O Pescador do Silêncio
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Capítulo 5

Ric gritou, o rosto vermelho de fúria e vergonha.

"Quem fez isso? Quem ousa me expor assim?"

Ele olhou para JP, os olhos faiscando.

"Foi você, não foi, seu desgraçado mudo? Você quer me destruir!"

Ele agarrou um castiçal pesado da mesa, ameaçando JP.

"Eu vou te matar!"

Isabela interveio, segurando o braço de Ric.

"Calma, Ric! Não foi ele."

Mas seus olhos também estavam em JP, cheios de suspeita.

Manipulação. Chantagem emocional.

JP apenas negou com a cabeça, cansado de ser o culpado de tudo.

Isabela abraçou Ric, protetora.

"Eu vou descobrir quem está por trás disso, meu amor. Ninguém vai te humilhar e sair impune."

Ela lançou um olhar gelado para JP.

A ameaça implícita era clara.

Mesmo que não fosse ele, JP pagaria o preço.

Sempre pagava.

A possessividade dela era uma doença.

E JP era o sintoma que ela mais gostava de maltratar.

"Isso é culpa sua!", Isabela sibilou para JP mais tarde, quando os convidados já tinham ido embora.

"Se você não fosse tão problemático, nada disso estaria acontecendo!"

Ela andava de um lado para o outro, furiosa.

"Você envergonha Ric. Você me envergonha."

Ela parou na frente dele.

"Você precisa aprender a lição de uma vez por todas."

Ela chamou os seguranças.

"Levem-no para a piscina. E tragam os peixes."

JP gelou.

Peixes mortos. Água gelada.

Seu trauma, de novo.

Punição pública, mesmo que a "plateia" já tivesse partido.

A culpa, sempre invertida.

Os seguranças o arrastaram para a área da piscina.

Estava escuro, frio.

Eles o jogaram na água gelada.

JP debateu-se, o choque térmico tirando seu fôlego.

Então, começaram a jogar os peixes.

Dezenas deles. Mortos. Olhos vidrados.

O cheiro podre enchendo o ar, a água.

JP vomitou de novo, a bile se misturando à água suja.

As lembranças do armazém, da escola, voltaram.

O terror. A humilhação.

Ele se encolheu, tentando se proteger, mas não havia para onde fugir.

Isabela observava de longe, os braços cruzados, o rosto impassível.

Ric estava ao lado dela, um sorriso satisfeito nos lábios.

Crueldade.

Os poucos empregados que ainda estavam na casa observavam de longe, horrorizados.

Alguns cochichavam, outros desviavam o olhar.

Pena. Repulsa.

JP não se importava mais.

Ele estava além da vergonha.

Quando finalmente o tiraram da água, ele tremia incontrolavelmente.

Molhado, fedendo, quebrado.

Ele se levantou, cambaleando, e foi para o seu quarto.

Sem olhar para trás.

Resignado.

JP deitou na cama, o corpo dolorido, a alma em pedaços.

Ele pensou em Isabela.

Na Isabela do começo, a que o chamava de "príncipe do mar".

E na Isabela de agora, a que o torturava com seus piores medos.

Como o amor podia virar tanto ódio?

Ou talvez nunca tivesse sido amor.

Talvez fosse só posse, controle.

Ele tentou não odiá-la.

Odiar era um veneno que consumia a alma.

Mas era difícil.

Tão difícil.

Ele se sentia como a sereia da história, que deu a voz por amor e recebeu apenas dor.

Só que ele nunca teve voz para dar.

E o príncipe dela era um monstro.

                         

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