Quando o Ódio Esconde o Amor
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Capítulo 2

A noite seguinte foi uma repetição da tortura. Mateus ouvia os sons da intimidade de Sofia e Leonardo vindos do escritório. Depois, era obrigado a limpar o espaço, a apagar os vestígios da felicidade deles. Um cinzeiro cheio de beatas do charuto caro de Leonardo, copos de vinho vazios com marcas de batom de Sofia.

Sentia-se vazio, dormente. A humilhação era constante, mas o seu objetivo mantinha-o firme. Sagres.

Leonardo tentou interceder por Mateus, talvez por um resquício da antiga amizade, ou talvez por cálculo.

"Sofia, não achas que estás a ser demasiado dura com ele?" disse Leonardo, uma manhã, enquanto Mateus lhes servia o pequeno-almoço no apartamento de luxo de Sofia, onde ela o "contratara" como motorista e faz-tudo.

Sofia riu, um som sem alegria.

"Dura? Ele merece muito pior, Leonardo. Ele destruiu a minha vida. Destruiu a minha mãe."

Ela olhou para Mateus com um brilho vingativo nos olhos.

"Vou fazê-lo pagar por cada lágrima que chorei. E depois, vou livrar-me dele para sempre."

Mateus continuou a servir, o rosto impassível. As palavras dela já não o feriam como antes. Ou talvez ele estivesse apenas a ficar melhor a esconder a dor.

Sofia submetia-o a humilhações diárias. Obrigava-o a fazer recados absurdos, a carregar compras pesadas, a esperá-la durante horas em locais públicos, sempre sob o olhar atento e desdenhoso de Tiago. Pagava-lhe com notas amarrotadas, atiradas com desprezo.

Ele suportava tudo em silêncio. Cada euro era um passo mais perto de Sagres.

Para o aniversário de Leonardo, Sofia organizou uma festa sumptuosa numa quinta no Douro, propriedade da família dela. Centenas de convidados, a nata da sociedade do Norte. Música, fogo de artifício, um banquete extravagante.

Sofia estava deslumbrante num vestido vermelho, radiante ao lado de Leonardo. Era uma demonstração pública da sua devoção a ele, um contraste doloroso com o futuro que ela e Mateus tinham planeado.

Mateus, vestido com um uniforme de empregado improvisado, servia os convidados, movendo-se como uma sombra entre a multidão feliz.

Ouvia os sussurros, as fofocas.

"É ele, o Mateus. O que desgraçou a família da Sofia."

"Coitada da Sofia, sofreu tanto por causa dele."

"Dizem que ele era obcecado por ela."

Ele era o vilão da história deles. Aceitava esse papel. Era mais fácil assim.

Num momento mais calmo, Leonardo aproximou-se de Mateus, que estava perto da piscina a recolher copos vazios.

"Ainda a amas, não é?" perguntou Leonardo, a voz baixa, carregada de um ciúme mal disfarçado.

Mateus não respondeu.

"Ela é minha agora, Mateus. Eu sempre a quis. Tu tiveste a tua oportunidade e estragaste tudo. Agora, desaparece da vida dela. Deixa-nos em paz."

Mateus olhou para Leonardo, um brilho enigmático nos olhos.

"Não te preocupes, Leonardo. Em breve, estarei muito longe."

Leonardo franziu o sobrolho, intrigado pela resposta.

Mais tarde, durante a festa, Leonardo, já um pouco embriagado e querendo exibir-se para os amigos, tirou um pesado anel de ouro do dedo.

"Este anel," disse ele, em voz alta, para que todos ouvissem, "foi um presente do meu avô. Vale uma fortuna."

Olhou para Mateus com um sorriso cruel.

"Mateus, és bom a apanhar coisas, não és?"

Com um gesto teatral, Leonardo atirou o anel para o meio do rio Douro, que corria escuro e frio ao lado da quinta.

"Vai buscá-lo."

A humilhação era palpável. Todos os olhares estavam postos em Mateus.

            
            

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