Do Ódio ao Altar: Uma Vingança Inesperada
img img Do Ódio ao Altar: Uma Vingança Inesperada img Capítulo 4
5
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
Capítulo 22 img
Capítulo 23 img
Capítulo 24 img
Capítulo 25 img
Capítulo 26 img
Capítulo 27 img
Capítulo 28 img
Capítulo 29 img
Capítulo 30 img
img
  /  1
img

Capítulo 4

No escritório de Miguel, Sofia enviou uma mensagem rápida para uma amiga, uma cúmplice no seu plano.

"Fase um da humilhação pública de Beatriz: concluída. O batom foi ideia minha. Ele caiu direitinho."

Guardou o telemóvel e recompôs a sua expressão de angústia.

Miguel estava sentado à sua secretária, a observá-la.

"Sinto muito pelo que aconteceu," disse ele, a voz mais suave agora. "A Beatriz... ela passa dos limites."

Ele tentou justificar a noiva.

"Ela não é má pessoa, Sofia. Só é muito insegura e possessiva."

Sofia sentiu uma onda de sarcasmo, mas manteve o rosto passivo.

Insegura? Possessiva? Essas palavras não descreviam a crueldade que matara Clara.

Lembrou-se da sua irmã.

Clara, sempre tão boa, tão trabalhadora, a sacrificar os seus próprios sonhos para que Sofia pudesse estudar.

Clara, que nunca faria mal a uma mosca.

As lágrimas vieram aos olhos de Sofia, desta vez genuínas.

"Eu... eu não culpo ninguém, Sr. Miguel," disse ela, a voz embargada. "Só quero manter o meu emprego. Preciso mesmo dele."

Miguel pareceu tocado pela sua aparente resignação.

"Porque é que este emprego é tão importante para ti?" perguntou ele, curioso.

Sofia hesitou, como se estivesse a debater-se internamente.

Depois, começou a tecer a sua história trágica.

Órfã de pai e mãe desde cedo.

Criada por uma tia distante que mal tinha para si.

Uma irmã mais nova, Clara, que trabalhara arduamente para a sustentar, contraindo dívidas para que Sofia pudesse ter uma educação.

E agora, com a morte súbita de Clara num "acidente", todas essas dívidas recaíam sobre ela.

Era uma história cuidadosamente construída, misturando meias verdades com mentiras descaradas.

Miguel ouviu em silêncio, o seu rosto a suavizar-se com compaixão.

Quando Sofia terminou, as lágrimas a escorrerem livremente, ele não fez mais perguntas.

Acreditara em tudo.

Sofia, exausta pela representação e pela dor real que a história evocava, deixou a cabeça cair sobre a secretária, os soluços a abalarem o seu corpo.

Acabou por adormecer ali mesmo, vencida pelo cansaço emocional.

Miguel observou-a a dormir por um momento.

Notou a curva delicada do seu pescoço, os cílios longos a roçarem-lhe as maçãs do rosto.

Pegou num cobertor fino do seu sofá e cobriu-a com cuidado.

Enquanto o fazia, Sofia, no seu sono, agarrou-lhe a mão.

"Clara..." murmurou ela, confundindo-o com a irmã. "Não te preocupes, vou vingar-te..."

Miguel hesitou, a mão presa na dela.

Depois, gentilmente, soltou-se.

Aquelas palavras, "vou vingar-te", ecoaram na sua mente.

Mas ele atribuiu-as ao delírio do sofrimento.

Dias depois, houve um baile de caridade.

Miguel e Sofia compareceram, ele como CEO, ela como sua assistente.

Beatriz também estava lá, mas Sofia, com uma manobra astuta envolvendo uma falsa emergência familiar, conseguiu que ela saísse mais cedo.

"Menos uma preocupação," pensou Sofia, vitoriosa.

Miguel, como sempre nestes eventos, bebeu um pouco demais.

No final da noite, enquanto se preparavam para sair, Sofia "acidentalmente" tropeçou e derramou um copo de água gelada sobre ele.

"Oh, meu Deus! Sr. Miguel, desculpe!"

Ele agarrou-lhe o braço para ela não cair, o corpo dela colado ao dele por um instante.

O cheiro do seu perfume, a proximidade.

Ele sentiu um arrepio.

"Não foi nada," disse ele, a voz um pouco rouca.

Sofia afastou-se rapidamente, o rosto corado.

"Eu... eu vou buscar um guardanapo."

Fugiu, mas não sem antes deixar cair, "acidentalmente", a chave do quarto de Beatriz na mão dele.

Beatriz, essa, já estava em casa, provavelmente a dormir profundamente, graças ao sonífero que Sofia conseguira misturar na sua última bebida antes de ela sair.

Sofia esperou no quarto de Beatriz, o coração a bater com antecipação.

Miguel entrou, cambaleando ligeiramente.

O quarto estava escuro, apenas a luz da lua a entrar pela janela.

Ele viu uma silhueta na cama.

"Beatriz?" chamou ele, a voz arrastada.

Confundiu-a. Perfeito.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022