Reapaixonando-me pelo passado
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Capítulo 4 4

Nunca planejei que chegássemos a esse ponto. Nunca pensei que ele... que Leon... se tornaria meu tudo em tão pouco tempo. E, no entanto, lá estávamos nós, cruzando uma linha que não deveria ser cruzada, mas que ambos desejávamos.

Tudo começou com beijos roubados. Pequenos incêndios acesos pela frustração de uma ligação, uma negociação fracassada ou uma reunião que o tirava do sério. Quando ele se estressava, sua fúria o consumia. E eu era sua única válvula de escape.

-Valeria -ele dizia, com a voz rouca, me olhando como se o mundo não existisse além dos meus lábios-. Vem aqui.

E eu ia. Tremendo por dentro. Fingindo frieza. Mas toda vez que sua boca tomava a minha, sentia meu coração se partir em dois. Porque, por mais que seu corpo me exigisse, eu sabia que ele não me pertencia.

Começou com um beijo no elevador, um que durou demais. Depois, no escritório, quando trancava a porta e me encurralava contra a mesa.

-Você não está aqui pra me tentar -sussurrou um dia, com a voz quebrada-. Mas você consegue. E eu odeio isso.

-Então não me olhe assim -respondi, sentindo-me corajosa, embora tremesse por dentro como uma menina.

Ele riu, rouco, com uma mistura de raiva e desejo.

-Você acha que pode me dizer o que fazer?

-Não -disse, abaixando o olhar-. Mas você também não pode me tratar como se eu não sentisse nada.

Ele segurou meu queixo com força. Levantou meu rosto para que eu o olhasse.

-E o que você sente?

-Medo -confessei.

Ele ficou em silêncio. O ar entre nós ardia.

-Eu também -disse enfim. Mas ao invés de se afastar, me beijou com fome.

Naquela tarde, o escritório estava quase vazio. O restante da equipe já tinha ido embora, e só restávamos ele e eu. Eu arrumava alguns papéis, fingindo não notar seu olhar fixo em mim.

-Por que está tremendo? -perguntou.

-Não estou.

-Valeria -ele se aproximou-. Olha pra mim.

Quando levantei o olhar, ele já estava a um passo. A gravata afrouxada, a camisa branca com as mangas arregaçadas. Leon nunca parecia fora de controle. Mas naquela tarde, parecia. Algo nele estava se rompendo.

-Não posso continuar fingindo que isso não me importa -disse-. Não posso continuar tentando te manter longe.

-Então não tente -respondi. Foi um sussurro. Uma rendição.

Ele me puxou com força, seus lábios buscando os meus com urgência. Era mais que um beijo. Era uma declaração muda de tudo o que havia sido silenciado.

-Você não faz ideia do que me causa -murmurou contra meu pescoço-. Do que desperta em mim.

-Então me mostra -pedi, sem pensar.

Seus olhos escureceram. Sem dizer mais nada, me ergueu nos braços e me sentou sobre a mesa. Sua boca percorreu meu pescoço, minha clavícula, enquanto suas mãos deslizavam pelos meus lados, com reverência e fome.

-É a sua primeira vez -sussurrou com a voz rouca.

Assenti, sem conseguir falar. Nunca houve outro. Nunca houve espaço para outro.

-Me diga pra parar.

-Não pare -sussurrei-. Não dessa vez.

Então ele foi gentil... no começo. Tirou minha blusa devagar, como se cada botão desabotoado fosse uma promessa de algo mais. Parou para me olhar, como se quisesse memorizar cada parte de mim.

-Você é linda, Valeria -disse com a voz embargada.

Suas mãos desceram pela minha cintura, acariciando minhas coxas com uma mistura de ternura e desejo. Eu tremia, mas não de medo. Era pura antecipação. Seus dedos encontraram o zíper da minha saia e, quando o baixou, minhas pernas se abriram sem resistência.

Sua boca desceu, deixando um rastro quente sobre minha pele. Cada beijo era uma confissão muda. Cada suspiro, uma carícia.

-Vou fazer você esquecer de tudo que foi ruim -prometeu-. Mas só se você me permitir.

-Faça isso -disse, e minhas mãos se agarraram ao seu pescoço.

E ele fez.

Foi lento no início, como se tivesse medo de me machucar. Me guiou com paciência, me acalmou quando meu corpo reagiu com medo. Falou ao meu ouvido, beijou minha testa e, quando finalmente me tomou, soube que não havia mais volta.

Seus lábios roçavam meu pescoço, suas mãos me exploravam como se quisessem se gravar na minha pele para sempre. O calor entre nós era insuportável. Minhas pernas tremiam, meu coração batia com força.

E então, ele se inclinou e falou no meu ouvido.

-Valeria... -sussurrou com a voz grave, rouca, carregada de emoção-. Você não sabe o que me faz sentir. Você me desmonta. Me faz esquecer quem eu sou.

Seu hálito quente arrepiou minha pele. Suas palavras atravessaram meu peito, me fizeram prender a respiração.

-Desde que você entrou no meu escritório com aquele olhar desafiador... não consigo parar de imaginar como seria ter você assim, só pra mim.

Seus dedos apertaram minha cintura, como se tivesse medo de que eu desaparecesse.

-Sabe quantas vezes eu sonhei com isso? -roçou com os lábios o lóbulo da minha orelha, me fazendo gemer baixinho-. Mas eu me contive. Porque sabia que você era diferente... que você sim poderia me quebrar.

Me agarrei a ele com força, incapaz de responder. Não era necessário. Sua voz dizia tudo.

-Vou te tocar devagar, como se fosse meu primeiro pecado... e o único que estou disposto a cometer uma e outra vez.

Sua língua roçou meu pescoço e depois voltou ao meu ouvido.

-Diz pra mim, Valeria. Diz que eu sou o primeiro. Diz, e eu juro que nunca vou te esquecer.

-Você é o primeiro -sussurrei, quase sem voz-. E já me marcou pra sempre.

-Então, não vou te soltar. Não essa noite.

Ele se movia como se me conhecesse desde sempre. Como se todo o seu corpo soubesse exatamente como me tocar. E eu, que nunca tinha estado com ninguém, me entreguei por completo, sentindo-me viva pela primeira vez.

-Olha pra mim -ordenou quando entrou por completo em mim-. Não desvie o olhar.

E eu olhei. Vi como sua expressão de prazer se misturava com algo mais. Dor? Culpa?

Eu não sabia. Só sabia que aquele momento nos unia, nos amarrava em algo que ia além do físico.

Quando tudo terminou, ele ficou deitado sobre mim, respirando ofegante. Meu corpo doía, mas era uma dor doce, nova.

-Você está bem? -perguntou, passando a mão pelo meu rosto.

-Sim -respondi. Mas meus olhos se encheram de lágrimas.

-Valeria?

-Não chora -me pediu-. Não estraga isso com culpa. Não se sinta mal por isso.

-Eu não estou -disse, mas algo no olhar dele dizia o contrário.

Me levantei com cuidado, vesti a roupa. Ele permaneceu sentado, me observando em silêncio.

-Isso muda as coisas? -perguntei.

-Tudo mudou desde que você entrou por aquela porta pela primeira vez.

Saí do escritório sem olhar pra trás. E soube, lá no fundo, que não havia mais volta.

            
            

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