O monstro da Calabria
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Capítulo 5 5

Alessandro

O cheiro de sangue ainda impregnava minhas mãos quando entrei na sede da máfia.

O casarão de pedra, com janelas fechadas e corredores escuros, era o coração podre do poder. Meu império. Meu legado.

Vesti o paletó preto enquanto subia as escadas e entrava na sala principal de reuniões. Giovanni, meu conselheiro mais velho, me esperava com a pasta do dia.

- Notícias? - perguntei sem sequer sentar.

Ele olhou por cima dos óculos e fez sinal para um dos homens.

- Uma queixa de estupro, capo. A mulher era protegida da Casa Vitale.

Meus olhos se estreitaram.

- O homem?

- Foi pego. Está no andar de baixo.

Trinquei os dentes. Soltei o paletó com raiva e desci os degraus de pedra.

A porta da sala de tortura se abriu com um rangido seco.

Lá estava ele: amarrado, sujo, com sangue no canto da boca e olhos arregalados de medo. Um lixo.

Fechei a porta atrás de mim.

- Você sabe por que está aqui? - perguntei, aproximando devagar.

Ele começou a balbuciar. Negou. Choramingou.

- Por favor... eu não...

CRACK.

Meu punho quebrou o nariz dele com um único golpe.

Ele gritou. Mas eu não parei.

Dois. Três. Quatro socos.

Chutei o estômago. Pisei na perna até ouvir o osso estalar.

O sangue jorrava, mas o desgraçado ainda resistia.

Agarrei o cabelo dele e puxei até nossos rostos ficarem colados.

- Você estuprou. Fala. Agora.

- Eu... eu só... só uma vez... - ele murmurou, entre dentes quebrados.

Soltei. Cuspi no chão.

- Castração.

Dois dos meus homens entraram sem dizer uma palavra. Um segurou as pernas. O outro tirou a faca.

O grito dele ecoou nos corredores.

Mas ali, ninguém se comove com dor.

Depois, levei o pedaço de carne mutilado até a máquina de moer carne. Liguei.

Os ossos triturados saíram do outro lado.

- Dê os restos aos porcos.

Eles têm fome hoje.

Subi de volta. Entrei no meu banheiro privado. Tirei a camisa ensanguentada.

Tomei um banho quente, vesti um novo terno, arrumei o cabelo. A máscara de civilidade precisava estar firme para a próxima parte do dia.

Voltei à sala de reuniões. Os homens do conselho estavam reunidos.

- Precisamos conversar, Alessandro - disse Giovanni, com cautela. - Sobre o futuro da família.

- Fale.

- Agora só restam você e seu irmão. Com a morte de Lorenzo, a linha de sucessão está ameaçada. A máfia precisa de um herdeiro. É tradição. É estabilidade.

Cruzei os braços, encarando todos.

- Me casei ontem.

- Sabemos. E respeitamos.

- Ele limpou a garganta. -

Mas é preciso começar a pensar... no próximo passo. No sangue novo. No legado.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Depois, me levantei devagar.

- Vou pensar.

Saí da sala. Atravessei o corredor e entrei no salão de jantar da mansão. A mesa estava posta, a comida servida com perfeição.

Mas a cadeira dela estava vazia.

Esperei alguns minutos. O relógio passou.

Nada.

Virei para a governanta que passava com uma bandeja.

- Onde está minha esposa?

Ela hesitou, nervosa.

- A... a senhora está indisposta, senhor. Pediu para não descer.

Sorri.

- Sirva o jantar.

- Abaixei o tom, mas fiz questão que todos ouvissem: -

A partir de agora, nenhum dos empregados tem autorização para servir nada a ela. Nem café. Nem água. Nada.

A mulher arregalou os olhos.

- Mas, senhor...

- Ela quer se isolar? Vai sentir o gosto da fome.

Ou ela desce... ou apodrece no próprio orgulho.

Sentei à mesa. Servi meu prato com calma.

O silêncio da casa agora era meu favorito.

Porque ali, eu estava no controle de tudo.

Inclusive dela.

                         

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