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Isadora
Ele me olhava como se pudesse me despir sem encostar um dedo.
Como se já soubesse de todos os meus segredos.
Fiz força para recuperar a compostura.
- Eu... eu preciso restaurar a casa - consegui dizer, a voz mais firme do que eu esperava.
Ele assentiu, cruzando os braços tatuados sobre o peito largo. O movimento fez a camiseta esticar nos músculos, e eu desviei o olhar como uma covarde.
- Eu posso cuidar disso - ele respondeu. - Sou restaurador. Trabalho com madeiras antigas, estruturas... e histórias.
Histórias.
A palavra soou diferente na boca dele. Como se não fosse apenas sobre a casa.
Meu instinto dizia para correr.
Meu corpo dizia para ficar.qqq
- Tudo bem - falei, sentindo minhas bochechas queimarem. - Mas eu quero participar da restauração. Não quero que façam tudo sem mim.
Ele sorriu de lado. Um sorriso que parecia uma promessa de algo que eu ainda não entendia.
- Então teremos que trabalhar... bem próximos.
O jeito que ele disse aquilo, arrastando as palavras como um toque na pele, me fez prender a respiração.
E eu soube, naquele instante, que não era apenas a casa que seria restaurada.
Era algo dentro de mim.