrei tudo como pediu e no final, disse simplesmente que não se importava com nada na empresa, apenas com a garota chamada Mel, que está em sua casa e que nesse momento, pretende puxá-la pelos cabelos e larga-la na rua só para ter sua chance de montar em você. - Levi suspirou dando uma breve olhava para Mel que saiu debaixo das cobertas apenas quando escutou seu nome. Voltou para o pai.
- Será que podemos conversar sobre a Miranda lá fora?
- Não. - Mel e Marlon responderam juntos... Porém, a atenção do quarto foi toda dada a Mel que se apoiou nos cotovelos. Estava vermelha, com vergonha e desconfortável, mas estava curiosa para saber quem era aquela mulher, e o que podia fazer para montar em Levi.
- Vocês são curiosos, isso sim. Curiosos. Eu fui vê-la no seu escritório como combinado e conversamos, ela me convidou para ir à boate do pai à noite. E eu estava sozinho, fui. E ela estava dançando e me convidou para ir ao seu camarim.
- E você foi? – Mel questionou incrédula, curiosa, furiosa. - É sério? Eu li muito isso nos livros de romance. Você não ler livros? Significa que ela quer te pegar.
- E eu disse não. – respondeu mais para Mel do que para o pai que deu as costas massageando as têmporas.
- E é por isso que ela está louca por você. Claro. Eu sabia que algo tinha acontecido. Ela estava em cima de você o tempo todo hoje de manhã, e você longe, querendo correr dali. – Marlon voltou a encarar o casal separado, parou na garota. - E você? Posso saber quem é e o que faz aqui?
- É a minha namorada. - Levi respondeu enchendo o peito. Mel sorriu boba enquanto o outro apenas suspirou. - Mel Albuquerque. Eu não quis rejeitá-la naquela noite, apenas disse que gostava de outra pessoa... E a Miranda tem razão quando disse sobre a voz, ela é bem irritante mesmo, mas acredite em mim, quando digo que não é só a voz que é irritante.
- Como é? - Mel se ofendeu.
- Ela nunca me obedece, faz o que quer. Acha que gosto dela porque ela tem um gosto simples e refinado, mas esse gosto simples e refinando na verdade é só horrível mesmo. E você tem que ver a decoração da casa dela, horrível.
- E você é um mimado. Um grande cretino que não consegue ser rejeitado. - Levi a olhou, será que iam mesmo entrar nessa discussão com Marlon no quarto?
- E Miranda parece que também não gosta de ouvir um "não". – Os dois ficaram sérios. - Eu estou feliz por estar namorando, sei o que significa. – Levi abaixou os olhos, desde quando Marlon se importava? - Todo esse tempo à gente tem se dedicado tanto em acabar com sua mãe e o marido que nos afastamos, e eu deixei por isso mesmo. Mas eu não quero que seja assim.
Levi voltou o olhar para pai que e deram um sorriso pequeno.
- Levi. – Mel chamou... Devagar, suavemente.
- Hm...
- Abraça o seu pai, meu Deus. - Levi a fitou, bravo, ela se escondeu de volta abaixo dos lençóis, mas escutou quando ambos se abraçaram e se despediram no corredor.
Levi uma vez disse que não tinha família, mas ele tinha um pai, mesmo que negasse, e pelo visto, Marlon se importava, não tanto quanto ela estava ligada ao Maurício, mas se um dia pudesse mudar isso para fazer aquele homem mais feliz, tentaria com toda certeza.