Capítulo 4 Por favor, Glenn, me deixe tentar

Quando o médico anunciou o desfecho irreversível, qualquer resquício de esperança se dissipou por completo.

O corredor em frente ao quarto foi tomado imediatamente por sons de pranto e desespero.

Através da porta entreaberta, todos podiam ver Jane deitada, imóvel e lívida, os olhos cerrados e a pele marcada por um tom acinzentado.

No monitor cardíaco ao lado do leito, as linhas antes instáveis haviam sido substituídas por um traço contínuo.

As pernas de Glenn cederam, e seu corpo começou a fraquejar.

Derek agiu rapidamente, amparando-o com firmeza, e gritou, seus olhos marejados: "Isso não pode ser o fim. Continuem tentando!"

Simon, com um gesto sereno e pesaroso, respondeu: "Eu realmente lamento, senhor. É necessário aceitar a realidade."

Um súbito torpor percorreu o corpo de Derek, que cambaleou para trás e se encostou à parede em busca de apoio.

Instintivamente, Allison estendeu a mão para ajudá-lo, mas logo recuou.

Derek estava à beira do colapso, com suas emoções o consumindo por dentro.

Ele havia perdido a mãe ainda na infância e vagado à deriva até ser acolhido pela família Evans aos doze anos de idade.

Seu pai, que já havia constituído uma nova família, sempre o tratava como um intruso.

Somente Glenn e Jane o acolheram de forma genuína e eram sua verdadeira família nesse mundo.

Ao redor, o ambiente era preenchido por choros intensos dos membros da família, embora fosse difícil discernir a sinceridade dessas manifestações de luto.

"Para alguém que era tão estimado pela vovó, você chegou tarde demais", comentou uma voz com um nítido tom de sarcasmo.

A observação partira de Jaycob Evans, meio-irmão de Derek.

Jaycob sempre alimentava uma hostilidade profunda contra Derek, fomentada pelas versões distorcidas contadas por sua mãe. Ele via Derek como um rival indesejado na disputa pela fortuna, que ele sentia que deveria ser exclusivamente dele.

Sem Derek no cenário, Jaycob se tornaria o herdeiro único.

Derek abaixou a cabeça, os músculos do maxilar tensionando-se enquanto ele tentava conter a avalanche de sentimentos que se acumulavam dentro de si.

Desde a maioridade, ele havia se dedicado com afinco à condução dos negócios da família, consolidando-se como o presidente mais jovem da história dos Evans, um feito que lhe rendera a hostilidade de muitos parentes.

Apoiado no braço de Derek, Glenn murmurou com voz enfraquecida: "Me ajude a entrar... Preciso vê-la."

Allison prontamente avançou, amparando o outro lado do patriarca, e junto de Derek, conduziu o homem frágil para dentro do quarto.

Os demais integrantes da família entraram logo em seguida.

Sem conter seu desagrado, Jaycob disse em tom áspero: "Você acha que pode nos empurrar para escanteio só porque ocupa a presidência?"

"Já chega!" A voz autoritária de Derek cortou a atmosfera carregada da sala como um açoite.

Durante anos, ele ignorara críticas infundadas e ressentimentos banais. Mas hoje, diante de uma perda irreparável, sua tolerância por provocações era mínima.

Girando lentamente o corpo, ele direcionou um olhar glacial para Jaycob e exclamou: "Se ousar dizer mais alguma coisa..."

Jaycob se sentiu intimidado pela intensidade daquele olhar, como se estivesse sendo julgado pelo próprio demônio. Um arrepio desconfortável percorreu seu corpo, o calando.

Ele se recordava com nitidez. Após o retorno de Derek à família, ele e sua mãe se deleitavam em atormentá-lo.

Mesmo diante de provocações constantes, Derek jamais revidava, tampouco recorria ao apoio de Glenn ou Jane. Seu silêncio, para Jaycob, era um sinal de fraqueza, fazendo com que ele acreditasse que poderia intimidá-lo à vontade.

No entanto, com o passar do tempo, Derek amadurecera e assumira as rédeas dos negócios da família com precisão estratégica, consolidando sua autoridade com frieza e determinação.

Agora, Jaycob o fitava com uma mistura amarga de ressentimento e temor contido.

No interior do quarto, Glenn se posicionou junto à cama, sua mão trêmula pousando com delicadeza sobre os dedos inertes de Jane.

"Jane, por que teve que nos deixar tão cedo?", murmurou ele, sua voz quebrando-se em meio às lágrimas.

Allison se mantinha calada, próxima ao leito, os olhos fixos na figura imóvel de Jane. À medida que os lamentos de Glenn se intensificavam, ela falou em tom suave: "Ainda não é o fim."

A declaração silenciou a sala de imediato, atraindo a atenção de todos os presentes.

Renee Evans, esposa de Eric, levou a mão à boca, incrédula. "Allison, você acredita que sabe mais do que todos aqui? Vai dizer que você conhece algum milagreiro? O doutor Jackson é chefe de cardiologia no Hospital do Povo. Ele foi claro ao dizer que não há mais o que fazer."

O semblante de Pamela se enrijeceu. Sua relação com Derek sempre era distante, e ela demonstrava pouco ou nenhum interesse em conhecer Allison, que, na maior parte do tempo, permanecia na vila de Derek e só comparecia em datas comemorativas.

Como era de se esperar, seu desprezo apenas se intensificava com o tempo.

"Uma órfã que passou três anos como dona de casa... acha mesmo que conhece algum médico milagroso?", ela ironizou com escárnio.

Lydia Evans, esposa de Roger, soltou uma gargalhada estridente e comentou: "Ainda que o céu interviesse diretamente, duvido que restasse qualquer esperança."

Mesmo cercada por insultos e comentários maliciosos, Allison se mantinha impecavelmente serena. Ela encarou Glenn e declarou com firmeza: "Gostaria de avaliá-la pessoalmente."

Ela sequer dirigiu o olhar a Derek, tampouco demonstrou intenção de buscar a aprovação dele.

Sua solicitação, expressa com tranquilidade, apenas intensificou as risadas e zombarias no ambiente.

Com exceção de Glenn e Jane, ninguém mais a tratava com respeito ou a via como parte legítima da família Evans.

Toda vez que ela era alvo de escárnio, Derek jamais intervinha para defendê-la. Todos ali sabiam, com exatidão, o real valor que ela representava para ele.

Pamela bufou, desprezando-a abertamente. "Você acredita ser alguma espécie de salvadora? O que acha que pode fazer?"

Ignorando-a e mantendo os olhos fixos sobre Glenn, Allison pediu, com um tom sereno, mas decidido: "Por favor, Glenn, me deixe tentar."