Capítulo 3 O Acordo

Isadora

Ele me olhava como se pudesse me despir sem encostar um dedo.

Como se já soubesse de todos os meus segredos.

Fiz força para recuperar a compostura.

- Eu... eu preciso restaurar a casa - consegui dizer, a voz mais firme do que eu esperava.

Ele assentiu, cruzando os braços tatuados sobre o peito largo. O movimento fez a camiseta esticar nos músculos, e eu desviei o olhar como uma covarde.

- Eu posso cuidar disso - ele respondeu. - Sou restaurador. Trabalho com madeiras antigas, estruturas... e histórias.

Histórias.

A palavra soou diferente na boca dele. Como se não fosse apenas sobre a casa.

Meu instinto dizia para correr.

Meu corpo dizia para ficar.qqq

- Tudo bem - falei, sentindo minhas bochechas queimarem. - Mas eu quero participar da restauração. Não quero que façam tudo sem mim.

Ele sorriu de lado. Um sorriso que parecia uma promessa de algo que eu ainda não entendia.

- Então teremos que trabalhar... bem próximos.

O jeito que ele disse aquilo, arrastando as palavras como um toque na pele, me fez prender a respiração.

E eu soube, naquele instante, que não era apenas a casa que seria restaurada.

Era algo dentro de mim.

            
            

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