Bianca De Angelis.
A garota debochada. A língua venenosa com um corpo de pecado e um olhar que desafia até o inferno.
Ela acha que isso é um jogo. Que pode rir, provocar, pisar no rastro de medo que deixo por onde passo.
Mas hoje... hoje eu mostro pra ela - e pra todos - quem manda.
O salão está lotado. Convidados engravatados, aliados da máfia italiana, rostos que escondem segredos, traições e sangue. Todos se calam quando eu entro.
Eles sabem.
Eu sou o Monstro da Calábria.
E ninguém ousa me contrariar.
No altar, espero com as mãos cruzadas nas costas. Meu terno é preto como a noite sem lua. O olhar firme. Frio.
Ao meu lado, o pai dela treme como um porco prestes a ser abatido. E com razão. Se não fosse útil por agora, já estaria enterrado.
A porta da igreja se abre.
E lá vem ela.
Bianca.
Usando um vestido branco... curto. Decotado. Justo.
Uma afronta costurada em cetim.
As pernas nuas, o peito quase saltando pra fora, o sorriso cínico pintado nos lábios vermelhos.
Ela cruza o corredor como se fosse dona do lugar.
Alguns convidados - idiotas - ousam desviar os olhos para as curvas dela.
E é aí que tudo para.
Dou dois passos à frente e levanto a mão.
- Baixem os olhos. Agora. - minha voz ecoa como um trovão no salão.
Ninguém se move.
- Se eu pegar alguém olhando pra minha esposa com esse vestido de puta... eu mato aqui mesmo. De cueca e calcinha. Sem cerimônia.
O silêncio é absoluto.
Todos abaixam a cabeça. Alguns tremem. Um engole em seco.
E ela ri.
A desgraçada ri.
- Calma, marido. Tá com ciúme ou medo de perder o encanto?
Meu sangue ferve.
Mas não respondo.
Não ainda.
Ela sobe os últimos degraus do altar e para na minha frente, com aquele olhar atrevido e o corpo desafiando cada maldito código de conduta que já impus em qualquer cerimônia.
Pego o microfone do padre com calma. Seguro com força. E encaro a multidão.
- Eu avisei. E cumpro o que prometo.
Agarro o vestido pela frente e rasgo o tecido de cima a baixo, arrancando o decote, a parte justa, o capricho que ela escolheu pra se exibir.
Fica de calcinha e sutiã rendado, branca como deveria ser a alma dela, se tivesse uma.
Um grito baixo ecoa na igreja.
Mas ninguém ousa se mexer.
O pai dela tenta se mover. Encosto a mão no coldre.
Ele recua. Pálido.
Bianca me encara, com um sorriso quase desafiador... mas os olhos? Os olhos vacilam.
- Você é doente.
- E agora, você é a esposa do doente.
Entrego o microfone de volta ao padre e faço sinal pra ele continuar.
A cerimônia segue. Em silêncio. Tensa.
Ela responde o "sim" com o queixo erguido, mesmo exposta, mesmo humilhada.
Eu também digo sim. Não porque quero.
Mas porque exijo.
O anel desliza no dedo dela como uma sentença.
E quando o padre fala que pode beijar a noiva, eu me aproximo...
Seguro firme sua cintura, forçando-a pra perto, e murmuro:
- A partir de hoje, todo mundo vai te temer tanto quanto teme a mim.
E então beijo.
Não por amor.
Mas por domínio.
E ela não recua.
Não geme.
Não se entrega.
Ela sorri.
Um sorriso que diz:
"Você pode me rasgar, Alessandro. Mas eu vou ser o espinho na tua garganta até o fim."