O monstro da Calabria
img img O monstro da Calabria img Capítulo 2 2
2
Capítulo 6 6 img
Capítulo 7 7 img
Capítulo 8 8 img
Capítulo 9 9 img
Capítulo 10 10 img
Capítulo 11 11 img
Capítulo 12 12 img
Capítulo 13 13 img
Capítulo 14 14 img
Capítulo 15 15 img
Capítulo 16 16 img
Capítulo 17 17 img
Capítulo 18 18 img
Capítulo 19 19 img
Capítulo 20 20 img
Capítulo 21 21 img
Capítulo 22 22 img
Capítulo 23 23 img
Capítulo 24 24 img
Capítulo 25 25 img
Capítulo 26 26 img
Capítulo 27 27 img
Capítulo 28 28 img
Capítulo 29 29 img
Capítulo 30 30 img
img
  /  1
img

Capítulo 2 2

Alessandro

Meu nome é Alessandro Vitale. Tenho trinta e seis anos, e há exatamente vinte deles carrego nas costas o peso do sobrenome que comanda a Calábria com punho de ferro.

Sou o monstro que as mães usam pra assustar os filhos.

O nome sussurrado nos becos.

O demônio que aparece quando uma dívida não é paga.

Não acredito em amor. Nem em felicidade. A vida me ensinou que tudo o que importa pode ser comprado, controlado ou destruído.

E hoje, eu compro uma esposa. Uma dívida paga com sangue e aliança.

Bianca De Angelis.

A garota debochada. A língua venenosa com um corpo de pecado e um olhar que desafia até o inferno.

Ela acha que isso é um jogo. Que pode rir, provocar, pisar no rastro de medo que deixo por onde passo.

Mas hoje... hoje eu mostro pra ela - e pra todos - quem manda.

O salão está lotado. Convidados engravatados, aliados da máfia italiana, rostos que escondem segredos, traições e sangue. Todos se calam quando eu entro.

Eles sabem.

Eu sou o Monstro da Calábria.

E ninguém ousa me contrariar.

No altar, espero com as mãos cruzadas nas costas. Meu terno é preto como a noite sem lua. O olhar firme. Frio.

Ao meu lado, o pai dela treme como um porco prestes a ser abatido. E com razão. Se não fosse útil por agora, já estaria enterrado.

A porta da igreja se abre.

E lá vem ela.

Bianca.

Usando um vestido branco... curto. Decotado. Justo.

Uma afronta costurada em cetim.

As pernas nuas, o peito quase saltando pra fora, o sorriso cínico pintado nos lábios vermelhos.

Ela cruza o corredor como se fosse dona do lugar.

Alguns convidados - idiotas - ousam desviar os olhos para as curvas dela.

E é aí que tudo para.

Dou dois passos à frente e levanto a mão.

- Baixem os olhos. Agora. - minha voz ecoa como um trovão no salão.

Ninguém se move.

- Se eu pegar alguém olhando pra minha esposa com esse vestido de puta... eu mato aqui mesmo. De cueca e calcinha. Sem cerimônia.

O silêncio é absoluto.

Todos abaixam a cabeça. Alguns tremem. Um engole em seco.

E ela ri.

A desgraçada ri.

- Calma, marido. Tá com ciúme ou medo de perder o encanto?

Meu sangue ferve.

Mas não respondo.

Não ainda.

Ela sobe os últimos degraus do altar e para na minha frente, com aquele olhar atrevido e o corpo desafiando cada maldito código de conduta que já impus em qualquer cerimônia.

Pego o microfone do padre com calma. Seguro com força. E encaro a multidão.

- Eu avisei. E cumpro o que prometo.

Agarro o vestido pela frente e rasgo o tecido de cima a baixo, arrancando o decote, a parte justa, o capricho que ela escolheu pra se exibir.

Fica de calcinha e sutiã rendado, branca como deveria ser a alma dela, se tivesse uma.

Um grito baixo ecoa na igreja.

Mas ninguém ousa se mexer.

O pai dela tenta se mover. Encosto a mão no coldre.

Ele recua. Pálido.

Bianca me encara, com um sorriso quase desafiador... mas os olhos? Os olhos vacilam.

- Você é doente.

- E agora, você é a esposa do doente.

Entrego o microfone de volta ao padre e faço sinal pra ele continuar.

A cerimônia segue. Em silêncio. Tensa.

Ela responde o "sim" com o queixo erguido, mesmo exposta, mesmo humilhada.

Eu também digo sim. Não porque quero.

Mas porque exijo.

O anel desliza no dedo dela como uma sentença.

E quando o padre fala que pode beijar a noiva, eu me aproximo...

Seguro firme sua cintura, forçando-a pra perto, e murmuro:

- A partir de hoje, todo mundo vai te temer tanto quanto teme a mim.

E então beijo.

Não por amor.

Mas por domínio.

E ela não recua.

Não geme.

Não se entrega.

Ela sorri.

Um sorriso que diz:

"Você pode me rasgar, Alessandro. Mas eu vou ser o espinho na tua garganta até o fim."

            
            

COPYRIGHT(©) 2022