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A aula terminou, mas Ana Clara não conseguia se levantar da cadeira. As pernas pareciam de algodão. Na cabeça dela, só o som grave da voz de Arthur repetindo:
"Nos vemos à noite. Sala 42. Só nós dois."
Ela não sabia se era um convite ou uma armadilha. Só sabia que o corpo dela já tinha respondido antes da mente - e que às 20h03, estava empurrando a porta da sala 42.
Arthur estava ali, recostado na mesa, mangas dobradas, a luz suave iluminando o rosto sério. Ele ergueu o olhar devagar, e Ana sentiu o ar sumir dos pulmões.
- Eu sabia que você viria - ele disse, baixo.
Ana mordeu o lábio, sem saber o que responder. O silêncio entre eles era carregado, tenso, elétrico. Cada segundo parecia esticar o desejo até quase estourar.
- Não tenha medo - Arthur murmurou, caminhando devagar na direção dela. - Mas se quiser ir, vá agora.
Ana não se moveu. Só o coração martelava no peito, e o calor entre as coxas latejava, denunciando o que ela mais queria.
Arthur parou a poucos centímetros, os olhos fixos nos dela. As mãos subiram, devagar, sem tocar - apenas pairando ao redor do rosto, do pescoço, da cintura. O cheiro dele a envolvia: madeira, couro, homem.
- Sabe qual foi o pior castigo hoje? - ele sussurrou junto ao ouvido dela, os lábios quase roçando a pele. - Ficar horas naquela sala sem poder tocar em você.
Ana soltou um suspiro trêmulo, sentindo o corpo inteiro se acender. Ele não a tocava - só prometia. E o que ele prometia fazia sua pele arder.
- Você é perigosa, Ana Clara. - Ele sorriu, a boca quase encostando na dela. - E eu sou péssimo em resistir a perigos.
Os dedos finalmente pousaram na cintura dela, subindo pela curva da coluna, e Ana arqueou-se instintivamente. Um toque leve, quase uma provocação, mas que a deixou ofegante.
O beijo não veio ainda. Arthur a estudava, se divertindo com o efeito que tinha nela. Ana, com as mãos trêmulas, segurou a camisa dele. A respiração dos dois se misturava. O peito dele subia e descia devagar, controlado, enquanto o dela disparava desgovernado.
- Vou fazer você esperar só mais um pouco - Arthur murmurou, roçando os lábios pelo maxilar dela. - Porque a fome... é sempre mais doce quando cresce devagar.
Ana gemeu baixo, a cabeça girando. Ele a estava incendiando sem tirar uma peça de roupa, sem sequer um beijo de verdade. E aquilo era um jogo perigoso - porque ela sabia que no momento em que ele a tomasse, ela não seria mais dona de si.