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Seria uma grosseria da parte dela, pensou Pérola. Ela havia ficado um pouco insegura com o que vestir, mas não se deixou levar pela pose de playboy de Klaus. Pérola entendia de moda, e mesmo sem muitas condições, sabia se vestir bem. Para o encontro, escolheu uma calça jeans escura flare, salto alto plataforma nude, uma blusa larguinha cor neutra por dentro da calça, com cinto e um casaquinho cardigã. Deixou o cabelo solto, com todo o volume que tinha por ser lavado no dia, e gastou um bom tempo arrumando as madeixas.
Seu cabelo era naturalmente cacheado, longo até a altura do sutiã, com cachos largos que, esticados, quase alcançavam o bumbum.
Eles combinaram de se encontrar diretamente no barzinho. Pérola sugeriu o lugar e ainda foi com o coração apertado pagar a condução. O dinheiro era contado, e qualquer volta custava entre vinte e trinta reais. Ela achou melhor assim, para não dar trabalho a ele. Chegou primeiro, no horário combinado, e foi sentar sozinha. Nem pediu nada para economizar. Começou a pensar que talvez levasse um bolo, ou que tudo fosse uma brincadeira de mau gosto.
Klaus chegou depois de uns trinta ou quarenta minutos. Beijou o rosto dela, sendo simpático e educado. Estava cheiroso, barba feita, vestido num estilo social esporte.
- Oi, Pérola, tudo bom? Desculpa o atraso, me enrolei com umas coisas. Você está muito linda! Diferente, não sei dizer.
Pérola respondeu, lisonjeada:
- Oi, Klaus, tudo bem e você? Imagina, está cedo ainda. Tranquilo! Obrigada. Deve ser a maquiagem, não costumo usar assim no dia a dia.
Sentaram-se à mesa, um de frente para o outro. Ele pediu o cardápio e criticou o atendimento, sendo que acabara de chegar. Pérola discordou e ainda riu da situação. Klaus perguntou o que ela gostaria de pedir, e ela, sem jeito, falou:
- Ahhh, não sei. Está com fome? Você gosta de beber, né?!
Ele disse que não estava com muita fome. Pediram uma torre de chopp e uma porção de fritas especial. Klaus comentou que esperou ansiosamente pelo encontro e que estava achando que ela não apareceria. Conversaram bastante sobre trabalho e estudos. Pérola falou muito, toda tagarela, ainda mais bebendo, o que não era um hábito seu. Ela era muito fraca para bebida. Ele colocou a mão sobre a dela enquanto conversavam e começou a fazer um carinho, iniciando um contato físico.
Klaus foi ao banheiro e, quando voltou, sentou-se ao lado de Pérola. Enquanto conversavam, pegou na perna dela algumas vezes, por baixo da mesa, como se ninguém estivesse vendo nada. Na primeira oportunidade, beijou-a de língua, grudou no cabelo dela e enfiou a língua em sua boca. Pérola não conseguiu definir de zero a dez o quanto gostou; achou o local desconfortável, com muita gente perto. Ela nunca gostou de exibicionismo.
Começaram a falar de faculdade e de política, e deram muita risada. Não deu meia hora após o primeiro beijo, e Klaus disse que ia pedir a conta. Deu um selinho nela. Pérola falou que queria pagar a metade e foi abrindo a bolsa para pegar a carteira. Tinha só uma nota de cinquenta reais e ficou com medo de não ser suficiente. Klaus disse que não precisava, que havia bebido mais que ela e que era um prazer para ele pagar. Pérola insistiu, dizendo que ficaria chateada. Tomou a frente com o garçom, e ele não teve opção. Racharam a conta e foram saindo. Klaus meio que a abraçou e falou:
- Vamos dar uma volta? Está cedo ainda!
Pérola concordou. Beijaram-se no estacionamento, duas vezes. Entraram no carro, e ele a levou para um lugar mais afastado. Deitou um pouco os bancos e ofereceu chicletes. Ela aceitou, pensando no perfume delicioso dele. Ele se aproximou, tirou o cinto de segurança dela e deu um beijão. Começaram a ficar, e ele rapidamente avançou o sinal, pegando nos seios dela e colocando a mão no meio de suas pernas por cima da roupa. Estavam naquele amasso todo, e ele a apertava. Pérola recuou discretamente, tirando a mão dele mais de uma vez, e foi dando uma pausa nos beijos. Então, ele a surpreendeu e disse:
- Quero ficar mais à vontade com você, aqui não é muito legal. Vamos para um motel? O que acha?
Pérola respondeu, tentando agir naturalmente:
- Hoje não, quem sabe um outro dia...
Klaus respondeu, afastando-se completamente dela e ficando sério:
- Belezinha, vou te levar para casa então...
Ela não gostou da atitude dele. Sentiu que ele só havia saído com ela com a intenção de levá-la para a cama e achou que seria muito fácil. Ficou quieta, e ele a levou para casa, calado boa parte do caminho. O clima mudou completamente. Ele atendeu uma ligação e combinou de encontrar alguém, deixando bem claro o que estava acontecendo, pelo menos para ela. Pérola se sentiu muito idiota por ter aceitado o convite daquele arrogante metido a besta.
Ela nem ia se despedir com beijo, tirou o cinto, e ele falou:
- Curti muito sair com você hoje, Pérola. Não vai me dar um beijo?
Ela deu um beijinho sem muita vontade e respondeu:
- Obrigada por me trazer em casa, Klaus.
Desceu do carro, chateada porque havia gostado dele durante a noite, pelo menos em parte. Mas ele a fez abrir os olhos. Quando entrou em casa, sua mãe, Salete, perguntou como tinha sido a noite. Pérola tentou disfarçar sua cara péssima. Salete comentou que ela havia chegado cedo, e Pérola disse que tinha sido legal e divertido, mas que o rapaz não tinha nada a ver com ela, com ideologias e gostos diferentes, além de ser um pouco mais velho.
Logo foi deitar e ficou olhando o celular para ver se ele havia mandado algo. Depois da meia-noite, ele mandou uma mensagem perguntando se ela ainda estava acordada e falou que ela havia esquecido o casaco no carro e que ele ficaria sentindo o perfume dela a noite toda. Pérola só viu a mensagem de manhã e respondeu:
"Bom dia, Klaus rs nem lembrei de pegar o casaco"
Ele respondeu:
"Bom dia, linda, quando podemos nos encontrar para eu devolver?"
Pérola disse que ia ver um dia, mas que não tinha pressa e não queria incomodar. Ele voltou a falar do cheiro e disse que ficou com o gosto dela em sua boca.