Digitais que Queimam
img img Digitais que Queimam img Capítulo 5 Sorte no azar parte 1
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Capítulo 6 Sorte no azar parte 2 img
Capítulo 7 Esperança Cronometrada parte 1 img
Capítulo 8 Esperança Cronometrada parte 2 img
Capítulo 9 Esperança Cronometrada parte 3 img
Capítulo 10 Explosão parte 1 img
Capítulo 11 Explosão parte 2 img
Capítulo 12 Explosão parte 3 img
Capítulo 13 Avance um passo - retroceda dois - avance novamente parte 1 img
Capítulo 14 Avance um passo - retroceda dois - avance novamente parte 2 img
Capítulo 15 Uma única chance parte 1 img
Capítulo 16 Uma única chance parte 2 img
Capítulo 17 Uma única chance parte 3 img
Capítulo 18 Uma única chance parte 4 img
Capítulo 19 Novos caminhos parte 1 img
Capítulo 20 Novos caminhos parte 2 img
Capítulo 21 Novos caminhos parte 3 img
Capítulo 22 Novos caminhos parte 4 img
Capítulo 23 Um passo mais perto parte 1 img
Capítulo 24 Um passo mais perto parte 2 img
Capítulo 25 Um passo mais longe parte 1 img
Capítulo 26 Um passo mais longe parte 2 img
Capítulo 27 Compensação parte 1 img
Capítulo 28 Compensação parte 2 img
Capítulo 29 Compensação parte 3 img
Capítulo 30 Compensação parte 4 img
Capítulo 31 Inocência comprometida parte 1 img
Capítulo 32 Inocência comprometida parte 2 img
Capítulo 33 Ganhar e Perder parte 1 img
Capítulo 34 Ganhar e Perder parte 2 img
Capítulo 35 Destruir e reconstruir parte 1 img
Capítulo 36 Destruir e reconstruir parte 2 img
Capítulo 37 Destruir e reconstruir parte 3 img
Capítulo 38 Destruir e reconstruir parte 4 img
Capítulo 39 Conversas no escuro parte 1 img
Capítulo 40 Conversas no escuro parte 2 img
Capítulo 41 Conversas no escuro parte 3 img
Capítulo 42 Conversas no escuro parte 4 img
Capítulo 43 Experiências e um coração pesado parte 1 img
Capítulo 44 Experiências e um coração pesado parte 2 img
Capítulo 45 Recomeços parte 1 img
Capítulo 46 Recomeços parte 2 img
Capítulo 47 Recomeços parte 3 img
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Capítulo 5 Sorte no azar parte 1

A dor: você só tem que sobreviver a ela, esperar que ela vá embora sozinha e que a ferida que a causou sare. Não há soluções ou respostas fáceis. Você só respira fundo e espera que ela vá diminuindo. Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas às vezes ela o pega quando você menos espera, acerta abaixo da sua cintura e não o deixa levantar. Você tem que lutar contra a dor, porque a verdade é que você não consegue escapar dela, e a vida sempre causará mais dor."

- Grey's Anatomy

Humilhação. Era isso que sentia. Apesar de já ter passado por momentos bem mais ruins que aquele, Luiza se sentia no nivel mais alto de humilhação, vendo as outras garçonetes e os outros garçons rindo e fazendo piadinhas sobre ela ser a "cadelinha" que o grupo de amigos bebado escolheu naquela noite. Ela queria sumir, queria muito desaparecer.

Foi correndo para o banheiro, sentindo seus olhos arderem por lagrimas que não queria derramar, sentindo seu corpo arrepiar e uma dor encher seu peito. Porque el? Dentre tantas garçonetes naquele bar, porque escolher justo ela Ja não bastava tudo que passava? Todas as privadas sujas que limpava todos os dias? A fome e os sapatos furados que tinha que usar? Ela tinha que passar por aquilo tambem?

De dentro do banheiro ela conseguia ouvir as risadinhas, e, por Deus, porque era tão fraca? Porque se deixava abalar por aquilo? Porque não conseguia engolir e fazer piada como se nada demais tivesse acontecido?

Bom, era porque pra ela não era nada demais, não era somente um beijo qualquer... não tinha sido seu primeiro beijo, mas foi o primeiro beijo que deu em um homem, e ela sonhava que seria diferente, não uma coisa forçada que a fizesse ter vontade de chorar e que lhe trazia um sentimento ruim toda vez que lembrava.

Luiza não era romantica, mas queria viver suas primeiras experiencias do jeito certo, não dessa forma bruta e roubada. Era isso, se sentia roubada, violada, abusada.

Ela lavou o rosto no espelho olhando seu reflexo. Estava sendo dramática? Estava reagindo de forma exagerada? Não parecia exagero o que el!a estava sentindo dentro do peito.

- Lu... - a voz de Pedro surgiu com duas batidas fracas na porta - Você ta bem?

Ela apenas secou o rosto com papel toalha, respirou fundo e abriu a porta, passando pelp amigo e saindo de volta para o bar. Permaneceu com o rosto impassivel, tentando ser profissional, mas torcendo por dentro que a mesa não a chamasse novamente. Atendia as outras pessoas com um sorriso forçado, sentindo a barriga gelar a cada risada que escutava vir da direção que não ousava olhar. Por sorte Pedro percebeu seu desconforto e ficou naquela região, dando assim motivo para Luiza não chegar perto.

Depois de alguns minutos a mesa se despediu do bar, deixando um suspiro de alivio sair do peito de Luiza.

- Gastaram mais de 2 miil reias... - Pedro disse pegando a conta e franzindo a testa - Riquinhos filhinhos de papai que acham que podem fazer o que quiserem...

- Eles podem... - Luiza murmurou limpando o balcão do bar.

- Ei, você ta bem? - Pedro perguntou novamente vendo Luiza esfregar com mais força o marmore, ele pegou sua mão, cessando os movimentos - Lu...

Ela suspirou - To bem.

- Eles são uns babacas. Se voltarem pode ter certeza de que não vou deixar chegar perto de você.

Luiza riu fracamente, voltando a esfregar o balcão - Não posso fugir , eles nem devem lembrar da minha cara, ta tudo bem.

- Mas e você, vai esquecer rápido? - ele a observou enquanto os outros garçons limpavam e arrumavam tudo, fechando as portas do estabelecimento - Vou te pagar uma bebida, escolhe.

- Não quero beber Pedro.

- Qual é Lu, escolhe.

- Eu de verdade não quero, só quero ir pra casa e dormir, to muito cansada. Amanhã é sabado, não preciso acordar cedo, nos vemos a noite ok? - ela disse saindo e então se virou - Obrigada mesmo assim.

Ele sorriu, dando de ombros, vendo a amig sumir pelos fundos do lugar. Luiza trocou de roupa, pegou suas coisas no armario e então fez sua caminhada solitaria as 3 da manha ate o ponto de onibus. Ela respirou fundo, olhando o vai e vem dos carros na avenida movimentada. Era sexta feira, a noite era uma criança.

E ela começou a pensar como seria o mundo sem sua presença nele. Talvez a mãe e a irmã sentiriam sua falta, ou falta daquilo que ela provia a elas, mas, qual a diferença se ela continuava ou não? O que ela estava fazendo de bom? Tanto cansaço com apenas 21 anos... não era normal, talvez ela já tivesse vivido a quota de peso que poderia carregar, talvez era a vida a testando, talvez ela não queria passar no teste. Ela continuou observando os carros, pensando como seria se, por acaso, ela entrasse na frente de um. Pensou se sentiria muita dor. Pensou se fosse imediato. Mas então pensou no trabalho que daria se não tivesse exito na missão, ou no dinheiro que a mãe teria que arrumar se por acaso completasse o plano. Então ela suspirou e fechou os olhos, acabou dormindo no ponto de onibus.

Acordou sentindo o sol em sua bochecha, a cabeça encostada no poste de metal que sustentava o banco, olhou a mochila que abraçava, por sorte não tinha sido roubado.

Sorte. Seria mais normal se tivesse sim sido roubada. Ela riu de si mesmo, tirando o celular do bolso e vendo que já passava das 6 da manhã. Seu ônibus passou logo em seguida, a levando pra casa. Ela via a paisagem passar pela janela, cada vez entrando mais a fundo nos bairros, mudando o contraste do lugar mais chique que estava.

Chegou em casa e não era surpresa nenhuma que ninguem a esperava, ou que tinham mandado uma mensagem perguntando. O silencio reinava. Ela foi ate a geladeira e achou um pedaço de bolo, cortou no meio e o comeu, bebendo um copo de água logo depois. Deixou o dinheiro das gorjetas em cima da mesa e então foi tomar um banho.

Saiu do banheiro arrastando os pés, entrando no quarto e caindo na cama. Dormiu sem pensamentos e por sorte não sonhou com nada naquele dia.

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