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O primeiro dia foi uma dança silenciosa entre observação e estratégia. Annelise chegara cedo, impecável, despertando olhares curiosos dos funcionários. Sabia que era bonita, mas usava isso com inteligência - jamais em excesso. Queria ser notada, mas não decifrada.
Lorenzo apareceu no escritório pouco depois das nove. Terno escuro, olhar firme, passos seguros. Quando cruzaram os olhos, um leve sorriso surgiu nos lábios dele.
- Vejo que é pontual, senhorita Duarte.
- Sempre - respondeu, mantendo a expressão serena. - Gosto de estar preparada.
Ele assentiu e entregou uma pasta.
- Comece com isso. Confio que saberá como lidar.
Annelise pegou os documentos com firmeza e foi para sua sala. Ali, sozinha, permitiu-se um breve suspiro. Cada passo dentro daquela empresa era um movimento calculado. Precisava ganhar a confiança de Lorenzo... e depois, derrubá-lo junto ao pai.
Mas havia um problema.
Lorenzo não era como ela imaginava. Era sério, carismático, observador. E havia algo naquele jeito contido, naquele olhar que parecia atravessá-la, que a fazia estremecer.
Durante o dia, ele apareceu duas vezes para verificar seu progresso. E em cada visita, os diálogos se tornavam mais afiados, carregados de tensão sutil.
- Está se saindo melhor do que eu esperava - ele comentou, inclinando-se sobre a mesa.
- Espero continuar surpreendendo - ela devolveu, com um brilho desafiador nos olhos.
Na última hora do expediente, ao cruzar o corredor, ela o encontrou sozinho, junto à janela. Ele virou-se lentamente, os olhos mergulhados nos dela.
- Gosto de pessoas que jogam com classe - disse ele, baixo.
Ela se aproximou, sem recuar.
- E eu gosto de quem reconhece uma adversária à altura.
Ele sorriu, perigosamente.
O jogo estava só começando... e as primeiras peças já estavam em movimento.