Sofia Almeida vivia como uma princesa na Quinta Monteiro, uma famosa quinta de vinho do Porto no Douro.
Aos vinte anos, a sua vida perfeita desmoronou.
Leonor Monteiro apareceu com um teste de ADN.
"Eu sou a verdadeira filha dos Monteiro," Leonor anunciou, com um sorriso cruel. "Tu és uma impostora."
Sofia sentiu o chão desaparecer sob os seus pés.
Os seus pais, aqueles que sempre a tinham amado, olharam para ela com uma frieza repentina.
Ela tentou sair discretamente da quinta, levar apenas as suas roupas.
Não queria nada que não fosse seu.
Tiago Monteiro, o seu "irmão" mais velho, bloqueou-lhe o caminho.
"Onde pensas que vais, Sofia?" a voz dele era baixa, perigosa.
Sofia estremeceu. "Tiago, deixa-me ir. Eu não pertenço aqui."
Ele riu, um som que não alcançou os seus olhos. "Pertenças ou não, tu ficas. És minha."
Ele revelou uma paixão doentia, uma obsessão que a aterrorizava.
Forçou um noivado.
Assumiu o controlo total da quinta, marginalizando os pais e Leonor, que assistiam, impotentes e furiosos.
Sofia tornou-se prisioneira na sua própria casa.
Ela tentou fugir inúmeras vezes.
De cada vez, Tiago encontrava-a.
As punições tornavam-se mais severas.
Numa noite escura e chuvosa, Sofia planeou mais uma fuga.
Tiago, estranhamente, parecia mais calmo. "Queres os teus pastéis de nata favoritos, não queres? Aqueles de Belém."
Sofia não respondeu. O medo era uma constante.
Ele saiu de carro, furioso com o silêncio dela, determinado a ir à confeitaria específica em Belém, mesmo que fosse uma viagem longa e perigosa com a tempestade.
Horas depois, o telefone tocou.
Tiago tinha sofrido um grave acidente de carro.
Sofia sentiu um misto de horror e um alívio culpado.
Quando Tiago acordou no hospital, não se lembrava de nada.
Amnésia total.
Especialmente, não se lembrava do seu amor obsessivo por Sofia.
Para os Monteiro, foi uma oportunidade de ouro.
"Essa rapariga não é nada para nós," disse o Sr. Monteiro a Sofia, com desprezo. "Eras apenas um erro."
Trataram-na como uma criada, uma "moça de recados".
Ofereceram-lhe cinco milhões de euros. "Pega neste dinheiro e desaparece. Nunca mais voltes."
Sofia aceitou. A amnésia de Tiago era a sua única hipótese de escapar daquele amor opressor.
Ela queria apenas a sua liberdade.
Tiago voltou para casa.
Ao seu lado, estava Beatriz Vasconcelos, filha de uma família influente no ramo hoteleiro do Algarve.
Bonita, elegante, e com um sorriso que não alcançava os olhos.
A noiva prometida a Tiago após a sua amnésia.
Tiago olhou para Sofia com frieza. "Quem é esta?"
Leonor sorriu, vitoriosa. "Apenas uma empregada, irmão."
Leonor aproximou-se de Sofia e deu-lhe uma bofetada forte. "Aprendeste o teu lugar, sua usurpadora?"
Sofia cambaleou, o rosto a arder.
Tiago observou, impassível. "Levem-na daqui. Não quero vê-la."
Depois, acrescentou, como se fosse uma reflexão tardia, "Tranquem-na na adega. Está frio lá, talvez arrefeça as ideias dela."
Os seguranças agarraram Sofia.
Ela olhou para Tiago, procurando um vislumbre do homem que a tinha amado obsessivamente.
Não encontrou nada. Apenas gelo.
Na escuridão fria e húmida da adega, Sofia encolheu-se.
Horas mais tarde, a porta rangeu.
Rafael Costa, o seu amigo de infância e colega de faculdade de arquitetura, apareceu como um anjo.
"Sofia! Meu Deus, o que te fizeram?"
Ele ajudou-a a levantar-se, o seu toque gentil e preocupado.