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Os dias seguintes se desenrolaram como um xadrez silencioso. Annelise dominava suas funções com maestria, ganhando respeito entre os colegas e atenção redobrada de Lorenzo. Ele a observava com frequência, como se tentasse decifrar cada gesto, cada silêncio.
Na manhã de sexta-feira, ele a chamou para uma reunião interna. Sala fechada, persianas baixadas, luz suave entrando pelas frestas.
- Preciso que me acompanhe em um evento da empresa amanhã à noite - disse, sem rodeios. - Será importante mostrar força, e você parece saber se portar sob pressão.
Annelise manteve a calma, mas por dentro algo vibrou.
- Claro. Aonde devo ir?
- Eu passo para buscá-la. Às oito.
Foi tudo. Rápido, direto. Mas o olhar dele... dizia mais que as palavras.
No sábado à noite, ela escolheu um vestido preto justo, elegante, com um decote discreto e um perfume sutil. Quando Lorenzo chegou, o silêncio foi a reação. Ele a encarou por alguns segundos antes de dizer:
- Está deslumbrante.
Ela sorriu, controlando a própria respiração.
- Obrigada. Você também não está nada mal.
Durante o evento, caminharam lado a lado, como se fossem habituados àquela proximidade. Annelise percebeu os olhares que recebiam - curiosos, desconfiados, alguns até ciumentos. Mas o olhar que mais a marcava era o dele.
Era como se Lorenzo a enxergasse além da aparência, como se quisesse entender o que ela escondia.
Em um momento a sós, ele se aproximou mais do que deveria.
- Quem é você de verdade, Annelise? - perguntou, quase num sussurro.
Ela manteve o sorriso.
- Talvez você nunca descubra.
Mas quando seus olhos se prenderam nos dele, algo queimou no ar.
E o fogo entre eles, silencioso até então, começava a se alastrar.