Capítulo 5 Desvendando o passado, revelando inimigos

A conversa com Isabella Flores deixou-me com mais perguntas do que respostas. Aquele telefonema tardio de Ricardo parecia um enigma, uma peça solta em um quebra-cabeça cada vez mais complexo. Eu decidi que precisava ampliar meu foco e investigar mais a fundo os outros dois nomes que surgiram como potenciais suspeitos: Sofia Alencar e Eduardo Vargas.

Comecei por Sofia. Sua rivalidade com Ricardo era pública e notória no mundo dos negócios. Pesquisei online, lendo notícias e artigos sobre as disputas acirradas entre a Montenegro Corp. e a Alencar Enterprises. Acabei descobrindo que eles estavam travando uma batalha por uma aquisição multimilionária, um negócio que poderia mudar o panorama do setor em que atuavam. A morte de Ricardo certamente daria a Sofia uma vantagem significativa nessa disputa.

Tentei encontrar informações sobre o tal "acordo" mencionado no e-mail que encontrei no laptop de Ricardo. Vasculhei arquivos de notícias e registros públicos, mas não encontrei nenhuma menção explícita a um acordo secreto entre eles. Isso só aumentou minha curiosidade. Que tipo de acordo seria tão importante a ponto de Sofia ameaçar Ricardo com "consequências severas" caso ele o quebrasse?

Pensei em entrar em contato diretamente com alguém da Alencar Enterprises, talvez um ex-funcionário descontente que pudesse ter informações privilegiadas. No entanto, hesitei. Não queria alertar Sofia sobre minha investigação. Decidi que precisava ser mais cautelosa em meus métodos. Eu tinha que tomar cuidado.

Em seguida, voltei minha atenção para Eduardo Vargas. Sua história com Ricardo parecia ainda mais sombria e carregada de ressentimento e mágoa. Encontrei alguns artigos antigos que relatavam sua saída conturbada da Montenegro Corp. Anos atrás, ele havia sido um dos principais sócios de Ricardo, mas um desentendimento público e amargo resultou em sua expulsão da empresa. Que acabou desembocando num processo judicial que Vargas perdeu.

Os artigos pintavam um quadro de traição e ambição desmedida por parte de Ricardo. Vargas alegava ter sido injustamente acusado e afastado para que Ricardo pudesse assumir o controle total da empresa. A humilhação e a perda financeira certamente teriam deixado marcas profundas em Vargas.

Tentei encontrar o paradeiro atual de Eduardo. Depois de algumas buscas online, descobri que ele havia fundado uma empresa menor, mas que ainda atuava no mesmo setor de Ricardo. Entrei em contato com alguns conhecidos em comum, tentando obter informações sobre seu temperamento e seu relacionamento atual com o falecido CEO. A maioria das pessoas se mostrou relutante em falar. Talvez tivessem medo . Mas um antigo colega de faculdade de Vargas me confidenciou que ele nunca havia superado a forma como Ricardo o havia tratado. "Ele sempre jurou que um dia Ricardo pagaria pelo que fez", disse o colega, sua voz carregada de hesitação.

Essa informação me deu um calafrio. A promessa de vingança de Vargas parecia um motivo forte para o assassinato. Mas como ele teria conseguido entrar no hotel e cometer o crime sem ser notado? E por que ele esperaria até a noite do casamento de Ricardo para agir? Isso não fazia sentido.

Enquanto eu ponderava essas questões, meu celular tocou novamente. Era um número desconhecido. Hesitei por um momento antes de atender. Fiquei com medo.

"Elena Montenegro?", uma voz masculina e áspera perguntou do outro lado da linha.

"Sim, quem fala?", respondi, meu coração começando a acelerar.

"Fique longe do que não te pertence", a voz firme e ameaçadora, carregada de uma ameaça fria. "Você está mexendo com coisas perigosas. Aconselho você a parar antes que se machuque."

A ligação foi desligada abruptamente, deixando-me paralisada pelo medo. Meu coração disparou , era como se eu fosse desmaiar . Aquela ligação era um aviso claro, uma demonstração de que minhas ações não estavam passando despercebidas. Alguém sabia que eu estava investigando e não queria que eu descobrisse a verdade, a qualquer custo. Mas quem estaria tão desesperado para me deter? Quem? Seria Sofia, tentando proteger seu acordo secreto? Seria Eduardo, temendo que eu descobrisse sua promessa de vingança? Ou seria alguém mais, um jogador oculto nas sombras desse jogo mortal?

A ameaça, em vez de me intimidar, acendeu em mim uma chama de teimosia. Eu não podia recuar agora, não depois de ter chegado tão longe. Precisava descobrir quem estava por trás daquela ligação e quem havia assassinado Ricardo, não apenas por justiça, mas também pela minha própria segurança.

Decidi que precisava de ajuda externa, alguém com experiência em investigar e que pudesse me fornecer informações que eu não conseguiria obter sozinha. Pensei em procurar a polícia novamente, mas a ligação anônima me deixou desconfiada. Senti que precisava de alguém que estivesse do meu lado, alguém em quem eu pudesse confiar plenamente. Então, lembrei-me de um antigo amigo de faculdade, Lucas, que agora trabalhava como investigador particular. Ele sempre foi perspicaz e determinado, e eu sabia que poderia contar com sua discrição. Entrei em contato com ele imediatamente, explicando a situação de forma resumida e pedindo sua ajuda para investigar Sofia Alencar e Eduardo Vargas em paralelo com a investigação policial.

Meu amigo, chamado Lucas, se mostrou imediatamente preocupado e disposto a me ajudar. Marcamos um encontro para o dia seguinte em um local discreto, onde eu poderia fornecer a ele todos os detalhes e informações que havia coletado até então, incluindo a estranha anotação sobre a "coruja".

Naquela noite, voltei para a suíte do hotel, sentindo-me exausta e tensa, mas também com uma renovada sensação de esperança. Aquele lugar, que deveria ter sido o início de uma nova vida, agora era um lembrete constante da violência e do perigo que me cercavam. Deitei-me na cama, mas o sono não veio facilmente. Minha mente estava agitada, processando todas as informações que havia descoberto e ansiosa pelo encontro com Lucas. A figura enigmática da "coruja" pairava em meus pensamentos, como um presságio de segredos ainda mais profundos a serem revelados. Eu não era apenas a viúva por contrato de um homem assassinado. Eu era Elena, e eu iria descobrir a verdade, custe o que custasse. O jogo havia começado, e eu estava pronta para jogar até o final.