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O carro de Alexander avançava pelas ruas de Paris a uma velocidade vertiginosa. As luzes da cidade piscavam, iluminando o rosto tenso de Valeria enquanto ela olhava para fora, tentando se agarrar a qualquer coisa que a ancorasse à realidade. As ruas conhecidas desapareciam rapidamente, como se ela estivesse sendo arrastada para um mundo paralelo, onde já não era mais a jornalista que investigava silenciosamente a corrupção, mas sim uma fugitiva com a vida constantemente em perigo.
Ela se recostou no banco e fechou os olhos, tentando acalmar o caos que rondava sua mente. A imagem da cidade desaparecendo no retrovisor, a silhueta do carro preto ao longe, cada pensamento se misturava em sua cabeça. Por quê? Por que a perseguiam? E quem era realmente Alexander?
Uma guinada repentina do volante a tirou de seus pensamentos.
- Vamos fazer uma parada - disse Alexander, sua voz grave e segura.
Valeria olhou ao redor. Estavam fora da cidade, em uma estrada escura, cercados por campos desertos. A escuridão envolvia tudo, com a única luz vinda dos faróis do carro. Alexander reduziu a velocidade e parou ao lado de um pequeno posto de gasolina, que parecia abandonado. O lugar não parecia um ponto de descanso, e sim uma armadilha.
- Por que aqui? - perguntou Valeria, estreitando os olhos.
- Porque alguém está procurando algo. E se querem nos encontrar, este é o melhor lugar para isso.
- Uma armadilha?
- Eu diria que uma oportunidade. - Alexander lhe lançou um leve sorriso, como se tudo fizesse parte de um plano maior. - Se você não me acompanhar, aqueles que estão atrás de você saberão que estamos por perto. E é provável que esta seja nossa última parada antes de despistá-los completamente.
Valeria assentiu, embora não estivesse totalmente tranquila. Alexander saiu do carro e fechou a porta com um clique suave, indicando que ela fizesse o mesmo.
- Para onde vamos? - perguntou antes de segui-lo.
- Vamos entrar na estação, mas fique atenta. Se isso funcionar, teremos uma vantagem. Se não, teremos que correr e não olhar para trás.
Valeria não sabia o que pensar. As palavras de Alexander soavam mais como uma ordem do que uma sugestão, mas ela não podia se dar ao luxo de questioná-lo agora. Sem outra opção, seguiu-o para dentro da loja, que cheirava a gasolina e metal enferrujado.
O interior estava vazio, com prateleiras repletas de produtos comuns, e a luz fluorescente zumbia suavemente. Alexander se aproximou do balcão, onde um homem de rosto marcado os observava em silêncio.
- Está pronto? - perguntou Alexander em voz baixa.
O homem assentiu, lançando um olhar breve para Valeria antes de fazer um gesto em direção a uma porta nos fundos. Alexander a observou e, então, virou-se para Valeria.
- Hora de seguir em frente.
O pequeno depósito se transformou em um corredor escuro, iluminado apenas por algumas luzes fracas que tremeluziam. A porta nos fundos os levou a um longo corredor, onde o ar parecia gelado e carregado. Valeria sentia que cada passo a levava mais fundo para o desconhecido.
No fim do corredor, encontraram uma pequena sala que parecia mais um escritório improvisado. Um homem de pé diante de uma mesa cheia de mapas e papéis ergueu os olhos ao vê-los entrar.
- Já nos localizaram? - perguntou Alexander, direto ao ponto.
- Ainda não - respondeu o homem, sua voz carregada de preocupação -, mas estão perto. Precisamos agir rápido.
Valeria permaneceu em silêncio, observando a cena. Não compreendia tudo o que estava acontecendo, mas cada palavra de Alexander e seus contatos a lançava em um abismo ainda mais profundo.
- O que está acontecendo? - perguntou, incapaz de conter a curiosidade. - Quem são essas pessoas que me seguem? Por que estão tão interessadas em mim?
Alexander a encarou fixamente.
- Vou te contar em breve, prometo. Mas, neste momento, precisamos colocar o plano em ação.
Um homem mais jovem se aproximou com uma pasta na mão. Ele a entregou a Alexander, que a abriu rapidamente. Ao ver os documentos, seu olhar se endureceu.
- Isso é grave. Precisamos mudar os planos - disse ele, com voz séria. Então, voltou-se para Valeria. - Eu te disse que isso era maior do que você imaginava, não disse? Isso não é só um artigo. É algo muito mais sério.
Valeria o olhou, sem entender completamente.
- O que... o que você quer dizer?
Antes que pudesse obter uma resposta, o som de um motor ao longe interrompeu a conversa. Alexander ergueu o olhar, sua expressão tensa.
- Está na hora de sair. Agora.
Sem mais explicações, os homens começaram a se mover rapidamente. Alexander segurou Valeria pelo braço e a puxou para uma porta lateral.
O som do motor se tornava mais forte, e o ar parecia ficar mais pesado a cada segundo que passava. Valeria mal tinha tempo para processar o que acontecia; apenas seguia Alexander, que a conduziu até um veículo estacionado perto da saída traseira.
Quando ambos entraram, o motor rugiu e Alexander girou a chave com rapidez. Assim que o carro começou a se mover, Valeria se virou para ele, mais confusa do que nunca.
- O que está acontecendo? Quem está por trás de tudo isso? Quem são essas pessoas?
Alexander a encarou, sua expressão quase inquebrantável.
- Quem está por trás disso não é um homem qualquer. É alguém com muito poder. E eles estão dispostos a fazer qualquer coisa para manter seus segredos a salvo. Você é apenas uma peça nesse jogo, Valeria. Mas essa peça tem um valor muito alto. E eles sabem disso.
Valeria sentiu o medo apertar seu peito. O carro avançava a toda velocidade, mas, pela janela, os flashes de luzes e sombras diziam que não havia escapatória. O passado de sua investigação, seus artigos, haviam ganhado vida própria, e agora, o que começou como um simples trabalho jornalístico se transformara em uma luta desesperada pela sobrevivência.
E o pior de tudo era que, nessa luta, ela ainda não sabia em quem confiar.
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